Saturday, August 17, 2019

Para que novo acordo faça sentido, Raúl Domingos avisa: E preciso desarmar a Fralimo

Director: Ângelo Munguambe l Editor: Egídio Plácido l Maputo, 15 de Agosto de 2019 l Ano XIV l nº 868 50,00 z E mt Sai às quintas amb Onde a nação se reenc e ontra z Comercial TABELA DE PREÇOS Abertas assinaturas para 2019 MAIS INFORMAÇÕES Cell: 82 45 76 070 | 84 26 98 181 Email: esmelifania2002@gmail.com ZAMBEZE 2.300,00mt 2.900,00mt 4.450,00mt período trimestral semestral ANUal TABELA DE PREÇOS Abertas assinaturas para 2019 MAIS INFORMAÇÕES Cell: 82 45 76 070 | 84 26 98 181 Email: esmelifania2002@gmail.com ZAMBEZE 2.300,00mt 2.900,00mt 4.450,00mt período trimestral semestral ANUal Para que novo acordo faça sentido, Raúl Domingos avisa: E preciso desarmar a Fralimo É preciso a Frelimo Novo presidente da Renamo ou falácia? Próximos dias vão ditar sentença DÁVIO DAVID& ELTON DA GRAÇA 2 | zambeze Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 | destaques | Segundo o negociador do AGP na Renamo, Raúl Domingos Um acordo que sabe à bomba-relógio • Visa desarmar e desactivar somente as bases da Renamo-Raúl Domingos O Presidente do Partido para o Desenvolvimento para paz, Democracia e Desenvolvimento, (PDD), Raúl Domingos defende que se o Acordo Geral de Paz (AGP), de 1992 tivesse sido implementado efectivamente não haveria necessidade do regresso aos novos conflitos.Para o antigo número dois do partido Renamo, enquanto não se despartidarizarem as Forças de Defesa e Segurança (FDS) haverá assinaturas contínuas de cessação das hostilidades militares e outros acordos definitivos. “Este acordo é uma autêntica bomba relógio, é alguma coisa encubada que algum momento pode explodir, daqui há cinco, dez ou 20 anos, mas que vai explodir, vai explodir”, garantiu Raúl Domingos. P ara Raúl Domingos o país conta com dois partidos armados nomeadamente a Frelimo e a Renamo, e neste prisma segundo entende, urge desarmar também a Frelimo que segundo ele através do governo controla as Forças de Defesa e Segurança (FDS). “O acordo de Paz efectiva é um acordo desejado. Saudamos o acordo, mas se entrarmos para dentro do acordo e olharmos para aquilo que são os conteúdos vamos verificar que não é isso que pode nos levar a uma paz efectiva. Este acordo para mim só visa desarmar apenas a Renamo.Sempre disse que Moçambique até ao momento tem dois partidos armados, e o que nós precisamos para ter uma paz efectiva é desarmar a Frelimo e a Renamo, contudo este acordo visa apenas desarmar a Renamo, e desactivar as suas bases militares, mas ainda temos o problema de desarmar a Frelimo”, lamentou Raúl Domingos. De acordo com Raúl Domingos, enquanto a Frelimo não estiver desarmada, não teremos paz em Moçambique porque segundo ele “a Frelimo vai continuar arrogante e a praticar as fraudes eleitorais ou seja as eleições nunca vão representar o interesse do povo. ”Os resultados eleitorais nunca vão reflectir a vontade expressa nas urnas porque a Frelimo vai sempre manipular os resultados eleitorais e a capacidade de controlar as FDS lhe assegura mais uma vantagem ”.disse Corrigir os erros do AGP Raúl Domingos recorda que o (AGP) de 1992na altura dizia- -se que foi o acordo possível para o calar das armas e buscar uma solução de pacificação do país, marcando assim o fim da guerra dos 16 anos. Já naquela altura, de acordo com Domingos“defendíamos a despartidarização do Estado e de forma particular das FDS, nas suas componentes principais, as Forças Armadas de Moçambique (FADM), a Polícia (PRM) e o Serviço de Segurança de Estado (SISE), mas, na mesma altura a forma que tinha sido encontrada era de integrar as forças da Renamo nestas instituições”. Entretanto, Raúl Domingos aponta que conseguiu-se um entendimento apenas sobre a inclusão dos homens da Renamo nas FADM, mas a integração na PRM e no SISE foi vedada. “Para contornar isso, ficou acordado que deviam-se criar comissões para reestruturação e despartidarização das forças polícias, isto é PRM e SISE. Nos dois anos de implementação dos AGP foram criadas essas comissões que praticamente foram bloqueadas, os dois anos passaram em termos de reestruturação e despartidarização não aconteceu nada”, lamentou Raúl Domingos. Por diante, segundo o negociador do AGP na Renamo, Raúl Domingos, o Governo criou a Unidade de IntervençãoRápida, na altura, Polícia de IntervençãoRápida, passou para Força de Intervenção Rápida e mais tarde UIR, esta unidade praticamente substituiu as FADM, porque nas FADM houve integração dos homens da Renamo, e por vias disso, as FADM já não eram da confiança do governo, todas armas pesadas passaram para Polícia de Intervenção Rápida, que logo após a assinatura do AGP é que era o exército de Moçambique. “Este acordo parece a rendição da Renamo” Actualmente com esta operação de desarmar a Renamo tudo a relâmpago, Domingos se questiona sobre se “alguma coisa séria vai se fazer aqui. O que está acontecer até parece uma rendição, parece que a Renamo está rendida, parece ter perdido a batalha e isto é muito perigoso”. Se é um acordo de Paz cosmética, o tempo o dirá, contudo, Raúl Domingos lamenta que este acordo não vai na profundeza e na essência da questão, pois segundo ele, a questão central do conflito entre o governo da Frelimo é “a despartidarização das FDS”, porque conforme defende o nosso entrevistado, enquanto quem estiver no poder tiver a capacidade de manipular as FDS a seu belo prazer, não teremos a democracia que todos almejamos. Questionado sobre se a Renamo foi mal assessorada ao assinar o novo Acordo de Paz, Raúl Domingos explicou que os assessores foram escolhidos pela Renamo, e nestes contextos, escolhemos os assessores de acordo com aquilo que queremos. Para Raúl Domingos, ou a Renamo quis o novo acordo, ou não tinha uma visão clara de como resolver as questões “mas para mim este acordo não ajuda para se conseguir uma Paz efectiva porque este acordo somente desarma a Renamo e não desarma a Frelimo”. Uma bomba-relógio “Este acordo é uma autentica bomba relógio, é alguma coisa encubada que algum momento pode explodir, daqui há cinco anos, 10 anos ou daqui há 20 anos, mas que vai explodir vai explodir”, garantiu Raúl Domingos. Para o nosso interlocutor o dossier da integração dos homens da Renamo no SISE não deve ser um “segredo dos deuses” e nem um embaraço porque para ele, não pode ficar subentendido que os homens da Renamo vão integrar o SISE, só porque os termos de referencia do mesmo acordo de Paz ora assinado fala de integração de homens da Renamo na PRM. “O SISE vai continuar a ser um serviço de espionagem a favor do partido no poder como tem acontecido até aqui, e fazendo uma parêntesis é preciso lembrar o que aconteceu com o SISE no escândalo das dívidas ocultas”, frisou Raúl Domingos. Aliás, Domingos disse ainda que é importante ressalvar que as pessoas pensam que “estamos a fazer apologia para a guerra, eu fiz a guerra dos 16 anos, entrei com 23 anos para a Renamo, hoje, não quero a guerra para ninguém nem para os meus filhos, nem para as gerações vindouras, e justamente por isso que estamos a denunciar essas coisas para evitar que venhamos a ter guerra no Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 | destaques | zambeze | 3 O Acordo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) da RENAMO , assinado em recentemente entre o líder do partido, Ossufo Momade, e o Presidente da República, Filipe Nyusi apresenta grandes disparidades em relação ao acordo negociado entre o ex-líder da RENAMO, Afonso Dhlakama e Filipe Nyusi. A insatisfação na ala militar da RENAMO com o conteúdo do novo acordo está na base do conflito interno no movimento - opondo a Ossufo Momade à auto-proclamada Junta Militar , liderada pelo o antigo estratega militar de Afonso Dhlakama, Major General Mariano Nhongo. E ntre as principais diferenças apontadas aos dois acordos está o facto de Afonso Dhlakama ter negociado a integração dos homens armados da Renamo no conjunto das Forças de Defesa e Segurança ( Forças Armadas de Defesa de Moçambique - FADM, Polícia da República de Moçambique - PRM e Serviço de Informação e Segurança do Estado - SISE ). A nível interno, o principal alvo do SISE são as ameaças políticas e económicas contra o Estado, mas em contexto de controlo do aparelho de Estado pela Frelimo o SISE actua efectivamente como força de segurança do Governo e do Partido, visando a oposição, comunicação social nacional e internacional com cobertura em Moçambique, a sociedade civil local e ONGs internacionais. Afonso Dhlakama havia negociado a ocupação de cargos estratégicos do SISE pelos comandos da Renamo, incluindo um posto de director-adjunto ou de director nacional de operações. Aquando da morte de Afonso Dhlakama, em Maio de2018, ainda não havia sido alcançado consenso sobre a ocupação de postos estratégicos do SISE pela Renamo. A Afonso Dhlakama sucedeu interinamente Ossufo Momade, então seu chefe de gabinete - oficialmente designado Chefe Nacional do Departamento dos Assuntos Sociais e Desmobilizados. Apesar do passado de comando militar que lhe valeu título de Tenente General, Ossufo Momade estava há muito fora do activo, sem posto de comando militar estratégico, dedicando-se a funções políticas (membro da Comissão Política e deputado à Assembleia da República ). Para sua indicação para líder interino pesou o facto de combinar algum domínio da política com a chefia de desmobilizados. Mas a sua aceitação pelos comandos militares no activo não foi consensual. Ossufo Momade continuou a negociar o acordo de cessação de hostilidades (o de descentralização já havia sido alcançado com Afonso Dhlakama em vida) mas deixou cair exigências do seu antecessor, entre elas a integração da Renamo no SISE. O SISE era o principal ponto de discórdia entre Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama na componente de desmilitarização da Renamo. Filipe Nyusi ainda não tinha controlo integral do SISE - que gozava de grande autonomia - e portanto não tinha garantias de integração da Renamo no Serviço. Nos contactos prévios à assinatura do acordo final, Filipe Nyusi persuadiu Ossufo Momade a deixar cair exigências complexas como a da integração de homens da Renamo no SISE, para o que terá contribuído a fragilidade negocial de Ossufo Momade, nomeadamente por não ter património pessoal, tal como Afonso Dhlakama tinha, e portanto estar mais dependente materialmente, para além de não ter total apoio dentro do partido. A não integração da Renamo no SISE cria agora maior desconforto interno, por esta unidade ter condições para realizar manobras eleitorais e militares contra a Renamo. O embaixador da Suíça e enviado especial do SG da ONU, Mirko Manzoni, terá sido influente junto de Ossufo Momade, levando a que abandonasse as exigências de Afonso Dhlakama e é agora criticado pela ala pro- Afonso Dhlakama na Renamo e em círculos da sociedade civil. Na ordem cronológica do processo, Governo defendia o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos homens da Renamo, enquanto Afonso Dhlakama defendia a Reintegração, Desmobilização e Desarmamento. Também neste caso, Ossufo Momade adoptou postura diferente de Afonso Dhlakama. As nomeações de elementos da Renamo para postos de direcção nas FADM, antes do desarmamento, são interinas, não definitivas, causa de alarido na Renamo. A mudança de postura de Ossufo Momade causou insatisfação entre a liderança militar do movimento. A contestação interna a Ossufo Momade começou em Janeiro, após a sua eleição. Os comandos militares que se opunham à sua escolha - próximos de Afonso Dhlakama e com estatuto interno e privilégios - foram transferidos da base central para bases de segundo e terceiro nível e nas suas zonas de origem. Para Renamo, a principal contrapartida do desarmamento é a possibilidade de poder governar as suas províncias de influência, (Nampula, Niassa, Zambézia, Tete, Manica e Sofala), onde Afonso Dhlakama ganhou as eleições presidenciais em 2014 e pretendia implantar governos provinciais. Assim, a principal exigência da Renamo nas negociações da paz era a mudança da Constituição para eleição de governadores provinciais. Tendo em conta o risco de conflitos pós-eleitorais resultados de fraude ou suspeitas de fraude, ao Governo interessava desarmar a Renamo antes das eleições. Também neste ponto, o Governo alcançou o objectivo: o acordo de cessação de hostilidades militares prevê o desmantelamento de posições da Renamo até 21 Agosto, 10 dias antes do início da campanha eleitoral. A ala contestatária da Renamo tem vindo a acentuar a sua oposição a Ossufo Momade, defendendo que o líder se desviou do acordo negociado por Afonso Dhlakama em troca de benefícios patrimoniais próprios. A Assembleia da República deverá realizar uma sessão extraordinária na próxima semana para aprovar os acordos e transpô-los para a Lei. Caberá depois à Renamo cumprir com a lei ou violar e enfrentar riscos reputacionais a nível interno e externo. (AM/Zambeze) Cedências de Momade no Acordo de Desmilitarização nosso país”. Para Raúl Domingos, em Moçambique há pessoas que para elas só interessa a vida delas hoje, o que vai acontecer amanhã não lhes interessa “acredito que houve precipitação nesse acordo”. Domingos sustenta a sua visão, explicando que é só ver o conflito iminente com o polémico recenseamento eleitoral da província de Gaza, e para ele “como é vamos dizer que estamos a dizer que há acordo de Paz enquanto em Gaza há uma bomba que pode explodir a qualquer momento?”. Povo moçambicano usado para carimbar interesses de governo e da Renamo? Por outro também há percepção de que o povo moçambicano esteja a ser usado para chancelar os interesse do governo e da Renamo, sobre esta questão o nosso entrevistado explicou que o Governo e a Renamo são forças beligerantes que tinham de encontrar um fórum para ultrapassarem as suas diferenças, mas também é verdade que aquilo que buscam é do interesse nacional e nesta senda aconselha a sociedade civil e todas as outras organizações da nossa sociedade a fazerem a sua parte para poder participar neste debate. Paradoxalmente, a Lei da Amnistia aprovada recentemente na Assembleia da República (AR) não prevê compensação para as famílias vitimas das hostilidades militares entre o governo e a Renamo, e sobre este ponto Raúl Domingos entende que a população organizada pode fazer pressão para tal. “Seria justo que a Lei de Amnistia previsse essa compensação mas esta é a natureza do governo que temos, essas leis reflectem aquilo que é a preocupação do governo em relação a sociedade que governa, e dai que dizemos que a sociedade civil deve se fazer sentir, porque o governo é um grupo (restrito) eleito, as pessoas ofendidas tem o direito de reivindicar, podem exigir a este governo ou ao que for eleito nas eleições de Outubro, compensar as pessoas pelos danos que sofreram quer material quer humanas”. José Matlhombe Dívidas e dúvidas ocultas ou simplesmente o filme de curta-metragem O Tribunal Superior de Gauteng, Joanesburgo, adiou a audiência sobre a extradição do ex-ministro das Finanças moçambicano Manuel Chang, segundo o porta-voz do ministro da Justiça da África do Sul. Chrispin Phiri, porta-voz do ministro Ronald Lamola, adiantou que já foi submetido o caso para o tribunal, que irá em devida altura ouvir as partes, estando o caso nas mãos da justiça sul-africana. Numa petição enviada à justiça sul-africana em 15 de Julho, o actual ministro da Justiça e Serviços Correccionais da África do Sul, Ronald Lamola, solicitou a revisão da extradição de Manuel Chang para Moçambique, “porque o ex-ministro das Finanças [de Moçambique] goza de imunidade como deputado da Assembleia da República e ainda não é alvo de uma acusação formal no seu país”. A posição de Ronald Lamola contraria a decisão do seu antecessor, Michael Masutha, que tinha decidido pelo repatriamento de Manuel Chang para Moçambique em detrimento da pretensão da justiça norte- -americana. Chang encontra-se detido desde 29 de Dezembro na África do Sul, acusado de fraude e corrupção internacional a pedido dos Estados Unidos. O ex-ministro renunciou ao lugar de deputado na Assembleia da República e perdeu a imunidade inerente ao cargo, anunciou, a 24 de Julho, a presidente do parlamento moçambicano, Verónica Macamo. Há duas semanas, o Governo anunciou a intenção de se opor ao recurso do ministro da Justiça sul-africano e do Fórum de Monitoria do Orçamento (FMO) e insistir no pedido de extradição do ex- -ministro Manuel Chang para Maputo. Em carta enviada a 30 de Julho, às três partes envolvidas no caso de extradição do ex-ministro das Finanças de Moçambique, o executivo do Presidente da República, Filipe Nyusi, instruiu ao escritório de advogados Mabunda Incorporated, em Bedfordview, Joanesburgo, a intervir em nome do Estado moçambicano no sentido de persuadir Pretória a reconsiderar a extradição de Manuel Chang para Moçambique. Denise Namburete, coordenadora do Fundo de Monitoria do Orçamento (FMO), confirmou o adiamento da audiência.”Há vários pedidos, requerimentos e interpelações”, disse, acrescentando que por isso o tribunal decidiu despachar todos para os dias 16 e 17 de Outubro. O FMO, uma plataforma que agrega 21 organizações da sociedade civil moçambicana, entregou em 9 de Julho no mesmo tribunal sul-africano um pedido de suspensão da decisão do antigo ministro da Justiça sul-africano Além dos pedidos do Governo sul-africano, do FMO e do Governo, o Tribunal Superior de Gauteng vai ouvir ainda o de Manuel Chang, submetido em 26 de Junho, no qual pede que “o Ministério da Justiça da África do Sul execute a decisão do anterior ministro sul-africano [Michael Masutha] de o extraditar para Moçambique”. A detenção e pedido de extradição de Manuel Chang estão relacionados com o seu papel na prestação de avales do anterior Governo moçambicano, presidido por Armando Guebuza, de financiamentos de 2,2 mil milhões de dólares para criar as empresas públicas moçambicanas Ematum, Proindicus e MAM, à revelia da Assembleia da República e do Tribunal Administrativo. 4 | zambeze | destaques | Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 Banqueira culpada tem liberdade condicionada até Novembro A primeira pessoa a dar-se como culpada no caso da justiça norte-americana sobre as dívidas ocultas de Moçambique, Detelina Subeva, está em liberdade sob uma fiança de dois milhões de dólares e apresentações semanais obrigatórias em Londres até Novembro. Aantiga vice- -presidente do grupo Credit Suisse conseguiu um “acordo de confissão” em Maio, que lhe garantiu liberdade sob caução, com restrição de viagens internacionais, até nova decisão em Novembro. A acusada búlgara e a justiça dos Estados Unidos chegaram a um acordo porque os procuradores norte-americanos concordaram que Detelina Subeva teve “um papel menos substancial” no esquema de corrupção que terá sido dirigido pelo negociador Jean Boustani e terá envolvido membros do Governo de Moçambique entre 2011 e 2016. As condições acordadas em 20 de Maio em Nova Iorque, quando Detelina Subeva se declarou culpada, obrigam à apresentação semanal nos escritórios da sua defesa em Londres, no Reino Unido e contacto telefónico semanal com o gabinete federal de investigações dos Estados Unidos da América, FBI. As viagens internacionais foram restringidas entre Nova Iorque e Reino Unido, apenas para procedimentos da justiça e com condição obrigatória que o tribunal e o Governo norte- -americano sejam informados previamente sobre qualquer viagem e autorizem as deslocações. O passaporte foi confiscado pelas autoridades, mas é entregue quando as viagens entre Estados Unidos e Reino Unido são autorizadas. Detelina Subeva foi também proibida de quaisquer transações monetárias acima de 15 mil dólares sem autorização dos procuradores federais norte-americanos. Os procuradores norte-americanos aceitaram liberdade sob caução para Detelina Subeva, indicando que não há perigo de fuga e que condições familiares, como ter um bebé para cuidar, justificam a liberdade. Também contribuíram a “apresentação voluntária nos Estados Unidos” depois de ter sido detida em 03 de Janeiro em Londres e sem necessidade de extradição, assim como a declaração de culpa em Maio e um menor envolvimento no esquema de corrupção. A caução acordada foi de dois milhões de dólares com o pagamento da primeira tranche de 500 mil dólares em dinheiro vivo no dia da sessão, 20 de Maio. Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 | Destaque | zambeze | 5 Um excerto deste acordo com a justiça, que foi inicialmente aprovado sob segredo, foi publicado depois de uma moção dos advogados de Jean Boustani, principal suspeito do caso, que implicava que o Governo norte-americano “alimentava a especulação que Subeva está a cooperar [com a justiça] contra os acusados, assim como contra a empresa Privinvest e Credit Suisse”. A mesma moção da defesa de Boustani escreve que “por causa da barragem de notícias e procedimentos criminais relacionados em Moçambique, quaisquer potenciais alvos de investigação do Governo têm consciência que enfrentam uma potencial exposição criminal nos Estados Unidos”, não havendo motivos que justifiquem o segredo de justiça do ‘plea agreement’. A búlgara Detelina Subeva foi acusada de envolvimento nos empréstimos feitos à margem da lei para três empresas moçambicanas enquanto era vice-presidente do grupo Credit Suisse e do pagamento de subornos e “luvas” a funcionários do Governo de Moçambique. Em Maio, Subeva declarou que aceitou ficar com 200 mil dólares (178 mil euros) transferidos pelo seu chefe, Andrew Pearse, que também está acusado, e que vinham de subornos pagos pelo negociador Jean Boustani e da empresa Privinvest, no valor de um milhão de dólares (896 mil euros). A justiça norte-americana começou o processo judicial contra Jean Boustani em Janeiro deste ano, acusando sete outras pessoas, por provas de que o esquema de corrupção passou também por transferências de dinheiro em contas bancárias dos Estados Unidos da América, envolvendo investidores norte-americanos e de outros países. Entre os acusados moçambicanos destacam-se o antigo ministro das Finanças Manuel Chang; António do Rosário, administrador-delegado das três empresas públicas no centro do escândalo (Ematum, Proindicus e MAM); e Teófilo Nhangumele, alegado promotor junto de Moçambique da ideia de criar as empresas e contratar o financiamento, suspeitos de crimes como conspiração para cometer fraude electrónica, conspiração para cometer o crime de lavagem de dinheiro, subornos ou corrupção. Manuel Chang está detido desde Dezembro passado na África do Sul, a pedido das autoridades norte-americanas, tendo Maputo e Washington reclamado a sua extradição. Para eleger novo presidente da Renamo General Nhongo anuncia conferência nacional A auto proclamada junta militar da Renamo reúne-se no próximo sábado, 17 de Agosto, na serra da Gorongosa, em conferência nacional para eleger o novo presidente da Renamo, em substituição de Ossufo Momade. Ma r i a n o Nhongo, em exclusivo à VOA, disse que os delegados à conferência, maioritariamente comandantes provinciais da ala militar da Renamo, começaram a chegar a Gorongosa na segunda-feira, dia 12 de Agosto. Nhongo, afirmou ainda terem sido convidados à conferência representantes de partidos políticos, sociedade civil, igrejas e da comunidade internacional, “interessados em apoiar o nosso projecto de reorganizar a Renamo”. O General descreveu como “muito grave a situação que se vive no seio da Renamo”, resultante, fundamentalmente, do facto de, “praticamente todos os oficiais militares do tempo da liderança de Afonso Dhlakama terem sido excluídos do processo de desmobilização”, acordado entre o Governo e a Renamo, no âmbito do diálogo de paz. “Praticamente todos os oficiais do tempo do Presidente Dhlakama encontram-se detidos; é por isso que vamos realizar a nossa conferência para escolhermos o novo presidente, porque com Ossufo Momade, temos muitos problemas”, realçou Mariano Nhongo. Recorda-se que alguns generais que reclamam integração nas forças de defesa e segurança viram os seus nomes rejeitados por estarem na reserva, tal como explicou na altura o presidente da República. “Recebemos a lista dos elementos da Renamo que devem ser incorporados nas fileiras da PRM como núcleo inicial. Nós o governo não temos moral suficiente para incluir os homens já na reserva e outros na reforma ou desmobilizados em detrimento daqueles que ainda se encontram nas fileiras da Renamo, aqueles pelo qual o diálogo com o falecido Afonso Dlhakama visava abranger. Os que fazem parte da lista já estiveram nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), uns passaram a reserva com subsídios de integração atribuídos e auferem salários ou pensões como outros seus colegas que são da proveniência do governo. Integrar essa lista significava por exemplo, integrar o tenente- -general Mateus Ngonhamo, o major general Hermínio Morais, significava por exemplo aqui na corporação policial integrar o inspector geral Pascoal Ronda ou inspector geral Miguel Santos. Vamos dar oportunidade a outros jovens ou outros cidadãos para dar a sua contribuição para a defesa de Moçambique”, disse o chefe de Estado. Na semana passada, a Renamo, tal como reportou o jornal “O País”, disse que havia iniciado conversações com o grupo de Nhongo para ultrapassar as diferenças. Ainda ligado ao desentendimento no seio da Renamo, o líder do Partido Independente de Moçambique, Yaqub Sibindy, disse à VOA que tem estado a trabalhar as chancelarias dos países que integram o chamado Grupo de Contacto, no sentido de olharem para a questão da junta Militar. Jornal Publico-Pt 6 | zambeze | opinião | Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 Almadina Sheikh Aminuddin Mohamad Quando a sorte muda Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 3, Vers. 140: “E tais são os dias que alternamos entre as pessoas. (isto é, situações de prosperidade e adversidade). Consta que certa vez, um homem bastante rico, sentou-se à mesa para tomar uma abundante e diversificada refeição que a sua esposa havia preparado. Prestes a iniciar o repasto, alguém bateu à porta. A esposa levantou-se e dirigiu-se à porta para ver de quem se travava. Assim que abriu, deu de caras com um mendigo que pedia comida, de tão esfomeado que devia estar. O dono da casa também se levantou, dirigindose à porta, onde se apercebeu da condição da pessoa que batera à porta da sua casa, suspendendolhe o início da refeição. Perdeu a têmpera e gritou para o pobre mendigo, escorraçando-o, e acto contínuo fechou a porta com modos grosseiros. O mendigo sentiu-se humilhado e desalentado, tendo saído do local com o coração quebrado. O rico dono da casa voltou a tomar lugar à mesa para desfrutar da sua refeição. Entretanto não se passou muito tempo depois deste incidente. Tal homem rico foi atingido por uma calamidade, e em pouco tempo perdeu tudo o que possuía. Numa noite apenas, ficou reduzido a mendigo. Pouco tempo depois sua esposa abandonou o domicílio conjugal, pois aquele que era seu marido já não conseguia provê-la, nem mesmo com o mínimo para a sua sobrevivência. Decorridos alguns anos ela acabou casando-se com um outro homem, também muito rico, com quem viveu dias felizes e de abastança. Certo dia ela preparou o jantar para si e para o marido, e quando já estavam sentados à mesa para dar início à refeição, ouviram alguém a bater à porta. Ela foi abrir, e mais uma vez viu que se tratava de um mendigo esfomeado que pedia algo para matar a fome. Olhando para o mendigo com mais atenção, apercebeu-se com espanto, que aquele mendigo era nada mais nada menos do que o homem que outrora fora seu marido. Tamanho foi o choque, que não conseguiu evitar que a emoção tomasse conta de si, e não se contendo, começou a chorar, mas rapidamente se recompôs, fechou a porta e regressou à mesa. O marido apercebendose que o semblante da esposa se alterara, deduziu que tal facto decorria de algo com que se deparara ao abrir a porta, perguntando-lhe a razão para o seu súbito entristecimento. Perguntou-lhe se o homem que atendera lhe dissera algo. Por alguns momentos ela manteve-se calada e hesitante em dizer o que realmente tinha acontecido, mas face à insistência do marido em saber das razões para aquela aflição, ela acabou informando ao marido, que aquele mendigo que lhes bateu à porta, fora no passado, bastante rico, e de noite para a dia tornou-se mendigo. E era o estado deplorável em que ele se apresentava, que lhe provocou aquele profundo entristecimento. O marido, sendo um homem bondoso, ordenou-lhe que desse àquele homem toda a refeição que preparara para o seu jantar. A esposa prontamente entregou ao seu ex-marido agora reduzido à mendicidade, toda aquela refeição. Depois que o mendigo se foi embora, o dono da casa perguntou à esposa: “Conheces o mendigo a quem um dia o teu marido ralhou e escorraçou da vossa casa”? Ela respondeu negativamente. Prosseguindo, o marido disse: “Esse mendigo era eu”! Quem estuda História nunca estará desesperado, pois verá o Mundo constituído por dias que giram entre as pessoas, com os ricos a ficarem pobres; os pobres a ficarem ricos; os fracos de ontem a ficarem fortes hoje; os governantes de ontem a serem perseguidos hoje; os juízes de ontem a serem acusados e julgados hoje; os dominantes a serem dominados hoje; etc., etc., etc. A vida não pára, as nuvens sempre se movimentam, e os acontecimentos ocorrem sempre. Da mesma forma que as pessoas se vão substituindo no poder, a alegria não é para sempre, e a aflição não é eterna. Não há garantias de que o que somos hoje, ou o que temos hoje estará connosco amanhã. Há muitos incidentes relacionados à pessoas que se tornaram ricas de um dia para o outro, e também de pessoas que se tornaram mendigas de um dia para o outro. Passar da riqueza para a pobreza, ou da pobreza para a riqueza, pode acontecer a qualquer um de entre nós, pois isso faz parte do sistema de Deus. Quando se demonstra ingratidão para com os favores de Deus, Ele pode a qualquer momento, arrancar os bens de que somos meros administradores. Mas quando em momentos de aflição e dificuldade observamos paciência, então certamente as sortes mudam. O altruísta Um dos primeiros movimentos do Nyusi após a sua investidura como Presidente da República foi o encontro que teve com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama. Foi o Presidente a ir ter com a liderança da Renamo e não o contrário. Este dado é crucial para perceber todo o cenário envolvente, pois, para quem conhece a rigidez da estrutura da Frelimosabe por exemplo que nenhuma liderança saída da geração de 25 de Setembro haveria de agir como Nyusi agiu. Ao agir assim, tinha certeza dos seus objectivos, contudo, arriscava e se expunha em relação a Dlhakama, ao seu povo e principalmente em relação ao seu Partido que o poderia assumir como o elo mais fraco. Contudo, sabia que ao conquistar a confiança do líder da Renamo, abria horizontes para uma paz definitiva. Como forma de concretizar o seu objectivo teve que se desapegar do seu aparato de poder e sobretudo dos adereços que tornam a figura do Chefe respeitável no nosso contexto. No dia do encontro,Dhlakama propositadamente atrasou. Assim agia para dar a percepção de que tinha o controlo do jogo e mais ainda: que seria visto como o verdadeiro chefe. Isso não incomodou Nyusi, pelo contrário, seguiu em frente com o seu plano de conquistar Dhlakama e por final a Paz. Os que privaram com o líder da Renamo em vida, sabem que foi ele, em período de dúvida a convencer os elementos mais radicais da Renamo das boas intenções de Nyusi. A ida a Gorongosa e todo o perigo envolvente, obrigou a todos que duvidavam dentro da Renamo a baixarem a guarda e jamais suspeitarem da sinceridade de Nyusi. A estratégia de fazer do Dhlakama o porta voz dos encontros que mantinham fazia parte deste roteiro de construção de confiança, que lhe valeu, algumas vezes, descrédito no seio dos seus próprios camaradas e do povo, o seu patrão. Movia-lhe em todo o processo, o desejo de uma conquista maior: a Paz. Sobre esta, ainda que não tenhamos assinado ainda um acordo definitivo, fica revelado, que Filipe Nyusi é um exemplo de boa liderança; a velha liderança altruísta que enalteceos valores superiores. Como estadista, fez-se pequeno para engrandecer o seu Povo e indo a Gorongosa, o último reduto do seu adversário político, deu o sinal de que pensa mais nos outros do que em si. Servir o bem público é a sua missão e é por essa que se bate todos os dias. MundauMpoiombo ANUNCIE NO ZAMBEZE Departamento Comercial Contactos: (+258) 823073450 | (+258) 824576070 | (+258) 842698181 E-mail: zambeze.novomedia@hotmail.com esmelifania2002@yahoo.com.br Comercial Costuma ser assim. À terceira ser de vez! Em 1992, Outubro, os moçambicanos vibraram a plenos pulmões, após aquela celebre imagem mostrando o abraço entre o então Presidente da República, Joaquim Chissano e então líder da Renamo, Afonso Dhlakama, em Roma, Itália, após a assinatura do também célebre acordo de paz, que enunciava o fim do conflito dos 16 anos. Vinte e dois (22) anos depois, já em 2014, dessa vez já sem muito entusiamo mas com esperança, vimos outro abraço, este com pouco brilho, entre Armando Guebuza então Chefe do Estado de Moçambique e o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, também depois de terem rubricado mais um acordo de paz. Cinco anos depois, aqui estamos nós, a testemunhar mais um abraço – este mais caloroso, na minha humilde opinião, selando mais um acordo, o terceiro, portanto. E o mundo – ontem como hoje, a testemunhar estes feitos e a manifestar o desejo de que desta vez seja, de facto, de vez! O que importa agora, talvez não seja mais importante atermonos nas razões que levaram a que tivéssemos de chegar ao terceiro acordo para a pacificação do País. Como todos sabemos, são muitas e variadas as razões que determinaram o adiamento da paz. Assim, chegados ao ponto a que chegamos, importa, isso sim, evitar a repetição dos erros que levaram ao fiasco. O primeiro passo nessa direcção é, quanto a mim, a criação e consolidação da confiança. Aliás, o Presidente da República e o malogrado líder da Renamo, Afonso Dhlakama, primeiro, e, depois, o actual líder, Ossufo Momade, deram esse passo inicial. Como se sabe, nem Joaquim Chissano, nem Armando Guebuza, tiveram a ombridade de serem eles a irem ao encontro do seu interlocutor. Filipe Nyusi quebrou essa “regra”, indo ele à parte incerta… O segundo aspecto a considerar nesta de criação da confiança, tem a ver com a forma como o processo de desarmamento dos nossos irmãos deve ser realizado. De facto, é preciso remover os naturais escolhos que aparecem neste tipo de empreitadas. Para tanto, é importante que a questão da confiança não seja mera retórica. Tem de se traduzir em actos. Pois, aqueles homens e mulheres têm de se sentir parte do todo. Para isso, o governo – entendendose aqui por governo as pessoas (funcionários) responsáveis pelos actos administrativos ou de natureza mas que convirjam para o mesmo objectivo, não os hostilize. Sim, porque os gestos de desdém, as caretas de desprezo, os olhares de soslaio de desconfiança, são mais esclarecedores do que mil e um palavras. E homem e a mulher que viveu dezenas de anos sob o manto de inimigo, está mais do que treinado para interpretar esses olhares, esses gestos como indicativos de de que ele não é desejado. Interpretando a situação nessa direcção, aquele homem, aquela mulher, dificilmente entregará a arma; pois entende que a arma é o único instrumento que garante a sua imposição perante os seus semelhantes, perante a autoridade instituida… O terceiro aspecto a ter em conta nesta batalha pela criação de um clima de confiança, tem a ver com a parte mais crucial de todo o processo, que é a efectiva reintegração dos homens da Renamo na sociedade. Começo por tentar explicar o significado da palavra reintegração. Segundo alguns dicionários, reintegração pode ser entendida como um acto ou efeito de reintegrar (reitegrar quem esteve desintegrado, não é?). Por exemplo, reintegrar alguém que foi demitido da sua antiga função ou posto de trabalho. Outros significados: acção ou efeito reabilitar - acrescento eu: reabilitar socialmente uma pessoa. Falemos então dessa tal reintegração. Para o processo político em curso no País, podemos falar de má ou de boa reintegração. Comecemos então do que pode ser considerada má ou deficiente reintegração. Para mim, má ou deficiente reintegração é aquela em que, primeiro, as instituições, nomeadamente o governo, não cuida de saber se fulano ou sicrano, tem ou não conhecimentos profissionais a partir dos quais ele pode ser integrado em empresas, ou pode beneficiar de financiamento para implementar os seus conhecimentos, por exemplo um enfermeiro, um carpinteiro, um serralheiro, etc. Na mesma linha de raciocínio entendo que pode ser considerada má reintegração aquela em que as instituições - governo, partidos políticos, grupos da sociedade civil, entre outras organizações, não cuidam de sensibilizar as comunidades para “receberem e integrarem” o desmobilizado… Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 | opinião | zambeze | 7 PAZ – Oxalá agora seja de vez (1) Ontem hoje e amanhã Marcelino Silva – marcelinosilva57@gmail.com Lídia Pereira colunista no jornal Observador O sol, a água e o vento não fazem greve Os problemas associados à greve e o caos a que esta pode votar o país por tempo indeterminado (e de frequência imprevisível), devem fazer-nos reflectir sobre a nossa dependência diária de combustíveis. A nossa tradicional silly season não dá tréguas neste “querido mês de Agosto”. Num verão ainda tímido, assistimos à revolta e à greve dos motoristas de matérias perigosas. É a segunda este ano. Numa situação normal de negociação entre sindicatos e empresários, com ou sem greve, cabe aos representantes de ambos chegarem a acordo. Nesta situação em particular, depois de o Governo ter aberto um precedente, e erradamente ter-se intrometido na negociação de Abril, é natural que muitos portugueses esperem o mesmo desta vez. E esse é um problema para futuro. Numa perspectiva distinta, os problemas associados à greve e o caos a que esta pode votar o país por tempo indeterminado (e de frequência imprevisível), devem fazer-nos reflectir sobre a nossa dependência diária de combustíveis fósseis e levar-nos a exigir uma verdadeira transição energética. Nos últimos meses tem-se falado, em crescendo, sobre o ambiente e as alterações climáticas. Hoje assistimos a marchas pelo clima lideradas pelos mais jovens, pela geração que, previsivelmente, mais irá ser afectada pelos desequilíbrios ambientais. Carlos Pimenta, uma das referências políticas na matéria, disse que “a luta pelo ambiente é uma das formas mais nobres de luta pela cidadania”. Guerrilhas políticas à parte, devemos ter a ambição de nos sentarmos todos à mesa e discutir o ambiente, porque este é um assunto de todos; é garantir o futuro das novas gerações. Ainda precisamos de combustíveis para a produção de energia que permite ter a funcionar hospitais, portos ou aeroportos. Mas talvez seja importante perguntarmos que tipo de investimento tem sido feito em matéria de infraestruturas, eficiência energética em edifícios e transportes, e qual tem sido a evolução da fiscalidade verde. O nosso país é um dos maiores produtores europeus de electricidade a partir de fontes renováveis, mas regista uma elevada dependência energética do exterior (cerca de 80%), principalmente do petróleo. Numa era fortemente marcada pela revolução digital, o ambiente e o combate às alterações climáticas podem e devem beber da ciência produzida no ensino superior e nas empresas. A protecção do ambiente, a economia circular e a transição energética também poder ser um bom negócio. Em Portugal, as centrais de energia renovável produzem anualmente, em média, 54% das necessidades eléctricas nacionais. Estes valores correspondem a uma redução de perto de 750 milhões de euros em importações. Mas o valor económico da aposta nas renováveis não se mede apenas pela poupança na importação de energia. O setor permitiu também criar um “cluster” industrial, que é hoje responsável por mais de 56 mil empregos (diretos e indiretos) e por exportação de equipamentos (e.g. aerogeradores, painéis fotovoltaicos, etc.) no valor de 400 milhões de euros por ano, o que se traduz num peso crescente da agenda verde na economia nacional. A União Europeia tem contribuído, com fundos comunitários, para dar resposta à emergência da acção política em matéria ambiental. Por exemplo, o Horizonte Europa, define que pelo menos 35% do orçamento seja canalizado para a investigação dedicada ao combate das alterações climáticas. Mesmo o sector privado não é indiferente à problemática. As empresas de distribuição, por exemplo, têm investido em veículos eléctricos para o abastecimento das suas lojas ou para entregas aos clientes. Outras, apostam cada vez mais na economia circular. Até mesmo no setor financeiro, indicadores de responsabilidade ambiental têm cada vez mais impacto na decisão de investimento. O sol, a água e o vento não fazem greve, e a transição energética exige uma visão holística, que convoque todos os agentes da nossa sociedade. Numa Europa líder no combate às alterações climáticas, Portugal já é um dos campeões na energia eólica. As condições naturais que possuímos (também como país mais soalheiro da Europa) perante este grande desafio da transição energética, obrigam-nos a estar no pelotão da frente. 8 | zambeze Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA z E FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA amb Onde a nação se reenc eontra z FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA Grafismo: NOVOmedia, SARL Fotografia: José Matlhombe Revisão: AM Expansão: Adélio Machaieie (Chefe), Cell: 82-578 0802 (PBX) 82-307 3450 Publicidade: Esmeralda do Amaral Cell: 82-457 6070 | 84-269 8181 | 82-307 3450 (PBX) esmelifania2002@yahoo.com.br Impressão: Sociedade do Notícias S.A Editor: Egídio Plácido | Cell: 82 592 4246 ou 84 771 0584 (E-mail. egidioplacidocossa@gmail.com) Redacção: Ângelo Munguambe, Egídio Plácido e Luís Cumbe Colunistas: Sheikh Aminuddin Mohamad, Cassamo Lalá, Francisco Rodolfo e Samuel Matusse Colaboradores: Dávio David e Elton da Graça Director: Ângelo Munguambe | Cell: 84 562 3544 (E-mail: munguambe2 @hotmail.com Registado sob o nº 016/GABINFO-DE/2002 Propriedade da NOVOmedia, SARL Gestora Administrativa Esmeralda do Amaral, Cell: 82-457 6070 | 84-269 8181 esmelifania2002@gmail.com D i r e c ç ã o , R e d a c ç ã o M a q u e t i z a ç ã o e A d m i n i s t r a ç ã o : Av. 25 de Setembro, N. 1676, 1o Andar, Portas 5 e 6 Cell: 82-307 3450 (PBX) zambeze.novomedia@hotmail.com | opinião | Essa “malta” dona do dinheiro pensa que os moçambicanos são papalvos e queriam impingir-nos “gato por lebre”… Ma p u t a d a s Francisco Rodolfo É domingo de manhã (6.8.17), o dia está com temperatura amena, depois das enxurradas de Sexta-feira que se abateram sobre parte da bela “Cidade das Acácias Vermelhas” que é vaidade de mayor Dr. David Simango, mas que devido às fragilidades, deixaram buracos e buracos da Av. Eduardo Mondlane que urge serem tapados. Uma capital desta “Pérola de Índico” que é cobiçada por muitos dos que “têm olho grande” e, por isso, nos quiseram adormecer com guerra de trazer por casa, para atrasar o nosso futuro, enquanto eles pensam na melhor forma de sacar recursos a pagar ao preço de bagatela. Tal como fizeram quando nos disseram e impuseram: fechem as fábricas de caju, fechem as Vidreiras, fechem as Textáfricas e, por isso, deixaram e arrastaram milhares e milhares de trabalhadores ao desemprego. Fechem as fábricas de caju, para mandar a castanha de caju para as cochinchinas, para por as suas (deles) fábricas a laborarem em pleno e, as fábricas de indústria têxtil também a funcionar, deixando por terra o sonho de Samora Moisés Machel, primeiro Presidente da República (Popular) de Moçambique, de ter a TEXTMOC (no Norte) a trabalhar para fornecer roupa a todos moçambicanos, com operários bem formados na Alemanha (RDA) e as Textáfricas a trabalhares a produzir belas capulanas com o nosso algodão. Como que por ironia do destino até acabaram com a Alemanha (ex-RDA) que nos apoiava, dando ordens para importarmos roupa usada, desde calcinhas, cuecas, soutien (já usadas), lençóis, calças, camisas, designados Xicalamidade, porque depois de “inventarem contradições” entre nós, tornaram o nosso Moçambique de “Xicalamidades”. Agora que nos disseram que vão embora, e nós dissemos, “podem ir que nós poderemos viver como no tempo de repolho”, mas que essa juventude que está agora nas universidades, que estão a ser preparados por alguns desses professores doutores, como aquele que se intitula de palestra em palestra de um grande economista, mas só sabe dizer: “DIMITAM-SE”. Ensinam isso aos nossos filhos e os ilustríssimos reitores “calam-se”… Porque alguns desses pseudo- -doutores, que (alguns) são de copy and past “enganam” os nossos filhos dizendo que o discurso do Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto NYUSI, naquele dia 15 de Janeiro de 2015, aquando da tomada de posse, não está a ser cumprido. Enganaram-se redondamente com a passagem de “inclusão”, porque pensavam que a FRELIMO ia recrutá-los para “destruir” o partido de “batuque” e “maçaroca” por dentro e apelam agora: para que os parceiros de cooperação não retomem a ajuda, para ver se o “Governo de Moçambique” saia do mapa e venham eles “comandar”. Poderemos vê-los em 2019 como deputados. Esperar para ver: politiqueiros de meia tigela. Estão muito aflitos, porque Filipe Jacinto NYUSI, Presidente da República de Moçambique está bem alinhado com o líder da RENAMO, Afonso Macacho Marceta DLHAKAMA, para que Moçambique não volte para traz. Por isso gritam a quatro ventos: “Moçambique está de volta!...” “Como?...” Questionam, porque estão aflitos, sobretudo agora que se anunciou, aoconcluir estas tuas Maputadas para o teu Grande Rio ZAMBEZE, que o Presidente NYUSI reunira-se hoje (Domingo, 6.8.2017) com o líder da RENAMO Afonso Dhlakama, segundo o Comunicado da Presidência da República. Reuniram-se em Gorongosa, Província de Sofala e vão acelerar os passos para que a questão da guerra seja enterrada definidamente. Reuniram-se naquele local que queremos seja preservado para ser visitado, a breve trecho por turistas, tornando- -se numa fonte inesgotável de divisas. Mas ele gritam ainda nos seus blogs que: “não há garantias e a paz é ténue” e ao mesmo tempo que ridicularizam o Presidente da República em caricaturas, para intoxicar a nossa juventude. É Presidente de Remendos. Se diriam isso ao Marcelo Rebelo de Sousa?... “Haverá confusão no XI Congresso da FRELIMO!...” E