terça-feira, 31 de dezembro de 2013

"Do que nunca nos falam é da questão de fundo, daquilo por que estão a ser mortos e feridos tantos moçambicanos:..."

 

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MARCO DO CORREIO por Machado da Graça
Olá Macuácua
Como estás tu a passar as festas, meu amigo?
Do meu lado está tudo normal, felizmente.
Só que com uma grande tristeza com a continuação dos actos de guerra na região Centro do país.
Acabei de ler a informação de que houve mais combates entre homens da Renamo e das forças governamentais, com numerosos mortos e feridos.
Pela primeira vez em 21 anos passamos o período das festas aos tiros uns aos outros. Maldita situação esta para a qual nos empurraram e da qual não sabem, ou não querem, tirar-nos.
Quando nos vêm falar das razões do impasse, o paleio é sempre sobre os aspectos técnicos das negociações: se haverá mediadores ou não, para que servem os observadores, se só estarão na sala moçambicanos ou também estrangeiros e coisas do mesmo tipo.
Do que nunca nos falam é da questão de fundo, daquilo por que estão a ser mortos e feridos tantos moçambicanos: a necessidade de revisão da Lei Eleitoral para evitar situações vergonhosas como aquelas a que assistimos nas recentes eleições autárquicas.
A questão de fundo é acabar com o completo domínio dos órgãos da administração eleitoral por um dos concorrentes, o partido Frelimo.
Os moçambicanos estão a ser mortos para que os delegados da oposição, nas mesas de voto, possam continuar a ser detidos, em grandes quantidades, quando chega o momento da contagem dos votos; para que a FIR continue a ser usada como tropa de choque do partido no poder para intimidar e desorganizar a oposição; para que a vitória de uns se transforme na vitória de outros nas estranhas recontagens de votos feitas à porta fechada.
É por isso que as negociações não avançam. Para que quem a tem não perca esta vantagem, fundamental para garantir vitórias eleitorais.
E como, em 2014, vamos ter eleições presidenciais, legislativas e provinciais, estou muito pessimista de que as negociações avancem até lá.
O que, muito provavelmente, vai significar mais luto em muitas famílias moçambicanas.
Um abraço para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ  – 31.12.2013

Comments

1
Khalil Gibran said in reply to Matolinha...
O que descreve não é uma solução, mas um cenário. A solução é o caminho para chegar ao cenário.
A solução que a Renamo preconiza é derrotar militarmente a Frelimo e tomar o poder em todo o País, não apenas uma parte.
Sabe-se que a Renamo reactivou as suas bases na região sul, incluindo a Província de Maputo. Isto significa que é o povo do sul a lutar contra a Frelimo. Não se pode, portanto, declarar a separação de partes do País, porque todas as regiões se unem por um único objectivo, que é expulsar a Frelimo do poder.
Uma vez atingido este primeiro objectivo, a Renamo cria um governo de unidade nacional onde estão representadas as principais forças políticas. A missão do governo será a preparação de eleições gerais, que serão as primeiras eleições livres, justas e transparentes. O resto vem depois.
Aliás devo dizer que esta não é a minha ideia pessoal, nem posso ser elogiado por tanta inteligência. Este é o programa oficial da Renamo, que tem como base o documento que contém as suas exigências nas negociações com a Frelimo.
2
Matolinha said in reply to Matolinha...
Sintonia?
Matolinha.
3
Matolinha said...
Ocasionalmente, Machado da Graça, dá a impressão de estar a começar a ver a "Luz", o problema é que depois, os olhos se vão "fechando" e, consequência disso, a "Luz" de desvanece até se apagar por completo. É como se vivesse numa espécie de sono que interrompe de vez em quando.
Desta carta retive o seguinte:
“Maldita situação esta para a qual nos empurraram e da qual não sabem, ou não querem, tirar-nos.”
“: a necessidade de revisão da Lei Eleitoral para evitar situações vergonhosas como aquelas a que assistimos nas recentes eleições autárquicas.”
“A questão de fundo é acabar com o completo domínio dos órgãos da administração eleitoral por um dos concorrentes, o partido Frelimo.”
“Os moçambicanos estão a ser mortos para que os delegados da oposição, nas mesas de voto, possam continuar a ser detidos, em grandes quantidades, quando chega o momento da contagem dos votos; para que a FIR continue a ser usada como tropa de choque do partido no poder para intimidar e desorganizar a oposição; para que a vitória de uns se transforme na vitória de outros nas estranhas recontagens de votos feitas à porta fechada.”
“É por isso que as negociações não avançam. Para que quem a tem não perca esta vantagem, fundamental para garantir vitórias eleitorais.”
- Depois os olhos começaram a fechar de novo.
Volto a repetir as vezes que forem necessárias:
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O problema é a Frelimo, a sua insistência em perpetuar-se (até se transformou em “partido politico”) muito para além do que seria razoável.
O assunto que devia estar em cima da mesa é a extinção de Frelimo (já basta), com isso a Renamo deixa também de ter motivos para existir.
Temos de Começar de Novo.
Até a bandeira tem de ser nova e deve representar Moçambique e todos os moçambicanos. Sim, eu disse todos os moçambicanos.
“Eles” não podem, entre “eles”, continuar a decidir e mandar no que é nosso. Isso só poderá acontecer quando os partidos nascerem do povo, quando as eleições forem absolutamente livres e justas quando passarmos a ser uma verdadeira Democracia.
As Forças Armadas não podem em momento algum tornar-se no braço armado seja de que partido for.
Matolinha.

