segunda-feira, 26 de março de 2018

O Recuo e a curva apertadíssima de JES

 - Paulo Timóteo


Luanda - Escrevi o ano passado que JES deveria ter hasteado a bandeira branca da “rendição”, para que não fosse humilhado, à semelhança do marechal alemão Von Friendrich Paulus, na Batalha de Stalingrado, na Segunda Guerra Mundial, dada a desproporção descomunal de forças entre ele e JLo. Entretanto, a sua presença na Reunião do Conselho da República no passado dia 22 de Março, veio demonstrar um facto.
Fonte: Club-k.net
JES recuou como o comum dos mortais por dois factores essenciais: a derrota sofrida na Reunião do CC e o factor Miala, pois, não tendo ao seu dispor a essência do poder securitário, tornou-se vulnerável.

Não nos iludamos, entretanto, porque ainda não se “rendeu”, como veremos mais adiante.
Escrevi há precisamente um ano que JLo não seria o Medvedev de JES, mas sim o seu Yeltsin, como este o foi para Gorbatchov. Argumentei na altura que o MPLA nunca em toda sua história tinha tido uma liderança Bicéfala como seu modus operandi.

Escrevi há quase dois anos que tal como Napoleão Bonaparte, a tragédia de JES, seria a das suas ambições terem ultrapassado em demasia as suas capacidades.

Interrogava-me há dois anos: “ Estaremos a assistir o Canto do Cisne de JES? Afirmara que não, pois não havia que menosprezá-lo, mas a descida para a queda, seria íngreme e irreversível”.

Escrevi há um ano:“ A questão que subjaz a JES e que lhe deve tirar o sono é como transferir o seu “fato” para alguém que JES sabe que não será incondicional nem a ele nem à sua família no médio-longo prazos, tal como ele o fizera ao Presidente Neto.”

Escrevi há um ano que JES imporia um colete-de-forças para amarrar JLo e dizia na altura que JES manter-se-ia provavelmente a frente do MPLA, reforçando o poder do Secretário-Geral, Paulo Kassoma, que seria o verdadeiro patrão do MPLA.

Escrevi há um ano que a principal condicionante de JLo era a sua falta de legitimidade politica interna e que as primárias no MPLA teriam resolvido o problema da legitimidade politico-estratégica de JLo no seio do MPLA, face a posição ambivalente de JES.

Compreende-se por isso a curva apertadíssima de JES no actual contexto de sucessão, pois teve imenso tempo para que pudesse negociar um Pacto de Estabilidade no seio do seu Partido e com a Sociedade.
O contexto actual é desconfortante para JES, pois ficou sem grande margem de manobra politica.

A sua sugestão de que o Congresso Extraordinário realizar-se-ia em Dezembro de 2018 ou Abril de 2019 foi nitidamente uma manobra dilatória e uma fuga para frente face a enorme contestação interna dos militantes em que a Reunião dos Membros do CC de Luanda deu o mote, por isso, a sua antecipação na marcação daquelas datas.

Reconheçamos, foi demasiadamente tardia e o resultado sido uma desautorização e uma quase reprimenda ao presidente do MPLA (ouviu-se na sala, um estrondoso apupo, em que só faltou cantar o Milhorró dos Kiezos. Vai, vai-ti mbora , qui nós não queremos...).

Foi esse facto histórico em 38 anos de Poder de JES que marcou indelevelmente a viragem estratégica para o fim da Bicefalia e levou ao recuo tácito de JES, tendo colocado em pânico os seus estrategos.

O fácies hirto de Jú Martins e Norberto Garcia e o sorriso irónico de Dino Matross, eram de incredulidade face ao início do desmoronamento do Castelo. Então perguntar-se-á: como foi possível JES ter ganho com as mesmas pessoas 99,6% dos votos no VIIo Congresso e como dizia Mário Pinto de Andrade na TPA em “voto secreto” e um ano e meio depois, quase que humilhado e acima de tudo desautorizado?
A resposta é demasiadamente óbvia.

JES perdeu legitimidade politica tanto interna como externamente, face ao antagonismo político que conformam os seus interesses estratégicos e de sua Família, aos do Povo angolano.

O seu legado foi o saque incontinente do erário público e o caos económico- social , tornando esse povo miserável.

