quarta-feira, 7 de março de 2018

‘É imprescindível ao sucesso da investigação’, diz Barroso sobre quebra de sigilo de Temer


Segundo despacho sigiloso, obtido por VEJA, inquérito envolvendo presidente apura suspeita de "delitos financeiros e contra a administração pública"



Tão logo VEJA revelou que o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a quebra do sigilo bancário do presidente Michel Temer num inquérito da Operação Lava Jato, o Palácio do Planalto saiu em defesa do emedebista. “Abusiva e desnecessária”, disse Carlos Marun, ministro da Secretaria de Governo, referindo-se à decisão do magistrado. “Anômala”, afirmou Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil. Embora o governo tenha manifestado o seu descontentamento com a medida, Barroso disse que não se trata de uma ação “banal”. Em um despacho sigiloso, obtido por VEJA, o ministro escreveu: “Os fatos que motivaram o requerimento dos presentes procedimentos tampouco são triviais. E, como a experiência demonstra, no tipo de criminalidade aqui apurada – delitos financeiros e contra a administração pública –, a análise dos dados bancários e fiscais é imprescindível ao sucesso da investigação”.
Em sua decisão, assinada no último dia 27 de fevereiro, Barroso autorizou não só o levantamento dos sigilos bancários e fiscais de Temer e seus amigos João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, e o advogado José Yunes como também o acesso da Polícia Federal aos e-mails utilizados por Rodrigo Rocha Loures na Presidência da República e na Câmara dos deputados. O objetivo dessa medida é apurar se Temer recebeu propinas, por meio de seus aliados, para beneficiar a empresa Rodrimar, operadora no porto de Santos. O presidente e os demais suspeitos negam qualquer irregularidade.
As quebras de sigilos bancários e fiscais abrange o período de 1º de janeiro de 2013 a 30 de junho de 2017. É a primeira vez que um presidente em exercício do mandato tem os seus dados financeiros abertos por ordem judicial. Em nota, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República informou que Temer dará à imprensa total acesso a essas informações. “O presidente não tem nenhuma preocupação com as informações constantes de suas contas bancárias”, diz a nota.

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