O Presidente da República, Filipe Nyusi, visitou ontem o sector da saúde, para uma radiografia desta área vital para a população. Durante cerca de cinco horas, Nyusi visitou, sucessivamente, a Central de Medicamentos, o Centro de Saúde de Mavalane e o Hospital Central do Maputo (HCM).
Nestes pontos, Nyusi ouviu os principais intervenientes do sector, mas foi na base do que viu que teceu, no final, a sua radiografia. “Vi um empenho”, disse Nyusi, no início da sua interacção com os profissionais do sector, durante a sessão do conselho consultivo extraordinário.
Ainda assim, o Chefe de Estado disse haver necessidade de os profissionais da saúde prestarem mais atenção à questão da qualidade dos serviços. “Os serviços de saúde não estão a preocupar-se muito com a qualidade, estão a preocupar-se muito em apresentar o trabalho. Mas o trabalho tem que ser um produto de qualidade, senão, não tem valor”, disse.
Da radiografia de Nyusi, constam velhos problemas que teimam em prevalecer, os quais foram, mais uma vez, uma mancha destacada pelo Chefe de Estado. “Há desleixo na higiene, na manutenção, na assiduidade e no próprio carinho ao doente. Há também cobranças ilícitas comprovadas. É possível acabar com estas práticas, se os gestores trabalharem no terreno”.
Guerra contra Malária
A malária, que constitui uma das doenças mais mortíferas no país, foi alvo das maiores preocupações do Chefe de Estado, que apelou ao seu combate sem tréguas. “Estou muito preocupado com a malária. Quanto mais fazemos, a malária está a desafiar-nos e pode desacreditar-nos”, disse Nyusi, apelando a uma maior acção para travar a sua propagação.
“Quando uma coisa que é subjectiva vence o homem que pensa, é um pouco perigoso. Significa que o homem não é o homem certo para se confrontar com esse problema, porque se há países que confrontam e vencem, então, que tipo de pessoas eles usam para poder aguentar e vencer?”, questionou, em jeito retórico, para depois deixar o desafio. “Teremos que nos concentrar muito nesta questão”, exortou.
Dados do Ministério da Saúde indicam que, ano passado, Moçambique registou 2 290 154 casos de malária, contra cerca de 1 600 000 do ano anterior. O MISAU falou da distribuição de 16 milhões de redes mosquiteiras, até Setembro, como uma das estratégias para travar a doença.
Questionado sobre o que estaria a falhar para que, apesar do que está a ser feito, a doença continue a crescer, o director nacional de Saúde Pública, Francisco Mbofana, disse ser uma questão de falhas na comunicação sobre o perigo desta doença.
HCM: um museu ao serviço da saúde
O Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade sanitária do país, foi o local que mais tempo ocupou da visita de Nyusi. Depois de percorrer algumas enfermarias, cujo rosto mais visível era o asseio, o Chefe de Estado não se deixou impressionar e deixou o seu reparo. “Vi salas bem limpas, mas sei que a limpeza é recente”, disse. Apesar de reconhecer o esforço feito para a manutenção das infra-estruturas do maior hospital do país, Nyusi considera que o mesmo já deu tudo o que tinha a dar. “É uma infra-estrutura já velha, que já deu o que tinha a dar, apesar de existirem sinais para manter o hospital a funcionar. Alguns sectores foram reabilitados e têm novo equipamento, isso é encorajador, por espelhar consciência da necessidade de se melhorar o atendimento hospitalar”, disse, classificando, entretanto, o hospital como um museu.
Melhorar a gestão de medicamentos
A gestão dos medicamentos foi uma das notas a que Nyusi deu maior enfoque. Depois de visitar o “armazém mãe”, começou por criticar questões relacionadas com a segurança do local.
“Eu vim com um pelotão de gente, incluindo jornalistas, mas não fomos explicados como comportar-se dentro de um depósito central de medicamentos. Os extintores também são em número reduzido. Este é um lugar que devia servir de exemplo de como as coisas são protegidas”, disse. O estadista exigiu mais trabalho, a todos os níveis, para evitar desvios de medicamentos para o mercado negro e entrada de fármacos duvidosos, para que os moçambicanos não sejam cobaias.
Com uma melhor gestão, o Chefe de Estado considera que o sector pode evitar gastos desnecessários no sector de medicamentos.
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