É muito mais fácil fazer uma análise à oposição quando se tem em conta o factor tempo. Quanto mais tarda e vai decorrendo, tanto melhor, e, mais fácil será fazê-la de forma criteriosa e imparcial dentro das limitações humanas. Em Angola cometeram-se, cometem-se e infelizmente cometer-se-ão equívocos e desacertos, sobretudo político-partidários, que constituem um ataque cerrado à sua débil democracia e é por isso – e se há ciência que parecendo supérflua tem uma importância desmedida – que a História é tão essencial.

Por Brandão de Pinho
João Lourenço é formado em História e por isso tem obrigação de aprender com os erros crassos que Angola, tal como qualquer país, cometeu – veja-se o caso da Alemanha (de que falarei mais à frente) e de como se reergueu qual Fénix, ou Benu na mitologia egípcia na qual os gregos beberam e se inspiraram – e tal é a sua popularidade que carinhosamente já lhe deram algumas alcunhas; rábulas de títulos de filmes como é o caso do “Exonerador Implacável”; cognomes como “o carcereiro”; fofos “petit noms” como JLo; e por fim, toda uma série de denominações de natureza monárquica e oligárquica, para rigorosamente criticar o regime, na prática absolutista de partido único, e, do facto de João Lourenço nunca se ter exposto ao escrutínio popular e eleitoral preferindo, tal qual o príncipe de Maquiavel, mexer-se nos corredores, masmorras e logradouros do seu castelo medievo.
O que é certo é que D. João I (se bem que JLo preferisse ser um D. João II, por muitos considerado o melhor rei de Portugal) retocando aqui, ali, além e acolá a sua corte com, ora umas decapitações e defenestrações públicas ora com entronizações privadas pela porta do cavalo de novas cortesãs e estreantes eunucos, que tudo fazem para serem bafejados pelo hálito intenso do Grande Líder, tão grande que reza a história: não come, não bebe, não defeca e não urina. Aliás, das funções metabólicas basais da justamente base da Pirâmide criada por Abraham Maslow, apenas aparenta obedecer aos princípios da homeostasia.
Dizem que nem sequer dorme nem copula, a não ser que o que ele vem fazendo aos angolanos seja copulá-los brandamente ou até mesmo sodomizá-los, neste caso com um pouquinho mais de força.
Só o tempo o dirá. Mas fica aqui uma ideia para reflexão: cuidado com os homens providenciais pois não é à toa que em muitas grandes democracias há limitações de mandatos precisamente por causa da popularidade que necessariamente acumulam os governantes e porque há sempre algum receio do povo na mudança pelo que a tendência em países fracos e com fraca oposição é perpetuação de líderes. Assim é essencial haver alternância governativa tal como é importante vacinar uma criança para se prevenirem enfermidades futuras.
Semanalmente, prometo, que serei como uma pulga a morder a cabeça do General e tentarei passar-lhe discretamente uns recados subliminares.
Decerto o amigo leitor estará intrigado com esta obsessão por João Lourenço, normalmente consubstanciada em palavras aparentemente críticas apesar de urbanas e respeitosas. Deixem-me elucidar-vos. Quando recebi o honroso convite para escrever uma crónica semanal, foi-me dada toda a liberdade para escrever o que quisesse e como quisesse pelo Director Adjunto. Como é sabido, a única instituição que verdadeiramente faz oposição e escrutínio ao tirocínio de Sua Alteza Real Dom João I, é o Folha 8, ou F8 como eu costumo designar afectuosamente o nosso jornal, pois está à vista de todos a mão invisível que mexe os cordelinhos das marionetas da oposição. Pois então eu digo-vos.
Esta aparente obsessão mais não é do que um estado de alerta permanente porque eu, mesmo aquando da sua tomada de posse e de no seu discurso ter ignorado Portugal representado por D. Marcelo I, o fotogénico, mesmo assim, fui um dos mais entusiastas apoiantes e louvei e enalteci Lourenço com Hosanas longas e intermináveis. Logo, como me conheço a mim próprio, se tal indivíduo me causava tamanha admiração e tanto assombro é porque há-de vir algo de muito mau.
Sei que parece superstição mas tem sido assim invariavelmente a minha vida… por isso senhor presidente – como sei que é assíduo leitor do F8 mais do que do seu Jornal de Angola (cuja prova de democracia é o facto de me terem negado e renegado quando tentei subscrever a sua newsletter por mais mail’s diferentes que desse e desses mail’s nem todos, pelo nome, me comprometeriam) olhando de soslaio, até, para os meus medíocres textos – tenha cuidado porque eu vou estar sempre na sua peugada, como um cão rafeiro cheio de pulgas, pronto para morder as canelas de V. Ex.ª e não para receber ossos e afagos, não olvide jamais Excelência não vá sentir-se tentado.