blá blá blá!... Mas dizem que não são membros e nem pertencem a nenhum partido: SÃO UNS MALANDROS INEXPERIENTES… Na África do Sul querem a desunião da África do Sul, do ANC, por isso querem Jacob ZUMA fora do poder (até apelam ao “voto não aberto”) ou “voto secreto” para subornar em milhões de randes, dólares e euros, para acabar com Jacob ZUMA e o ANC, para vir o “Regime de Apartheid” que estará contra trabalhadores e que muita juventude só ouve falar… Intoxicação para a juventude de lá e cá e sabem os efeitos a longo prazo. É hora de não estarmos calados… N.A. – Constituiu uma grande manifestação de pesar o velório em homenagem ao Dr. Pinto de Abreu, realizado no último Sábado (5.8.17) às 9 horas no Centro Cultural da Universidade Eduardo Mondlane em Maputo, seguido de funeral no Cemitério de Lhanguene. As 10 mensagens de elogio apresentadas, por filhos (Tassiana) e (Luan), da família (por um sobrinho) da LAM, por Paulo Negrão, por Pedro Gomes Vice-Governador Banco de Moçambique, da AEMO (Associação dos Escritores Moçambicanos) por Nataniel Gomane, por Mário Naxtxamana, Presidente da Associação dos Antigos Estudantes de Cuba, por Itai Meque, do Grupo Polivalente de Sofala, por José António Chichava, Faculdade de Economia/UEM, de Nelson Saúte (Grupo de Amigos), destacavam as qualidades natas do Tó ou Toninho, num misto carregado de emoção e ensinamentos, daquele que iniciou a vida no BM como escriturário e terminou em Vice-Governador do Banco de Moçambique. Princípio de Pieter seguido e que levaram ao píncaros da fama um jovem nascido nos arrabaldes de Manica. Riequen in pace Tó!... Os homens passam as obras ficam. À Família Gonçalves e Abreu os sentimentos profundos de pesar de Maputadas de que TÓ era exímio “consumidor”. • Nyusi e Dhlakama em Gorongosa (local a preservar para atracção turística) • Requiem in pace Tó de Abreu… Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 zambeze | 9 Em tempo de colheita da safra dos cinco anos de governação da Frelimo, é imperioso dedicar uma homenagem ao efeito Filipe Nyusi, na condução dos destinos do país. Governar durante cinco anos no meio de um ambiente hostil em termos de gestão partidária, não foi obra do acaso. Não. Mil vezes não. É antetudo um reflexo da capacidade humana e organizacional que Filipe Nyusi e seus camaradas tiveram ao longo da jornada governativa, pois foram tantos os espinhos no meio do trajecto, que nalgum momento foram postas em causa as capacidades de resistência do estadista moçambicano. E quis o destino que este se saísse a contento, no meio de tamanha fanfarra de ideias contraditórias aos seus propósitos de liderança, umas proferidas em espaço aberto e fraterno, e outras nem tanto, uma vez que serviam interesses obscuros aos quais Filipe Nhusi se candidatou em 2015. Estamos a falar de encomendas e recados que mercês do altruísmo do Chefe de Estado foram atiradas à sarjeta. Valeu- -lhe o patrão que tem. Um povo que apesar da estrutura geral abanar em certos momentos, é sobretudo um povo esperançoso, que sabe dar tréguas para que os dirigentes levantem a cabeça e saibam respeitar o horizonte. Filipe Nhusi enfrentou mundos e fundos nos primeiros dois anos da sua governação. Nhusi viu- se e desejou-se para demonstrar por A e B que a saída para muitos dos problemas de que enferma a nação passavam por desafiar a Renamo a outros estágios de oposição que não as armas. Os camaradas ficaram atónitos quando ouviram isto. Uns até avançaram a ideia de que as armas eram suficientes para liquidar o bandido. Outros entretanto, de soslaio, atiravam cargas de incentivo saudando o atrevimento entre aspas. E foi o que se viu. Gorongosa adentro, Filipe Nhusi foi ao encontro do problema e junto com o lobo mau traçou planos e estratégias, e findo o tempo que durou, hoje há um entendimento com a Renamo. Fica-se agora na expectativa do que será de hoje em diante o ambiente entre moçambicanos que durante estes últimos anos andavam de costas voltadas. O empecilho ficou para trás. Hoje em dia os camaradas bebem copos em saudação a Nyusi. Os mesmos que eram cépticos quanto ao desfecho deste monstro que durante anos mutilou as iniciativas de todos, nos mais diversos quadrantes. Filipe Nhusi é por estes dias um presidente felizardo. Mas convenhamos. Este foi apenas o iniciar de um novo ciclo, pois a frente de luta agora se estende contra a corrupção. Outra guerra que já mata a economia há muitos anos. Governantes, crápulas, e quejandos vão delapidando as moedas do Estado. Uns acabam no cilindrô, mas outros em nome de não se sabe de quem, continuam impunes e a gingar as suas contas. Até um dia, porque afinal, Filipe Nhusy avisou, na Matola, na última reunião partidária, que vai iniciar agora uma verdadeira luta contra a corrupção. Avisou o presidente de todos. Quer queiramos quer não, ele é o mais alto símbolo do país. Lado a lado com a bandeira que juramos servir ao longo do tempo em que durar a respiração. O combate a corrupção é um desafio tremendo. Afigura-se bastante difícil, mas com as armas que o país tem, tudo pode acontecer. Basta dar a mão a esperança e deixar que tribunais, juízes e procuradores e os demais, façam o seu trabalho de forma isenta. Não há outra arma de arremesso senão a actuação independente destas figuras. E de longe, o povo vai vibrar. Por mais uma vitória conseguida. A corrupção mata mais do que as balas. Quem não concorda, apaga a luz! Efeito Nyusi! Editorial "Canto da Cigarra" Muphengula Govelane O País parou na última semana para testemunhara assinatura, na Cidade de Maputo, do Acordo Geral de Paz Definitiva, acto materializado pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e pelo líder da Renamo, Ossufo Momade. O evento foi testemunhado pelo Mundo, contando com a presença de diferentes personalidades, com destaque para a Alta Comissária da Política Externa e Segurança da União Europeia, Federica Mogherini, de alguns chefes de Estado e do Governo, corpo diplomático acreditado em Moçambique, líderes religiosos, sociedades civil, organismos nacionais e internacionais, entre outros. Deixando de lado o acto simbólico em si e buscando uma análise profunda do significado daquele momento, saltam-me à vista alguns aspectos importantes e que, menosprezá-los, poderão sentenciar à morte prematura, todo o aspecto que se reveste o documento assinado. Com isso quero dizer que não devemos apenas achar que é um acordo igual a outros, sem olharmos para os aspectos que sempre estiveram em redor da sua preparação, senão não estaríamos a ser coerentes na respectiva da racionalidade que se espera de nós como elementos desta sociedade. Nestes termos, é mister que se estabeleçam possibilidades sobre o porquê deste acordo vir a ser diferente dos anteriores, olhando sobretudo nestes aspectos: Vontade de solução do Chefe de Estado e a aceitação da liderança da Renamo - Filipe Nyusi surpreendeu ao Mundo quando em 2016, pela primeira vez na história dos conflitos armados entre o a Renamo e o governo, um presidente da República foi se encontrar, em território considerado hostil (quartel general da Renamo), em Gorongosa, com a liderança máxima deste partido. A mensagem deste acto revelava em si, a ideia de que a solução de Paz passava pela conversa franca, aberta, dentro dos ditames de respeito mútuo e de partilha de responsabilidades. Nyusi demonstrou que era efectivamente Presidente da República de Moçambique o que pressupunha que os problemas que afectassem o seu povo, poderiam ser resolvidos em qualquer parte do território nacional. Esta atitude em sí mesma traduzia a esperança de que não havia moçambicanos da primeira, nem de segunda. Havia um recado muito forte: Somos todos moçambicanos e podemos ser nós a escrever os passos da nossa própria história. Pragmatismo e simplicidade de Filipe Nyusi – Este foi um dos temperos utilizados por Filipe Nyusi na longa jornada do confeccionamento deste dossier da Paz. O recurso aos bastidores, longe da mediatização, principalmente a dispensa de “intermediários” no tratamento de um assunto sensível quanto é a Paz, demonstraram-se fundamentais para chegarmos até onde estamos e injusto seria não reconhecer que o lado pessoal do Presidente foi quem falou mais alto pois era quase impensável (pelo menos nas cabeças dos que vivem destes conflitos), um dirigente máximo dirigir-se pessoalmente para tratar assuntos de Paz fora de Maputo. Desmitificou-se a ideia de que não se podia resolver nada sem se saír da capital do País, e que Moçambique não é apenas Maputo. Cada encontro entre o Presidente e a liderança da Renamo, trazia novidades, eram definidos passos seguintes, metas, o que facilitou o alcance dos objectivos traçados deste o início de todo o processo. Fé da liderança da Renamo – Habituados que estávamos de assistir acusações mútuas entre a Renamo e o governo, quando se tratava de implementação de consensos, foi muito bom observar a postura de determinação, de fé em alcançar consensos, por parte do maior partido da oposição moçambicana, factor que foi preponderante para que a assinatura tivesse lugar. Por isso, em nome da Paz, desejamos enquanto povo moçambicano, que tanto esperou para chegar a esta data, que a Renamo não volte mais pegar as armas para fazer valer as suas ideias, pois a sua responsabilidade enquanto partido político, passa por trazer soluções para a vida do povo moçambicano, esteja ou não no Poder. E é justamente esta a postura que deve nortear a acção da Renamo, Frelimo, MDM, PAHUMO ou qualquer partido político moçambicano, pois mais do que partidários políticos e defensores de ideologias, quer sejam diferentes ou divergentes, somos todos moçambicanos. Obrigado pela Paz, obrigado pela Paz, pois temos consciência de que houve muitas particularidades, que desafiaram paradigmas e status quos, no entanto foi ultrapassado e desmitificado porque todos os seus actores estavam comprometidos com a Paz. Ela estava, no fundo dos seus corações, como objectivo principal a alcançar, fosse o que fosse, pois não há nada mais importante do que sentir o poder da Paz no sorriso de cada moçambicano! Mais não disse. Em nome da Paz duradoira | opinião | INE realiza I Censo Agro-Pecuário e de Pescas *Custo da operação situa-se em 30 milhões de dólares americanos Moçambique vai acolher p r ó x i m o ano, o I Recenseamento Agro-Pecuário e de Pescas (CAPP 2020-2021). Trata-se de uma operação estatística a ser realizada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em coordenação com os Ministérios da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA), do Mar, Águas Interiores e Pescas (MIMAIP) e da Terra e Desenvolvimento Rural (MITADER). Estes dados foram facultados pelo Director da Direcção de Estatísticas Sectoriais e de Empresas do Instituto Nacional de Estatística (INE), Adriano Matsimbe, instituição coordenadora do empreendimento. A recolha de dados no terreno terá lugar entre os meses de Julho a Dezembro próximos. Presentemente estão em curso acções preparatórias desta importante operação, que incluem, entre outras, a conclusão dos instrumentos orientadores, nomeadamente o o Plano Director, os Termos de referência, o Cronograma, Orçamento, Manuais orientadores, Questionário, entre outros documentos. Tais actividades estão a ser levadas por cinco grupos de trabalho, encarregues pelas componentes de Metodologia e Formação, Operações e logística, Administração e Finanças, Processamento de Dados e de Promoção e Difusão. O Censo Agro-Pecuário e de Pescas (CAPP 2021) é uma operação estatística que tem como objectivo principal, a recolha, análise, processamento e disseminação dos dados do sector agrário e de pescas no País. Uma das suas finalidades é proporcionar dados de referência que permitirão aos organismos públicos e privados, avaliar os níveis de desenvolvimento dos sectores agro-pecuário e das pescas. Para a a recolha de dados no campo serão constituídas 150 brigadas constituídos 3 inquiridores e 1controlador para cada equipa de trabalho. O custo total do empreendimento está orçado em 30 milhões de dólares americanos. De acordo com o nosso entrevistado, pretende-se, nesta perspectiva, obter informação estatística actualizada sobre a estrutura agro-pecuária, bem como sobre a produção, para um melhor conhecimento da realidade do sector no País, nomeadamente a informação sobre o número de unidades agro- -pecuárias, distribuição espacial, tipo de propriedade, uso e aproveitamento da terra, posse e uso de meios de produção e tipo de tecnologia empregue, numa desagregação aos níveis nacional, provincial e distrital. Pretende- -se também obter dados relativos aos níveis de produção e produtividade das principais culturas agrícolas e espécies pecuárias. Na componente pescas, espera-se captar dados relativos aos Centros de pescas, unidades de Pesca e tipo de aquacultura praticada, a informação sobre as infra-estruturas de apoio à pesca artesanal e aquacultura e gerar uma base de dados que permita avaliar as mudanças estruturais ocorridas no sector pesqueiro nos últimos 10 anos tendo em conta a perspectiva do género, ambiente, economia, segurança alimentar e sócio-demográfica do sector pesqueiro. “O CAPP 2021 permitirá ainda produzir bases de amostragem para a realização de inquéritos para a recolha de dados sobre variáveis dinâmicas não cobertas pelo censo, melhorar a produção de estatísticas correntes e contribuir para a produção de um sistema integrado de estatísticas agro-pecuárias e de pescas no País”, explicou ainda aquele responsável. Espera-se, por outro lado, obter informação determinante para a monitoria e avaliação de planos de desenvolvimento do sector agro-pecuário e de pescas, obter uma base de dados actualizada sob perspectiva do género, ambiente, económica e sócio-demográfica do sector agrário dos dois sectores, e, por outro lado, obter uma base de dados que permita avaliar as mudanças estruturais ocorridas no País ao longo dos últimos 10 anos nestas duas áreas da economia nacional. (M.S.) Amade Abubacar e Germano Adriano MISA preocupado com caso dos jornalistas O MISA-MOÇAMBIQUE tem acompanhado com profunda preocupação o desenrolar do processo-crime em que Amade Abubacar e Germano Adriano, dois Jornalistas afectos ao Instituto de Comunicação Social (ICS), delegação de Cabo-Delgado, são acusados de crimes de instigação pública a um crime com uso de meios informáticos e injúria contra agentes da ordem pública. Amade Abubacar foi detido no dia 5 de Janeiro de 2019, quando se encontrava a reportar sobre um grupo de cidadãos civis chegados à vila de Macomia, depois de terem sido evacuados de uma aldeia vizinha que tinha sido alvo de um ataque dos grupos armados que desde Outubro de 2017 desestabilizam a província de Cabo Delgado. Após a sua detenção, Amade Abubacar foi levado para o quartel das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) em Mueda, onde permaneceu 12 dias sem ser presente ao Juiz de Instrução Criminal e consequente legalização (ou não) da sua prisão preventiva, ao arrepio da Lei que estabelece o prazo de 48 horas para esse efeito. O MISA-Moçambique tem informações credíveis provindas de diversas fontes e largamente difundidas nos media, segundo as quais, enquanto esteve sob custódia dos militares, no quartel de Mueda, Amade Abubacar foi vítima de tortura. Por sua vez, Germano Adriano foi detido no dia 15 de Fevereiro deste ano, acusado de associação para delinquir, nos mesmos crimes de que é acusado Amade Abubacar. Antes da sua detenção, Germano foi informado, pelos seus superiores hierárquicos (do ICS), de que o seu pedido de transferência tinha sido aprovado, pelo que deveria ir buscar a respectiva guia nas instalações do Instituto de Comunicação Social (ICS) em Macomia. Na verdade, no lugar desta ser uma informação verdadeira, tratava-se de uma armadilha; não havia guia nenhuma de transferência. Em colaboração com as autoridades policiais, a direcção do ICS em Macomia havia engendrado um esquema que facilitasse a detenção de Germano. O que mais inquieta ao MISA MOÇAMBIQUE é o facto de o julgamento destes dois profissionais estar a ser copiosamente atrasado com recurso a manobras dilatórias que visam perpetuar a sua permanência na situação da detenção. Ora, se, na verdade, estivéssemos perante o cometimento dos tais crimes de que são acusados os dois jornalistas, seria suposto que as entidades que os detiveram e os acusam, ao invés de artimanhas dilatórias, promovessem o seu julgamento sem demora, para poderem demonstrar e provar os pretensos ilícitos criminais. Entretanto, por se tratar de infundadas acusações, motivadas por interesses estranhos e obscuros, as audiências de produção de provas já foram adiadas em duas ocasiões, sendo uma por alegada confusão na fixação da data exacta da realização da sessão e outra por alegada ausência do representante do Ministério Públicos um dos declarantes. Conforme se pode depreender, as mais diversificadas justificações para o protelamento das sessões de produção e provas e por conseguinte da realização do julgamento, para além de legalmente descabidas, estão imbuídas de elevada carga de má-fé que em nada abonam as nossas instituições de Justiça e não só. Mais do que isso, estão aqui postos em causa os mais básicos direitos e garantias dos cidadãos, quais sejam, o direito à liberdade, à justiça em tempo útil e ao pleno exercício da sua defesa. Por outro lado, considerando as circunstâncias em que os dois jornalistas foram detidos, isto é, no exercício ou por causa das suas funções, o Estado moçambicano através dos seus agentes envolvidos, estão em grave atropelo às liberdades de expressão e de imprensa e o direito à informação a que está vinculado pela Constituição da República, legislação ordinária e Convenções Internacionais de que é signatário. Neste sentido, o MISA MOÇAMBIQUE exige a intervenção das entidades competentes de direito, com especial enfoque à Procuradoria-Geral da República, Provedor da Justiça, Assembleia da República, com vista à reposição da legalidade flagrantemente violada. 10 | zambeze | NACIONAL | Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 ICM e Gapi reforçam sector agrícola O Fundo Rotativo de Comercialização Agrícola (FRCA), aprovado pelo Conselho de Ministros em 26 de Fevereiro e cuja gestão foi confiada ao Instituto de Cereais de Moçambique (ICM), duplicou esta semana a sua capitalização para um montante na ordem dos 90 milhões de meticais. Para implementar este instrumento, o ICM e a Gapi têm um acordo de operacionalização de uma linha de crédito especial para o comércio agrícola de pequena escala (LCCA), a qual, em apenas seis meses, já financiou perto de 50 milhões de meticais, que permitiu a compra de cerca de 13.500 toneladas de produção diversa de mais de 23.000 famílias, sendo o milho responsável por 62% desse total. P ara que mais agricultores possam tirar maior proveito das diversas culturas agrícolas que produzem para o mercado, o ICM e a Gapi assinaram, recentemente, uma adenda ao acordo reforçando os seus contributos financeiros com mais 40 milhões de meticais. Além da comercialização, a parceria ICM-Gapi pretende também investir no agro-processamento e em programas de assistência técnica com vista à capacitação de operadores nas zonas rurais e melhorar o seu acesso a tecnologias mais adequadas, bem como aos serviços financeiros prestados pela banca comercial. Mohamed Valá, director Geral do ICM e presidente do Comité Directivo da LCCA, disse, no acto da assinatura da adenda, que “em nome do Ministério da Indústria e Comércio (MIC) voltamos a reiterar este compromisso, com todas as suas determinantes, nomeadamente (i) a de cooperação, parceria e entendimento mútuo, em prol do desenvolvimento das nossas populações, sobretudo aquela que vive no mundo rural; (ii) a da vertente creditícia para que os nossos produtores e outros actores, assumam que este compromisso é irreversível; e (iii) que os governos locais, possam assumir esta iniciativa, embora não seja algo que movimente muito dinheiro, é um exemplo que estamos a trazer, e apelamos a todas as outras instituições, para que se sintam confortadas a aderirem“. Valá assumiu o compromisso de, entanto que ICM e MIC continuarem a trabalhar e a mobilizar recursos, porque – acredita - “este caminho, pode-nos levar a patamares mais altos de desenvolvimento rural, porque induz a inclusão financeira, empodera as mulheres, os jovens e todo o ambiente local“. “Acreditamos que no próximo ciclo de governação, vamos reduzir abruptamente a pobreza, porque vamos trazer encaixe financeiro aos produtores, que têm na falta de mercado para a sua produção, o principal desafio. Temos que fazer com que o produtor seja capaz de produzir excedentes e passe a ganhar dinheiro com a sua actividade“, acrescentou. Este reforço da cooperação entre uma instituição pública e uma público-privada resulta do sucesso que vem sendo alcançado por esta linha que já está a criar impacto, em algumas regiões do país. De facto, seis meses após o seu lançamento, comerciantes rurais das províncias de Niassa, Cabo Delgado, Nampula, Tete, Zambézia, Manica e Inhambane já beneficiaram de financiamentos para a comercialização de produtos diversos, dentre os quais se destacam milho, feijões, soja, gergelim e amendoim. Em nome dos accionistas da Gapi, António Souto, da Unidade de Gestão Estratégica, disse que este acto responde a um dos mandatos da instituição, designadamente buscar e conceber soluções através de uma rede de cooperação institucional. “Hoje demonstramos que a solução dos problemas de desenvolvimento que Moçambique enfrenta deve ser promovida através de medidas concretas e por via da cooperação entre instituições que já existem”, disse, reforçando que “o acto concreto do reforço da LCCA, demonstra a validade do princípio da cooperação institucional e em nome dos accionistas da Gapi agradeço a iniciativa e o empenho da Direcção do ICM, representando o governo de Moçambique, ao acreditar em instituições nacionais para implementar este serviço, que não é meramente financeiro, mas também de assistência e promoção de empresários, alguns dos quais estão em regiões remotas deste país”. Finalizando, Adolfo Muholove, presidente da Comissão Executiva da Gapi-SI, revelou que estão em curso outras parcerias e frisou: “Esta casa está aberta a outras instituições, para que passemos a mensagem aos decisores nacionais e parceiros da cooperação sobre a necessidade e valor da parceria entre instituições nacionais para podermos fazer face aos desafios que Moçambique enfrenta”. Presenciaram a cerimónia, além de técnicos das duas instituições, o director Geral do FARE (Fundo de Apoio à Reabilitação Económica), Augusto Isabel, com quem a Gapi tem cooperação que visa levar soluções de financiamento a segmentos de baixa renda e apoio a instituições micro-financeiras, num esforço de tornar a bancarização rural e a consequente inclusão financeira uma realidade. Ilegais África do Sul vai deportar imigrantes Centenas de imigrantes africanos, acusados pelas autoridades sul-africanas, foram detidos na semana passada durante uma operação policial em Joanesburgo de entrar ilegalmente no país e preparam-se para ser deportados Operações policiais e detenções de imigrantes são cada vez mais frequentes e estão a dificultar as relações internacionais da África do Sul, mas o Governo defende a sua política. Presentes no Tribunal da Magistratura de Joanesburgo, na segunda-feira (12.08), os imigrantes pareciam traumatizados e em choque. Foram enviados para o centro de repatriamento de Lindela, de onde serão deportados para os seus países de origem. Do lado de fora do tribunal, dezenas de imigrantes e sul- -africanos protestaram em solidariedade aos que estão prestes a deixar o país. As autoridades sul-africanas não precisaram a nacionalidade e o número exacto de cidadãos estrangeiros ilegais a deportar nos próximos dias. Organizações que representam os imigrantes demonstram descontentamento em relação à polícia e ao Governo. As autoridades admitiram em tribunal que alguns dos imigrantes detidos possuíam documentos, mas continuavam detidos porque a polícia ainda estava a verificar a autenticidade desses documentos. Detenções contestadas O Fórum da Diáspora Africana descreveu as detenções como “xenófobas, caóticas, brutais, desumanas e ilegais”. Tadesse Yemane, da Etiópia, compareceu no tribunal em solidariedade aos imigrantes detidos.”Eles não fizeram nada. Foram cercados pela polícia quando estavam nos seus restaurantes e locais de trabalho e acabaram detidos. Nem sequer tiveram a hipótese de apresentar documentos ou não. São vítimas da brutalidade policial”, afirma. O partido político Movimento Revolucionário Civil Africano criticou o Governo por tentar usar os imigrantes como bodes expiatórios para os seus fracassos. “As pessoas foram libertadas antes mesmo de comparecerem em tribunal. Fizeram um grande espectáculo em torno disto, detendo os imigrantes antes de confirmar tais alegações. E foram mantidos ilegalmente em custódia, pois alguns deles possuíam documentos legais, diz Tenage Kumbe, presidente do partido, que acusa o Governo de ter sido “bastante tendencioso” ao atacar os estrangeiros. Relações com outros países afectadas A política sul-africana de combate à imigração ilegal tem dificultado também as relações exteriores do país. Na Nigéria, um grupo de estudantes já ameaçou retaliar contra os sul- -africanos e respectivos negócios naquele país. Isso forçou o ministro sul- -africano das Relações Internacionais e Cooperação, Naledi Pando, a defender a política do Governo: “Não se pode comportar de forma desrespeitosa em relação à polícia. A polícia tem o dever de manter a lei e a ordem e isso deve ser respeitado por todas as pessoas que residem em nosso país.” (lusa). Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 | NACIONAL | zambeze | 11 Edson Macuácua Exploração irregular de recursos prejudica meio ambiente O Presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade (CACDHL) da Assembleia da República (AR), Edson Macuácua, entende que a exploração irracional de recursos naturais, que caracteriza o país, impulsionada pelo desejo do imediato, deve ser vista como tendo impacto nas mudanças climáticas, para além de comprometer o futuro das próximas gerações. Ma c u á c u a , que falava num encontro de reflexão da juventude sobre as mudanças climáticas, acrescentou que a satisfação das necessidades do presente não deve hipotecar o futuro. “Não podemos nos perder no imediatismo, preocupemo-nos com o futuro das próximas gerações, fazendo com que o uso dos recursos seja racional”. O problema das mudanças climáticas, entende o deputado, deve ser visto não apenas como uma causa mundial, mas nacional, até local, afectando sobretudo a qualidade de vida das populações. São alguns factores locais causadores de problemas ambientais, exemplifica Macuácua, o uso irracional de recursos naturais, problemas de conservação de locais de lazer (de praias) e as queimadas descontroladas. Apesar de Moçambique ser signatário de vários instrumentos de diferentes convecções internacionais sobre o ambiente, para além de ser dotado de um quadro legal consideravelmente estratégico, desde a própria Constituição da República, que atribui a defesa do ambiente e sua preservação como deve ser, a obrigação constitucional de cidadania, contudo, Macuácua diz que não basta, uma vez que o país continua longe dos objectivos que pretende com estes instrumentos. É preciso, vinca Macuácua, que o país adopte acções concretas baseadas em evidências de defesa do ambiente, pensando no desenvolvimento sustentável, não se limitando aos discursos e/ou proclamação jurídica. “Tudo isto expõe Moçambique a uma situação de riscos sérios de problemas ambientais que já se transformam em problemas sociais, económicos, culturais e até políticos. É cíclico que Moçambique seja afectado por ciclones, também temos situações de aumento do nível médio das águas do mar que as levam a invadir uma boa parte das terras firmes, criando desabamento de terra e até prejudicando infraestruturas sociais, económicas e turísticas”, faz notar. Alguns estudos de âmbito internacional anunciam efeitos de exploração desregrada dos recursos naturais como tendo impacto nas mudanças climáticas. São, por exemplo, o abate indiscriminado de árvores, a exploração ilegal de madeira, fazendo do sector florestal o sector que mais se destaca entre recursos mais explorados, expondo o país em risco de insustentabilidade e de risco de mais catástrofes naturais. Por outro lado, Macuácua defende a necessidade de haver aliança ao nível nacional e internacional para fazer face aos problemas ambientais, sendo uma causa da humanidade com efeitos de ordem global que, em alguns casos, ocorrem no território nacional, no entanto os seus efeitos extravasam território geográfico. “Temos o problema da redução da fertilidade dos solos que se estende um pouco por todo o país, temos o problema do abate indiscriminado de animais, alguns já em via de extinção e a criar desequilíbrio nos ecossistemas e vários recursos naturais a serem explorados não de forma criteriosa e, em alguns casos, sendo recursos não renováveis e a se esgotarem pelo imediatismo que tem caracterizado o uso dos recursos sem pensarmos no futuro desta actual geração de jovens. Para Macuácua a iniciativa do Observatório da Juventude, ao abraçar a causa da luta contra a devastação do meio ambiente e da sua preservação, reveste-se de atitude exemplar e fundamental, uma vez que Moçambique, sendo um país maioritariamente constituído por jovens, o seu engajamento activo no processo de preservação do meio ambiente poderá trazer resultados pontuais. A camada juvenil, segundo o deputado, é a faixa etária da população moçambicana que mais cria poluição do meio ambiente e, por outro lado, a camada tida como vítima dos efeitos da poluição. A falta de uma consciência e cultura ambiental, pensa Macuácua, leva a que parte dos resultados de debates em relação a questões de preservação do meio ambiente não passem do papel em actos e/ou práticas no dia-a-dia, gerando bons costumes de relacionamento com o ambiente, ou seja, que cada cidadão seja transformado em amigo do ambiente. “Partidos políticos devem pensar em políticas de preservação do meio” Observatório da Juventude O papel dos partidos políticos na preservação do meio ambiente é descrita como sendo fundamental o que, segundo Gina Sitoe, presidente do Observatório da Juventude, urge consciencializa-los, no sentido de incluir esta temática em seus manifestos eleitorais. Para o Observatório da Juventude, verifica-se um défice de conhecimento e/ou falta de interesse pelos partidos políticos quando ascendem ao poder. Com vista reverter este quadro, o observatório espera promover acções de capacitação de jovens no sentido destes identificarem os principais desafios de conservação do meio ambiente face às mudanças climáticas e, por sua vez, propor soluções, sendo que esta faixa etária a maioria dentro das formações políticas. 12 | zambeze Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 LUÍS CUMBE | NACIONAL | Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 | NACIONAL | zambeze | 13 Perante as dificuldades, que têm sido muitas e, sobretudo, perante a perspectiva de poder vir a atirar para o desemprego milhares de trabalhadores, além da crise, o proprietário da Delta FS, Jaime Nogueira, diz que estão atentos quanto a situação dos trabalhadores. Asua ligação a Moçambique é já de longa data mas, como bem explica no seu livro Jogos Africanos, não vem do tempo colonial… Não, a minha ligação a Moçambique começou depois da Independência, com a questão da identificação de caminhos para negociar a paz. Foi em meados dos anos oitenta, quando me empenhei nos acordos de paz negociados em Roma, em Santo Egídio, sob a mediação informal do meu bom amigo D. Matteo Zuppi, hoje Arcebispo de Bolonha. Foi um passo importante, essencial; depois, nem tudo correu da melhor maneira mas creio que hoje mais do que nunca os líderes políticos moçambicanos, desde o Presidente Nyusi até aos líderes da RENAMO e do MDM, estão genuinamente empenhados na paz e na reconciliação nacional, que são as condições essenciais para o arranque e para a continuidade dos grandes projectos e do desenvolvimento da Economia e da sociedade do país. O que é que o levou depois a investir numa empresa de segurança privada em Moçambique. Qual era a sua ideia inicial? A ideia surgiu a propósito da segurança da Hidroeléctrica de Cabora-Bassa. Pensámos que seria interessante constituir um grupo lusófono, que agregasse interesses moçambicanos, angolanos e portugueses. Dos portugueses, falei com dois amigos, o Dr. João Pereira Coutinho, da SIVA, e o Comandante Victor Ribeiro, então presidente da Associação de Comandos. Cabora-Bassa era um empreendimento emblemático e termos uma empresa que agrupasse pessoas e interesses da área lusófona era um ponto de partida para uma joint-venture, não só animada por razões empresariais, mas por um conceito estratégico e de cooperação, no quadro daquilo que seria uma CPLP com identidade e actividade. E qual é a situação presente da empresa? Fala-se em dificuldades… Temos, além de dificuldades específicas de gestão empresarial, os problemas causados pela crise que tem vindo a atingir a economia moçambicana. A cessação dos apoios ao orçamento dos países doadores, como retaliação aos chamados “empréstimos-fantasma”, atingiu seriamente as contas do Estado. A deterioração, nos anos de 2013, 2014, 2015 da situação de segurança, com o reacender das hostilidades com a oposição armada, teve os seus custos. O Estado é ainda o grande protagonista da economia do país. Os juros estiveram e ainda estão altíssimos para as pequenas e médias empresas, que são, a seguir ao sector público e administrativo, os maiores empregadores. Sofremos também dessas dificuldades. Temos dezenas de milhões de Meticais de dívidas de clientes que faliram, dívidas que se tornaram incobráveis. Por outro lado, para se protegerem do risco da operação, os bancos portugueses accionistas dos bancos moçambicanos com quem trabalhamos refugiam-se nas regras impostas pelo BCE que os impossibilitam de apoiar um projecto desta natureza nestes momentos de crise. É um ponto que me impressiona e choca particularmente por duas razões: por um lado, pelo que significa de perda de independência financeira de Portugal, e do que pode vir com isso ou atrás disso; por outro, pela hipocrisia ou estreiteza de vistas que indicia por parte das instâncias europeias e supranacionais. As instituições europeias proclama a solidariedade para com África e a sua preocupação com o problema dos refugiados, mas penalizam o investimento em África, classificando-o de alto risco, obrigando os investidores a uma colateralização muito elevada desse investimento. Isto parece-me contraditório, para não dizer incompreensível e até revoltante. Tanto mais que, ao longo dos quase vinte anos de actividade em Moçambique, contribuímos, e nisso temos orgulho e a consciência bem tranquila, para empregar milhares de moçambicanos. A segurança privada é, entre outras coisas, uma forma de ocupar profissionalmente antigos combatentes… E independentemente da situação actual da empresa, a nossa convicção é de que a Segurança, e também a segurança privada, continua a ser uma condição sine qua non do desenvolvimento económicosocial na África Subsaariana. Talvez hoje mais do que nunca. Moçambique, com os grandes projectos ligados à exploração do gás natural no off-shore de Cabo Delgado, os importantes recursos mineiros e os projectos de infra-estrutura ferroviária e portuária, precisa de segurança. Os consórcios internacionais, liderados pela EXXONMOBIL e pela ANADARKO, consórcios em que também estão a italiana ENI, a chinesa CNPC, a GALP e uma série de importantes empresas do sector energético, precisam de uma segurança privada eficaz que complemente, claro está, a segurança pública, que deve ser garantida pelas Forças de Segurança e Militares da República de Moçambique. Estabelecida a confiança e a paz com a oposição, agora reforçadas com o presente acordo, que deve muito aos esforços pessoais do presidente Nyusi e do falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, o risco securitário é o terrorismobanditismo, aparentemente de inspiração jihadista, no Nordeste de Moçambique, precisamente onde estão esses grandes consórcios internacionais. Ainda que o propósito de investimento dos grandes grupos e empresas seja irreversível, a evolução da situação no terreno pode tornar mais lento o processo. E a economia do país vai sofrer com esse atraso. Mas voltando às dificuldades que atravessam a Delta e a Moseg onde tem havido problemas com os bancos, com os trabalhadores… Sim, problemas não nos têm faltado. Temos vindo a atravessar um período extremamente complicado. Mas não ficámos nunca de braços cruzados perante as dificuldades, que têm sido muitas e, sobretudo, perante a perspectiva de poder vir a atirar para o desemprego milhares de trabalhadores. Além da crise, tivemos a doença e o falecimento de um dos fundadores e administrador executivo da Delta-Moseg, o comandante Victor Ribeiro, o que se repercutiu muito no funcionamento das empresas. O comandante Victor Ribeiro era um grande amigo pessoal, um grande português e um grande amigo de Moçambique. Como é do conhecimento geral, não sou nem nunca fui empresário, ou melhor, nunca fui um gestor. A consultoria, o ensino, os programas que tenho na rádio, a colaboração nos jornais, os livros sempre foram a minha actividade principal. Meti-me nesta aventura porque a oportunidade favorecia uma iniciativa estratégica que me parecia importante no espaço lusófono. Nunca contei envolver-me nem me envolvi na gestão directa das empresas, a não ser para arranjar alguns clientes e para suprir dificuldades de financiamento. De qualquer forma, e apesar das crescentes dificuldades financeiras e de tesouraria, sempre resistimos àquilo que a lógica financeira aconselhava, o encerramento, o que foi talvez um erro. Por isso, com evidente desgaste e sacrifício pessoal, fomos aguentando. Depois, o acumular de exercícios deficitários não nos deixou outra solução se não procurar no mercado internacional investidores capazes de apoiar a reestruturação e relançamento das empresas. Foi assim que, após várias tentativas e negociações com empresários portugueses, angolanos e sul-africanos, chegámos a um acordo de princípio com um grupo de segurança privada asiático. Um grupo que se manifestou sensível e apto, não só à contribuição de capital para garantir uma reestruturação, mas também à introdução de know-how e tecnologia moderna. Estamos ainda em negociações com esse grupo de investidores, com quem visitámos Moçambique e que recebemos em Portugal, e esperamos também vir a contar com parceiros locais. Não posso aqui deixar de louvar a atitude resiliente, de confiança e de esperança em condições de extrema adversidade, de grande parte dos nossos colaboradores e trabalhadores, e até dos nossos fornecedores e clientes, a quem temos vindo a pedir paciência. É sobretudo por eles, e em nome dos enormes sacrifícios envolvidos ao longo da nossa procura de uma solução, que esperamos o bom senso e a compreensão das autoridades e das instituições financeiras, essenciais para que possamos concluir o processo da melhor maneira possível. Mantém, então, algum optimismo Digamos que estou confiante de que conseguiremos encontrar a melhor solução possível para os cerca de 1500 empregos que estão em jogo, com tudo o que isso significa para os trabalhadores e para as suas famílias. Como accionistas, temos a consciência tranquila de que tudo temos feito nesse sentido. Desde o princípio até hoje nunca retirámos das empresas um Metical que fosse; ao contrário, só pela minha parte, tenho respondido pessoalmente aos compromissos, com sérios prejuízos e endividando-me para o efeito, nomeadamente para pagar salários. É uma questão de empenhamento sincero, transparente e escrutinável que, acredito, pesará na hora das decisões. Seria absurdo se assim não fosse. Atravessamos um período complicado, mas não estamos de braços cruzados -Jaime Nogueira, da Delta Forca Segurança 14 | zambeze Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 Helena Taipo acusada no esquema de desvio de 113 milhões de meticais A antiga titular do Trabalho, Helena Taipo, é formalmente acusada, pelo gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC), de liderar um esquema de desvio dos cofres do Estado de mais de 113 milhões de meticais, entre 2010 e 2014. Com base no processo número 29/GCCC/17-IP, citado pelo Jornal Notícias, o Gabinete Central de Combate à Corrupção indica que os fundos desviados são provenientes das contribuições dos mineiros moçambicanos na África do Sul e da contratação de mão-de- -obra estrangeira no país. Para além da antiga ministra do Trabalho, são acusados 12 arguidos, dentre os quais Pedro Taimo, ex-coordenador do projecto dos trabalhadores mineiros na Direcção do Trabalho Migratório; Anastácia Samuel Zita, ex-directora da Unidade; José António Monjane, ex-chefe da Repartição de Finanças e Sidónio dos Anjos Carlos Manuel, afecto ao gabinete de Helena Taipo. Os arguidos no processo são acusados de prática de crimes de peculato, participação económica em negócio, abuso de confiança e falsificação. Com os mais de 113 milhões de meticais desviados, os suspeitos terão comprado viaturas, imóveis, cabazes e bebidas alcoólicas, tudo sem base legal. De acordo como o Jornal Notícias, o processo, autuado no dia 22 de Março, foi acusado no dia 29 do mês passado e remetido ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo. Conforme a acusação, citada pelo diário, entre 2010 e 2014, a Direcção do Trabalho Migratório tinha 14 contas, 13 das quais eram utilizadas para movimentar valores em dinheiro proveniente das contribuições para o pagamento diferido dos mineiros. No período em questão, foram retiradas das contas da direcção somas avultadas de dinheiro para fins alheios à instituição. Relativamente ao rombo financeiro de mais 113 milhões de meticais, os co-arguidos, além de levantarem dinheiro em numerário, convidavam pessoas das suas relações para se fazerem de fornecedores, dos quais recebiam facturas e recibos falsos para justificar a saída do dinheiro. Dos 12 arguidos, Anastácia Zita e José Monjane, quadros do Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social estão em prisão preventiva desde 24 de Junho. De referir que Helena Taipo está detida desde Abril, em conexão com o caso de desvio de pouco mais 100 milhões de meticais do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). Neste processo, estão arrolados cinco arguidos, sendo a Helena Taipo apontada como tendo beneficiado de grande parte do dinheiro sacado dos cofres do INSS, ao longo do ano de 2014, quando a arguida exercia o cargo de Ministra do Trabalho. José Matlhombe Zoom | NACIONAL | Candidatas às assembleias provinciais devem ser determinadas no seu trabalho As candidatas às assembleias provinciais pelos partidos Frelimo, Renamo e MDM, nas províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado foram, semana passada, aconselhadas a serem resilientes nas suas actividades e a prepararem-se para enfrentar vários desafios inerentes às suas funções, dos quais a possível desvalorização das suas ideias por apenas serem mulheres. E ste conselho surgiu no segundo dia da acção de capacitação regional de candidatas às assembleias provinciais em matérias de participação política da mulher, promovida pelo Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD) através da Academia Política da Mulher, no âmbito de troca de experiências entre as candidatas e deputadas da Assembleia da República, tendo sido salientado que esses desafios decorrem do facto da sociedade moçambicana ainda não estar consciente das valiosas capacidades da mulher. De acordo com a deputada da Assembleia da República e Membro da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade, Sílvia Cheia, são enormes os desafios que a mulher parlamentar tem para fazer passar as suas ideias, dos quais a falta de compreensão da mulher, a fragilidade que lhe é característica e a ideia de que somente o homem é capaz de liderar. “As mulheres devem saber que todos os dias devem mostrar e provar que são capazes, uma vez que o mau desempenho de uma mulher se reflecte para todas as mulheres”, disse Cheia para quem a mulher deve saber se impor com trabalho, determinação e responsabilidade nas suas acções. Para a deputada, é chegado o momento de todas as mulheres perceberem que podem contribuir para a sua maior inserção e valorização na vida política e elevar o seu nível de representatividade nos órgãos democraticamente eleitos, bastando para isso que as mulheres sejam unidas e livrem-se de estereótipos, tradições e tabus que impedem o seu desenvolvimento. “Existe uma resistência, mas acredito que chegaremos lá”, disse a deputada da Assembleia da República, ajuntando que “um trabalho de lobby e advocacia a nível dos partidos políticos a que pertencemos serviria de ferramenta essencial para que consigamos ultrapassar esses desafios e sermos cada vez mais valorizadas na nossa sociedade”. Por sua vez, Rosita Lubrino, presidente da Assembleia Provincial de Manica, a única no país, disse que a humildade, solidariedade entre as mulheres, tanto na vida política assim como na social, a responsabilidade e foco no trabalho são, dentre várias, ferramentas que a mulher deverá usar para que seja mais respeitada no país. “A mulher tem de ser mais criativa e persistente diante das dificuldades, com vista a alcançar objectivos comuns, utilizando todas as alternativas possíveis. A criatividade é um dos factores determinantes para sair de situações difíceis, pois permite-nos encontrar soluções menos óbvias para resolver os diferendos”, disse Lubrino, acrescentando que as mulheres normalmente suportam melhor trabalho sob pressão e possuem mais habilidade para lidar com conflitos no ambiente de trabalho. “Com uma comunicação mais cuidadosa e perceptiva, é possível evitar conflitos eminentes”, sugeriu. Segundo Lubrino, a cultura machista que caracteriza a sociedade moçambicana é um dos principais desafios na liderança da mulher nos dias actuais, para além de que “muitas mulheres são preteridas na hora de uma promoção para um cargo superior simplesmente por não ter estilo de um líder do sexo masculino.” “É comum que uma mulher em cargo de liderança sufoque algumas características ditas femininas, porque tem medo de ser considerada menos capaz”, explicou a presidente da Assembleia Provincial de Manica, corroborando da ideia de que, apesar do actual crescimento da liderança feminina, “muitas mulheres têm dificuldades para empoderar-se devido a diversos factores, desde culturais, sociais e o desafio da desmitificação do rótulo que atribui a promoção da mulher a beleza”, disse. Por sua vez, Rosita Alberto, do Fórum Mulher e Facilitadora da capacitação, sugeriu, para se ultrapassarem os problemas de desvalorização da mulher na vida política, a luta pela aprovação de uma Lei de Paridade de Género, que obrigue a todos os partidos políticos a terem quotas que possibilitem a maior inclusão da mulher nas suas listas assim como nos cargos directivos. Rosita explicou ainda haver necessidade de a Mulher trabalhar em cooperação com os homens como parceiros de desenvolvimento; construírem parcerias de respeito, conhecimento, solidariedade e apoio com outras mulheres e com homens, melhorar a comunicação entre elas, apoiarem-se mutuamente nos trabalhos entre mulheres, ensinarem umas as outras e aprenderem umas das outras. “É preciso, também, trabalhar muito próximo de organizações e redes de justiça social mais amplas, isto é, organizações e movimentos engajados na promoção dos direitos humanos, protecção do ambiente e relações de trabalho, promoção da democracia, paz e resolução de conflitos, bem como construir a capacidade de liderança, através de capacitações individuais ou colectivas, onde as mulheres são adeptas das mobilizações de acções de advocacia, definir questões, apontar problemas e encontrar soluções”, disse a Facilitadora. Para Rosita Alberto, é importante criar um modelo de liderança que consiste em dar e receber, onde cada uma das mulheres é alternadamente líder e seguidora, para além de que as mulheres precisam de ter vozes audíveis, usando cada vez mais as tecnologias de informação para o efeito, ferramentas essenciais para o seu maior empoderamento. A acção de capacitação regional das candidatas a membros das Assembleias Provinciais de Nampula, Cabo delgado e Niassa, pelos partidos Frelimo, Renamo e MDM, terminou esta sexta- -feira, tendo ficado assente a sua importância para que as mulheres candidatas adquiram conhecimentos que as possibilitem enfrentar os desafios que as esperam, quando forem eleitas como membros das Assembleias Provinciais nas próximas eleições de 15 de Outubro. Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 | NACIONAL | zambeze | 15 A mulher tem de ser mais criativa e persistente diante das dificuldades, com vista a alcançar objectivos comuns, utilizando todas as alternativas possíveis. A criatividade é um dos factores determinantes para sair de situações difíceis, pois permite-nos encontrar soluções menos óbvias para resolver os diferendos | centrais | Longe de cumprir princípios orientadores O atendimento da criança é concretizado atravês de um conjunto de acções articuladas entre os organismos governamentais e não-governamentais devidamente autorizadas. Quando se torne impossível o atendimento da criança no seio do sistema familiar e não tiver sido adoptado meio alternativo do suprimento do poder parental, a criança é atendida a título provisório, em instituição vocacional, como é o caso dos Centros de acolhimento de crianças. Acolhimento Institucional de Crianças, é uma expressão da condição de vulnerabilidade social e emocional de famílias, surgido no século XVIII, para proteger crianças abandonadas (Bento, 2010). Surgiu vinculado à Igreja Católica, e era designado “Roda dos Expostos”, que tinha como objectivo acolher crianças abandonadas anonimamente. Esta roda era fixada no muro ou na janela da instituição, e permitia que a criança fosse depositada na parte externa. Assim, o depositante da criança girava a roda, puxava uma corda com uma sineta para avisar a vigilante ou rodeira que uma criança havia sido depositada/abandonada, e ia-se embora (Dell’Aglio & Siqueira, 2006). Local do estudo O estudo realizou-se no Centro Ingrid Chawner que acolhe crianças do sexo masculino, com idades compreendidas entre 7 e 14 anos, no Infantário Primeiro de Maio que atende crianças de ambos os sexos, com idades compreendidas entre 0 e 13 anos, e na Casa Madre Maria Clara que acolhe crianças do sexo feminino, com idades compreendidas entre 4 e 21 anos, todos da cidade de Maputo. Motivos de acolhimento institucional A fome, punições e maus tratos, a pobreza, trabalhos domésticos excessivos e o desejo de continuar a estudar, a orfandade, a agregação fisica, o abandono do pai e a doença crónica dos parentes, foram apontados como sendo principais motivos que levaram ao acolhimento institucional de crianças. É importante salientar que os motivos resultantes desta configuração contrariam o que é prática na cultura africana pois, tradicionalmente, os órfãos e outras crianças vulneráveis são acolhidos e educados por indivíduos da sua família alargada, normalmente os avós ou as tias e os tios (FAO & Save the Children, 2009). Portanto, isto pode ser indicador de disfuncionalidade do sistema familiar na sua forma alargada. Incumprimento dos princípios orientadores do atendimento e acolhimento de crianças O estudo constatou que os Centros de acolhimento de crianças não cumprem com os princípios orientadores do atendimento e acolhimento, conforme alguns exemplos que se seguem: Princípio da “preservação dos vínculos e de relações familiares durante e após a institucionalização da criança”:No que concerne à preservação dos vínculos e de relações familiares, constatou- -se que a maioria das crianças visitou os seus pais/parentes, e em contrapartida, a maioria dos pais/parentes não visitou as suas crianças. Princípio de “não à institucionalização prolongada”: A maioria das crianças em estudo, apontou que teve uma institucionalização prolongada (entre três anos e 12 anos), contrariando ao que a Direcção Nacional da Acção Social do nosso país preconiza ao determinar um tempo máximo de dois anos de acolhimento institucional (DNAS, 1987), o caso do Centro Ingrid Chawner e da Casa Madre Maria Clara. Princípio de “não à transferência de crianças para outras instituições de acolhimento”: Verificou-se a transferência de crianças de uma instituição para outra, o caso de crianças transferidas da Casa Madre Teresa de Calcutã para a Casa Madre Maria Clara. E da Casa Madre Maria Clara para a ADPP, contrariando o estabelecido pelo Melo (2009) e pela Lei de Promoção de Protecção dos Direitos da Criança (2008). Princípios de “atendimento de crianças de ambos os sexos e idade”, e de “não separação entre os irmãos”: Outro aspecto evidente nos relatos dos participantes do estudo e que foi visto pelos pais/ parentes como constrangimento foi o facto de algumas instituições acolherem somente crianças de um único género, o caso da Casa Madre Maria Clara, que acolhe apenas crianças do sexo feminino, e o Centro Ingrid Chawner, que acolhe somente crianças do sexo masculino. Tal prática pode obrigar a separação entre irmãos com a mesma situação de vulnerabilidade, algo advertido pelo Melo (2009) e pela Lei de Promoção de Protecção dos Direitos da Criança (2008). Princípio da “comunicação periódica às autoridades judiciárias e aos Serviços de Acção Social, em casos de admissão institucional e de reintegração familiar”: Para o acolhimento institucional, algumas crianças sairam das suas famílias directamente para a instituição de acolhimento e, outras sairam da rua directamente para a instituição de acolhimento sem o consentimento de nenhuma instituição acima referida, o caso da Casa Madre Maria Clara e do Centro Ingrid Chawner. E, para a reintegração familiar pode-se concluir que existiu um défice de comunicação entre a instituição de acolhimento e as instituições governamentais, incluindo entre a instituição de acolhimento e as famílias, conforme advertem Dell’Aglio e Siqueira (2010). Princípio da “preparação da criança e da sua família para a reintegração familiar”: Os resultados do estudo mostraram que cerca da metade das crianças reintegradas ou em processo de reintegração não sabia o que tinha sido utilizado como critério para avaliar a possibilidade de retornar às suas famílias. Diante desta situação, pode-se concluir que existiu um défice de preparação das famílias e das crianças, conforme adverte Dell’Aglio e Siqueira (2010). No entanto, do ponto de vista terapêutico, considera-se necessário preparar a criança para as mudanças, pois pressupõe Centros de acolhimento de crianças no país 16 | zambeze Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 | centrais | Longe de cumprir princípios orientadores o abandono de padrões antigos adquiridos durante o tempo em que a criança esteve fora da convivência familiar. Portanto, torna-se necessário apoiar a família para a recepção da criança, por forma a evitar a instabilidade que pode criar-se durante a construção de futuros padrões, até que estejam firmes. Os resultados dos dados dos gestores das instituições em estudo mostraram que, normalmente, as crianças se apresentam preparadas para retornar às suas famílias, embora algumas com o receio de serem rejeitadas pelos pais/parentes. Porém, em relação aos pais/parentes, os gestores foram unânimes ao apontar que estes não se sentem preparados para receberem as suas crianças para o convivência familiar. Da análise dos depoimentos, é possível perceber-se que os pais/parentes das crianças institucionalizadas não conseguem se reorganizar no momento em que estas permaneçem institucionalizadas (Orionte & Sousa, 2005). Princípio de “acolhimento provisório”: No que concerne a este princípio, os resultados mostram que algumas instituições acolhem crianças por um tempo muito prolongado que varia ente 3 anos e 12 anos, o caso da Casa Madre Maria Clara e o Centro Ingrid Chawner, comprovando o incupirmento deste princípio, pois, o tempo de permanência da criança na instituição deverá ser sempre o menor possível, entretanto, sem colocar essa questão como “meta” (Melo, 2009) e, não acima de 2 anos (DNAS, 1987). O uso da sigla “COV” (crianças órfãs e vulneráveis), pode excluir algumas crianças em situação difícil nos programas de assistência social. Contraiamente ao uso da sigla OVC em Inglês que singfica, Orphan and Vulnerable Children, ou Órfãos e outras Crianças Vulneráveis, a sigla COV que em Português significa Crianças Órfãs e Vulneráveis, pode excluir algumas crianças em situação dificil nos programas de assistência social. A titulo de exemplo, esta sigla pode estar a desorientar os profisionais do Sistema Nacional de Educação na produção do Mapa de levantamento de dados estatísticos dos alunos, que decorre no dia 3 de Março de cada ano, como pode se visualisar no Campo no 11 do referido Mapa, que identifica exclusivamente alunos órfãos de pai, alunos órfãos de mae e alunos órfãos de ambos, deixando de fora os outros alunos necessitados, mas não órfãos. Em seguida apresentamse os conceitos de orfão, criança e criança vulnerável, que sustentam o acima exposto. Órfão é definido como indivíduo menor de 18 anos de idade cuja mãe ou cujo pai (ou ambos) morreram (Ferrara, 2009 Apud UNAIDS, UNICEF & USAID, 2004). Criança, é todo o indivíduo menor de 18 anos de idade. Entretanto, havendo necessidade de se estabelecer o regime jurídico da protecção dos seus direitos e obrigações, entendeu-se estender a aplicação da Lei aos maiores de 18 anos de idade e menores de 21 anos de idade (Unidade Tecnica da Reforma Legal, 2006). Criança Vulnerável é aquela que se encontra afectada ou infectada pelo HIV/SIDA, ou em agregados familiares chefiados por outras crianças, por jovens ou por idosos (Plano de Acção para Crianças Órfas e Vulneráveis, 2006). Recomendações para as instituições judiciárias e para o Ministério de Género, Criança e Acção Social: A criação de um “instrumento orientador sobre o acolhimento e atendimento institucional de crianças em situação difícil” com uma força normativa, em substituição do Decreto 278/10 que regula os Centros de acolhimento à crianças em situação difícil e Infantarios, afim de guiar os agentes institucionais quanto aos principios preconizados pela Lei de Promoção de Protecção dos Direitos de criança 7/2008, e de algumas pesquisas académicas para evitar que as crianças fiquem longos períodos institucionalizadas, privandoas do direito fundamental à convivência familiar e de necessidade de preservação dos vínculos familiares, atendendo-se, por exemplo, a não separação entre irmãos, o atendimento de ambos os sexos e à preparação gradual para a reintegração à familia de origem ou substituta. RECOMENDAÇÃO PARA O MINISTÉRIO DE GÉNERO, CRIANÇA E ACÇÃO SOCIAL: A reformulação da sigla “COV” (Crianças Órfãs e Vulneráveis), pois, considerase por um lado, carregada de redundância na conceituação de Criança, por outro lado considera-se ser excludente na identificação de crianças em situação difícil. Ou seja, o termo “Criança Órfã e Vulnerável” subentende-se como sendo único indivíduo menor de 18 anos de idade que perdeu um ou ambos os pais e, que é ao mesmo tempo vulnerável. Segundo o pesquisador, nao existe um órfão adulto, pois, o conceito de Órfão tem duas variáveis, respectivamente, “ser criança” e ter perdido a mãe ou o pai, ou ambos. Assim, o pesquisador recomenda o uso da sigla “OCV” Ófãos e outras Crianças Vulneráveis. Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 zambeze | 17 18 | zambeze | NACIONAL | Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 Numa cerimónia para uma paz definitiva, o governo e a Renamo, representados pelos seus líderes máximos, Filipe Nyusi e Ossufo Momade, respectivamente, e na presença de muitas e altas individualidades nacionais e internacionais e o público, assinaram o terceiro acordo, o Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo, depois da assinatura do Acordo de Fim das Hostilidades (guerra), três dias antes, nas matas de Gorongosa, o principal palco do teatro da guerra. A maioria, sem o conhecimento ainda do conteúdo do mesmo, aplaudiu-o pela vontade e esperança para que o gesto traga efectivamente a almejada paz definitiva, isto é, que, no país, nunca mais se usem as armas para a resolução de diferendos políticos. No desconhe - c i m e n t o d o conteúdo deste documento e de outros acordos entre os dois líderes, alimentam- -se conjecturas sobre o mesmo e se pode levantar a questão de o se mesmo ainda não ser conhecido, como se pode aplaudir a sua efectividade para conferir uma paz definitiva. Recordamos que, depois da assinatura do primeiro acordo, o Acordo Geral de Paz de Roma, quando surgiram os desentendimentos entre as duas partes (Governo e Renamo), rebateu-se o conteúdo do mesmo em termos de presença ou não de algum dispositivo, da sua interpretação na letra e espirito e da sua validade, pois outros afirmavam que o mesmo já estava ultrapassado, ainda que alguns dispositivos não tenham sido aplicados. Por isso, torna-se compreensível que o conteúdo deste Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo seja conhecido publicamente para se avaliar o seu poder de efectividade e, ainda mais, a sua pretensa definitividade. É daí que o senhor Jacinto Veloso, um negociador de tarimba reconhecida, no dia e local da sua assinatura, interrogado por um jornalista sobre poder para a paz deste terceiro acordo, referiu que não conhecia o seu conteúdo para fazer algum prognóstico da sua validade, o que é compreensível. É de facto interessante ver quantos aplaudem este Acordo sem ter colocado nenhum olhar em alguma única frase do mesmo. Os aplausos parecem dever-se à confiança entre os dois líderes cujas instituições (governo da Frelimo e Renamo) a que dirigem já assinaram dois acordos de paz, diferindo-se nas pessoas representantes das mesmas. Será que a esperança se funda no facto de representas das mesmas instituições não serem Chissano, Dhlakama e Guebuza, mas sim, agora, serem Nyusi e Ossufo? Como qualquer acordo entre líderes,e que agora vão disputar as eleições, sabendo-se que a hipótese de que o vencedor das mesmas está mais entre os dois, podem existir outros acordos pessoais, entre os dois, que, pela sua delicadeza, não possam estar inscritos no documento, principalmente aqueles que podem provocar algum alvoroço e embaraço nas fileiras do partido de cada um dos dois líderes. A título de exemplo, se os dois líderes entenderem que o vencedor do próximo escrutínioeleitoral forme um governo de reconciliação nacional, em que se integrem elementos da oposição, esse acordo pode não ser muito bem acolhido por outros membros assim como a sua divulgação prévia pode causar algum alvoroço e até um atentado à paz. É assim que também podemos interpretar o presente alvoroço entre as fileiras da Renamo em que se pode conjecturar sobre os acordos interpessoais de que, provavelmente, alguns acordos que o presidente Dhlakama teria já feito com presidente Nyusi, mas que pela morte daquele, tenham sido alterados ou anulados. Por outro lado, se entre os dois actuais líderes, houver um acordo de partilha da riqueza, tal não pode ser registado no documento. Um terceiro exemplo de acordo secreto pode ser o de amizade em que cada parte encoraje os seus a conviverem com os outros (de outro partido) assim como os dois o estão fazendo, abraçando-se, elogiando-se, em vez de se insultarem e convivendo em tudo que seja humano e mesmo nos negócios. Estes três exemplos (partilha de poder, partilha da riqueza e amizade) são aqueles que não vimos acontecer entre os dois partidos (governo da Frelimo e Renamo), mas que é essencialmente aquilo que é normal em muitos processos de paz e reconciliação principalmente depois de longos conflitos armados como têm sido entre nós. O exemplo reconciliador de Mandela, quando assumiu a presidência, na África do Sul, não foi aqui imitado. Mandela formou o GUN (Governo de Unidade Nacional) que incluía até os membros do partido que o pusera na prisão e os que o combateram. E como ele escreve na sua autobiografia, das eleições não queria uma vitória retumbante e esmagador, mas o suficiente para puder formar o governo de reconciliação nacional e ficou satisfeito com a vitória em 62.6%. Escreve que, nas eleições, “arrecadámos 62,6% de votos a nível nacional. No ANC, houve algumas pessoas que ficaram desapontadas por não termos alcançado o patamar dos 2/3, mas eu não fui uma delas. Até fiquei aliviado. Se tivéssemos alcançado os 2/3 e a possibilidade de elaborar uma constituição sem restrições impostas por outros, as pessoas diriam que tínhamos criado uma constituição do ANC e não uma constituição para a África do Sul. O que eu queria era um verdadeiro governo de unidade nacional”. Com efeito, foi o que Mandela implementou na sua governação, um governo de reconciliação, base para a paz e desenvolvimento social e económico. Mandela possibilitou assim e por outros mecanismos inclusivos a partilha de riqueza. Que não se tenha nenhuma dúvida de que a riqueza constitui a razão para a luta e uma desculpa para excluir os outros da riqueza é um sério factor para a desestabilização. Nas relações humanas, Mandela foi exímio em criar a amizade interpessoal com os seus opositores políticos, uma relação humana que está acima das convicções, estratégias e acções políticas do partido. Responsabilidades das partes Não restam dúvidas que o governo é que possui mais responsabilidades nestas relações e o presidente Nyusi é a mais visível figura para esta tarefa e, como reafirma o seu irmão Ossufo Momade, deve ter superado influências internas que não quisessem que se concordasse em muitos aspectos em que ele O que deve ser este acordo para uma paz definitiva? Alberto Lote Tcheco José Matlhombe Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 | NACIONAL | zambeze | 19 (presidente Nyusi) acabou concordando com a Renamo, desde os primeiros contactos com esta organização, na pessoa de Afonso Dhlakama. O facto de o presidente Nyusi ter enveredado por um modelo de interpessoal de negociação, afastando os mediadores, uma medida que, na altura, foi bastante criticado, pode ter derivado da vontade de se chegar a estes acordos sem a interferência dos seus que estariam a boicotar. Neste aspecto, o presidente Nyusi terá sido bastante corajoso, daí o elogia que merece do seu par, o líder da Renamo, o general Ossufo Momade. Por sua vez, presidente Nyusi não se inibe em elogiar os líderes da Renamo (Dhlakama e Ossufo), numa clara expressão da vontade de criar e fortalecer a amizade com o seu par Ossufo, mas esta vontade não se vê entre os membros dos seus partidos, ficando a sensação de a atitude de Nyusi e de Ossufo ser ou não uma estratégia para a vitória pessoais e dos seus partidos, uma outra forma de luta que somente encuba a violência que, sendo assim, pode eclodir quando os interesses de cada um não serem alcançados.Aliás, um insistente analista político reafirma que a humildade do presidente Nyusi pode ser uma estratégia conspiratória para que a sua figura seja assim assumida humilde enquanto, debaixo da mesa, em conluio com os seus partidários, estes devem orquestrar outras manobras contrárias ao do seu chefe, uma espécie de “sabotagem” consentida ao seu líder, quando na verdade não é. Seja como for, ainda que o que os dois nos revelam como sério e sincero, parece que o exemplo dos dois líderes não é suficiente para motivar os seus irmãospartidários, tal como o exemplo de Mandela não bastou para seguirmos o exemplo e o resultado é este ciclo de violência a que já estamos habituados e justifica a reserva sobre o efeito efectivo deste terceiro Acordo de Paz e Reconciliação, que se se pretende definitivo. Se todos estamos de “olhos abertos para ver” o que vai acontecer depois das eleições, a desejada contribuição de cada um deve se traduzir no convívio com outro, em especial, entre os membros dos dois partidos, em que os seus membros expressem e convivam publicamente. É que o que se vive, até aqui, é que se algum membro da Frelimo conviver com o da Renamo e vice-versa, tal é assumido com desconfiança pelos demais membros de ambas as partes e sendo que os dois partidos são representantes e votados por milhões de moçambicanos, isso pode significar e incentivar a inimizade e divisão entre os moçambicanos, o povo. Assim, manifestamos que o acordo assinado, além de proceder aos procedimentos para a conclusão pacifica do processo do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), que são aspectos técnicos a serem observados no terreno, devem existir outros, inscritos ou não no texto deste acordo que garantam a reconciliação e a paz, como os que referimos acima; partilha do poder ou simplesmente uma visível despartidarização do Estado, a inclusão, que a não exclusão denomeação de quadros competentes que não sejam do partido governante, a partilha de recursos ou da riqueza e a criação de um ambiente amistoso no relacionamento entre os membros dos dois partidos ex-beligerantes em todos os níveis. Alguns acordos de outros países legislam esta matéria para a matéria como a proibição de insultos pois da violência verbal mais fácil se torna o recurso de uso de violência armada. Fonte de conflito Pertencer a um partido e assumir os interesses de partidários como os de todo um povo pode ser fonte de conflito. É que acima dos interesses partidários está o valor da humanidade e da moçambicanidade que não são total e genuinamente de algum partido, senão não seria um partido, uma parcela ou uma organização de alguns moçambicanos. A grandeza de um cidadão nacional está em colocar os valores humanistas e nacionais acima de tudo e se algum partido os violar, o membro cidadão nacional de verdade deve ter a capacidade e a coragem