quinta-feira, 1 de março de 2018

Diz Yaqub Sibindy, filho de um Reverendo, que abraçou a fé islâmica em 1986, na cidade da Beira.

Magazine CRV
Moz | Políticos -Revelação: 
"EU NÃO ERA MUÇULMANO"
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----- >> Diz Yaqub Sibindy, filho de um Reverendo, que abraçou a fé islâmica em 1986, na cidade da Beira.
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Beira (Magazine CRV) -- Numa revelação inédita, o político moçambicano Yaqub Sibindy - presidente do Partido Independente de Moçambique como do Bloco da Oposição Construtiva - faz saber, afinal, reverteu-se ao Islão/Islam, declarando “Eu não era muçulmano!”

Yaqub Sibindy expressa, a partir da sua conta do Facebook, seu largo contentamento pela tal reversão ao Islam, afirmando que “Se alguém soubesse quão satisfação sinto por Allah ter guiado o meu coração para o Islam e, ter-me dado o Nobre Profeta Muhammad (SAW)[*] como homem modelo da minha vida, jamais teriam olhado para a vida dos outros povos com um átomo de paixão!”
Natural de Mangunde, distrito de Chibabava na província de Sofala e residindo na capital do país, Maputo, esta figura pública que na arena política moçambicana é também membro da Comissão Nacional dos Títulos Honoríficos e Condecorações, abraçou a fé Islâmica no ano de 1986, na cidade da Beira, motivado pelo segundo pilar, dos cinco da religião islâmica, nomeadamente:
1 - Shahada (Testemunho) que é a porta de entrada do indivíduo no Islam e nenhuma pessoa é considerada muçulmana sem que tenha feito a mesma. Ela é naturalmente feita pelo muçulmano todos os dias, durante as orações e súplicas. Ela consiste em dizer “Não há divindade além de Allah e Muhammad (SAW) é mensageiro de Allah“.
2 - Salat, ou Oração, que é obrigatória aos muçulmanos, que deve ser praticada 5 vezes ao dia em horários específicos, de acordo com a posição do sol. Durante o Salat o muçulmano recita o Alcorão e faz súplicas prescritas pelo Profeta Muhammad (SAW), de acordo com o que foi revelado por Deus à ele.
3 - Zakat, que é a doação compulsória de 2,5% para aqueles que tem capacidade de paga-la, ou seja, que possuem valor de bens acima de do estipulado e é geralmente pago para instituições que fazem a distribuição dos valores entre pobres e necessitados.
4 - Jejum do mês do Ramadan que dura todo o mês lunar do Ramadan e deve ser praticado por todo muçulmano com capacidade para jejuar, iniciando o jejum antes do sol nascer e encerrando após o sol se por.
5 - Hajj, ou peregrinação à Meca que deve ser feita pelo menos uma vez na vida pelos muçulmanos com condições para tal. Na Peregrinação, vários rituais são praticados de acordo com a tradição.
Portanto, apurou Magazine CRV, foram as cinco orações diárias que os muçulmanos praticam que cativaram o então Jacob das Neves Salomão Sibindy - décimo quinto filho de pais cuja família professava a religião de fé Cristã Metodista, de origem inglesa, originada no ‎Século XVIII, na Inglaterra - a abraçar a religião islâmica em 28 de Junho de 1986, na Mesquita Central da Beira, usando dai o nome Yaqub Sibindy.
Pode-se perguntar, então, em que medida ou como as orações o motivaram a essa decisão?
A história é interessante, mas longa. Das próprias palavras de Yaqub Sibindy em exclusivo ao jornal, resumindo, este disse:
“Nasci numa família Cristã. O meu pai, Salomão Sibindy, era Reverendo que, com o velho Zicai Dhalakama, trouxeram a Igreja Metodista em Mangunde, ai se tornando os primeiros Reverendos a cristianizar as populações, mesmo antes da chegada da Igreja Católica, Missão São Francisco de Mangunde.”
Posto isto, segundo narra o nosso interlocutor, estes fundaram a Missão de Goi-Goi onde estudaram Urias Simango, Samuel Dhlakama e outras figuras relevantes do panorama nacional.
Prosseguindo a narrativa, Yaqub Sibindy diz que “(…) O meu tio Jossefa Muthianga, irmão da minha mãe, enceta uma expedição pedestre, viajando com o meu pai para África do Sul, nas minas. (…) este meu tio se converte para a Igreja Zione e começa a fazer adivinhação, coisa que na Igreja do meu pai era condenada. Para dizer, no seu regresso, anunciou que portava uma informação divina, a qual dava conta de que iria nascer um filho chamado Jacob. A minha mãe não acreditou nisso tanto mais que ela já havia atingido, em muito, a limitação possível de ser mãe. Entretanto, mais tarde, de forma estranha surge essa gravidez, quando em 1958 nasce Jacob (Yaqub Sibindy) e o meu tio (Jossefa Muthianga) veio dizer para que não dessem de comer jamais a carne de porco a essa criança, se assim o fizessem, morreria. Então, cresci em “panelas diferentes” dado que na minha casa se consumia a carne do porco. Para dizer, vivi um princípio islâmico numa família que não sabia dessa religião, incluso o meu pai morreu sem saber o que era o Islam. Fui a crescer consciente de que não poderia comer carne de porco. (…)”
Importa ressalvar, aqui Yaqub Sibindy apresentou dados sobre a sua aderência em 1972, com 14 anos, a guerrilha da Frelimo e outras informações da sua trajectória que não vêm ao caso, que depois culminaram com o seu estabelecimento na cidade da Beira onde, diz, “aluguei duas quintas na Inhamízua e comecei a criar suínos, mas não os comia, só vendia. Ganhei muito dinheiro naquela altura. Então, por graça divina, veio uma pessoa visitar-me na quinta e, na despedida, fiquei a saber deste que os muçulmanos oravam cinco vezes ao dia, facto que me deixou perplexo muito pela conjuntura política vivida na altura. Esta informação marcou-me e fez com que procurasse mais elementos sobre o Islam, que me convenceram”. (M. Hanif Mussa)
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[*]SAW = (Sallal-láhu ‘alaihi wa sallam) = Expressão árabe utilizada após a citação do nome do Profeta Mohammad, e significa: “Que Deus o abençoe e lhe dê paz”.

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