A verticalidade de uma geração que mudou o rumo e a história de Angola: a geração dos duro – Diavita Jorge 28 abril 2015
Luanda - Em 27 de Março de 1962 a UPA e o Partido Democrático de Angola (PDA) fundemse, contribuindo para a criação da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e o Velho ALVÁRO HOLDEN ROBERTO como seu presidente e, a seguir esta fusão, a FNLA criou o instrumento de liderança política no exterior de Angola, designado por Governo da República de Angola no Exílio (GRAE), que pretendia constituirse como interlocutor regional para as actividades político estratégica para a independência de Angola.
Fonte: Club-k.net
Com isso, foi logo reconhecida pela Organização da Unidade Africana (OUA). Ainda na década de 1950, actuavam nas outras áreas da Província Ultramarina (Angola) outras organizações políticas clandestinas com o objectivo à libertação nacional, dentre elas, o Movimento pela Independência Nacional de Angola (MINA), esta que actuava como um movimento satélite da UPA para as actividades subversivas na cidade de Luanda, o que permitia de acordo os relatos da FNLA, ter controlo sob a situação política em Luanda, com destaque para Aníbal de Melo, servindose de ligação ao CÓNEGO JOAQUIM DAS NEVES por intermédio de SIDNEY NEKAKA e COSTA N’KONDO. Também estava no teatro das operações nacionalista, o Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUA), o Movimento para a Independência de Angola (MIA), o Partido Comunista Angolano (PCA), o Movimento pela Independência Nacional de Angola (MINA) e outras Associações Culturais e Política que em 10 de Dezembro de 1956, na base da sua fusão fora criado o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em Luanda.
Com isso, em 1957, MPLA lançava o seu Manifesto, onde ditava a bravura não só, de homens, mulheres intelectuais, operários e camponêses angolanos, como também a determinação de um grupo preparado para abraçar a morte do que continuar sob o estado de opressão e do jugo colonial. Este Manifesto tinha como título “HÁ UM SÓ CAMINHO PARA A RESOLUÇÃO DOS NOSSOS PROBLEMAS! A INDEPENDÊNCIA DO NOSSO PAÍS”. Com lema: ANGOLA É NOSSA! O MPLA proclamava desta forma, a luta revolucionária como a única forma de libertação de Angola e, esta não era obviamente um processo isolado, integravase numa acção coordenada com as restantes colónias portuguesas de África (Moçambique com a FRELIMO, GuinéBissau e Cabo Verde com a PAIGC, São Tomé e Princípe com MLSTP) e,
estas por sua vez, inscreviamse no processo mais amplo da independência de todas colónias africanas, em última análise no movimento de descolonização a dimensão mundial tornouse irreversível a partir de 1947. No seu Manifesto, o MPLA advogava que «Ninguém hojé tem a ilusão de procurar encontar a solução dos nossos problemas económicos, políticos e sociais, fora da independência nacional. Angola é nossa terra e não dos portugueses, somos nós, os angolanos, herdeiros das tradições africanas dos nossos povos, os únicos donos desta esbulhada terra. A independência é a condição primeira do nosso progresso. Enquanto não formos independentes, seremos sempre pobres, teremos de obedecer à força do chicote e da palmatória, às leis que os colonialistas fazem sem nos ouvir; seremos sempre os "negros ordinários" cujo orgulho tem sido afogado em sangue e dor. Enquanto continuar o domínio político português, com todas as consequências que dai derivam, como: o roubo criminoso das nossas terras; a escravização de homem, mulheres e crianças; o trabalho gratuito; os salários baixos e discriminatórios; os impostos elevadíssimos, etc. Enquanto não formos governados por representantes nossos, eleitos pelo povo, que garantam a defesa dos interesses da população nacional; enquanto formos substituidos pela violência nas nossas casas e fazendas pelos colonos que todos os meses desembarcam apressadamente, fugindos, eles à miseria existente no seu país e aproveitados pelo governo português para garantir a ocupação colonial, sendolhes reservado o papel de carne de canhão; enquanto não expulsarmos da nossa terra os colonialistas portugueses; não poderemos nunca sonhar com um melhoramento efectivo do nosso nível de vida. A independência não se alcança sem luta, e a nossa luta tem de ser continuada, diaadia, mantendo a cada hora as nossas reivindicações, não nos deixando explorar mais, fazendo sentir bem aos colonos, que nós somos os donos desta terra angolana e que não estamos mais dispostos a suportar a ocupação portuguesa. Enquanto o problema se agudiza, entremos imediatamente na luta pela justiça e pelos nossos direitos. Exijamos a libertação imediata de todos os presos políticos. Exijamos salarios iguais para brancos e negros; exijamos o acesso às escolas para brancos e para negros; exijamos condições de trabalho iguais. Exijamos a devolução das terras que nos roubaram. Façamos reviver as nossas tradições, o orgulho da nossa raça e do nosso povo. Fomentemos a solidariedade de todos os homens do nosso povo, na luta pela libertação do país. A INDEPENDÊNCIA NACIONAL É A VONTADE DO POVO ANGOLANO» (IAN/TT, Arquivos da PIDE/DGS, Processo 45/60).
