Presidente sustenta o discurso na vontade do povo. É este, disse, que pressiona para que se abra uma frente de "resistência" com Israel nos Montes Golã.
O Presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse esta quinta-feira que se recandidata ao cargo nas presidenciais de 2014, se essa for a vontade do povo. Numa entrevista ao canal de televisão do Hezbollah, defendeu que há no seu país "uma verdadeira pressão popular" para que abra uma frente ofensiva nos Montes Golã, ocupados por Israel desde 1967 e entretanto anexados ao território do Estado judaico.
"A questão [da recandidatura] será decidida no momento próprio (...) se eu sentir que há necessidade de ser candidato. Isso será decidido depois de consultar o povo e se sentir que apoiam a minha candidatura, então não hesitarei", disse Assad. "Se sentir que o povo sírio não o quer (...) então não me candidato".
Uma das declarações mais surpreendentes do Presidente sírio versou outro tema, as relações com Israel, que Assad explicou também com a vontade do povo. "Há uma clara pressão popular para que abra a frente de resistência [contra Israel] nos Golã. Há muitos factores para que isso aconteça, como as constantes agressões israelitas", disse Assad na entrevista que foi gravada há dias e transmitida esta noite na Tv Al-Manar.
O Hezbollah é um movimento xiita libanês cuja milícia combate ao lado de Assad (que é alauíta, um ramo xiita) na guerra civil síria. Assad defendeu a participação desta milícia ao lado das suas tropas e disse que o exército sírio e o Hezbollah fazem agora parte "do mesmo eixo".
O Presidente sírio anunciou que os mísseis terra-ar S-300 russos já começaram a chegar ao seu país e disse estar confiante na vitória das suas forças armadas sobre o exército da oposição, que tenta derrubar o seu regime, e sobre outros grupos armados. Comentou o actual momento do conflito e disse que a vantagem está do seu lado e que será o vencedor.
A presença do Hezbollah na guerra síria, que dura há 26 meses, assim como a de milícias iranianas, foram os motivos avançados pela oposição síria para não participar na Conferência Internal de Paz que terá a chancela das Nações Unidas mas foi promovida pelos Estados Unidos e pela Rússia.
Apesar da ausência da oposição na que seria a primeira iniciativa a juntar, frente a frente, os dois lados do conflito – Assad disse que em príncipio enviaria representantes –, as Nações Unidas anunciaram ao início da noite que no dia 5 de Junho se realiza uma reunião para a preparar.
"Podemos confirmar que no dia 5 de Junho representantes dos Estados Unidos, da Rússia e da ONU terão uma reunião tripartida em Genebra para preparar a Conferência Internacional sobre a Sìria", disse a organização em comunicado.
A partida de Assad do poder tem sido a condição de topo da oposição para se comprometer em conversações de paz. O Presidnete sírio deixou claro que isso não acontecerá: "Eles dizem que querem um governo de transição em que o Presidnete não tem qualquer papel. Ora as prerrogativas do Presidente são fixadas pela Constituição e e Presidente não pode abandonar as suas prerrogativas, a Constituição não lhe pertence".
Bashar al-Assad sustentou quase todas as suas declarações na vontade do povo, pelo que explicou que se houver algum tipo de acordo entre o seu Governo e a oposição, este será sempre colocado à consideração do povo, através de referendo.
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