sábado, 25 de maio de 2013

Relações China-UE entram em alta turbulência : Voz da Rússia

Relações China-UE entram em alta turbulência

China, União Europeia

As relações entre a China e a UE entraram numa zona de alta turbulência. O primeiro turno de negociações comerciais sino-europeias, organizadas para resolver a disputa comercial ligada à importação de painéis solares de fabrico chinês, fracassou. A Câmara de Comércio para a importação e exportação de máquinas e produtos eletrônicos da China responsabilizou os europeus pelo fracasso das consultas. O escândalo estourou na véspera da primeira visita à Europa do novo chefe do governo da China, Li Keqiang.

0O primeiro-ministro do Conselho de Estado da China, Li Keqiang, visitará a Suíça e a Alemanha. Por coincidência, estes dois países estão entre os importadores mais ativos de painéis solares da China. Na Alemanha, várias empresas chinesas, há alguns anos, contrataram quase todos os engenheiros e fabricantes locais desses produtos. Quando o fato da expansão chinesa foi flagrante, já era tarde demais – rescindir os contratos de aquisição significaria fazer falir totalmente toda a indústria.
0Foi então que os europeus começaram a guerra comercial que está agora ganhando impulso. Os chineses foram acusados de dumping. No início de maio, a Comissão Europeia apoiou a decisão de impor taxas de importação adicionais de 37-68 por cento. Assim, os europeus pretendem construir uma barreira para suprimentos de produtos chineses a preços baixos.
0Foi decidido silenciar o início de uma nova guerra comercial com negociações sobre os preços. Segundo a Câmara de Comércio da República Popular da China, foi proposto aos europeus um plano para resolver a crise. Aqueles, segundo o vice-presidente da Câmara Wan Guiqing, não mostraram um sincero desejo de dialogar, rejeitaram decididamente o plano chinês e se recusaram completamente a responder às perguntas.
0E, apesar de a fracassada reunião ter sido chamada de primeiro turno de consultas, é provável que seja o último. Agora, provavelmente, será a OMC a se ocupar das tensões entre a UE e a China, acredita o perito do Instituto da Europa da Academia de Ciências da Rússia Vladislav Belov:
0“Eu acho que o conflito vai ser objeto de um inquérito nos tribunais e estruturas da OMC. Isto pode-se chamar de lei da selva, onde sobrevive o mais forte em termos de habilidade no uso de certos instrumentos jurídicos. Em qualquer caso, este escândalo é uma grande desvantagem para a OMC.”
0O fracasso das negociações sobre os preços dos painéis solares chineses adicionou lenha à fogueira de uma nova etapa da guerra comercial. Seu início for marcado pela decisão da Comissão Europeia de iniciar inquéritos antidumping e antidotações contra redes de comunicações sem fios fabricadas na China e principais equipamentos para elas.
0Ora, a Comissão Europeia iniciou este jogo contra a China unicamente por sua própria iniciativa, provavelmente cedendo à inércia de pensamento dos adversários de cooperação com a China. O diretor do Instituto de Problemas de Globalização Mikhail Delyagin notou justamente isso:
0“Tanto as regras da OMC como as normas do direito europeu estipulam punições muito duras para concorrentes do exterior. Mas para isso, esses concorrentes externos devem causar algum dano, mesmo hipotético, a alguma empresa europeia – reduzir os seus lucros, levar ao encerramento de postos de trabalho na Europa. Esta é a primeira vez que não houve nenhuma vítima mas as culpas parecem já terem sido atribuídas. Na UE não há empresas que se tivessem queixado à Comissão Europeia contra fabricantes chineses de equipamentos para comunicações móveis e sistemas de redes.”
0A primeira visita do primeiro-ministro do Concelho de Estado da China Li Keqiang à Europa começará na sexta-feira. Entretanto, ela já foi marcada por pelo menos dois escândalos comerciais. Será que o primeiro-ministro conseguirá apagar as chamas da guerra comercial? Se os incidentes foram provocados deliberadamente para mostrar os dentes à China, então Li Keqiang pode mostrar aos europeus um punho. E não abrir sua mala de dinheiro, dinheiro que a UE necessita extremamente devido à crise da dívida.

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