18 de Agosto 2019 12h14 - 56 Visitas
"O primeiro passo que a Junta Militar da Renamo (JMR) irá seguir, na próxima segunda-feira (amanhã), logo depois da eleição do presidente do partido é criar um grupo de contacto para estabelecer de imediato um diálogo com o Governo com vista a renegociarmos o processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração (DDR) das forças residuais das nossas forças. O nosso objectivo não é retornar a guerra ou desestabilizar o país. Queremos um DDR justo onde os verdadeiros guerrilheiros da Renamo e sem excepção, sejam efectivamente reintegrados na sociedade e por se só contribuam na reconciliação nacional. Queremos ser membros activos neste processo".
Esta foi a garantia dada no fim da tarde De ontem (sábado), por João Machava, porta-voz da auto-proclamada Junta Militar da Renamo, composta por antigos guerrilheiros da perdiz e ora liderada pelo Major-general Mariano Nhongo, que está reunida em conferência nacional extraordinária, de três dias (termina esta segunda-feira), na região de Piro, nas proximidades da serra de Gorongosa, em Sofala, com objectivo central de eleger o seu líder em substituição de Ossufo Momade, que alegam ter sido destituído pelos mesmos.
João Machava, que falava à imprensa na abertura da referida conferência, exortou, por outro lado, ao governo a mostrar abertura na renegociação do pacote de Desarmamento, Desmilitarização e Reintegração com o seu novo líder.
"A verdadeira Renamo armada somos nós. Ossufo Momade a que nós deixamos de considerar presidente há mais de um mês, traiu os interesses da Renamo. Assinou um acordo de Cessação Definitiva das Hostilidades e Acordo de Paz de Maputo e aprovou o DDR sem consultar os guerrilheiros e muito menos os órgãos do partido. A comissão política, o Conselho Nacional e até a bancada da Renamo na Assembleia da República, que agora deve apoiar a transformar os acordos em leis, não foram consultados. O mais grave é que mais de metade dos guerrilheiros não estão inclusos no processo de reintegração", disse João Machava.
João Machava que é o comandante provincial das forças residuais da Renamo em Inhambane, negou entretanto a existência de qualquer tipo de contacto entre a Junta e a liderança da Renamo para se por fim ao desentendimento.
"Nunca fomos contactados pela liderança do partido e todos os contactos que já efectuamos no sentido de pedir explicações sobre o processo de DDR não foram acedidas. Ninguém sabe nos dizer como será o processo de reintegração. Não há nenhuma clareza tal como aconteceu em 1992 depois da assinatura do Acordo de Paz em Roma, que depois arrastou o país para um outro conflito. Pensamos nós que não há espaço para novos conflitos. Queremos de forma activa contribuir com acções que visem o desenvolvimento do país e tal facto só será possível se ninguém se sentir injustiçado a ponto de recorrer a armas para exigir reintegração justa. Do nosso lado concluímos que não há espaço para negociar com a Renamo, aliás como negociar com a Renamo se a Renamo somos nós. O que pode haver é entendimento com os nossos membros. Vamos sim dialogar com o governo", acrescentou o porta-voz da Junta Militar da Renamo.
O Major-general Mariano Nhongo será o provável presidente da Junta Militar da Renamo. Este confrontado com esta possibilidade referiu que tal facto dependerá dos conferencistas mas garantiu que se está for a vontade dos membros da Junta Militar, aceitará de bom grado as funções de presidente e que mobilizará todas as suas capacidades de diálogo para junto do governo encontrar desfecho do caso DDR de forma pacífica.
"Nós estamos cansados. Não queremos mais continuar no mato com armas na mão. Queremos contribuir para o desenvolvimento das nossas famílias e dos nossos filhos, por isso, apelamos ao governo no sentido de renegociar o DDR com o presidente da Junta Militar da Renamo de forma pacífica. Queremos contribuir para a consolidação efectiva da paz e para que isso aconteça ninguém deve se sentir excluído neste processo. Somos todos moçambicanos e deve haver justiça para todos. Exigimos um DDR justo e inclusivo e não a conta-gotas e sem clareza como o general Ossufo Momade negociou, deixando fora mais de metade dos guerrilheiros", afirmou Mariano Nhongo.
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