Em 13 de Março de 1966, na Região do Leste, em Muangai na Província do Moxico, JONAS MALHEIRO SAVIMBI antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros da GRAE/FNLA (1962 1964), depois de choques graves e agudo com ALVÁRO HOLDEN ROBERTO, o LEOPARDO DOS JAGAS (JONAS SAVIMBI), viria divorciarse e acusando o seu antigo presidente, de tribalismo, clientelismo, regionalismo e acções políticos pouco dignos. É deste modo, que viria fundar o seu próprio movimento de libertação nacional, designandoo de União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA). Neste contexto, os movimentos de libertação nacional em Angola, como noutras partes de África nasceram e desenvolveram na fase histórica da descolonização a seguir à SEGUNDA GRANDE GUERRA (19391945), não só nos meios urbanos do litoral, em especial em Luanda, mas também na díaspora (principalmente em Portugal, onde fora formada maior parte dos dirigentes que viriam abraçar o projecto reivindicativo do MPLA, a Casa dos Estudantes do Ímpério (CEI) e, os que abraçaram a causa da UPA/FNLA, em CongoLeopoldville – (actual RDC) em quese formaram as duas correntes nacionalistas que evoluíram de costas viradas. A primeira corrente, influenciada por pensamentos políticos marxistasleninista, ambragindo Luanda/Lisboa e a segunda corrente, influenciada por um sincretismo cristãoprotestante e etnoregional, que ambragia Luanda/Leopoldville (Edmundo Rocha, 2009: 20). Partindo desta premissa, a corrente situada no eixo Luanda/Lisboa com ramificações noutras cidades portuguesas e europeias, desaguaria no MPLA, enquanto que a segunda, em torno do eixo Luanda/Leopoldville com passagem por São Salvador que deságuou na UPA que mais tarde viria a transformarse na FNLA.
Estas organizações nacionalistas, deram um rumo diferente a luta de libertação nacional em acções concertadas com os movimentos nas outras paragens de África e no mundo, enterligando os interesses (a independência total de Estados africanos sob jugo colonial) nos outros teatros de operações, contando com apoio da OUA e da Comissão de Descolonização da ONU. Os movimentos independetistas angolano com os seus exercítos (FNLA/ELNA, MPLA/FAPLA e UNITA/FALA) tinham decidido intensificar as suas acções militares até que fosse reconhecido o direito à independência de Angola pelas autoridades colonias portuguesas, sendo deste modo, uma fonte permanente de instabilidade do regime de MARCELLO CAETANO, o herdeiro político de ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR, que enfretava já duras críticas em relação as Províncias Ultramarinas (Angola, Moçambique, São Tomé e Princípe e Guiné CaboVerde) que
seria uma das razões de fundo para o Golpe de Estado de 25 Abril preconizado pelo militares do Movimento das Forças Armadas (MFA).
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Politólogo e Jornalista
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