Oito dos 13 candidatos à presidência do Brasil participaram num debate a uma semana das eleições. Divergências políticas à parte, todos se uniram para dizer "ele não" a Bolsonaro. E criticar Haddad.
Os líderes das sondagens para a presidência do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), foram os principais alvos de criticas do penúltimo debate televisivo entre oito dos 13 candidatos às eleições presidenciais do Brasil. O debate aconteceu domingo, a sete dias das presidenciais brasileiras, e juntou Álvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (Partido Democrático Trabalhista – PDT), Fernando Haddad (Partido dos Trabalhadores – PT), Geraldo Alckmin (Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB), Guilherme Boulos (Partido Socialismo e Liberdade – PSOL), Henrique Meirelles (Movimento Democrático Brasileiro – MDB) e Marina Silva (Rede).
Jair Bolsonaro, candidato do Partido Social Liberal (PSL) e líder das sondagens, voltou a não participar no debate presidencial por motivos de saúde, apesar de já ter recebido alta médica no passado sábado. Apesar da ausência, Bolsonaro foi o principal alvo dos ataques dos adversários ao longo de todo o debate, que o chamaram de “extremista”, considerando o candidato do PSL uma “ameaça à democracia”.
Na primeira parte do debate, em que os candidatos fizeram perguntas entre si, Ciro Gomes, candidato do PDT, questionou Marina Silva, do partido Rede, sobre a declaração de Jair Bolsonaro em que afirmou que não aceitaria outro resultado que não fosse a sua eleição. Marina respondeu que a frase de Bolsonaro é um “desrespeito à democracia”, acrescentando que “Bolsonaro vem sendo desconstruído pelas suas atitudes, pelos seus próprios atos”. Ciro Gomes apontou ainda críticas à ausência do candidato da extrema-direita no debate, onde afirmou que também ele foi submetido a uma cirurgia na semana anterior e mesmo assim compareceu ao evento, apesar de estar debilitado.
Guilherme Boulos, do PSOL, parabenizou as mulheres que organizaram atos de protesto por todo país, durante o fim de semana, contra o candidato do PSL. “Primeiramente, ele não”, disse Boulos, em referência à frase usada pelas mulheres contra Bolsonaro. “Este sábado foi o início da derrota de Bolsonaro”, completou.
Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores, foi também um dos mais visados da noite pelos restantes candidatos presidenciais.
Na segunda parte do debate, Guilherme Boulos do PSOL disse que o PT deveria assumir parte da responsabilidade pelo surgimento e a ascensão de Jair Bolsonaro e criticou ainda a aliança do candidato do PT com nomes do partido do Presidente do Brasil, Michel Temer, como Eunício Oliveira e Renan Calheiros. “Um dos maiores erros do PT foi governar com Temer”, disse Boulos, acrescentando: “desta forma até pode ganhar uma eleição, mas nem toda a vitória eleitoral é uma vitória política”.
Haddad aproveitou as intervenções para afirmar que triplicou o número de vagas em universidades públicas enquanto foi ministro da Educação durante o governo de Lula da Silva. O ex-governador brasileiro, que se encontra preso por corrupção, foi enaltecido pelo candidato do PT: “Para mim, Lula é o maior estadista da história, uma pessoa com projeção internacional, que recebe semanalmente apoio de lideranças e chefes de Estado do mundo inteiro em função da sua prisão injusta”.
Alvaro Dias (Podemos) também foi um dos políticos que se insurgiu contra os candidatos do PT e do PSL, dizendo existir uma “marcha da insensatez” na campanha eleitoral e que “a mentira continua a ser uma arma poderosa na boca dos candidatos”.
Pela primeira vez, os candidatos Jair Bolsonaro e Fernando Haddad aparecem empatados tecnicamente na corrida presidencial brasileira, segundo uma sondagem divulgada do domingo pelo instituto MDA e encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Na sondagem, Bolsonaro obtém 28,2% das intenções de voto, enquanto Haddad alcança 25,2% da preferência dos entrevistados.
O debate foi promovido pelo canal televisivo da Rede Record.