Sunday, June 25, 2017

Delatores confirmam pagamentos a Cunha em obras do Porto Maravilha



Pedro Ladeira/Folhapress
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara, faz sua defesa durante sessão em que será votada sua cassação, em Brasília (DF)
O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB)
Delatores confirmaram em depoimento à Justiça Federal de Brasília nesta sexta-feira (23), pagamento de propina ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com relação às obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.
Os donos da Carioca Engenharia, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Jr., e o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Jr. confirmaram ter pagado propina ao peemedebista em nome do consórcio formado por Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia para as obras da zona portuária.
A audiência fez parte de ação penal que corre na 10ª Vara de Brasília e na qual são réus o ex-deputado Eduardo Cunha, o doleiro Lúcio Funaro e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves, entre outros. Eles são acusados de envolvimento em desvios no FI-FGTS, controlado pela Caixa Econômica Federal.
Benedicto Jr., o BJ, que é um dos executivos da empreiteira que se tornaram delatores, afirmou que não acreditava que Cunha pudesse "prejudicar o andamento" das obras, mas que concordaram em pagar o valor para manter uma boa relação com o então deputado.
"O Eduardo na visão da Odebrecht era uma pessoa que tinha uma importância política para nós", afirmou o delator. "Eu achava que nós pudéssemos ter assuntos novos do próprio porto a serem resolvidos no futuro e por isso eu aceitei o pedido dele."
Já os donos da Carioca Engenharia afirmaram ter pagado R$ 13 milhões ao longo de 36 meses ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, em contas no exterior.
"A primeira transferência que fizemos para o deputado Eduardo Cunha foi em agosto [de 2011]", afirmou Ricardo Pernambuco. O empreiteiro também confirmou que sabia que os pagamentos eram propina.
A informação, que está na delação premiada dos empreiteiros, foi reafirmada em depoimento à Justiça Federal de Brasília nesta sexta-feira (23).
O valor total da propina seria de R$ 52 milhões, que seriam divididos entre Cunha, Funaro e Fábio Cleto, um dos ex-vice-presidentes da Caixa, segundo a denúncia. Pernambuco afirmou não ter conhecimento da divisão da propina e disse que sempre tratou dos pagamentos com Cunha.
Depôs ainda nesta sexta o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro. Os pagamentos a Cunha foram combinados em reunião de Ricardo Pernambuco com Léo Pinheiro e Benedicto Jr. no hotel Sofitel, no Rio de Janeiro, entre junho e julho de 2011.
Cunha nega o recebimento de propina e já afirmou que não é dono das contas no exterior apontadas pelos delatores como sendo de sua propriedade.

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