CÁ para nós, este cenário era previsível.
Nyusi e Momade correram tanto como se de uma prova de 100 metros planos se tratasse. Até pareciam perseguidos por algum fantasma ou tentativa de se escapulir, sabe-se lá de quê. Como se não bastasse, ignoraram os sinais que foram sendo emitidos de dentro da Renamo e intencionalmente tirados para a opinião pública.
Num processo tão delicado e com provas dadas de fracasso em fracasso, Nyusi e Momade acharam que iriam almejar o sucesso da operação sem no mínimo auscultar as vozes ruidosas que iam emergindo das matas. Como se não bastasse, atravez das plataformas sociais, foi sendo transmitida a ideia de que tais vozes não passavam de uns infelizes, desertores indisciplinados, tudo isso na vã tentativa de abafar o major-general Mariano Nhongo, rodeado de homens armados, aparentemente uns poucos.
Lentamente, certa opinião pública estranhou o modo como o processo ganhou velocidade. Com preocupação, fomos assistindo o sorriso rasgado em Nyusi e zero na contraparte Momade, este dado o seu traçado cínico difícil de arrancar um leve sorriso que seja. Preocupação porque facilmente se percebia estarmos diante de uma ‘maka’ que a qualquer momento podia rebentar pelas costuras. E haviam sinais mais que convincentes que foram ganhando corpo, à medida que as partes se encontravam em mais uma das tiradas presidenciais.
Em boa verdade, aquí tentando secundar algumas opiniões, a morte de Afonso Dhlakama abriu uma enorme brecha nas hostes, situação considerada normal em qualquer agremiação em cujo ‘patrono’ de repente sumiu do mundo dos vivos, deixando à mercê os seus seguidores.
Mas esse pode não ser o caso da Renamo. Astuta, a Frelimo soube tirar os dividendos do desaparecimento físico de Dhlakama, fingindo não ver com os olhos de ver o que determinados sectores assistiam, com pena, o desenrolar da crítica situação. Filipe Nyusi, dada a sua animada forma de estar (eu gosto), por vezes trouxe à superfície sinais que iam confirmando a palhaçada em que Ossufo Momade se metera.
Numa dessas situações, em Chimoio, província de Manica, após encontro a dois, Nyusi deu a entender, se calhar, que Momade teria as condições criadas uma vez se mudando das montanhas para a cidade. Nyusi tinha o Momade na mão e nem fingir sabe. Na ocasião, Nyusi para a opinião pública para atirar ter instado Momade a resolver a polémica envolto dos seus militares que estariam a aterrorizar as populações de um distrito de Manica e outro de Tete.
Aqui, Nyusi não colocou de lado a possibilidade de as forças de defesa e segurança intervirem, caso Momade demonstrasse incapacidade em travar a interpelação de pessoas e bens.
Foi numa segunda-feira. Na semana, a primeira aparição pública de Mariano Nhongo. O agora presidente da Renamo denunciou o desparecimento do brigadeiro Jossefa, a mando de Ossufo Momade. Jossefa era comandante dos militares da Renamo. Tudo terá começado por essas alturas.
Hoje temos, na Renamo, Ossufo Momade, eleito por um congresso, e Mariano Nhongo, numa conferência extraordinária da Junta Militar. Quem dos dois assume as rédeas?
José Manteigas veio dizer, recentemente, que a Renamo tem em Ossufo Momade o seu presidente, ressalvando de ter sido eleito em congresso. Congresso esse que a malta de Nhongo afirma, hoje, ter sido de uma manipulação e cuja votação foi dos primeiros pontos de agenda, portanto, sem tempo sequer para os delegados analisarem as propostas que haviam em cima da mesa.
O mesmo teor de denúncia, aliás, quando a Junta Militar garante que o conteúdo do acordo de paz e reconciliação nacional não foi do conhecimento prévio do conselho nacional da Renamo nem dos membros da bancada na Assembleia da República. Enfim, tamanha correria que ameaçou sempre terminar em tiro pela culatra.
