02.04.2015
PAULA FERREIRA
1 Um novo capítulo se abre no caminho que nos levará até às eleições legislativas. António Costa deixou ontem, formalmente, a presidência da Câmara Municipal de Lisboa. É candidato a primeiro-ministro. A partir de agora, terá de clarificar as águas, avançar as propostas para desviar Portugal do caminho austeritário. Não é um programa de governo que é pedido ao líder socialista. António Costa deverá gerir, em plena liberdade, os seus tempos. Mas convém mostrar, ponto por ponto, o que pretende para o país, se for eleito primeiro-ministro. Pede-se, pois, clareza no discurso. Sem rodeios, deverá esclarecer os portugueses sobre a sensível matéria das coligações. Quem aceita como parceiros, no caso de não haver maioria absoluta? Ou melhor: com quem não admite coligação?
O ex-presidente da Câmara de Lisboa não pode continuar a refugiar-se em respostas evasivas, que deixam quem o ouve sem saber as ideias concretas do candidato a primeiro-ministro de um país saído de um programa de resgate. De um país esvaído. A política, a tão maltratada arte da política, carece de protagonistas que digam claramente ao que vêm. Não há mais, assim nos parece, lugar a palavras que deixam espaços opacos: para tarde, se necessário for, afirmar tudo e o seu contrário.
É um desafio enorme, o de António Costa. José Sócrates está preso e a figura do ex-primeiro-ministro socialista pairará. Não haja ilusões. Se Sócrates serviu de desculpa, de bode expiatório, para todos os problemas do país, desde que o Governo Passos Coelho tomou posse, a trégua não surgirá durante a campanha - que se adivinha dura, muito dura.
2 Parece uma anedota. Mas não é. Na recontagem dos votos nas eleições da Madeira, um erro do sistema informático da Comissão Nacional de Eleições esqueceu os sufrágios da ilha de Porto Santo. Este é o país dos erros informáticos e dos esquecimentos. Durante duas horas, o PSD perdia a maioria absoluta, a CDU ganhava mais um deputado. Fica para o anedotário, sem dúvida. Grave é a denúncia - feita pelos comunistas - de erros de contagem em várias mesas de votos. A falta de confiança no sistema eleitoral numa região governada décadas em maioria absoluta cresce desmesuradamente. Da esquerda à direita, por um motivo ou outro, todos os partidos desconfiam - recorrem ao Tribunal Constitucional.
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