Wednesday, August 14, 2019

60 milhões para quem gerir?

60 milhões para quem gerir?
Ontem, já quase no final da “passerelle” dos discursos alusivos ao “acordo oculto” da Paz Definitiva, quando Federica Mogherini anunciou os 60 milhões de USD para as etapas subsequentes, vislumbrei alguns olhares reluzindo de contente. Vai haver boa fruta! Tecnocratas e lobistas que lidam com a mola que cai nas contas do Governo já estão esfregando as mãos, planeando suas recorrentes golpadas.
Mas este dinheiro, os 60 milhões, está directamente ligado à Paz Definitiva. Mogherini não foi detalhada sobre quem vai ser o beneficiário directo dos fundos. Também não era momento para determinar os Termos de Referência para o uso do montante, embora ela tenha dado a entender que o dinheiro era destinado a financiar projectos com efeito na população em todo o país!
Não! O dinheiro da Paz Definitiva não é para combater nossa pobreza geral. Não é para entrar no orçamento do Estado e desaparecer nos duvidosos critérios de distribuição de renda do Governo ou ser capturado nos sinistros processos de procurement corruptos que caracterizam as intervenções do executivo no terreno.
Nem é para trazer para Moçambique uma catadupa de ONGs europeias (que também já esfregam as mãos), para virem cá meter esse dinheiro nos seus bolsos, com projectos com altas taxas de assistência técnica, que consomem mais de 60% de orçamento só para salários.
O dinheiro, deve ficar claro, é para a Paz Definitiva. Por outras palavras, é para financiar a reinserção social dos combatentes da Renamo e ponto final! Isto deve ficar claro e definitivo nos Termos de Referência. Haverá custos com a integração dos oficiais da Renamo nas Forças de Defesa e Segurança, mas estes devem ser custos marginais. O Estado deve arcar com o essencial desses custos.
Os 60 milhões não devem ser entregues ao Governo. Em Moçambique já há organizações não estatais com experiência na gestão deste tipo de projectos de reinserção social e devem ser convidadas a dar o seu contributo.
Com sua comprovada experiência e inserção cultural e geográfica no território nacional, esses dinheiros serão aplicados de forma mais efectiva para uma paz sustentável. Importa recordar que o calar das armas não significa necessariamente a Paz.
É preciso que a pobreza e exclusão social e económica sejam atacadas por quem já provou, aqui na nossa terra, que sabe como isso se faz. Os 60 milhões nas mãos do Governo comportam um risco tremendo: o risco de todo o edifício pensado para a Paz Definitiva ruir mesmo antes de se escavar as suas fundações.
Comentários
  • Danilo Tiago Marcelo Mosse no seu melhor. Assertivo como sempre. Bem hajas.
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  • Da Cruz Mesmo assim haverá boladas! Ou esses não sao bradas do mestre Chang-ling. 😀🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣
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  • Gabriel Muthisse Qual é a percentagem dos custos de funcionamento nos orçamentos globais dessas organizações a que Marcelo Mosse se refere? Pode nomear algumas? Em que se diferem das ONG's europeias, de que parece desconfiar?
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    • Marcelo Mosse Nao percebi a pergunta. Ou nao entendeu o meu ponto.
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    • Gabriel Muthisse As perguntas até sao retóricas. Estou a tentar dizer que todos os lobistas estão a esfregar as mãos de contentamento e de ansiedade. Incluindo os das OSC parasitárias. E estou a tentar dizer que, seja qual o arranjo para a gestão destes recursos, o Estado não pode ser completamente contornado. Afinal tem responsabilidades acrescidas com a paz. O Estado (e o seu governo) são parte essencial, mesmo que se decida incluir as organizações não estatais com experiência na gestão da reintegração
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    • Marcelo Mosse Eu nao disse para se entregar o trabalho às OSC. Hà em Mocambique entidades com experiencia em "financas para o desenvolvimento" que poderiam dar um melhor contributo neste processo.
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    • Gabriel Muthisse Haveria que especificar que organizações não estatais são essas... e avaliar que estrutura têm para gerir 60 milhões de euros
    • Paulo da Conceição Marcelo Mosse nao ofendas Lobistas ou aspirantes à... Mano calma esses dedos my man. Take it easy. Ride smoothly
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    • Donaldo Tovela Gabriel Muthisse o que sugeres como alternativa à ideia do Marcelo Mosse???
    • Paulo da Conceição Donaldo Tovela simples:quem tem condições /capacidade para ingerir essa mola é o estado. Manada. Tudo dito! Vocês às vezes perdem foco...
    • Paulo da Conceição Diz-se ingerir ou gerir? 🤔🙈Nakonada juro a xilungo xa traira loku hinga psi vhoni bem. Marra hinguê vhale gerir... Há vhani dzivhalele lava vhaku pode a vha djula a khu ni kwatela. Dzivalelôôôô
    • Gabriel Muthisse Paulo da Conceição e Donaldo Tovela, o que sugiro como alternativa? Simples, entregar esse dinheiro à LDH e ao CIP. Essas duas são organizações não estatais onde nunca se deu nenhum caso de corrupção ou de roubo. Concordam?
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    • Joao Mazivila Antonio Eu penso que nao podemos disacreditar o nosso Estado. Quem nao é confiavel, sao os gestores do Estado, mas se quisermos alguma mudança precizamos de por a makina do Estado a funcionar em pleno, o fiscalizador é o Povo e as instituiçoes criadas para o efeito, fazer cumprir as leis e prossedimentos, fora disso nao podemos desenvolver se nao nos confiarmos
    • Jose Ph Joaquim Faduco Gabriel ta certo também acho que o CIP e a LDH fariam melhor gestão desse bolo. Mas principalmente o CIP faria melhor.
    • Gabriel Muthisse Jose Ph Joaquim Faduco, veja toda a discussão para ter a certeza de que concorda comigo...
    • Jose Ph Joaquim Faduco Acredito k o senhor assim como o Marcelo ate certo ponto falam de mesma coisa a diferença é o se senhor já avança com possíveis organismos k podem gerir o valor.
    • Gabriel Muthisse Jose Ph Joaquim Faduco, então não entendeu. Eu acho que nessas "organizações não estatais" há muitos casos de roubo e de corrupção. Usei ironia.