Tendo-se cristalizado no tempo, JES esqueceu-se de um primado em politica. Quem detém o Poder do Estado, detém em última análise a iniciativa politica. Na competição entre JLo e JES para o domínio do espaço politico, JLo teve sempre uma maturidade estratégica irrepreensível, pois não cometeu o erro de há 15 anos, reduzindo o legado de JES a uma nulidade atroz. Iniciou uma governação de proximidade a que chamaria “Presidência Aberta” cujo objectivo politico major foi e é o de demonstrar as enormíssimas fragilidades da governação do seu antecessor, em que a sua ida ao Sanatório de Luanda, foi o corolário desse posicionamento.
As imagens chocaram e feriram a alma do eleitorado tornando risível e indefensável no plano estratégico esse legado.
A denúncia de transferências efectuadas pelo BNA, nomeadamente os 500 Milhões de dólares de forma fraudulenta e criminosa, que tornaram arguido Walter Filipe e Zenú dos Santos, alegadamente com o seu beneplácito, tornaram bizarramente insustentável a prazo, a sua continuidade à frente da liderança e dos destinos do MPLA, como Actor Moral da tramoia.

Face à impossibilidade de concorrer à sua própria sucessão por manifesta falta de legitimidade política, JES quer ganhar tempo (daí a não “rendição”) e alvitrou um cenário de sucessão quase dinástica, passando a DENOMINAR o seu SUCESSOR com o único propósito. Manter a Bicefalia com outro actor que não ele, face a imagem desgastante e a deterioração do seu estado de saúde.

E qual é a narrativa? A de que o PR JLo não pode ser simultaneamente presidente do MPLA e PR.

Concordaria com a argumentação num contexto político absolutamente diferente, para o reposicionamento dos “checks and balances”. Todavia, esse argumento não é sustentável do ponto de vista da análise política, por uma razão fundamental.

A CRA feita aprovar por JES em 2010 consagra de forma inequívoca que o Cabeça de Lista do Partido mais votado torna-se automaticamente o PR. Ora é esse o Nó Górdio que não é desatável no presente xadrez politico, a não ser que se altere a Constituição.

Pois perguntar-se-á, quem é o Lider de qualquer um dos Partidos políticos em Angola que não quererá ser o Cabeça de Lista?

A não ser que seja um fantoche, pois toda liderança partidária tem um único propósito político que é o de ganhar as eleições e tornar-se o líder máximo de uma Nação. Vê-se que JES tem em mira as Eleições Gerais de 2022, porque com base na actual CRA, o lider partidário será sempre o Cabeça de Lista. JES só não o foi por estar manifestamente doente e, com uma popularidade risível, caso contrário ter-se-ia candidatado.

É por isso suicidário para JES nas condições actuais tentar arregimentar a indicação de um outro candidato, que não seja o seu vice.

Repito, a desproporção de forças é descomunal.

JLo deverá jogar na antecipação, impondo a necessidade de liberdade de escolha, isto é, quem quiser concorrer contra ele que concorra, precisará destas eleições para ter legitimidade interna e, nesta condição, impor igualmente ao Partido a real democracia interna e a revisão da CRA depois das Eleições de 2022.

Então, perguntar-se-á, o que faz JES acelerar, perante uma curva apertadíssima, sabendo que trará danos colaterais e, com consequências nas
Eleições Autárquicas e Gerais para o Partido que actualmente dirige? Serão somente as Eleições Autárquicas?

Julgo que não, pois perdeu essa legitimidade ao não as ter realizado em tempo útil e durante o seu consulado, aliado ao facto de lhe ter sido retirada essa iniciativa política, com o seu agendamento na Reunião do Conselho da República, aliás um Órgão do qual faz parte, como o comum dos mortais Volto a pergunta de há dois anos: “ Estaremos a ver o Canto de Cisne de JES ?“

A resposta é categórica: Obviamente que sim, porque perante uma curva apertadíssima e a aceleração indesejável, o final pode ser trágico, pois o código de estrada, impõe que abrandemos e se possível recuemos, porque pode estar a montante, o precipício e, ninguém de bom senso desejará essa tragicomédia.
(PT)