Vejamos então como vai a oposição já que jornais em união de facto com a verdade, só a verdade e nada mais do que a verdade só existe um e o amigo leitor segura-o neste momento na sua mão ou então depara-se com ele defronte de um ecrã de computador, tablet ou mais provavelmente de um smartphone. Eis o estado da UNITA e CASA-CE:
Samakuva, qual concubina, derrete-se em elogios para com João Lourenço ao ponto de recentes palavras mais parecerem uma declaração de amor submisso do que um discurso firme e responsável de uma força de oposição e como tal com obrigações acrescidas de fazer… oposição. Nem parece ser uma mais-valia ou elemento aglutinador de militantes e mais valia, de uma vez por todas, pôr-se de gatas e chamar o seu pretenso amante e amancebarem-se ambos, de vez. Isaías anda tão encantado e deleitado que ainda recentemente no Folha li que disse que o Presidente de Angola era escolhido directamente pelos votantes eleitores. Um lapsus linguae com certeza ou muito deleite na cabeça.
Chivukuvuku verdadeiramente é um caso psiquiátrico. Senão Vejamos. Já concorreu à liderança do Galo Negro e perdeu para Isaías Samakuva, amuou e fez um partido só para ele brincar e mandar nos outros meninos; ele é o líder da CASA mas é deputado independente; reuniu qual Bloco de Esquerda em Portugal meia dúzia de remediados partidos dos quais pouco se tinha ouvido falar – ou “ouvisto” falar como há dias me disse uma professora, ainda para mais de português(?)/inglês, e, não me pareceu que em consciência, que a putativa docente estivesse a parir um neologismo, pobres petizes portugueses – mas deu-se-lhe agora para criar outra coisa, outro nome e com outros nomes (mal de quem ficará a arder com o dinheiro), o PODEMOS (será o Partido da Oposição e Demagogia da Esquerda Medíocre, Ortodoxa e Senil?) JA (da Jumentude Angolana?) e sim, já não há paciência para tantas acrónimos; Sendo o líder e dono-de-CASA do partido, literalmente partido, é também o líder rebelde do motim que o tonto tanta tinta tenta fazer correr tal a necessidade de protagonismo, para o bem ou para o mal, quase parecendo um certo ministro da agricultura português que liderou de cartaz na mão uma manifestação agendada pelos lavradores para protestarem justamente contra ele próprio. Por acaso ainda andou por aqui há pouco tempo.
Estas duas relíquias políticas quase que poderiam ir para um museu tão fora de tempo e completamente extemporâneas estão face à gravíssima realidade política actual. Tanto quanto sei o sítio arqueológico de Tchitundo-Hulu, no Namibe tem sensivelmente a mesma idade que a parelha, cerca quatro mil anos e possui gravuras de tempos anteriores à chegada de bantus e portugueses. Poderia ser dotado de um museu anexo onde repousaria a morta-viva Agência Funerária Samakuva & Chivukuvuku, Lda a velar por exemplo, esses sim, verdadeiros ícones da pátria, Agostinho Neto, Holden Roberto e Jonas Savimbi (deve estar a rebolar-se no caixão) como se se tratasse de um Panteão Nacional.
A arte rupestre neolítica e paleolítica do Tchitunduhulu (grafemo-lo assim mesmo – sem hífenes) de M’Banza Kongo muito merecidamente é Património da Humanidade e um exemplo quase sem paralelo a nível mundial por isso não admira que os alemães (já tinha escrito que iria falar dessa bárbara gente) estejam de olho nessas – convém informar os mais jovens que a fronteiriça nação e quase homónima à nossa província do Namibe, a Namíbia, já foi uma colónia alemã e se vós jovens imberbes cuidais que os portugueses foram ásperos pesquisem na net… – riquezas tão ou mais valiosas do que o petróleo e os diamantes e que são eternas ao contrário destes não admirando nada a audiência que Carolina Cerqueira concedeu ao embaixador germânico há pouco tempo, tal como noticiado pelo F8.
Concluindo. Samakuva e Chivukuvuku ou vão para um museu ainda a construir em M’Banza Kongo ou então – e talvez seja mais fácil – mais vale irem para terras teutónicas nomeada e mormente Berlim para o seu Grandioso Museu de Arqueologia a inaugurar brevemente e cujo espólio vem de todos os continentes e parece que desta vez não foi selvaticamente roubado aos países invadidos pelos nazistas como aconteceu na II GGM.
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