Devido à tensão em Muxúnguè
Maputo (Canalmoz) – Os serviços de transportes interprovinciais de passageiros a partir do Terminal Rodoviário da Junta estão a decorrer a conta-gotas devido à crise armada instalada na zona de Muxúnguè, na província de Sofala.
Os ataques protagonizados, entre sábado e domingo último, por um grupo armado de desconhecidos contra civis naquela zona do País está a deixar muitos transportadores do terminal da Junta com receio de viajar.
Poucas são as viaturas de transportes de passageiros que partem da junta com destino às regiões centro e norte do país, sobretudo quando se trata de transportes que para chegar a seus destinos passam por Muxúnguè, local considerado de grande perigo devido à crise armada entre os supostos membros da Renamo e membros da Força de Intervenção Rápida (FIR).
Segundo soube o Canalmoz dos gestores do Terminal Rodoviário Interprovincial da Junta a maioria dos autocarros que é permitido viajar são aqueles cujo destino é antes do local da crise armada, Muxúnguè. As viaturas cujo destino ultrapassa o perímetro da crise armada continuam a proceder viagem a conta-gotas, tudo porque os proprietários das viaturas receiam caso haja ataques arcarem com os prejuízos de danos materiais nas suas viaturas, entre outros.
Gil Zunguza, fiscal sénior da Associação dos Transportadores de Carreiras Interurbanas e Internacionais (AMOSTRANS) falando ontem ao Canalmoz, reconheceu que devido à crise armada em Muxúnguè muitos proprietários dos machimbombos que operam na Junta estão a ficar com receio de verem seus negócios comprometidos e por isso não aceitam que suas viaturas viajem. Zunguza, mesmo sem revelar números concretos, garantiu que não obstante a situação em Muxúnguè, os machimbombos ainda continuam a viajar embora de maneira fraca em termos de número de viaturas que viajam por dia, contra aquilo que era antes da crise armada.
Passageiros amedrontados arriscam-se a viajar por obrigação familiares
Muitos passageiros atentos à informação veiculada pela Mídia sobre os ataques em Muxúnguè estão com medo, mas, mesmo assim, não deixam de viajar alegando o facto de as viagens serem também imperiosas para resolver questões familiares e profissionais. A maioria dos passageiros abordados pelo Canalmoz ontem no Terminal Rodoviário Interprovincial da Junta queixaram-se de insegurança e contaram que apesar a situação viajam por questões imperiosas que não dá para esperar. E outros dizem que viajam por que tiveram informação através de certos órgãos de comunicação social de que a situação está voltar a normalidade.
Cristina Sadik, encontrámo-la à procura de transporte para seguir viaje com destino à Nampula, assumiu que está consciente do perigo de viajar numa situação em que se fala de ataques de grupos armados contra machimbombos em Muxúnguè, mas inevitavelmente tem que viajar para participar no funeral da sua tia que deverá se realizar na tarde desta quinta-feira.
Anacleto Magid, segundo ele, professor na província de Tete, encontrámo-lo ontem (terça-feira) a comprar bilhete para viajar hoje (quarta-feira) com destino a esta província, veio a Maputo para participar num seminário do sector da educação. Magid disse que mesmo reconhecendo o perigo as questões profissionais e familiares o obrigam a ter que sujeitar-se ao risco e viajar.
“Estou preocupado de facto, mas tenho que voltar a Tete, deixei lá meus alunos e minha família que precisam de mim. Creio que todos nós que estamos para viajar o que nos vem à cabeça é como vamos passar em Muxúnguè, se sairemos vivos ou mortos, mas temos que viajar…. o que fazer”, disse (António Frades)
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