Quinta-feira, 7 de Novembro de 2013
Oposição extra-parlamentar em Moçambique rejeita “Democracia de sangue”
Deutsche Welle...
Em Moçambique multiplicam-se, até à data sem resultado, os apelos pela paz. Desta vez são os partidos extraparlamentares que pedem ao Governo e a RENAMO uma solução negociada do conflito.
Os partidos políticos na oposição mas sem representação no Parlamento moçambicano pretendem ser incluídos nestas negociações, juntamente com outros setores negociais. O apelo é feito no momento em que aumentam os conflitos violentos entre o maior partido da oposição, Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o Governo. Segundo a edição online do jornal moçambicano o País, na madrugada de quarta-feira (06.11) homens armados atacaram o posto policial da região de Canda, no posto administrativo de Nhamadzi, na Gorongosa, a norte da província. O ataque não causou vítimas. Na mesma localidade foi assaltado um posto de saúde.
Perante o cenário de crescente violência, o Partido de Ampliação Social, PASOMO, considera ainda que o exército moçambicano se deve retirar da zona centro do país, para permitir que o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, regresse ao diálogo. O presidente do PASOMO, Francisco Campira, disse à DW África ser impensável que os cidadãos moçambicanos se sintam limitados a circular dentro do seu próprio país: “Do Rio Save até a Gorongosa estão mais de 3000 homens. Para um cidadão se deslocar do sul para a região centro ou o norte, é preciso viajar em coluna militar. E circular na zona de Gorongosa é extremamente difícil”.
Multiplicam-se as vozes da sociedade civil que clamam pela paz em Moçambique
Intervenção da comunidade internacional
Francisco Campira acrescenta que, enquanto o líder da RENAMO se encontrar sitiado em Sofala, será impossível o país encontrar um caminho para o diálogo: “Se a RENAMO; que é um partido armado, é pisada pela FRELIMO (partido no poder), o que vai ser de nós partidos que não temos armas?” Campira receia que outros partidos da oposição possam vir a sofrer perseguições: “O que é que vai ser de nós. Vamos ser espancados pela FRELIMO? Vamos ser presos? Vão ser mortos os nossos membros? Vão ser intimidados?”
Contactados pela DW África, os partidos extraparlamentares criticam ainda o Governo pelo fato de não aceitar o envolvimento dos facilitadores internacionais. O presidente do partido Os Verdes, João Massango, diz que a comunidade internacional deve intervir o mais rapidamente possível: “Que a comunidade internacional de facto tome o seu papel de não deixar as como estão porque diz-se que em Moçambique não há espaço para receber os facilitadores”. Massango diz que talvez a comunidade internacional pudesse ajudar o país “a sair da situação em que estamos”. E remata: “Não queremos governar mortos”.
Uma “democracia de sangue”
O Partido Independente de Moçambique, PIMO, avisa que o país pode entrar em crise profunda caso o diálogo se circunscreva ao governo e a RENAMO, diz o seu presidente Yacub Sibinde: “Há muito que dizemos que o Governo e a RENAMO devem alargar os parceiros de diálogo, para ouvir outros partidos políticos, ouvir os religiosos, ouvir os académicos, jornalistas, todas as camadas sociais. Sibinde conclui que Moçambique “tem uma opinião a dar” sobre o diferendo entre a RENAMO e o Governo: “Mas ninguém quis ouvir-nos e levaram o país aé ao extremo em que hoje está, que é a guerra”.
Também o PIMO destaca a importância de uma intervenção da Comunidade Internacional: “Porque nós não temos dentro dos nossos órgãos algum organismo que se encarregue de recolher as armas e assim trazer a paz. Estamos muito magoados com o comportamento do Governo. Da FRELIMO e do partido RENAMO, pois ambos estão a oferecer a este povo uma democracia de sangue”.
De abril a esta parte tem vindo a ser derramado com frequência sangue na zona centro do país, na sequência conflitos armados entre o exército nacional e homens armados supostamente da RENAMO. Vários círculos sociais já apelaram ao Governo e à RENAMO para encontrarem um consenso, a fim de parar com a escalada de violência em Moçambique.
