Editorial
A primeira razão que demonstra que este acordo é a maior fraude de que há memória é a que se segue: se assumirmos que o estado de violência em que vivemos – que atingiu níveis dramáticos de brutalidade com os esquadrões da morte – é o resultado de uma má gestão de um conflito eleitoral que as eleições de 2014 produziram, então é pouco sério que se esteja a assinar um Acordo em circunstâncias em que as eleições que se avizinham começam com um recenseamento em que os números estão todos aldrabados, com o objectivo de favorecer o partido Frelimo. E soma-se a agravante de que, quando o Instituto Nacional de Estatística veio a público desmentir tais números, houve quem pensou na “genialidade” de, em programas de televisão, banalizar as projecções do INE. Por outras palavras, se, nas eleições anteriores, os conflitos eram pós-eleitorais, agora decidiram tornar a coisa mais célere: minar todo o processo pré-eleitoral, para que o caldo se entorne logo desde cedo e fique claro, desde já, que as eleições serão uma palhaçada total e completa. O silêncio perante a questão do recenseamento em Gaza, com todas as evidências de manipulação disponíveis, é prova inequívoca de que o tal de “Acordo de Paz” que vai ser assinado é só para garantir que haja eleições. O silêncio de Filipe Nyusi, actual Presidente da República, perante o avacalhamento dos dados do recenseamento eleitoral devia preocupar a todos.
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