      Sou obrigado a explicar a ironia porque parece que alguns não a vêem, apesar de estar óbvia, bastando seguir o debate
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    • Cremildo Maculuve Gabriel Muthisse A Gapi - Sociedade de Investimentos, uma instituição Público Privada é uma delas. Aliás, ela conduziu o processo de reinserção social dos 13.000 trabalhadores disvinculados dos CFM, conduziu a reinserção dos trabalhadores da SUT, das populações transferidas pela Vale para Cateme. Portanto, é uma instituição nacional, com 30 manos de experiência, que emprega nacionais, paga impostos e é participada pelo Estado, apesar de ter uma gestão privada e prestar contas ao BM.
    • Gabriel Muthisse Cremildo Maculuve, teríamos de ir ver a definição de "organizações não estatais". Naquela que eu uso, GAPI não qualifica. Exactamente por Ser constituído por Estado(s).
    • Cremildo Maculuve Gabriel Muthisse Na verdade respondia ao repto sobre que organizações podem fazer a gestão desse fundo com rigor e transparência e não exactamente sobre a questão "organizações não estatais". Abraço
    • Gabriel Muthisse Cremildo Maculuve, o meu comentário é sobre a tese de Marcelo Mosse, pelo menos como eu a entendi, de que a gestão transparente dos 60 milhões de euros só estaria assegurada se fosse confiada a organizações não estatais. E perguntei quais? Qual é a sua estrutura de custos? Como se comportam os custos de funcionamento em relação aos totais? Têm auditorias regulares? Têm o hábito de publicar suas contas para o escrutínio público? Qual delas não tem episódios de roubos ou de corrupção?....
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    • Cremildo Maculuve Gabriel Muthisse De facto. nessa perspectiva é justo que se questione. Contudo, sou de opinião de que, independentemente da sua natureza estatal ou não, se bem que esse pode ser um factor diferenciador, devemos olhar para a "compliance" delas e, sobretudo, para o seu "track record". Sim, não basta não ser estatal para responder às questões que colocas, mas, não ser, ajuda a reduzir a pesada burocracia (nem sempre é mau) dos processos e retira a ideia de que, sendo do Estado, não se deve pagar, tal como têm vindo a ser a gestão de vários fundos feitos directamente por este.
    • SMabote Simbine Concordo plenamente Gabriel Muthisse com teu ponto de vista.

