quinta-feira, 17 de agosto de 2017

O ELEFANTE E A FORMIGA

O ELEFANTE E A FORMIGA
Quando me atenho ao que tem estado a acontecer na Pérola do Índico, me vem, sempre, à memória, uma ilustração que era do agrado do meu saudoso docente de Direito Criminal. É que sempre que lhe disséssemos que estávamos empenhados a preparar testes de outras cadeiras do curso ele sempre retorquia nos seguintes termos: “vocês estão preocupados com uma formiga quando o elefante está aqui, bem próximo, pronto a esmagar-vos.” Queria com isso dizer que era melhor investir mais tempo a estudar direito Criminal, que era um bicho-de-sete-cabeças, a perder tempo com matérias, na sua óptica, acessíveis.
Cá no burgo (basicamente Maputo e Matola) avolumam-se vozes que, primeiro, alegam que a actual crise financeira moçambicana é derivada dos empréstimos concedidos às empresas EMATUM, MAM e ProIndicus, como se isso fosse verdade indiscutível. Para desconstruir essa narrativa muito se disse e se tem dito, mas valerá perguntar a razão de ciência dessa assertiva, sabido que as prestações de crédito não têm estado a ser pagas e que só se nos dissessem que houve redução de investimento em certas áreas pelo Estado, em consequência dos encargos com o serviço da dívida, suportado pelo Governo, poderia permitir que a afirmação retro fosse confundida com a verdade. Também já muito se disse sobre a estratégia de asfixia económica exercida pelos parceiros de cooperação, visando o afastamento da FRELIMO do poder.
Aliás, não deixa de ser estranho que se fale hoje de insustentabilidade da dívida de Moçambique, quando é líquido que em 2005 Moçambique devia ao FMI cerca de 6 biliões de dólares. Também não se devem ignorar os números da dívida nos anos 80 e 90, por força da cooperação militar para fazer face a agressão que o país sofria de forças estranhas ao processo de independência e desenvolvimento. E tanto quanto sei, um dos critérios (senão o critério) para aferir da sustentabilidade da dívida pública é a comparação entre o valor em dívida e o PIB do país. Espero que não me venham dizer que o PIB dos anos 80/90 era superior ao actual. Ora será que essa dívida era sustentável só porque a dívida era com o FMI?
Para além disso, há quem pense que – assumindo que a causa da crise é a dívida das empresas citadas – a saída para a crise é prender os indivíduos A, C e L (deixo a imaginação por vossa conta) e depois responsabilizá-los por tudo quanto nos tem acontecido na esfera financeira. Ora, se a prisão destes três cidadãos permitir que o dólar volte aos 35, que os moçambicanos recuperem o seu poder de compra, que a auto-estima regresse para ficar, que paremos de jogar yoyó no preço dos combustíveis, que a EDM não volte a aumentar vertiginosamente os salários dos membros do Conselho de Administração e meia volta aumentar o preço de energia, com fundamento em aumento dos custos operacionais e que mais moçambicanos tenham capacidade de ter a Zodwa Wabantu em cada uma das festas que organizarem, então tem o meu apoio. Enquanto isso aguardo que me venham provar isso.
Portanto, estamos numa espécie de embriaguez colectiva, em que a dose da nossa incapacidade acidental é suficiente para explicar fenómenos e, de uma forma estonteante e psicadélica, apresentar soluções. É como quem está mais preocupado em contemplar e combater a formiga, ignorando o elefante que está a metros de nos esmagar.
Assim é que as pessoas que mais falam de prisão e responsabilização estão mais ofendidas que quem emprestou dinheiro às 3 empresas. Muito estranho, pois não?
Bem espero que quando a nossa embriaguez colectiva terminar não tenhamos já sido transportados para a vala comum de Lhanguene, assim que os bancos credores accionarem as garantias soberanas e exigirem directamente do Estado moçambicano. Aí é que provavelmente muitos se lembrarão da história do elefante e da formiga, já que parece termos ignorado a parábola da Água, o Banho e o Bebé.
Eu também estou de volta!
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Comments
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Liliana Sulila Quem e esse G40 quero conhecer?
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Isalcio Mahanjane Terá sido esse o melhor argumento produzido? Três letras! Ou será sintomático de uma pobreza de entendimento e posteriormente de argumentos?
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Isalcio Mahanjane Donde vens e porquê mudaste o curso?
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3
Gito Bazima A explicação parece simples: por causa das dívidas ocultas e inação de quem devia agir na responsabilização dos culpados, a comunidade internacional recusa-se a oferecer-nos dinheiro que habituou-nos ao longo de decadas. A ideia é que devemos continuar com o cumprimento das exigências dos doadores ( recomendações da kroll) para restaurar a confiança ( formiga). Quanto ao Elefante, just hold on!
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Alexandre Chivale Muito simples hein...🤔
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Slva Muandipezar Análise positiva , em vez de nos preocuparmos em sair da crise tamos preocupados em responsabilizar os indivíduos que supostamente foram a razão da devida, se uma vez que houve uma má gerência nos fundo adquiridos será que os mesmos terão a capacidade de pagar? Não estamos em tempo de reparar o problema mas sim de buscar solução, vamos deixar de reparar pra os indivíduos que nos colocaram no buraco e tentar sair do buraco.... Mas não disse, mano Gito

2 comentários:

Anónimo disse...

A COMUNIDADE INTERNACIONAL ESTÁ A AJUDAR OS MOÇAMBICANOS A SAIR DAS MÃOS DOS EXPLORADORES QUE CECEBEM DINHEIRO PARA ENCHEREM OS SEUS BOLSOS A CUSTA DO SUOR DA NAÇÃO E MANTEM A NAÇÃO SOBE O SEU CUSTÓDIO, PROCURANDO TAPAR A TODOS PROCURANDO MOSTRAR QUE SÃO SALVADORES E ÚNICOS RESPONÇÁVEIS CAPAZES DE GUIAR O PAÍS.
AVANTE COMUNIDADE INTERNACIONAL.
VOCEIS DEFENSORES DO MAL AINDA NÃO CHEGARAM A CONCLUSÃO QUE A INTERNETE GARANTE A TRANPARÊNCIA ATÉ CERTO PONTO? AINDA NÃO SE APERCEBERAM QUE O NÚMERO DE PESSOAS QUE VOS APOIA É NUITO MENOS EM RELAÇÃO AO NÚMERO DAS PESSOAS QUE VOS DETESTÃO?

Anónimo disse...

A COMUNIDADE INTERNACIONAL ESTÁ A AJUDAR OS MOÇAMBICANOS A SAIR DAS MÃOS DOS EXPLORADORES QUE CECEBEM DINHEIRO PARA ENCHEREM OS SEUS BOLSOS A CUSTA DO SUOR DA NAÇÃO E MANTEM A NAÇÃO SOBE O SEU CUSTÓDIO, PROCURANDO TAPAR A TODOS PROCURANDO MOSTRAR QUE SÃO SALVADORES E ÚNICOS RESPONÇÁVEIS CAPAZES DE GUIAR O PAÍS.
AVANTE COMUNIDADE INTERNACIONAL.
VOCEIS DEFENSORES DO MAL AINDA NÃO CHEGARAM A CONCLUSÃO QUE A INTERNETE GARANTE A TRANPARÊNCIA ATÉ CERTO PONTO? AINDA NÃO SE APERCEBERAM QUE O NÚMERO DE PESSOAS QUE VOS APOIA É NUITO MENOS EM RELAÇÃO AO NÚMERO DAS PESSOAS QUE VOS DETESTÃO?