…
EXPRESSO – 20.08.2019
Nyusi e Momade correram tanto como se de uma prova de 100 metros planos se tratasse. Até pareciam perseguidos por algum fantasma ou tentativa de se escapulir, sabe-se lá de quê. Como se não bastasse, ignoraram os sinais que foram sendo emitidos de dentro da Renamo e intencionalmente tirados para a opinião pública.
Num processo tão delicado e com provas dadas de fracasso em fracasso, Nyusi e Momade acharam que iriam almejar o sucesso da operação sem no mínimo auscultar as vozes ruidosas que iam emergindo das matas. Como se não bastasse, atravez das plataformas sociais, foi sendo transmitida a ideia de que tais vozes não passavam de uns infelizes, desertores indisciplinados, tudo isso na vã tentativa de abafar o major-general Mariano Nhongo, rodeado de homens armados, aparentemente uns poucos.
Lentamente, certa opinião pública estranhou o modo como o processo ganhou velocidade. Com preocupação, fomos assistindo o sorriso rasgado em Nyusi e zero na contraparte Momade, este dado o seu traçado cínico difícil de arrancar um leve sorriso que seja. Preocupação porque facilmente se percebia estarmos diante de uma ‘maka’ que a qualquer momento podia rebentar pelas costuras. E haviam sinais mais que convincentes que foram ganhando corpo, à medida que as partes se encontravam em mais uma das tiradas presidenciais.
Em boa verdade, aquí tentando secundar algumas opiniões, a morte de Afonso Dhlakama abriu uma enorme brecha nas hostes, situação considerada normal em qualquer agremiação em cujo ‘patrono’ de repente sumiu do mundo dos vivos, deixando à mercê os seus seguidores.
Mas esse pode não ser o caso da Renamo. Astuta, a Frelimo soube tirar os dividendos do desaparecimento físico de Dhlakama, fingindo não ver com os olhos de ver o que determinados sectores assistiam, com pena, o desenrolar da crítica situação. Filipe Nyusi, dada a sua animada forma de estar (eu gosto), por vezes trouxe à superfície sinais que iam confirmando a palhaçada em que Ossufo Momade se metera.
Numa dessas situações, em Chimoio, província de Manica, após encontro a dois, Nyusi deu a entender, se calhar, que Momade teria as condições criadas uma vez se mudando das montanhas para a cidade. Nyusi tinha o Momade na mão e nem fingir sabe. Na ocasião, Nyusi para a opinião pública para atirar ter instado Momade a resolver a polémica envolto dos seus militares que estariam a aterrorizar as populações de um distrito de Manica e outro de Tete.
Aqui, Nyusi não colocou de lado a possibilidade de as forças de defesa e segurança intervirem, caso Momade demonstrasse incapacidade em travar a interpelação de pessoas e bens.
Foi numa segunda-feira. Na semana, a primeira aparição pública de Mariano Nhongo. O agora presidente da Renamo denunciou o desparecimento do brigadeiro Jossefa, a mando de Ossufo Momade. Jossefa era comandante dos militares da Renamo. Tudo terá começado por essas alturas.
Hoje temos, na Renamo, Ossufo Momade, eleito por um congresso, e Mariano Nhongo, numa conferência extraordinária da Junta Militar. Quem dos dois assume as rédeas?
José Manteigas veio dizer, recentemente, que a Renamo tem em Ossufo Momade o seu presidente, ressalvando de ter sido eleito em congresso. Congresso esse que a malta de Nhongo afirma, hoje, ter sido de uma manipulação e cuja votação foi dos primeiros pontos de agenda, portanto, sem tempo sequer para os delegados analisarem as propostas que haviam em cima da mesa.
O mesmo teor de denúncia, aliás, quando a Junta Militar garante que o conteúdo do acordo de paz e reconciliação nacional não foi do conhecimento prévio do conselho nacional da Renamo nem dos membros da bancada na Assembleia da República. Enfim, tamanha correria que ameaçou sempre terminar em tiro pela culatra.
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EXPRESSO – 20.08.2019
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