suficientes de denunciar e não se submeter a alguma disciplina partidária para não perder alguns benesses. Os dois líderes (Nyusi e Ossufo) referiram a importância da vinda do Sumo Pontífice, o Papa Francisco, demostrando assim que abraçam o maior sentido de vida: o amor, um amor que ultrapassa o amor ao irmão e amigo, estendendo-se até ao inimigo. Assim, o membro de um outro partido deve, em primeiro e último lugar, ser assumido como um irmão e amigo e esta relação deve ser traduzida verbalmemte e em gestos apropriados. Que se tenha a certeza de que enquanto prevalecer a inimizade entre os membros dos dois partidos, em que amizade seja somente visível nos encontros entre os líderes dois partidos, em especial, na praça pública, nas assinaturas dos acordos de paz e reconciliação, a possibilidade para o conflito violentoé maior do que a sua impossibilidade, ou seja, é inevitável, sob qualquer forma. A humildade é a maior qualidade humana. Ela constitui, em si, o amor verdadeiro e quando se for portador da mesma, a pessoa pode abraçar, elogiar e conviver com o seu opositor político pois a humanismo grita mais nela que o partidarismo. Uma humildade assumida supera a arrogância e a vontade ser as melhores e únicas e é sábia porque, admitindo as possibilidades, mais evita os erros e as maldades porque menos contribui para o seu surgimento, uma vez que assume que pode também estar no lugar do outro. Esta compreensão cria um ambiente de paz efectiva e duradoira. Infelizmente, o nosso país não é dos que deve se orgulhar demasiado e muito menos em termos de paz.Pelo contrário, politicamente, contribuímos pela negativa e para se mudar esta visão, o comportamento de cada um, em especial, dos membros dos partidos, joga um papel preponderante. Colocando se no lugar do outro, como é próprio de uma pessoa humilde, assume- -se que os erros e males dos outros são nossos e não somente os daquele partido. É assim como o mundo nos vê, como moçambicanos e não como membros do partido Frelimo, Renamo, MDM ou outro. É neste sentido que também podemos entender o apelo constante do presidente Chissano, de que cada um deve contribuir para paz por a assumir consigo mesmo, dentro de si. Chissano ficará positivamente na história por ter sido quem levou o país à paz, assinando o primeiro acordo de paz que terminou depois de 16 anos de guerra e introduziu a liberdade política (o multipartidarismo) e, durante os seus dois ciclos da sua governação, o país viveu em paz (sem guerra). Um dos seus trunfos, que é visto no presidente Nyusi, é a sua qualidade individual de humanismo e amizade. Sabe-se que era amigo pessoal de Dhlakama e juntos conviviam como “vizinhos”. Aliás, o presidente Nyusi, na sua tomada de posse, indicou que iria seguir a lição de Chissano para a construção da paz, um desafio superado pelo presente acordo, através da assinatura do acordo com o líder da Renamo, Ossufo Momade. Por sua vez, da intervenção deste (Ossufo), percebeu-se um “se”. A paz prevalecerá “se” houver boa vontade em cumprir o acordo e “se” se evitarem as injustiças eleitorais. O processo eleitoral já começou mal, com o barulho à volta do recenseamento eleitoral, sendo Gaza o epicentro deste conflito, levantado também pela sociedade civil e, se se vierem a acrescentar outras complicações no decurso da votação e da contagem, o país pode voltar a um quarto acordo e, neste ciclo, um dia, os dois líderes das duas instituições podem vir a assinar o quarto acordo de paz “definitiva para sempre” sem a presença de nenhum convidado nacional e internacional, a não ser uma maior presença de religiosos, que devem incluir os líderes da religião bantu (tradicional), que é afinal a que é muito mais professada por muitos moçambicanos mas que não foi ali chamada presente para adorar aos desuses negro-africanos para manterem a paz assim como não vimos a declamação do poema em tsonga de que vimos o provável declamador a ensaiar no dia anterior.Porém, mais do que Gaza, os actos reconciliadores acima identificados (partilha do poder e da riqueza e a amizade) podem minimizar quaisquer impactosilícitos que têm o potencial de levar ao conflito armado que, devido às muitas, densas e inacessíveis florestas, pode facilmente eclodir desde que alguém esteja minimamente motivado. É assim também que, pela facilidade de se desencadear uma um conflito armado desestabilizador, os “desertores e indisciplinados” ou “colegas” da Renamo, quemanifestaram a indisposição de se integrar no processo de DDR, podem deitar abaixo o júbilo proporcionado por este terceiro acordo e obrigar-se a um outro se se optar por uma solução militar, de que já se ouve muitas vozes a sugerir essa opção. José Matlhombe 20 | zambeze | desporto| Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 Moçambola - 2019 Desportivo de Maputo aproxima-se do líder De onde se encontrava o Desportivo de Maputo, ninguém podia imaginar que, nesta jornada, estaria a frente da UDS e do Textáfrica dos Chimoio, que até comandaram a tabela classificativa no fim da primeira volta. O Costa do Sol assumiu, este fim-de-semana, a liderança do Moçambola ao derrotar, na tarde do último domingo, o Ferroviário de Nampula por duas bolas a uma, subindo para o comando da Tabela com 28 pontos. Na perseguição, segue o Ferroviário da Beira com 27 e o Desportivo de Maputo com 24 pontos, enquanto o seu vizinho, o Maxaquene, está a descer a cada jornada, estando actualmente na linha de água, por ter perdido, sábado, frente ao Ferroviário de Maputo por José Matlhombe Classificação actual Costa do Sol 28 Ferroviário da Beira 27 Desportivo de Maputo 24 Textafrica de Chimoio 24 UDS 23 Ferroviario de Maputo 23 Liga desportiva de Maputon 22 Chibuto 22 Desportivo de Nacala 22 Incomati 22 ENH 21 Maxaquene 16 Ferroviario de Nampula 11 Baia de Pemba 11 Textil de Pungue’ 8 três bolas a uma. O Maxaquene tem mais dois jogos por disputar sendo que, esta semana, joga com ENH para, na semana seguinte, encontrar-se com o Costa do Sol. Nacir Armando, treinador da União Desportiva do Songo, não está a conseguir bons resultados nesta temporada e fala-se de boca cheia que o mister deve abandonar a equipa, antes que as coisas sejam piores, devido aos maus resultados. Muitos adeptos estão decepcionados com a prestação da equipa, pois nem nas competições africanas, nem no Moçambola, a equipa consegue resultados que justifiquem o bicampeão. Desporto recreativo Jardim volta a liderar O campeonato de veteranos da cidade do Maputo cresce a cada dia que passa com momentos empolgantes de sobe e desce das equipas que estão na luta pelo título, pois ninguém consegue comandar a tabela classificativa durante duas semanas seguidas. Esta semana a equipa do Jardim voltou a liderar a tabela com 50 pontos contra 49 dos Amigos de Khongolote e do Choupal. Resultados da 22ª jornada Circulo 2-4 Choupal V. Unidos 0-2 Amigos Matola Leões Bravos 0-2 Inhagoia Munna’s 0-2 ADV Mafalala 0-1 Jardim Amigos Kongolote 3-2 Madgumb’s Tsalala 4-1 Sustenta Luís Cabral 3-1 Xipanipane Eleven Main - Kongolote (não se realizou) Matendene (ficou de fora). 23ª Jornada Munna’s x Eleven Main Madgumb’s x Tsalala Luís Cabral x Kongolote Amigos Matola x Mafalala Inhagoia x Amigos Kongolote Xipanipane x Choupal ADV cmc x Veteranos Unidos Sustenta x Jardim Matendene x Circulo Leões Bravos (fica de fora) Jardim .............................50 Amigos Kongolote .........49 Choupal ..........................44 Tsalala .............................44 Amigos Matola ..............35 Luís Cabral ......................33 Munna’s ...........................29 Inhagoia ..........................27 Madgumb’s......................27 Kongolote ........................24 Matendene ......................23 Mafalala ...........................22 Xipanipane ....................22 Circulo ............................21 Eleven Main ....................20 Leões Bravos .................20 Sustenta............................15 Veteranos Unidos...........3 Classificação actual Bairro de Hulene Taça - Hula em andamento Arrancou a disputa da Taça Hula-2019 em veteranos. Domingo passado, rodou a primeira jornada. Os Jogos estão divididos em três grupos de quatro equipas cada, no sistema de todos contra todos numa única volta, para depois se apurar o primeiro classificado de cada grupo e o segundo melhor classificado, para a fase seguinte. Esta semana o campeonato volta a entrar em acção na sua 14ª jornada e a primeira da segunda volta. Resultados da 1ª jornada da Taça Grupo A Veteranos 1-1 Nova Aliança Ondas do Mar 0-2 Matsuva Grupo B Sporting 1-1 Nova Luz Cruzeiro 2-0 Mavalane Grupo C Célula H 2-1 Tigres Ressuscitados 3-0 Célula D Jogos da 14ª Jornada Mavalane x Veteranos Nova Luz x Ondas do Mar Célula H x Sporting Cruzeiro x Célula D Célula A x Ressuscitados Tigres x Nova Alianca Escorpião x Mastsuva Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 |desporto | zambeze | 21 A maldição Mourinho Pai aborda situação de Svilar O Vitória de Setúbal tem contado com a presença, nas suas bancadas, do seu mais famoso adepto. Mas nunca ganha quando José Mourinho está presente. Setubalense e adepto do Vitória de Setúbal, José Mourinho tem aproveitado algum do muito tempo livre que tem desde que ficou sem clube para assistir a algumas partidas no Estádio do Bonfim. No entanto, segundo o jornal “A Bola”, a presença do Special One nas bancadas do recinto sadino está a tornar-se uma espécie de maldição. Em quatro jogos com José Mourinho a assistir, o Vitória de Setúbal não conseguiu ganhar nenhum. No total soma duas derrotas (SC Braga e Santa Clara) e dois empates (Portimonense e Tondela), o mais recente na jornada inaugural da Liga 2019-2020. Sneijder anuncia retirada do futebol Depois de terminar contrato com o Al-Gharafa do Catar no passado mês de junho, Wesley Sneijder anunciou oficialmente que se retirou do futebol profissional, naquele que foi um pendurar de botas «silencioso». Com 35 anos, o médio ofensivo realizou o seu último jogo oficial a 6 de Dezembro, tendo acumulado lesões musculares que o impediram de terminar a carreira de outra forma. A notícia surge esta segunda-feira, ironicamente, depois do jogador ter assinado contrato com o Utrecht da Holanda: não como jogador, mas para aluguer da SkyBox do estádio Galgenwaard, um espaço fechado e privativo, semelhante a um camarote. Entrevistado pelo clube que na época passada terminou em sexto lugar no campeonato holandês, Sneijder referiu ter «um grande sentimento pela cidade [Utrecht].» «Agora que parei de jogar futebol, quero ter um bom lugar para partilhar as minhas memórias», disse ainda. Além do segundo lugar Mile Svilar vive uma situação de impasse no Benfica. O jovem guardião belga perdeu espaço nas escolhas de Bruno Lage e alinhou ao serviço da equipa B no domingo, numa altura em que os encarnados procuram emprestá-lo a algum clube. O pai do guarda-redes, que completa 20 anos a 27 de Agosto, abordou a situação do filho e garantiu que Bruno Lage não diz “quase nada” ao filho. “Teve propostas em Junho e Julho, mas, na altura, disseram- -lhe que tinha de ficar e todos os clubes que o queriam contrataram guarda-redes. Faltam duas semanas para saber o que vai acontecer”, começou por dizer Ratko Svilar, em declarações ao jornal A BOLA, na edição desta terça-feira, prosseguindo. “Se ele não sair agora, veremos o que acontece em Janeiro. (...) Ele [Bruno Lage] quase não lhe diz nada”, revelou o pai do guarda-redes belga. Apesar de viver uma situação negativa na Luz, Ratko Svilar garante que o filho não está arrependido por ter assinado pelo Benfica no verão de 2017. “Não está arrependido. Está a ser uma experiência boa e enriquecedora. Ele também, tem de trabalhar. E o Benfica não é o único clube na Europa”, rematou o pai de Svilar. Recorde-se que actualmente Svilar ocupa o terceiro lugar na hierarquia de guarda-redes no Benfica. Odysseas Vlachodimos é o dono da baliza e o jovem Zlobin surge como segunda escolha. Além disso, não está afastada a possibilidade de chegar um reforço para a baliza, depois de falhada a contratação de Mattia Perin. A Corrida Azul é a primeira e única, em Moçambique, cujo registo de participantes é efectuado através de um aplicativo para telemóveis, já disponível no Play Store e Apple Store. Trata-se de uma inovação tecnológica que visa facilitar e flexibilizar o processo de inscrição de participantes nacionais e estrangeiros na meia-maratona, promovida pelo Standard Bank, com os patamares organizacionais das corridas realizadas noutros cantos do mundo. Através desta tecnologia, mais de 1.000 pessoas já se inscreveram, para participar na terceira edição da Corrida Azul que se realiza, no dia 31 de Agosto, em Maputo, para celebrar os 125 anos do Standard Bank, que se assinalam a 20 de Agosto. Mais do que celebrar os 125 anos do Standard Bank, a Corrida Azul tem como objectivo ajudar a promover o atletismo nacional, despoletando talentos que possam representar Moçambique em competições internacionais. Trata-se, igualmente, de uma acção de responsabilidade social corporativa, que visa incentivar as pessoas a abandonarem o sedentarismo e adoptarem hábitos de vida saudáveis, razão pela qual a corrida contempla, também, a componente de caminhada e ginástica aeróbica. Pela primeira vez, esta edição da Corrida Azul terá um percurso de meia-maratona, 21 quilómetros para atletas profissionais/federados. Os populares terão, também, um desafio maior, pois farão um percurso de 15 quilómetros, contra os 13 do ano passado. Importa salientar que a prova compreenderá as categorias de federados, populares, veteranos e portadores de deficiência. A Corrida Azul do Standard Bank teve início em 2014, quando o banco celebrou 120 anos de sua implantação em Moçambique. Constituiu uma experiência única e bastante surpreendente pois, contra todas as expectativas, teve participação de atletas estrangeiros, tanto na categoria de masculinos como de femininos. No ano passado, ultrapassou, uma vez mais, a expectativa ao registar uma participação recorde de perto de mil pessoas numa prova realizada em condições climatéricas adversas. A ter lugar a 31 de Agosto Mais de mil participantes já aderiram à Corrida Azul no campeonato do mundo, Sneijder venceu a Liga dos Campeões pelo Inter de José Mourinho, também em 2010, numa época em que muitos defendem que o médio criativo devia ter vencido o prémio de melhor jogador do mundo.No currículo ficam mais de 700 jogos por clubes e pela Holanda, onde foi internacional por 134 ocasiões, assim como 182 golos e 172 assistências. 22 | zambeze | Internacional| Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 Israelitas Lucram com Espionagem Privada Persistem sinais de exacerbamento da agitação provocada pelas políticas anti-corrupção do PR João Lourenço (JL) em estratos das elites política, empresarial e militar do regime implicadas na média e alta corrupção. O clima de agitação foi acentuado pela criação pelo PR de um grupo de trabalho multi-sectorial cuja missão consistiu em identificar, no país e no estrangeiro, investimentos privados constituídos com base em património do Estado ou financiados com dinheiros públicos (AM 1179). A intranquilidade que as políticas anti-corrupção de JL têm alimentado em sectores das elites também é empolada por percepções generalizadas S egundo as quais é selectivo o seu carácter. A evidência decorre do facto de os indivíduos até agora atingidos serem quase todos familiares directos ou próximos do ex-PR, enquanto outros, aparentemente também envolvidos em casos de corrupção, têm sido poupados por serem próximos de JL. Tendo em conta a participação conjunta de todos em investimentos alegadamente efectuados com dinheiros do Estado, o relatório do grupo de trabalho expõe particularmente Manuel Vicente (MV), o Gen. Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa” e o Gen. Leopoldino“Dino” do Nascimento. Ao contrário dos seus antigos parceiros, MV terá, porém, procedido ao repatriamento de capitais que detinha no estrangeiro – um gesto também interpretado como tendo servido para melhorar a sua reputação. No início do seu mandato, JL procedeu ao afastamento dos Gen. “Kopelipa” e José Maria (JM), ambos próximos do ex- -PR José Eduardo dos Santos, por terem atingido o limite de idade. Para a chefia do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE), JL escolheu Fernando Miala (FM), com quem partilha o distanciamento em relação a “Kopelipa” e JM. O SINSE, cuja actividade está concentrada no plano interno, é o mais importante dos serviços de informações angolanos em termos de orçamento, volume de pessoal e grandeza da sua estrutura. O terrorismo, o crime organizado e a corrupção representam as componentes da sua acção a que é prestada mais atenção.Complementando mudanças de orientação antes assinaladas no SINSE, a tutela do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), desde sempre exercida pelo PR, através da sua Casa Militar , foi transferida por JL para o Estado Maior General das Forças Armadas (EMGFA). O grosso das atenções do SINSE passou a estar concentrado em objectivos como a corrupção no Estado, e não no controlo dos partidos da oposição. Recentemente, é notado um reforço da rede encoberta de oficiais do SINSE nos ministérios, outros organismos oficiais e empresas públicas. A acção dos oficiais do SINSE já terá sido decisiva na investigação e instrução de processos de acusação movidos ultimamente contra altos funcionários do Estado. Desenvolvimentos e Análise Mirco Martins (MM), enteado e “testa-de-ferro” de MV em diversos negócios e empresas, tem encetado contactos com empresas especializadas em espionagem electrónica (intercepção de telefonemas, mensagens e e-mail),tendo em vista contratar os seus serviços. Para vencer as resistências das referidas empresas em contratar tais serviços a privados, MM tem invocado a sua ligação a MV, e proximidade deste em relação a FM.Outros elementos da elite também interessados na contratação de serviços semelhantes são, conforme apurado, “Kopelipa”, “Dino” e Isabel dos Santos. “Kopelipa” recorreu no passado aos serviços de Haim Taib (HT), cuja empresa, Mitrelli Angola, prestou serviços à Presidência na área de vigilância electrónica e cibersegurança. Os serviços da empresa têm sido preteridos pela actual presidência, levando HT a procurar clientes no sector privado. Alvo de interesse dos referidos elementos são também os serviços do grupo LR, ligado no passado a contratos de segurança e defesa com o Governo. controlado por ex-oficiais israelitas, Ami Lustig e Roee Ben-Yamil, a LR mantém actividade intensa em vários países africanos.Por apurar está o envolvimento de empresas especializadas no ataque de que foi alvo em JUN. o sistema informático da Sonangol EP, durante a conferência internacional “ Angola Oil &Gas” em Luanda, de que resultou o acesso a informação privilegiada e o desaparecimento de ficheiros dos servidores da empresa. Angola: PCA da ENSA Advogado à Margem da Lei Manuel Gonçalves (MG), PCA da seguradora pública ENSA, é o representante legal de Emanuel Madaleno (EM) e Isaura Sobrinho (IS) num diferendo familiar sobre imóveis. Arepresentação é assegurada pela firma de advocacia que lidera, a MG Advogados, e apesar de a Lei da Probidade dos funcionários públicos impedir que estes exerçam funções simultaneamente no sector privado. Conforme apurado, MG e EM mantêm relações pessoais estreitas,sendo a essas atribuídas o facto de se ter exposto pessoalmente a processo (é signatário de uma carta de JUL. à contraparte no processo - a Hilário e Solano Advogados, que representa a Gestim - Gestão Imobiliária Lda.) . A Gestim agrupa os interesses imobiliários de outros irmãos de EM, e o diferendo diz respeito à propriedade de fracções num condomínio detido pelo pai, Carlos Madaleno, no bairro de Talatona (L uanda) . EM e IS recusam o pagamento à Gestim de USD 1,9 milhões, valor remanescente (deUSD 2,9 milhões) a pagar pelos referidos imóveis. Na resposta, é referido que a Gestim é devedora de USD 8 milhões a IS, valor a que é abatido à dívida reclamada. Assim, é exigido à Gestim o pagamento de USD 6,1 milhões. O diferendo deverá ser objecto de negociações entre as partes, através dos referidos escritórios de advogados. O patriarca da família Madaleno encontra-se em Portugal, onde tem sido submetido a tratamentos médicos. Angola Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 | Internacional | zambeze | 23 RDC anuncia cura do Ébola através de novos medicamentos As autoridades sanitárias congolesas anunciaram a cura de duas pessoas infectadas com o vírus do Ébola após 11 dias de tratamento em Goma, leste da República Democrática do Congo (RDCongo), numa prova da eficácia de novos medicamentos. “É com grande alegria que anunciamos que entre os casos confirmados de Ébola em Goma, dois foram curados. Para nós é uma mensagem forte de que o Ébola é curável. Já há tratamento”, declarou Jean-Jacques Muyembe, coordenador da resposta contra o vírus na RDCongo. O especialista congolês explicou que estão em estudo “dois tratamentos, o mAb114 e o REGN-EB3. “Trata-se de duas moléculas que iremos utilizar com base nos resultados que obtivemos até agora, em que se revelaram eficazes”, explicou o especialista e pioneiro na luta contra o Ébola. As autoridades sanitárias norte- -americanas, que financiaram um estudo sobre o tratamento do vírus, indicaram que os dois medicamentos aumentaram significativamente a taxa de sobrevivência de pacientes no quadro de um ensaio clínico na RDCongo. Entre as cerca de 500 pessoas cujos dados foram analisados Apartheid e cidades de lata marcam o país mais desigual Apesar do fim do regime segregacionista, negros expulsos de suas terras e de zonas urbanas com infraestrutura enfrentam grandes obstáculos geográficos e económicos Em Fevereiro de 1966, o regime do apartheid na África do Sul decidiu tornar exclusiva aos brancos uma área central e densamente povoada na Cidade do Cabo ao pé da Table Mountain. Nos 15 anos seguintes, mais de 60 mil negros e uma minoria “coloured” (mestiça) foram expulsos do chamado District Six, onde havia ampla infra-estrutura e transporte, para campos vazios e arenosos a mais de 30 km do centro. Chamadas de “flats” (planos), essas áreas da Cidade do Cabo abrigam hoje algumas das maiores e mais precárias favelas da África do Sul, país que é considerado o mais desigual do mundo. Mesmo após o fim do regime do apartheid, que vigorou entre 1948 e 1994, a disparidade histórica entre pobres e ricos na África do Sul continuou subindo, a ponto de os 10% mais ricos capturarem hoje cerca de 65% da renda nacional Acima, estátua de Nelson Mandela na sede da Prefeitura da Cidade do Cabo e placa da década de 1960 que determinava local exclusivo a brancos no país; abaixo, casas de alto luxo na região litorânea Na Cidade do Cabo, Khayelitsha que na língua bantu xhosa significa “Nosso Novo Lar” é a maior dessas aglomerações humanas, chamadas de “townships”. As mais comuns são compostas de milhares de barrancos feitos de chapas de metal e sustentados por armações de madeira fixadas no chão. Presentes em quase todas as grandes cidades sul-africanas, como em Johanesburgo e sua famosa Soweto, essas “cidades de lata” acabaram reforçando a segregação geográfica entre negros e brancos que já existia desde antes do apartheid. Em 1913, ainda sob o domínio do Império Britânico, mais de 90% do território sul-africano foi reservado