terça-feira, 16 de outubro de 2018

Senadora a quem Trump chamou Pocahontas prova que tem mesmo sangue índio

15.10.2018 às 23h50

ASTRID RIECKEN/GETTY

Elizabeth Warren é uma das favoritas para a candidatura democrata às presidenciais de 2010, o que explica a sanha do atual presidente contra ela

A senadora Elizabeth Warren, a quem Trump chamou Pocahontas para ironizar com o facto de ela reclamar (falsamente, segundo o presidente) ascendência índia, acaba de provar que isso é verdade. Segundo um teste genético cujos resultados Warren agora tornou públicos, um antepassado dela algures entre seis e dez gerações atrás era pelo menos parcialmente nativo-americano.
Isso condiz com a versão transmitida à senadora pela sua mãe, segundo a qual por volta de 1700 uma mulher da família que se identificava como branca (por motivos de tabu social) tinha na realidade sangue índio. A senadora reconhece que não pertence a nenhuma tribo em concreto, mas reclama o direito à sua história familiar, e critica Trump por troçar dos índios para a atacar.
O teste foi efetuado por um professor da Universidade de Stanford e confirma que o património genético de Warren é largamente de origem europeia. Dependendo da distância a que estejam os seus antepassados índios, ela terá entre 1/64 avos e 1/1024 avos de nativo-americana. Não é muito, mas é suficiente para justificar o que a senadora sempre disse, e desmente o que o presidente tem afirmado vezes repetidas sobre ela.

COMENTÁRIO PERANTE A EVIDÊNCIA: "QUEM QUER SABER?"

Dado o estatuto de Warren como uma potencial candidata democrata às presidenciais de 2020 - o que a tornaria uma rival direta dele - Trump voltou recentemente ao assunto num comício, prometendo doar um milhão de dólares a uma organização de beneficência se Warren conseguir provar que tinha sangue índio. Confrontado segunda-feira com os resultados do teste, respondeu com desprezo: "Quem quer saber?". E negou que alguma vez tivesse prometido o dinheiro.
Para Warren, é uma questão básica de credibilidade, dadas as insinuações que só teve uma carreira de professora universitária que por a sua "alegada" condição de índia a ter feito passar à frente de outros candidatos. No vídeo agora publicado onde ela apresenta os resultados do teste (o qual foi realizado sem se saber quem estava em causa), outros professores refutam essa ideia, testemunhando as suas capacidades académicas.
Não é a primeira vez que Trump põe em questão os antecedentes familiares dos seus adversários políticos. No caso de Barack Obama, ele afirmou durante anos que o ex-presidente tinha de facto nascido não nos Estados Unidos mas no Quénia, terra do seu pai - o que segundo a Constituição o impediria de ser presidente dos EUA.
Confrontado com provas irrefutáveis de que Obama nasceu nos EUA, Trump acabou relutamente por admitir que era verdade durante a campanha de 2016. Mas continuou a retomar a antiga história falsa de vez em quando.

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