      Parece que andamos com as nossas lentes embaçadas, de tal forma que vemos tudo que é Estatal com desconfiança e ignoramos muita sujeira escondida por de baixo dos tapetes de muitas ONG's...
    • Claudino G. Nchumali Desse debate tiro a seguinte lição: nem o Estado nem as OSC inspira confiança as pessoas. Isso é muito preocupante, como sociedade devemos repensar nas nossas instituições.
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  • Jeremias Messias Well done.
  • Raposo Andrade “...quando Federica Mogherini anunciou os 60 milhões de USD para as etapas subsequentes, vislumbrei alguns olhares reluzindo de contente.” E cairão por cima da grana de qualquer jeito...
  • João Mindo II "...Vislumbrei alguns olhares reluzindo de contente..."
    Eu até diria que já se está a criar Contas Bancárias "fantasmas" a estas alturas...
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  • Afonso Dete Mas a Mogherini nao podia fazer um discurso sem colocar dinheiro ai? Essa uniao europeia tem mesmas intenxoes para com a africa desde a era colonial. Desde quando dinheiro deu Paz?
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  • Solomone Manyike interesting debate
  • Manuel Julai Muito dinheiro, e aqui na minha terra onde compram se frigoríficos em sapatarias, roupas em pastelarias, e viaturas são feitas a sua manutenção ao custo da compra, da mesma para estar com dúvidas, tornou se normal aqui, mas ok, bem haja a Paz 🕊.

    God bless you 🇲🇿 Moza Mozaa
  • Mustafa Helder Helder Nem é para trazer para Moçambique uma catadupa de ONGs europeias (que também já esfregam as mãos) para virem cá meter esse dinheiro nos seus bolsos com projectos com altas taxas de assistência técnica, que consomem mais de 60% de orçamento só em salários!!! Bravo Marcelo Mosse
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  • Geraldo Manjate Ha que retirar o Manuel Chang da prisão é dos poucos com experiência em gestão de quantias "irrisórias "
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  • Osvaldo Mavie São os 60 paus k vão nos levar a outra guerra
  • Mangane Mangane Bala Alguém está esfregando as mãos na verdade quem sabe uma parte vai gerir advogados do chang e um tachinho para a logística, uma burla para inserção dos rangers como fez Guebuza company Ltd
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  • Orlando Chirrinze Marcelo Mosse: mais um apóstolo da desgraça, já antevendo males em tudo o que se faz neste pedaço do Índico. Achas mesmo que a UE iria dar dinheiro sem saber para onde vai?
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  • Linette Olofsson Desvios má utilização haverá sempre. Repensar o IDAE
  • Suleiman Seifo A essa alturas já está no bolso de alguém!!!
  • Edmundo Galiza Matos Resumindo: Os burocratas da União Européia, incluindo a senhora Mogherini, são uns panhonhas que drenam de bandeja a mola dos contribuintes europeus para a goela abaixo do bando de corruptos moçambicanos. Quer dizer: O doador não tem controlo sobre onde vai e como é aplicado o seu dinheiro. Logo, uns e outros, europeus e moçambicanos, estão feitos uns com outros.
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    • Claudino G. Nchumali Edmundo Galiza Matos A UE e Mogherini não são tão nabos para drenarem toda essa massa de borla. Há una visão de longo prazo, a UE não está alheia aos acontecimentos na pérola do indico e é preciso investir para que na hora certa não seja esquecida
  • Sonia Maciel Bem dito MM!!! Gostei!!!
  • Manjate Custodio O mundo ralha de tudo. Acordo oculto definitivo pode ser porque em Moçambique e fábricas de fala fala só para distorcer.
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  • Julião João Cumbane Estou totalmente de acordo contigo, Marcelo Mosse. Isto sim, é construtivo. Bem hajas com este tipo de intergvenções!

    Ps: Do texto deprrende-se que tens alguém em mente que podia gerir bem esse donativo para a implantação do Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo (APRM), prometido pela União Europeia. Podes dizer quem é, por favor?
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  • Jose Ph Joaquim Faduco Oba concordei com uma ironia, nesse caso a nossa opinião deverge, pois eu acho k ao se entregar a gestão desse dinheiro a instituições acima mencionadas tal como o CIP principalmente, mesmo não sendo essa a sua função estaria muito melhor do que entralegar ao órgãos estatais.
  • Tuno Sofrinho Mano Guebas nao estava ai, logo sera ele e sua corja

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