exclusivamente à população branca pela chamada Lei de Terras. Foi uma forma de consolidar o poderio inglês no país, alvo de longa disputa anterior por terras, ouro e diamantes com holandeses os primeiros europeus a colonizar a África do Sul, a partir de 1652. Passados 25 anos desde o fim do apartheid, período em que o Estado restituiu cerca de 20% da terra própria para agricultura em favor dos negros, as “townships” não param de crescer. Devido ao inchaço desordenado, nas bordas mais distantes de Khayelitsha milhares de seus 600 mil habitantes não têm banheiros, água encanada ou eletricidade em casa. Nem calçamento da porta para fora, onde as ruas de areia vivem alagadas durante o inverno e salpicadas de lixo. Filho de Bolsonaro pede apoio ao Senado para ser embaixador O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, enviou na a empresários o projecto que pretende levar a Washington caso seja nomeado embaixador nos EUA, procurando agora o apoio do Senado. Numa reunião com empresários em São Paulo, Eduardo Bolsonaro enumerou algumas das suas mais-valias para o cargo e apelou aos executivos da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), a maior entidade de classe da indústria do país, a conversar com os senadores, de forma a convencê-los dos benefícios que a sua nomeação traria para a economia brasileira. O deputado parlamentar de 35 anos foi proposto pelo seu pai para o cargo de embaixador em Washington e já recebeu o apoio oficial norte- -americano. Porém, para assumir o cargo, o terceiro filho do chefe de Estado brasileiro necessita ainda de ser oficialmente nomeado e contar com o apoio do Senado. “Dependo do apoio do Senado Federal. Tenho o apoio dos senhores e, caso vocês tenham algum contacto com os senadores, digam-lhes que essa abertura que tenho junto da Casa Branca vai acelerar e muito os acordos comerciais e, em outros sectores que lhes interessam”, disse Eduardo Bolsonaro, o deputado mais votado nas eleições legislativas de Outubro passado. Segundo o deputado, um dos seus objectivos como embaixador será apresentar nos Estados Unidos as “bandeiras económicas” promovidas pelo novo Governo. “São essas as bandeiras que eu quero levar aos EUA. E dizer-lhes que ocorreu uma mudança no Brasil, que não foi só na questão da corrupção, mas também no pensamento económico”, acrescentou Eduardo Bolsonaro. O deputado, que é também presidente da Comissão de Relações Exteriores na Câmara baixa, citou o acordo de livre comércio assinado em Junho passado entre a União Europeia e o Mercosul como forma de “derrubar barreiras”, e lembrou que os Estados Unidos já expressaram a sua intenção de assinar o seu próprio acordo com o Brasil. O filho do Presidente brasileiro reuniu-se na segunda- -feira com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e com o restante conselho de administração e, posteriormente, jantou com empresários que possuem interesses nos Estados Unidos. Enquanto Eduardo Bolsonaro procura por apoios, o Ministério Público Federal (MPF) do Brasil informou na segunda-feira que entrou com uma acção civil pública contra a indicação do deputado para a embaixada do país em Washington. (de um total de 681 pacientes), a mortalidade caiu 29% com o REGN-EB e em 34% com o mAb114, especificou Anthony Fauci, director do Instituto norte-americano para as Doenças Infecciosas e Alergias. A taxa de mortalidade dos pacientes que não receberam quaisquer tratamentos foi de entre 60 e 67%. Os dois tratamentos são constituídos por anticorpos monoclonais que intervêm na neutralização da capacidade do vírus infetar outras células. Desde que a epidemia do vírus foi declarada no país, em 01 de agosto de 2018, já foram vacinadas 181.389 pessoas. O Ébola transmite-se pelo contacto com fluidos corporais infetados e a rapidez do tratamento é determinante para as possibilidades de sobrevivência, mas muitas pessoas não acreditam que o vírus é real e optam por ficar em casa quando estão doentes, infetando quem cuida deles, alertam os profissionais de saúde. O Centro de Integridade Pública (CIP) voluntariou-se a financiar uma auditoria ao polémico recenseamento eleitoral da província de Gaza, alvo de contestação pública. E m comunicado de imprensa, o CIP alega que os dados do recenseamento eleitoral realizado entre 15 de Abril a 30 de Maio são alvo de contestação pública devido à disparidade com os dados do Recenseamento Geral da População e Habitação realizado em 2017, referente à população em idade eleitoral. A realização de uma auditoria ao recenseamento eleitoral é a acção mais indicada para a verificação da origem da disparidade entre os dados da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e do Instituto Nacional de Estatística (INE), sendo para isso fundamental o acesso à base de dados do recenseamento, que é detida pela CNE” lê-se no comunicado Uma investigação prévia realizada peloCIP apurou que a grande disparidade de dados verifica-se nos distritos de Xai- -Xai, Manjacaze, Chókwè, Bilene Macia e Chibuto. O INE, baseando-se em dados do Censo de 2017, comunicou publicamente que existem 836 581 cidadãos em idade eleitoral na província de Gaza, enquanto dados finais do recenseamento eleitoral para as eleições de 15 de Outubro de 2019 indicam que foram inscritos pela CNE e Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) 1 166 011 eleitores na mesma província de Gaza. A diferença entre as duas instituições, ainda de acordo com o documento é de 329 430 eleitores, cifra muito elevada e capaz de influenciar os resultados eleitorais nesta província e a nível nacional. Caso não seja esclarecida a origem desta diferença, pode levar ao descrédito não só do recenseamento eleitoral como de todo o processo eleitoral, o fim último do recenseamento. Assim, acreditando que única forma de esclarecer essa disparidade de números é através de uma auditoria em Gaza, para além de disponibilizar-se a financiar o processo, o CIP contactou duas organizações internacionais com grande experiência na área que confirmaram estar preparadas para levar a cabo este trabalho sem interferir no calendário eleitoral. Os dados do recenseamento eleitoral são de acesso público e devem ser transferidos ao Arquivo Histórico nos termos do artigo 38 conjugado com o artigo 62 ambos da Lei n° 8/2014, de 12 de Março. Significa que a informação solicitada não está sujeita a nenhuma restrição de confidencialidade. A auditoria será realizada por uma empresa com experiência internacional na verificação de dados de identificação alfanumérica e biométrica e que já realizou auditoria ao recenseamento no Kenya, Senegal, Gana, Nigéria, Iêmen. As duas empresas internacionais que submeteram propostas técnicas e financeiras para a realização de auditoria confirmaram que é possível realizar auditoria baseando- -se em métodos rápidos para identificar as impressões digitais (ou a falta deles), as formas mais óbvias de invenção de eleitores “fantasmas”. O CIP acredita no interesse da CNE e dos partidos políticos para o esclarecimento deste caso e está aberto a partilhar mais dados e esclarecer quaisquer dúvidas que possam surgir. O presidente da CNE, Sheik Abdul Carimo, na semana passada, informou à diplomatas que não tendo este órgão de gestão eleitoral condições, não se opunha a auditoria com financiamento externo. Assim, o CIP aguarda pela disponibilização de dados pela CNE para a realização de auditoria, que não deverá afectar o calendário eleitoral Um grupo de confissões religiosas exige a purificação nas igrejas  para evitar a proliferação de seitas com práticas que consideram nocivas à sociedade. A preocupação foi inicialmente apresentada ao Presidente da República, Filipe Nyusi, a quem pediram para que acabe com a tolerância que o governo está a ter. Segundo os contestatários, há práticas que mancham o papel da religião, como o uso da igreja como fonte de rendimento, através de exigências de dízimos que chegam a totalidade do salário dos crentes, ou a  proibição dos fiéis de recorrer ao tratamento médico. Outras seitas, diz o grupo queixoso, promovem falsas profecias de curas, e impedem os seus seguidores de aderir a campanhas de vacinação ou votação. O assunto já esteve ao nível do Conselho Cristão de Moçambique, órgão que congrega as igrejas cristãs, mas, porque as contestadas não fazem parte, o assunto foi levado para a intervenção do governo. O Ministro da Justiça, assuntos Constitucionais e Religiosos,  Joaquim Veríssimo, disse que o governo não está alheio ao problema e há medidas que estão a ser tomadas. Segundo indicações do jornal electrónico a Carta, o governo já concluiu uma proposta de lei que vai regulamentar o funcionamento das igrejas. Uma das mediadas que serão proibidas pela legislação é precisamente a transformação das igrejas em fontes de rendimento.VOA Confissões religiosas exigem purificação das igrejas em Moçambique CIP disposto a financiar auditoria ao recenseamento eleitoral de Gaza 24 | zambeze | nacional| Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 zambeze | 25 A NOVOMÉDIA, SARL, PROCURA AGENTES PARA VENDER O JORNAL EM TODAS AS PROVÍNCIAS DO PAÍS CONTACTOS: 823073450/ 847714280 ZAMBEZE Comercial Quinta-feira, 07 de Fevereiro de 2019 | naCionaL | zambeze | 15 PRM neutraliza traficantes de drogas Esta informação foi avançada pelo Comando- -Geral da PRM no seu habitual briefing semanal das principais ocorrências no país. De acordo com o comunicado sobre as principais incidências criminais no país, no período em análise foram registados 125 delitos de natureza criminal contra 144 de igual período do ano transacto, havendo uma redução em 19 crimes, correspondentes a 13%. De acordo com a PRM, o desempenho policial situou-se em 88%, mercê do esclarecimento de 110 dos 125 crimes, contra 87 de operatividade policial obtida em igual período comparativo de 2018. Relativamente à tipologia dos 125 crimes registados, 32 são contra as pessoas, 80 contra o património, 10 contra a ordem, segurança e tranA Polícia da República de Moçambique (PRM) neutralizou na semana finda, no bairro da Mafalala, na cidade de Maputo, sete indivíduos que se dedicavam ao tráfico e consumo de estupefacientes, tendo apreendido na sua posse 60 quilogramas de canábis-sativa, vulgo soruma. Ainda na semana passada, a PRM apreendeu no bairro Ribânguè, distrito da Manhiça, na província de Maputo, uma arma de fogo de tipo AK-47 contendo 30 munições. A arma tinha sido abandonada num canavial por indivíduos não identificados e foi recuperada graças à denúncia popular. quilidade públicas, um crime de perigo comum e dois contra exercício de funções. Foram detidos em território nacional 1.260 indivíduos, sendo 1040 por violação de fronteiras, dois por imigração ilegal e 218 por práticas de delitos comuns. No que diz respeito à segurança rodoviária, a PRM registou um total de 24 acidentes de viação, contra 30 do igual período de 2018, tendo resultado na morte de 18 pessoas, 22 feridos graves, 5 feridos ligeiros e danos materiais. Destes acidentes, 13 são do tipo atropelamento, cinco de choque entre carros, quatro despistes e capotamento, dois de choque entre carro e moto. Ainda no período em análise, foram fiscalizadas 50.706 viaturas e apreendidas 94, 266 cartas de condução, 151 livretes, 4.266 multas aplicadas, 15 condutores detidos por condução ilegal e 12 por tentativa de suborno. Foram apreendidas igualmente cinco armas de fogo, das quais uma AK47, três pistolas e uma de pressão de ar, nas províncias de Maputo, Sofala e Nampula, respectivamente. Foram recuperadas 26 viaturas, 14 motorizadas, 90 telemóveis, oito computadores, 70 cabeças de gado bovino, 31.6 quilogramas de soruma, dois quilogramas de cocaína, duas mil pedras preciosas tipo granada e 31.400 meticais e numerário. z INSTITUTO SUPERIOR DE FORMAÇÃO INVESTIGAÇÃO E CIÊNCIA VAGAS PARA CORPO DOCENTE 2019 Áreas de Formação: Direito Turismo e Hotelaria Educação e Serviço Social Psicologia Social Ciências Exactas Relações Internacionais Filosofia Para candidatura, são necessários os seguintes documentos: Carta de apresentação Cópia do certificado de habilitações ou diploma do último grau obtido Curriculum Vitae Cópia do documento de identificação Obs: Candidaturas abertas até ao dia 02/02/19 Endereço: Avenida Emília Daússe, 1990, casa da Educação da Munhuana, Alto Maé -1100 Maputo. Mestres e Doutores Total de vagas Corpo Docente 18 8 Total de Cursos Nr. vagas de mestres e doutores Mestres Inteiro H M H M H M H M Parcial Inteiro Parcial Doutores 2 1 2 3 3 3 2 2 Comercial Comercial dOUtOR MUANA (CABEÇA dE VElHO) EStA NA CApItAl dE MApUtO E CURA VÁRIAS dOENÇAS COM RAíZES ENdEREÇO: paragem do Alto Maè, AV. de Angola. Contactos: 84 2236478 | 86 0275161 | 82 2227611 1 - ZIMBA pOWER – Serve para aumentar sexo masculino e aumenta a potência sexual 2 - MWItA – Cura doenças com injecção urinária, período prolongado, paralisia 3 - tEMBOSHA – Trata mulher que tem dificuldades de engravidar, e outras que tem falta de vontade de fazer sexo. 4 - KACHElA – Ele serve para tirar espíritos maus no seu corpo, sua casa, seu terreno, etc. E muito mais como: recuperação de amor perdido, dores de coração, dores de útero, diabetes, hemorróides, mau cheiro na boca, comichão no corpo, deixar de fumar e fazer xixi na cama, sonecar de qualquer maneira. | comercial | ZAMBEZE ANUNCIE NO Departamento Comercial Contactos: (+258) 82 307 3450 (+258) 824576070 | (+258) 84 269 8181 E-mail: esmelifania2002@gmail.com esmelifania2002@yahoo.com.br Aqui está a boa nova. O ISFIC faz parte dos membros da  Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP),  uma ONG internacional que promove a cooperação e troca de informações entre universidades e institutos superiores. A admissão aconteceu no mês de Julho, durante o XXIX Encontro dos Membros da AULP, que decorreu, em Portugal, sob o lema “Arte e Cultura na Identidade dos Povos”. Constituída por mais de 140 membros dos oito países de língua oficial portuguesa –  Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,  Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor – e Macau a AULP tem como missão facilitar a comunicação entre os membros em prol do desenvolvimento colectivo do ensino e da língua portuguesa no mundo,  estimular a investigação e o intercâmbio de alunos e docentes, propor uma reflexão contínua através da divulgação diária de notícias e organização de conferências e eventos. Bem-haja família ISFIC. Na imagem, Arminda Janfar, Administradora do ISFIC à direita, exibindo o troféu! ISFIC entrou na família académica da AULP Aqui está a boa nova. O ISFIC faz parte dos membros da  Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP),  uma ONG internacional que promove a cooperação e troca de informações entre universidades e institutos superiores. A admissão aconteceu no mês de Julho, durante o XXIX Encontro dos Membros da AULP, que decorreu, em Portugal, sob o lema “Arte e Cultura na Identidade dos Povos”. Constituída por mais de 140 membros dos oito países de língua oficial portuguesa –  Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,  Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor – e Macau a AULP tem como missão facilitar a comunicação entre os membros em prol do desenvolvimento colectivo do ensino e da língua portuguesa no mundo,  estimular a investigação e o intercâmbio de alunos e docentes, propor uma reflexão contínua através da divulgação diária de notícias e organização de conferências e eventos. Bem-haja família ISFIC. Na imagem, Arminda Janfar, Administradora do ISFIC à direita, exibindo o troféu! 26 | zambeze |ECONOMIA| Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 Moscovo pisca olho ao comércio com Moçambique A Rússia manifestou o interesse na intensificação das trocas comerciais com Moçambique, para o aproveitamento do potencial existente, assinalando que os últimos anos têm registado avanços na cooperação bilateral, segundo o embaixador em Maputo. “Há um potencial de crescimento e diversificação da estrutura do comércio entre a Rússia e Moçambique, queremos aumentar a proporção de mercadorias industriais”, afirmou Alexander Surikov. O diplomata russo expressou o desejo de estreitamento dos laços comerciais com Moçambique, quando falava em conferência de imprensa sobre a cooperação bilateral e a aposta de Moscovo em estreitar os vínculos comerciais com África. Cervejas de Moçambique em crescimento acentuado A Cervejas de Moçambique (CDM) obteve 7,9 mil milhões de meticais, numa Oferta Pública de Subscrição de Acções na Bolsa de Valores de Moçambique (BVM). O presidente da BVM, Salimo Valá, afirmou que, com a operação, a CDM tornou-se na empresa com maior peso na capitalização em bolsa em Moçambique, atingindo 23,2%. A empresa é igualmente detida pelo maior número de accionistas no mercado de capitais moçambicano, com 2.118. “Pela opção estratégica de usar o mercado de capitais de forma insistente e com a renovada confiança, tenho de enaltecer e louvar a CDM por expressar com actos a importância da BVM no sistema financeiro e na economia moçambicana”, declarou Salimo Valá. A recente colocação bolsista foi a segunda da cervejeira, depois da primeira, em 2012. O director-geral da CDM, Pedro Cruz, afirmou que o capital angariado na bolsa será usado na construção, já em curso, da segunda fábrica da companhia no sul de Moçambique. Economist Intelligence Unit melhora previsão de recessão A consultora Economist Intelligence Unit (EIU) melhorou a previsão de recessão económica para Moçambique este ano, antecipando agora um crescimento negativo de apenas 0,5% este ano e uma expansão de 3% no próximo ano. “Os ciclones no princípio do ano causaram estragos à infra-estrutura, construções, portos e agricultura, o que pesará no crescimento do país neste e no próximo ano”, escrevem os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist. Numa nota sobre a economia do país, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas antecipam “uma contracção de 0,5% em 2019, antes de uma recuperação em 2020, com um crescimento de 3%”, o que fará com que o crescimento real do PIB acelere para uma média de 5,6% entre 2021 e 2022. As previsões dos analistas são consideravelmente melhores do que as feitas no final de junho, quando previam uma recessão de 2,2% este ano e um crescimento de 2,7% no próximo ano. “A indústria do gás será provavelmente o maior motor da expansão económica, com as americanas ExxonMobil e a Anadarko a planearem grandes centrais de exportação de gás natural, e a Eni a construir uma central equivalente ao largo da costa”, argumentam os analistas. Do ponto de vista político, a análise da EIU salienta o domínio das eleições presidenciais e parlamentares em 15 de Outubro e as negociações de paz entre os dois principais partidos políticos no país. “A Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique] vai ter de conseguir suplantar as frustrações dos eleitores sobre o alto nível de desemprego e as limitadas oportunidades económicas, com a política orçamental a continuar a tentar aumentar os padrões de vida para estancar estas tensões”, escrevem. A Frelimo, dizem, “vai continuar a exercer o seu domínio do espaço político e a sua influência sobre as instituições estatais e a comunicação social vai ser uma vantagem” e, por isso, esperam que vença as eleições de Outubro. Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 |ECONOMIA| zambeze | 27 Os parceiros dos consórcios da Área 1 Mozambique LNG e da Área 4 Coral Sul LNG denotam apreensão quanto a um previsível aumento dos custos dos projectos de gás natural, em fase de arranque na província de Cabo Delgado . Acontínua degradação da situação de segurança na província e a falta de resposta eficaz das forças de segurança são já consideradas um custo que tende a agravar-se, caso o Governo mantenha o baixo nível de eficácia até agora demonstrado. As FADM lançaram em Janeiro uma ofensiva contra uma zona de refúgio das milícias radicais armadas, considerada operacionalmente satisfatória, mas sem travar os ataques - alguns dos mais recentes foram reivindicados pelo Estado Islâmico, numa tentativa de “apadrinhamento” dos rebeldes armados (de várias nacionalidades, incluindo tanzanianos e congoleses). O perímetro de segurança da base de Afungi é de cerca de 3.600 hectares “onshore”, incluindo infra-estruturas de armazenamento, residências temporárias e permanentes, áreas de construção e de manutenção, aeródromo, geradores de electricidade, estações de tratamento de águas e resíduos. Para além desta extensão ocupada pela base, existe ainda uma área de cerca de 3.400 ha. que será também da responsabilidade do consórcio Mozambique LNG, actualmente liderado pela Anardarko , e da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH). O encarecimento dos projectos preocupa também face ao aumento dos custos das subcontratações, sobretudo empresas estrangeiras, em virtude do aumento do risco na avaliação de segurança, e nos seguros de trabalho. Apesar das reservas quanto às condições de segurança e de movimento dos expatriados, começarão brevemente a ser montados os equipamentos para a perfuração dos 6 poços “offshore” na Área 4, liderada pela Eni e ExxonMobil , tendo como objectivo iniciar o processo em Setembro. O local situa-se a cerca de 70 Kms e a uma profundidade que rondará os dois kms. A Área 4 é operada pela Mozambique Rovuma Venture S.p.A. (MRV), “joint-venture” detida pela ExxonMobil, Eni e CNPC , que controla 70% da concessão de exploração e produção. A GALP, KOGAS e ENH detêm 10% cada. A responsabilidade comercial do projecto está a cargo da ExxonMobil e Eni. Os termos gerais Prazos para decisão final na Área 4 estão seguros Madeira sob olho da justiça O Tribunal Judicial da Província da Zambézia vai averiguar a legalidade da venda de 213 toros de madeira da espécie pau-ferro realizada pelo Tribunal Judicial do Distrito de Pebane sem a presença do Ministério Público. O pau-ferro é uma espécie de madeira protegida em Moçambique, devido ao risco de extinção, e o seu corte é proibido. “Vamos averiguar, naquilo que está dentro do que é possível”, disse o juiz presidente do Tribunal Judicial da Província da Zambézia, Paulo Cinco Reis, citado pela Rádio Moçambique. A madeira da espécie pau- -ferro tinha sido apreendida por fiscais da Reserva Nacional do Gilé por ter sido cortada numa área de conservação e pelo facto de a espécie em causa ser protegida. A decisão do Tribunal Judicial do Distrital de Pebane surpreendeu as entidades da Reserva Nacional de Gilé, a procuradoria distrital e outras entidades, porque não houve uma ampla divulgação do edital anunciando a venda nem a oportunidade de fiscalização da operação. do negócio contidos no Plano de Desenvolvimento do Projecto Rovuma LNG foram apresentados ao Governo no início do ano e aprovados em Maio de 2019. Por essa altura, mais de 80% dos compromissos entre o consórcio e os compradores de GNL estavam fechados, aumentando significativamente o grau de segurança do investimento. Informações relativas ao adiamento da decisão final de investimento (DFI) por parte dos membros do consórcio da Área 4 têm vindo a circular com crescente insistência. Entre os factores identificados como estando na origem da incerteza do projecto encontram-se as datas incumpridas para a assinatura da DFI e a degradação das condições de segurança na província, onde irá funcionar o complexo de GNL em terra e “offshore”. Conforme apurado, mantém-se