Discurso proferido pelo Presidente Samora Moisés Machel, por ocasião
das celebrações do 10º aniversário da Independência Nacional de
Moçambique Maputo, 25 de Junho de 1985
Moçambicanos, Moçambicanas,
Às zero hora do dia 25 de Junho de 1975, o Comité Central da Frelimo proclamou solenemente, em nome de todo o Povo moçambicano, a independência total e completa de Moçambique. Nasceu a Pátria independente que se constituiu em República Popular de Moçambique. Uma longa e dolorosa época de opressão e de humilhação, mas também de resistência e luta para sucessivas gerações de moçambicanos, chegou ao fim nesse dia, o dia maior da nossa História.
Durante séculos, o nosso Povo fora objecto da mais desenfreada exploração dos seus recursos e do seu trabalho. Pela violência, pela força das armas, o ocupante estrangeiro garantira a drenagem permanente das nossas riquezas para outras terras, outros continentes. Com os seus exércitos, com o poder destruidor dos seus canhões, com as suas leis, o colonialismo procurou bloquear a nossa História e distorceu em seu exclusivo benefício o nosso processo de desenvolvimento.
Procurou fazer crescer em nós a obediência cega passiva, a submissão, a convicção de que éramos apenas aquilo que o colonialismo quisesse que fossemos. Lançara e fizera crescer em nós as sementes da divisão, dos ódios tribais, do racismo e do regionalismo. Procurou convencer-nos de que não tínhamos direito a ter uma Pátria, nem terra, nem futuro.
O orgulho insubmisso dos grandes chefes do nosso Povo, a sua coragem de pegar em armas mesmo na certeza da morte, a negação que os nossos heróis opuseram a todas as tentativas de corrupção, de aliciamento, a resistência quotidiana à exploração e à opressão coloniais, foram a principal resposta que o colonialismo encontrou no nosso País.
Esta oposição secular afirmou-se também na preservação da nossa cultura como instrumento de luta, tornou-se cultura ela própria. Contra todas as tentativas de despersonalização, de desenraizamento, contra a passividade imposta, os nossos antepassados, os nossos avós e os nossos pais souberam opor e transmitir a vitalidade imorredoira dos valores ancestrais. Souberam ensinar o amor pela justiça e pela liberdade, a certeza de que era possível destruir a ocupação estrangeira e retomar o destino nas nossas próprias mãos.
A fundação da Frente de Libertação de Moçambique, há precisamente 23 anos, materializou na unidade e na força das convicções comuns estas certezas seculares do nosso Povo. A luta armada de libertação nacional, forma suprema da nossa cultura e da nossa determinação nacional, respondeu a todas as ofensas, a todas as humilhações, a todos os massacres e assassínios de que fomos vítimas e deu expressão, no avanço impetuoso do povo em armas, às certezas dos nossos heróis. A vitória sobre o opressor e ocupante estrangeiro permitiu lançar as bases de um novo poder, o poder de todo o Povo moçambicano unido do Rovuma ao Maputo, e proclamar a República Popular de Moçambique, em 25 de Junho de 1975.
Nesse dia, há dez anos, saudamos pela primeira vez desfraldada a bandeira nacional, bandeira da vitória sobre o colonialismo português, bandeira das nossas certezas no futuro, bandeira de um povo heróico. Éramos finalmente senhores de nós próprios na terra libertada pelas nossas armas.
Nesse dia, há dez anos, foram materializados os desejos e aspirações dos nossos heróis, de todas as gerações de moçambicanos, de todo o Povo. Por isso tinham lutado e morrido os seus melhores filhos.
Nesse dia, há dez anos, compreendemos em toda a sua dimensão a grandeza imensa do país e do povo, o orgulho de moçambicanos livres, independentes e soberanos. E juramos, com uma só voz, com um só sentimento, entre lágrimas de emoção e de alegria, a determinação inabalável de defendermos a Pátria, e em todas as situações, com a muralha dos nossos peitos e com as mãos nuas se necessário for.
A História da primeira década da nossa independência, a história destes dez anos é a História da luta do Povo moçambicano para o cumprimento desse juramento sagrado.
Moçambicanos, Moçambicanas,
Há dez anos, atingimos o objectivo central da luta armada de libertação nacional: a Independência.
Mas, como havíamos afirmado no processo da luta, para nós a independência não se tratava de um processo de substituição: não queríamos apenas substituir uma bandeira por outra, um governador por outro, nem mudar a cor da pele do explorador. Não queríamos substituir a injustiça europeia por uma injustiça africana, a injustiça do colonialismo português, por uma injustiça moçambicana.
