Agora que a LAM está dar ares animadores, a companhia precisa de uma clara proteção do Governo e de todos os atores relevantes do Estado. A vinda da Ethiopian, com operações a iniciarem a 1 de Dezembro, pode ser boa para o utente mas não deve ser perniciosa para a LAM. Sobretudo agora que se começa a provar que, quando bem gerida, ela pode ser mais eficiente e pontual. Mas a Ethiopian está a beneficiar da falta de pensamento estratégico do nosso Estado. Isso de pensar estratégico podia ser desencadeado por um IGEPE que, em vez de incursões na gestão operacional das empresas públicas, se posicionasse como motora de reformas conducentes à melhoria do ambiente de negócios especifico de casa empresa em dificuldades, se esse ambiente for agora desfavorável para a sua recuperação. O que se passa com a LAM é justamente isso. Quando ela está a dar mostras de que pode recuperar, o ambiente à sua volta é cada vez mais desafiante, favorecendo uma companhia de bandeira estrangeira.
A coisa mais grave tem a ver com o time slot atribuído a Ethiopian Airlines Mozambique nos voos domésticos a partir de Maputo. Seu horário tem uma diferença de apenas 10 minutos com o da LAM. Se um voo da LAM para Pemba parte as 7.00 horas, o da Ethiopian Airlines Mozambique parte as 7.10 horas. Isso é demasiado apertado. Assim, a LAM perde passageiros na certa. E essa é a estratégia da Ethiopia: sugar no máximo o tráfego da LAM. Para isso ser evitado, o espaçamento devia ser maior, o que também daria mais opções de horário aos utentes (nos voos para Johanesburgo a partir de Maputo, o espaçamento é de 30 minutos mas mesmo assim continua apertado).
Por outro lado, essa proximidade dos voos da LAM com a Ethiopian foi pensada sem se olhar para as condições concretas do equipamento disponível em determinados aeroportos locais. Na Beira, o aeroporto só tem duas escadas para as portas traseira e frontal. Os passageiros do avião que chegar em segundo plano vão ter de esperar. Importar escadas para avião não é de um dia para o outro (e têm de vir da América do Norte, da Europa ou da Ásia).
E em Nampula, a sala de embarque é tão minúscula que os passageiros vão se sentir como se estivessem num “my love”. São coisas para rever. Mas a Ethiopian parece que caiu nas graças de nossas autoridades. Ela devia ter escritórios em Maputo como Ethiopian Airlines Mozambique, como manda a lei, mas já está a vender bilhetes nos balcões da Ethiopian Airlines. E nas vendas online, como no site Expedia, quem comprar um bilhete vai se confrontar com um facto falso e estranho: que o voo Maputo-Pemba, por exemplo, é da “Ethiopian Airlines operated by Malawian Airlines”.
Há muitas coisas que não batem certo. Por último, a entrada da Ethiopian foi propagandeada como uma forma de se começar a viabilizar o Aeroporto de Nacala. No booking online, a Ethiopian não mostra ter voos para Nacala, apenas para “Nampula, near Nacala”. De resto, sem um hospital geral, Nacala não pode ainda comportar voos internacionais, como mandam as regras. A LAM, o Instituto Nacional de Aviação Civil e a empresa Aeroportos de Moçambique podiam pensar estrategicamente em conjunto como entidades do Estado, sob facilitação do IGEPE, e encontrar formas de proteger a companhia de bandeira sem matar a concorrência. Isso não está a acontecer.
Fazer o quê mesmo?
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