válida a intenção do consórcio para a conclusão e assinatura da DFI antes do final de 2019. Segundo fontes do sector, as datas de assinatura têm sido meramente indicativas, porque os factores críticos prendem- -se desde o início com o financiamento do projecto e com a venda das grandes quantidades de GNL a produzir (cerca de 15 milhões de Toneladas por ano) que vieram a ser assegurados nos últimos dois anos. A viabilização económica do projecto, visando sobretudo assegurar a venda da totalidade do gás até finais da próxima década, está em processo de conclusão e as informações relativas à valorização do projecto em Moçambique pela ExxonMobil mantêm-se válidas. A própria ENI, que foi a empresa pioneira dos projectos de GNL no Rovuma , sobretudo desde a descoberta das reservas no bloco Coral em 2012 , iniciou entretanto a construção da unidade Floating Liquefied Natural Gas (FLNG) que irá proceder à extracção do gás no bloco Coral. A decisão da ENI foi tomada em Novembro de 2016, ainda antes da operação de venda de parte da sua participação à ExxonMobil. A recente formalização da DFI pelo consórcio liderado pela Anadarko constituiu um sinal de confiança nos projectos de GNL, mas foi igualmente ditada por questões relacionadas com o processo de compra (fusão) da multinacional pela Occidental Petroleum (OP). A operação foi fechada a 08 de Agosto, após a aprovação dos accionistas da Anadarko. A “marca” Anadarko irá manter- -se por agora, sendo iniciado o processo de fusão das empresas. A aceleração da DFI terá sido decidida pela Anadarko como factor de valorização da empresa, no quadro do processo negocial com a OP. 28 | zambeze |INSÓLITO| Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 ZAMBEZE ANUNCIE NO Departamento Comercial Contactos: (+258) 82 307 3450 (+258) 824576070 | (+258) 84 269 8181 E-mail: esmelifania2002@gmail.com esmelifania2002@yahoo.com.br Comercial Urso invade casa nos EUA e destrói parede ao fugir de policiais Morcego invade avião e assusta passageiros nos EUA Segundo as autoridades, animal foi atraído para a casa pelo cheiro do lixo. Moradores foram orientados a trancar portas e janelas de suas residências Um urso com fome invadiu uma casa no estado americano do Colorado e, ao fugir da polícia, destruiu parte da parede de madeira da construção. Policiais acreditam que o animal foi atraído ao local pelo cheiro do lixo. Acossado pela polícia florestal, o animal decidiu fugir e abriu um buraco na parede da casa. O urso preto é comum na região do Colorado e entra em casas e carros procurando comida. O Departamento de Parques e Vida Selvagem do estado emitiu um alerta para que os moradores da região tranquem portas e janelas. Avisos sobre possíveis encontros com ursos também foram passados para a população do Colorado. Passageiro capturou o animal e o prendeu em um copo até o fim da viagem Os passageiros de um voo da Spirit Airlines para Newark, Nova Jersey, nos Estados Unidos, tiveram uma visita inusitada. Um morcego entrou na cabine e sobrevoou o corredor durante a viagem. Peter Scattini, um passageiro, gravou e postou um vídeo no Twitter. Ele contou que outro passageiro capturou o morcego e o prendeu com a ajuda de um livro e de um copo no banheiro até o fim da viagem. A companhia aérea disse que o morcego foi retirado pelo Serviço de Controle de Animais após o voo, que o avião passou por uma limpeza e desinfecção para segurança e que ninguém ficou ferido durante o incidente, inclusive o morcego. Algo similar ocorreu em um voo da Delta Airlines em 2011 Surfista é atingido por ferrão de arraia e quase perde a visão na Austrália Surfista é atingido por ferrão de arraia e quase perde a visão na Austrália O caso aconteceu em Perth, oeste da Austrália; homem foi submetido a cirurgia facial e por sorte não entrou em contacto com o veneno do animal O surfista James Taylor estava curtindo o fim de semana com seu filho numa praia em Perth, oeste da Austrália, quando sentiu um corte no seu rosto. Sem saber identificar o que o feriu, James saiu da água para verificar o ferimento que constatou ser de um ferrão de arraia. James relatou ao jornal Nine News a sua experiência: “Eu senti um golpe enorme na minha bochecha e quando cheguei vi o sangue”, disse. “Parecia que algo havia me cortado, eu nem sequer pensei n uma arraia. Vesti uma roupa preta, mas logo ela estava vermelha (com sangue). Tomei um banho rápido e o sangue estava em todos os lugares ” Por sorte, James não foi atingido nos olhos ou no pescoço, o que poderia ter causado uma cegueira ou até a morte. Ele foi submetido a uma cirurgia facial para redução de danos estéticos e dentro de alguns meses poderá retornar ao surf. A arraia tem um ferrão serrilhado na cauda, que pode ser simples, duplo e até triplo. O ferrão entra com facilidade, por isso machuca muito, e é coberto por um muco onde fica o veneno que tem o poder de desintegrar a carne, formando uma necrose muito grande. Por sorte, o veneno não foi expelido quando James foi atacado. Frank O’Rourke surfava numa praia de Jacksonville, no estado da Flórida, quando foi surpreendido pelo ataque; ele teve perfurações no cotovelo Um ataque de tubarão ocorrido em Jacksonville, no estado da Flórida, Estados Unidos, terminou de uma maneira inusitada, ao invés de trágica. O surfista profissional Frank O’Rourke estava na água quando foi surpreendido pelo animal. Após ser socorrido pela equipe de salva-vidas, ele dispensou uma visita ao hospital e resolveu ir até um bar da região para comemorar. O surfista teve perfurações profundas no braço e no cotovelo. “O tubarão mordeu o meu cotovelo, me puxou e começou a se debater. Mas acho que ele sentiu o meu gosto e acabou desistindo”, brincou a vítima. “Eu estava chocado quando aconteceu, então eu não senti muita dor”, explicou O’Rourke, em entrevista ao canal de televisão ABC News . “Se ele realmente quisesse, ele poderia ter machucado mais o meu braço”, conta o jovem, que ainda disse que o tubarão, que estava perto da superfície, tinha cerca de um metro. Após conseguir se livrar do animal, o surfista correu até a praia para procurar ajuda e foi atendido pelos salva-vidas. Após os primeiros socorros, no entanto, o jovem dispensou a presença da ambulância e decidiu não ir ao hospital. Ao invés disso, ele resolveu ir para um bar local. “Ele disse que estava bem, chegou no bar e falou: ‘eu fui mordido por um tubarão’ e as pessoas compraram bebidas para ele”, conta o também surfista R.J. Berger, amigo da vítima e testemunha do ataque. Apesar do susto com o tubarão , O’Rourke descartou a possibilidade de deixar o esporte. “Quando você está no mar qualquer coisa pode acontecer”, disse. “Mas isso não vai me tirar da água, eu certamente vou voltar”, garantiu. Dois dias após o ataque, o jovem finalmente foi a um médico, que disse que ele estará liberado para voltar a surfar em algumas semanas. As cicatrizes, no entanto, ficaram marcadas na pele do atleta para sempre. Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 | CULTURA| zambeze | 29 Os melhores fotógrafos do mundo O que seria do mundo sem a fotografia? Ou melhor, o que seria dos acontecimentos mundiais sem os grandes fotógrafos para registarem tudo de forma brilhante e corajosa? Bem, certamente nada seria tão excitante sem os estímulos visuais proporcionados por eles. Ao documentarem eventos de grande importância histórica ou simplesmente os hábitos de pessoas comuns durante uma determinada época, esses profissionais sempre contribuíram muito para a humanidade. Segundo o Tramp, de entre centenas de representantes geniais dessa expressão artística, os eleitos são as personalidades que se seguem, conhecidos pelos seus fantásticos trabalhos. 1. DOROTHEA LANGE 4. HENRI CARTIER-BRESSON 7. JAMES NACHTWEY 2. SEBASTIÃO SALGADO 5. ROBERT CAPA 8. BRASSAI 3. ANNIE LEIBOVITZ 6. ROBERT DOISNEAU 9. PATRICK DEMARCHELIER 10. W. EUGENE SMITH Filha de imigrantes alemães, a norte-americana Dorothea Lange ficou famosa ao documentar desde muito nova o impacto da Grande Depressão em vários estados dos EUA durante a década de 30. Tendo como “Mãe Migrante”, de 1936, o seu registo mais famoso. Considerado o pai do fotojornalismo, o francês Henri Cartier-Bresson foi pioneiro no uso da câmera de filme 35mm durante o século XX e um dos fundadores da conceituada agência fotográfica Magnum. Fotógrafo da famosa revista Time desde 1984, James Nachtwey é muito comparado com Robert Capa por seus registos focados em guerras. Percorrendo os países mais diversos como Israel, Indonésia, Tailândia, Índia, Guatemala e Coreia do Sul, James capturou cenas chocantes como esta da foto acima. A fotógrafa norte-americana Annie Leibovitz é um dos nomes mais conhecidos se tratando em fotografias de celebridades. Em revistas como Rolling Stone e Vanity Fair, ela deixou sua marca retratando de forma intimista a vida dos famosos. O Fotógrafo francês Robert Doisneau era apaixonado por fotografia de rua e ficou famoso por registar o quotidiano das pessoas que viviam em Paris durante o século passado. Patrick Demarchelier é um fotógrafo autodidacta francês que descobriu sua vocação quando ganhou do padrasto um câmara Eastman Kodak. Já em Nova Iorque, ele se interessou pela fotografia de moda e se tornou um dos grandes nomes do estilo, trabalhando por muitos anos em revistas renomadas como Vogue e Harper’s Bazaar. O norte-americano W. Eugene Smith é considerado um ícone do fotojornalismo mundial por seus instigantes registos feitos principalmente durante a Segunda Guerra Mundial. Brasileiro nascido em Minas Gerais, Sebastião Salgado se consagrou mundialmente como foto documentarista por suas fotografias de estilo único. Um de seus trabalhos mais aclamados, chamado Êxodos, publicado no ano 2000, documenta o deslocamento em massa de pessoas do mundo todo em busca de melhores condições de vida. Nascido em Budapeste, Endre Ernő Friedmann, nome verdadeiro de Robert Capa, é conhecido como um dos principais fotógrafos de guerra do mundo por registar os principais conflitos mundiais durante a primeira metade do século XX. Nascido na Hungria em 1899, Brassai além de fotógrafo, era cineasta, escultor e escritor. Vivendo na França ele ganhou fama internacional ao registar de forma irreverente a vida nocturna parisiense. 30 | zambeze | cultura | Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 No lançamento do seu quinto álbum Magid Mussá aquece Associação dos Músicos O conceituado músico moçambicano, Magid Mussá, lança, amanhã, o seu novo trabalho discográfico em forma de concerto musical, no espaço da Associação dos Músicos moçambicanos. No lançamento do disco, que tem como título “Caminho certo”, Mussá será acompanhado por grandes nomes da música moçambicana como Wazimbo, Ta Basily, Tinito, Kastelo Bravo, Félix Moya, Kota Matuva, JEB e Antunes Monteiro, sob batuta da banda Five Fingers. “Caminho-Certo” foi produzido pela RAM Multimédia, e traz variedades de estilos musicais, como afro-jazz, marrabenta, reggae e outros que identificam a forma de ser e de estar deste consagrado músico moçambicano, natural de Inhambane, mas radicado em Maputo há mais de vinte anos. Magid Mussá, que é um dos ícones da geração de artistas popularmente conhecida como “Velha Guarda”, disse a nossa equipa de reportagem que, com o lançamento deste álbum em forma de concerto, pretende demonstrar e mostrar que a mesma continua viva na sociedade moçambicana. Refira-se que este cantor se notabilizou na década de 90 com o tema “Nhi Wone Uwe”, ou seja, “Eu vi você”. Iniciou- -se na arena musical em 1974, compondo e cantando em bitonga, sua língua materna. Mussá já subiu ao pódio do concurso radiofónico “Ngoma- -Moçambique”, organizado pela Rádio Moçambique. Com a carreira cheia de desafios, recorda para a nossa equipa o longo percurso. “A minha relação com a música começou durante a época colonial, não imaginava que dessa relação pudesse resultar um casamento que já vai há mais de quarenta anos. Por influência de Yola, músico sediado em Inhambane, fabriquei a minha primeira guitarra de lata de azeite de 4 fios de nylon. Aos 14 anos subi ao palco, no Clube de Inhambane, durante o período da transição, num espectáculo de sete conjuntos, onde actuou Jaco Maria, imitando os Rolling Stones num inglês “aldrabado”. Felizmente, conquistei o segundo lugar, isto ajudou a catapultar mais o meu desejo de ser músico”, disse a fonte. Começou a gravar na Emissora Provincial de Inhambane, em 1974. Em 1977, lança o primeiro disco “Xikwatane”, com uma banda constituída por Milagre Langa, irmão de Hortêncio Langa, o falecido Sox, Jaimito Machatine e Zeca Tcheco. Neste álbum, Magid condena o adultério e o envolvimento sexual com menores. “Nhi Wone Uwe” foi gravada em 1992. Essencialmente, focado na temática de amor dentro de um lar, foi o álbum que deu mais expressão ao músico. Com pouca divulgação, lançou os álbuns “Khedzi Sawane” – que significa “olha para trás” para dizer que um homem não pode se orgulhar excessivamente por aquilo que é e desprezar o outro – e “Gitivila”, moeda antiga sem valor comercial. “Achei um gitivila, limpei e deixei na minha gaveta e alguém roubou”. Fazendo analogia com a sua mulher que foi casada por outro homem. Estes álbuns são uma mistura de reggae, marrabenta e um pouco de soul music. Embora tenha algumas músicas cantadas em português, são, na maioria, cantadas em Gibitonga visto que “a música que me deu uma grande projecção cantei em Gibitonga, por isso julguei estratégico cantar nessa língua, também despertam o interesse pelas línguas bantu que não podem cair em desuso”. Magid Mussá venceu o prémio “Melhor Voz”, do “Ngoma Moçambique” em 2002 e foi sucesso nacional na década de 1990 e isso foi fruto de “uma boa composição, melodia, boa voz e uma banda que estava em altura de me acompanhar e isso concedeu-se alguma simpatia”. Com este novo álbum Mussá está convicto que vai resgatar a sua popularidade e auto- -estima, uma vez que se trata de temas sociais e o próprio título foi extraído duma das músicas do disco. Foi um trabalho que levou quatro anos a compor as letras, advertiu, assumindo que “não desapareci, sou profissional de música, vivo dela. Ainda canto, infelizmente, com poucas aparições públicas. Agora, ganho o meu pão actuando nas casas de pasto, festas e em festivais”. O músico, actualmente, vive no bairro Ferroviário das Mahotas, cidade de Maputo. Nasceu na cidade de Inhambane, no bairro da Liberdade. Aos seis anos foi viver com um tio, na cidade de Maxixe. Técnico agrícola de formação, foi quadro do Ministério de Agricultura. Leccionou por falta de quadros, abandonou o ensino e voltou ao Ministério de Agricultura no auge da guerra de desestabilização. Descoberto, a trabalhar em Marracuene, volta aos palcos em 1985 e grava a música sorriso. Nessa década, foi fazendo espectáculos em todo o país, embora trabalhasse para o Ministério da Agricultura. Com quarenta e três anos de carreira Magid Mussá volta a lançar o seu álbum de originais, dezasseis anos depois. Alberto Mazanga Quinta-feira, 15 de Agosto de 2019 | cultura | zambeze | 31 Ao tratar do conceito de cultura, a sociologia se ocupa em entender os aspectos aprendidos que o ser humano, em contacto social, adquire ao longo de sua convivência. Esses aspectos, compartilhados entre os indivíduos que fazem parte deste grupo de convívio específico, reflectem especificamente a realidade social desses sujeitos. Características como a linguagem, modo de se vestir em ocasiões específicas são algumas características que podem ser determinadas por uma cultura que acaba por ter como função possibilitar a cooperação e a comunicação entre aqueles que dela fazem parte. A cultura possui tanto aspectos tangíveis - objectos ou símbolos que fazem parte do seu contexto - quanto intangíveis - ideias, normas que regulam o comportamento, formas de religiosidade. Esses aspectos constroem a realidade social dividida por aqueles que a integram, dando forma a relações e estabelecendo valores e normas. Esses valores são características que são consideradas desejáveis ou indesejáveis no comportamento dos indivíduos que fazem parte de uma cultura, como por exemplo o princípio da honestidade que é visto como característica extremamente desejável em nossa sociedade. As normas são um conjunto de regras formadas a partir dos valores de uma cultura, que servem para regular o comportamento daqueles que dela fazem parte. O valor do princípio da honestidade faz com que a desonestidade seja condenada dentro dos limites convencionados pelos integrantes dessa cultura, compelindo os demais integrantes a agir dentro do que é estipulado como “honesto”. Cultura e diferença As normas e os valores possuem grandes variações nas diferentes culturas que observamos. Em algumas culturas, como no Japão, o valor da educação é tão forte que falhar em exames escolares é visto como uma vergonha tremenda para a família do estudante. Existe, então, a norma de que estudar e ter bom desempenho académico é uma das mais importantes tarefas de um jovem japonês e a pressão social que esse valor exerce sobre ele é tão forte que há um grande número de suicídios relacionados a falhas escolares. Para nós, no entanto, a ideia do suicídio motivado por uma falha escolar parece ser loucura. Mesmo dentro de uma mesma sociedade podem existir divergências culturais. Alguns grupos, ou pessoas, podem ter fortes valores baseados em crenças religiosas, enquanto outras prefiram a lógica do progresso científico para compreender o mundo. A diversidade cultural é um fato em nossa realidade globalizada, onde o contacto entre o que consideramos familiar e o que consideramos estranho é comum. Ideias diferentes, comportamento, contacto com línguas estrangeiras ou com a culinária de outras culturas tornou-se tão corriqueiro em nosso dia a dia que mal paramos para pensar no impacto que sofremos diariamente, seja na adopção de expressões de línguas estrangeiras ou na incorporação de alimentos exóticos em nossa rotina alimentar. Cultura em mudança Uma cultura não é estática, ela está em constante mudança de acordo com os acontecimentos vividos por seus integrantes. Valores que possuíam força no passado se enfraquecem no novo contexto vivido pelas novas gerações, a depender das novas necessidades que surgem, já que o mundo social também não é estático. Movimentos contraculturais, como o punk ou o rock, são exemplos claros do processo de mudança de valores culturais que algumas sociedades viveram de forma generalizada. O contacto com culturas diferentes também modifica alguns aspectos de nossa cultura. O processo de aculturação, onde uma cultura absorve ou adopta certos aspectos de outra a partir do seu convívio, é comum em nossa realidade globalizada, onde temos contacto quase perpétuo com culturas de todas as formas e lugares. A cultura é parte do que somos, nela está o que regula nossa convivência e nossa comunicação em sociedade. A cultura é parte do que somos - Lucas de Oliveira Rodrigues Até mesmo a nossa forma de vestir está ligada à nossa cultura Renovação de assinaturas para 2019 Comercial Renovação de assinaturas para 2019 z Av. 25 de amb Onde a naçã Setembro, Nr. 1676 l Cell: 82 30 73 450 o se reenc l esmelifania2002@gmail.com e ontra zl Maputo E Comercial Human Rights Watch e a pandemia do HIV na África do Sul Legalizar a prostituição? Eis a questão! A organização Human Rights Watch (HRW) recomenda à África do Sul que legalize a prostituição, considerando que o Governo impede os esforços para acabar com a pandemia do HIV ao tratar o trabalho sexual como crime. No relatório de 70 páginas “Porque o trabalho do Sexo deve ser descriminalizado na África do Sul”, hoje divulgado em Joanesburgo, a Human Rights Watch defende que as autoridades sul-africanas “deveriam descriminalizar a troca de sexo por dinheiro praticada consensualmente por adultos”, considerando que está em causa o bem-estar e segurança dos trabalhadores do sexo. “Os profissionais do sexo na África do Sul enfrentam prisão, detenção, assédio e abuso da polícia, o que também os impede de reportar violações ou outros ataques brutais de que são alvo”, afirma Liesl Gerntholtz, vice-diretora executiva do Human Rights Watch. “Em todo o mundo, nós e outros grupos de direitos humanos encontramos os mesmos padrões de abuso onde o trabalho sexual é criminalizado”, adianta. A venda de sexo é ilegal na África do Sul, salienta a organização internacional, referindo que a prática foi criminalizada em 2007 pelo Governo do Congresso Nacional Africano (ANC, sigla em inglês), no poder desde a queda do ‘apartheid’ em 1994. A legislação sul-africana também proíbe a propriedade ou frequência de “bordéis”, auferir rendimentos com a “prostituição” e persuadir uma mulher para a prática da “prostituição”, refere a HRW. O relatório, baseado numa pesquisa realizada entre Maio e Junho de 2018 pela Human Rights Watch em quatro províncias da África do Sul, documenta a forma como a criminalização do trabalho sexual “alimenta violações dos direitos humanos contra profissionais de sexo, inclusive por agentes policiais, e impede o seu direito à saúde”. “As profissionais do sexo também relataram serem explorados sexualmente pela polícia e obrigadas a pagar subornos aos agentes policiais”, refere o HRW no relatório hoje divulgado. O relatório destaca ainda inconsistências profundas entre os diferentes órgãos do Governo sul-africano na sua abordagem ao trabalho sexual e serviços para profissionais do sexo. Nesse sentido, a organização norte-americana dá conta dos esforços do Ministério da Saúde da África do Sul para apoiar as profissionais do sexo no acesso a cuidados de saúde públicos, enquanto, por outro lado, o sistema de justiça criminal adota uma “abordagem punitiva”. Entre as recomendações, a HRW apela ao Ministério da Justiça e Desenvolvimento Constitucional para que introduza uma “nova lei que elimine sanções criminais e administrativas contra o trabalho sexual voluntário consensual de adultos e assista os direitos constitucionais dos profissionais do sexo, incluindo o direito ao trabalho ao abrigo da legislação laboral”. “As autoridades sul-africanas devem também reformar ou revogar leis e estatutos excessivamente amplos (…) e a polícia da África do Sul deve investigar os abusos cometidos pelos seus agentes contra profissionais do sexo, incluindo exploração sexual, extorsão e assédio, e colocar uma moratória nas detenções até que seja aprovada nova legislação”, recomenda. Profissionais do setor da saúde e ativistas de direitos à saúde no país disseram que “a criminalização obstrui os esforços para prevenir e tratar infecções por HIV entre profissionais do sexo”, refere a organização. Segundo o relatório, as profissionais de sexo entrevistadas durante a pesquisa apontaram “a pobreza e a falta de oportunidades económicas”, entre outros fatores como “opções viáveis para a sua sobrevivência e respectivas famílias”. Os investigadores entrevistaram 46 mulheres que são profissionais do sexo e mais de três dezenas de funcionários do Governo sul-africano e especialistas não governamentais em direitos de saúde e direito laboral, indica o documento. A África do Sul tem a maior prevalência da epidemia de HIV do mundo – 19% da população mundial infectada com HIV reside no país e também tem o maior programa de tratamento do mundo, sendo 80% financiado pelo Estado sul-africano, indica o relatório.

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