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    QUE MPLA É ESTE?
    Mas este de 23 de Agosto, temperado pela radicalização política, não mais se dissimula, drenado principalmente pelas redes sociais, que libertam os instintos e oferecem a protecção do anonimato. E que se converte crescentemente em presumível caça às bruxas, como no caso da Sonangol, como no caso BNA, como no caso da publicação da declaração de bens dos titulares de cargos públicos em Diário da República…
    Não haverá intervenção (judicial e extra – judicial) bem sucedida se não atacar as causas do ressentimento das Lideranças do Estado e do MPLA (Lourencistas e Eduardistas, respectivamente), fonte de mágoa, e se não houver no país uma pactuação política, ancorada no respeito à vontade Eduardista de uma TRANSIÇÃO faseada, discreta e de camaradagem.
    Do jeito que vamos, quando o Congresso Extraordinário do MPLA chegar, PREFERENCIALMENTE EM DEZEMBRO, quem sabe o que virá.
    Muito adubada a Perestroika e a Glasnost Angolana o ressentimento AMAINARÁ até lá, visto que o Eng. José Eduardo dos Santos deixará a vida política activa no corrente ano.
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        O M,terá muitas dificuldades,que já vinham do passado.Nas, primeiras eleições gerais,de 1992,o M teve com dificuldades,53....%dos votos.!!!
        Depois com tanta porcaria,mentiras,má condução económica, desastrosa mesmo,até aos dias de hoje,empresas que só sorvem dinheiro dos cidadãos,Taag,e tantas outras, pois a economia centralizada é uma autêntica, fonte de roubalheira e de exclusão da meritocracia, para dar emprego!!!???a meninos bonitos e atrasar o país dentro da concorrência do mercado interno e externo.EM 2012 este mesmo Presidente e o seu M,de bajuladores,gastadores,desviadores do erário público,ganham com quase 90%,não fabricaram um número como o, do seu amigo da Guiné Equatorial, elegeu nas últimas eleições apenas um deputado da oposição!!!,por sorte!!!
        O que se vai passar aqui, é que esses indivíduos têm muito dinheiro, e o Grande Presidente do Partido pode fomentar a desgovernação para desacreditar JLO,perante o povo,Há rádios que veladamente falam que na Europa não há democracia,no ocidente não há democracia,como se na Rússia ou na China é que existe a verdadeira democracia!!!!Isto ouve-se, com comentaristas do M,nas rádios algumas privadas com influência de dinheiros de empresas de influência Eduardista. 
        JLO tem que ter muita coragem,força,senão estas forças do Rangel ao Sambizanga,e,é este M,que pensa,que Luanda é Angola, e a capital é a Mutamba, que abandalhou mais do que nunca toda a nação com terror,mêdo,compra de consciências,empobrecimento,que vai tentar lutar para apear JLO,e torna-lo um cadáver político.Quantos ricos foram favorecidos em Angola a não ser indivíduos de famílias,desta, região de Luanda.
        A história,está a ser contada.....JLO,tem que ver a comunicação social,já melhorou e bastante,mas ainda há rádios,como Lac e outras,que assobiam para o lado,ou pé ante pé,vão fazendo e pintando a atmosfera azul...quando ela não está ,nem é azul,a maioria dos comentaristas são de amarelo e vermelho,tirando algumas poucas excepções!!!!
        A comunicação social deve promover mais discussões inter partidárias.....para o cidadão ter uma ideia,concreta da vivência dentro de bairros,partidos políticos etc.
        A LUTA CONTINUA ENTRE O SOCIALISMO UTÓPICO E EDUARDISTA e uma Corrente mais moderna,democrática que em muitos aspectos, se confunde com as perspectivas dos dois maiores partidos da oposição!!!A Unita e a CASA-CE....Mas estes vão tentar a nível de Luanda torpedear JLO,com o M da noite,com lumpens,mentiras,curvas e contra curvas!!!!
        Se voltarmos para traz,Angola entrará novamente na influência negativa e na longa noite da ditadura dos ricos(a do, ploretariado,já foi)...VIVA ANGOLA .VIVA A DEMOCRACIA!!!
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            CAMARADAS, UNIÃO NA DIVERSIDADE PRECISA-SE. AUTARQUIA É JÁ A SEGUIR.
            O Eng. José Eduardo dos Santos liderou a transição política em Angola. Absteve-se de concorrer ao 4º Pleito, escolheu e passou o Testemunho da Presidência da República ao Dr. João Lourenço e SE FEZ DESNECESSÁRIO.
            E, no dia 10 de Dezembro (data da fundação do MPLA), DEIXARÁ A VIDA POLÍTICA ACTIVA.
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                O JES já morreu?
                Pelo menos para a política já era KAKAKAKAKA
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                    Nao se iludam. JLO nao veio de um processo limpo eleitoral. Nao lhe deiam os dois ossos. Que leve apenas um caso nao sera um novo ditador. JLO ainda nao fez nada de minimo na luta que prometeu. Os Manuel Vicente anadam a solta como sinal de coluio e compadrismo com JLO.

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