P.S. Aceitam-se, de bom grado, soluções melhores que esta(s).
4
Umbhalane said...
Claríssimo e assertivo.
Acertou em cheio no alvo, na "mouche".
Foi ao centro central do problema, ao seu cerne, ao seu âmago, ao centro do mais íntimo do PROBLEMA.
Claramente escreveu qual é – sem rodeios, sem manobras, sem canganhiças.
Até eu mesmo, desta vez, compreendo Machado da Graça – desta vez consigo ler e interpretar bem o que escreve.
Agora, desta vez, tiro o meu capacete colonial a Machado da Graça.
É de jornalista, de opinador.
Está tudo, quase tudo, claramente escrito.
Mas é muito bom beber devagar as palavras, as frases, o seus entido.
Sorver lentamente com inebriante prazer, até com erotismo, com supremo êxtase!
“A questão de fundo é acabar com o completo domínio dos órgãos da administração eleitoral por um dos concorrentes, o partido Frelimo.”
A questão de fundo – poder único, incontestável, da FIRlimo.
E para isso, para se manter, para atingir, continuar a atingir esses objectivos a FIRlimo faz:
“Os moçambicanos estão a ser mortos
para que os delegados da oposição, nas mesas de voto, possam continuar a ser detidos, em grandes quantidades, quando chega o momento da contagem dos votos;
para que a FIR continue a ser usada como tropa de choque do partido no poder para intimidar e desorganizar a oposição;
para que a vitória de uns se transforme na vitória de outros nas estranhas recontagens de votos feitas à porta fechada.”
Entre várias, muitas outras manobras deles, estas são referidas.
Para isso há que arranjar maneira:

“É por isso que as negociações não avançam.
Para que quem a tem não perca esta vantagem, fundamental para garantir vitórias eleitorais.”

Machado da Graça conclui BEM, e já avisa a “navegação”, avisa TODOS os interessados.
Eles, a FIRlimo, vão arrastar a situação para “agarrarem” o tal de PODER por mais 4 a 5 anos a partir de 2014 – com “eleições livres, justas e transparentes”, e que vão decorrer com toda a “normalidade, ordeiramente e máxima tranquilidade”.
Os “brancos” já fizeram o carimbo, a tinta, e até vão fornecer os assessores para que quase tudo corra “mais melhor”.
Mas, porém, todavia, contudo,…há sempre um mas, um porém.
A RENAMO.
O POVO MOÇAMBICANO.
“A FIRlimo não vai conseguir exterminar, assassinar 20 milhões de Moçamcicanos”
(Dr. Domingos Arouca – Grande Patriota e Nacionalista)
Obrigado Machado da Graça.

Takhuta maningi imwe mwensene - Muito obrigado a todos vós
Ife tensene ndinadzmanga FIRlimo – Nós todos vamos correr com a FIRlimo.

Na luta do povo ninguém se cansa.

E sempre a dizer sem cansar,
Fungula masso iué (abram os olhos).

A LUTA É CONTÍNUA
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Noe Nhantumbo said...
Opiniao acertada da qual partilho. Quem nao quer jogar limpo esta perigando a vida de milhoes de pessoas. O grupo acambarcador instalado no poder de maneira fraudulenta quer continuar vorazmente abocanhando Mocambique.

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