Autoria: Romeu da Silva (Maputo)/Cristina Krippahl – Edição: António Rocha
Oposição extra-parlamentar em Moçambique rejeita “Democracia de sangue”
Deutsche Welle...
Em Moçambique multiplicam-se, até à data sem resultado, os apelos pela paz. Desta vez são os partidos extraparlamentares que pedem ao Governo e a RENAMO uma solução negociada do conflito.
Os partidos políticos na oposição mas sem representação no Parlamento moçambicano pretendem ser incluídos nestas negociações, juntamente com outros setores negociais. O apelo é feito no momento em que aumentam os conflitos violentos entre o maior partido da oposição, Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o Governo. Segundo a edição online do jornal moçambicano o País, na madrugada de quarta-feira (06.11) homens armados atacaram o posto policial da região de Canda, no posto administrativo de Nhamadzi, na Gorongosa, a norte da província. O ataque não causou vítimas. Na mesma localidade foi assaltado um posto de saúde.
Perante o cenário de crescente violência, o Partido de Ampliação Social, PASOMO, considera ainda que o exército moçambicano se deve retirar da zona centro do país, para permitir que o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, regresse ao diálogo. O presidente do PASOMO, Francisco Campira, disse à DW África ser impensável que os cidadãos moçambicanos se sintam limitados a circular dentro do seu próprio país: “Do Rio Save até a Gorongosa estão mais de 3000 homens. Para um cidadão se deslocar do sul para a região centro ou o norte, é preciso viajar em coluna militar. E circular na zona de Gorongosa é extremamente difícil”.
Multiplicam-se as vozes da sociedade civil que clamam pela paz em Moçambique
Intervenção da comunidade internacional
Francisco Campira acrescenta que, enquanto o líder da RENAMO se encontrar sitiado em Sofala, será impossível o país encontrar um caminho para o diálogo: “Se a RENAMO; que é um partido armado, é pisada pela FRELIMO (partido no poder), o que vai ser de nós partidos que não temos armas?” Campira receia que outros partidos da oposição possam vir a sofrer perseguições: “O que é que vai ser de nós. Vamos ser espancados pela FRELIMO? Vamos ser presos? Vão ser mortos os nossos membros? Vão ser intimidados?”
Contactados pela DW África, os partidos extraparlamentares criticam ainda o Governo pelo fato de não aceitar o envolvimento dos facilitadores internacionais. O presidente do partido Os Verdes, João Massango, diz que a comunidade internacional deve intervir o mais rapidamente possível: “Que a comunidade internacional de facto tome o seu papel de não deixar as como estão porque diz-se que em Moçambique não há espaço para receber os facilitadores”. Massango diz que talvez a comunidade internacional pudesse ajudar o país “a sair da situação em que estamos”. E remata: “Não queremos governar mortos”.
Uma “democracia de sangue”
O Partido Independente de Moçambique, PIMO, avisa que o país pode entrar em crise profunda caso o diálogo se circunscreva ao governo e a RENAMO, diz o seu presidente Yacub Sibinde: “Há muito que dizemos que o Governo e a RENAMO devem alargar os parceiros de diálogo, para ouvir outros partidos políticos, ouvir os religiosos, ouvir os académicos, jornalistas, todas as camadas sociais. Sibinde conclui que Moçambique “tem uma opinião a dar” sobre o diferendo entre a RENAMO e o Governo: “Mas ninguém quis ouvir-nos e levaram o país aé ao extremo em que hoje está, que é a guerra”.
Também o PIMO destaca a importância de uma intervenção da Comunidade Internacional: “Porque nós não temos dentro dos nossos órgãos algum organismo que se encarregue de recolher as armas e assim trazer a paz. Estamos muito magoados com o comportamento do Governo. Da FRELIMO e do partido RENAMO, pois ambos estão a oferecer a este povo uma democracia de sangue”.
De abril a esta parte tem vindo a ser derramado com frequência sangue na zona centro do país, na sequência conflitos armados entre o exército nacional e homens armados supostamente da RENAMO. Vários círculos sociais já apelaram ao Governo e à RENAMO para encontrarem um consenso, a fim de parar com a escalada de violência em Moçambique.
Autoria: Romeu da Silva (Maputo)/Cristina Krippahl – Edição: António Rocha
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