sexta-feira, 31 de maio de 2013

Como reagirá o Paquistão aos ataques de drones dos EUA? : Voz da Rússia

Como reagirá o Paquistão aos ataques de drones dos EUA?

Sete pessoas foram mortas e mais quatro ficaram feridas no Paquistão na sequência de um ataque efetuado por um drone dos EUA, informaram esta quarta-feira as autoridades locais. O avião não tripulado desferiu um golpe duplo contra uma moradia na povoação Chashma, situada a 3 km da cidade de Miranshah, capital do Waziristão do Norte.

 O MRE do Paquistão condenou a ação, qualificando-a de “violação da soberania nacional”. “Qualquer ataque de drones constitui uma violação grosseira da integridade territorial e da soberania, merecendo a condenação inequívoca”, anunciou na ocasião um alto funcionário do Ministério paquistanês da Informação.
 Este foi o primeiro caso de emprego de drones norte-americanos após as legislativas que decorreram há pouco no Paquistão. Passado apenas um mês, o líder da Liga Muçulmana do Paquistão, vencedora das eleições parlamentares, declarou que “a utilização de drones dos EUA no Paquistão lança um desafio à sua soberania”. O futuro primeiro-ministro disse esperar que esta preocupação “seja ouvida em Washington”.
 A retórica antiamericana fora usada por Nawaz Sharif para conquistar simpatias de uma parte significativa dos eleitores. É que os ânimos antiamericanos continuam elevados no Paquistão, reputa Vadim Koziulin, professor catedrático da Academia de Ciências Militares.
 “Quanto às relações entre o Paquistão e os EUA, estas, como é evidente, não estão vivendo os melhores tempos. No Paquistão vem crescendo o descontentamento com o programa de utilização de drones e o seu emprego no território do país, em particular, na zona habitada por tribos”.
 Segundo informações da companhia americana Gallup, no Paquistão se assiste hoje ao mais alto nível de ânimos antiamericanos no mundo inteiro. O novo chefe do governo terá de levar isso em conta.
 Enquanto isso, o recente golpe aéreo colocou Sharif numa situação complicada. Como reagir ao ataque? Apresentar um protesto suave, entendendo que tal pouco resultado terá? Ou fazer uma declaração dura sobre a necessidade de revisão do sistema das relações entre os dois países? Ora, tais declarações já foram feitas no decurso da campanha eleitoral.
 Seja como for, a tese sobre a revisão das relações, verbalizada por Nawaz Sharif, parece ambígua. Do ponto de vista da campanha eleitoral, é compreensível por corresponder na íntegra às expectativas dos eleitores. No entanto, não corresponde ao estado de ânimo da elite governante. Os EUA continuam sendo o principal patrocinador da economia paquistanesa em crise e o maior fornecedor de armas, não obstante a aproximação entre o Paquistão e a China registrada nos últimos anos.
 Por isso, Nawaz Sharif deverá cumprir uma tarefa difícil: terá que manobrar entre os ânimos antiamericanos entre a população e a necessidade de manter boas relações com os EUA, vantajosas, acima de tudo, para a elite governante do Paquistão.

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