Para nós, a independência era o acesso do nosso País à comunidade das nações soberanas. Era o inicio dum processo de vastas transformações, em todos os planos da sociedade, com o objectivo de edificar o poder popular, de assegurar que os frutos da independência pertencessem de facto ao povo que por ela lutou e se sacrificou.
A natureza popular da independência manifestou-se, desde logo, nas conquistas que realizamos e que começaram a transformar profundamente a sociedade moçambicana.
A recuperação da terra, as nacionalizações e as profundas transformações operadas na justiça, na educação, na saúde, na habitação, a abolição do comércio de cadáveres, tiveram como alcance fundamental liquidar a discriminação, colocar os sectores mais importantes da vida social ao serviço do povo.
Iniciamos a edificação de um Estado de tipo novo, de um Estado que exerce o poder do povo trabalhador e defende os seus interesses e aspirações em todos os sectores da sociedade.
Os primeiros a reagir contras estas conquistas, que assinalavam a natureza popular da nossa independência, foram elementos da burguesia colonial, que permaneciam no nosso País.
A sua acção principal, foi a sabotagem económica, que assumiu formas diversas desde a destruição física e o desvio de bens de produção, à promoção da fuga de técnicos, ao abandono de empresas.
A sua intenção era a de provocar a paralisação total da economia, criar uma situação de anarquia e caos e apresentá-la como prova de que nós, moçambicanos, éramos incompetentes e incapazes de governar o País.
Para assegurar o funcionamento das muitas empresas sabotadas e abandonadas, o Estado teve de intervir. Este processo, lançou sobre o Estado a responsabilidade de gerir uma multiplicidade de médias e pequenas empresas, desde fábricas a lojas espalhadas por todo o País. Tivemos então de centralizar a gestão da maior parte da actividade industrial, comercial e de serviços.
Conseguimos travar a sabotagem económica interna e assegurar o funcionamento do essencial dessas actividades. Neutralizamos as manobras da burguesia colonial.
Perdido o seu principal agente inimigo, o imperialismo passou a recorrer às reformas externas de agressão ao nosso país.
No quadro global da actuação imperialista contra os países que procuram ser independentes e construir a independência económica, também nós fomos alvo do boicote e vítima da deterioração dos termos de troca, e das altas taxas de juro.
Paralelamente, o inimigo lançou contra nós a agressão armada.
Numa primeira fase, a agressão armada ao nosso País teve como centro operacional directo o regime racista da Rodésia do Sul.
Além de desencadear ataques realizados pelas suas forças regulares, o regime rodesiano iniciou a infiltração de assassinos e sabotadores contra Moçambique.
A Rodésia racista conluiou-se com elementos da burguesia colonial que fugiram de Moçambique e que pretendiam recuperar as suas posições e os seus privilégios, recrutou mercenários, arregimentou membros das forças especiais do exército colonial português, traidores e criminosos comuns moçambicanos.
Dirigidos pelo exército rodesiano e treinados para a acção terrorista, para a destruição e para a sabotagem, estes assassinos e marginais foram organizados em grupos de bandidos armados com o objectivo de actuarem no interior do nosso país.
Desde o início, a acção destes bandidos armados revelou a sua natureza criminosa e os objectivos visados pelo imperialismo. O que não fora conseguido pela sabotagem económica interna, procurava-se atingir pelo banditismo, pela desestabilização e pelo terror.
Apesar deste novo tipo de agressão armada, sem precedentes em África, e das primeiras grandes calamidades naturais, o nosso país conseguiu reorganizar-se e iniciar, neste período, o processo de recuperação económica.
No momento da independência do Zimbabwe revitalizávamos a economia e atingíamos as mais altas taxas de crescimento desde a independência. O Estado chamou a uma maior participação na vida nacional os sectores familiar e privado, para deixar de assumir tarefas que não se enquadram na sua vocação.
Vencemos a guerra que nos foi movida pelo regime rodesiano. Quando este caiu, com a vitória do Povo do Zimbabwe, o imperialismo transferiu para a África do Sul a organização e o comando operacional dos bandidos armados.
Já no fim da década de 70, a África do Sul se tinha envolvido abertamente ao lado do regime ilegal rodesiano. Era relevante a sua participação nomeadamente no apoio logístico e no treino militar. Eram sul-africanos os aviões “Mirage” que reprimiam o Povo zimbabweano e agrediam Moçambique.
É neste período que as nossas Forças de Defesa e Segurança capturam os primeiros espiões, sabotadores e assassinos moçambicanos treinados em campos sul-africanos.
O regime de Pretória desempenhava já um papel fundamental na agressão económica ao nosso País, através do boicote, da redução do tráfego de mercadorias pelos portos moçambicanos, da diminuição do número de mineiros que trabalhavam na África do Sul e da denúncia unilateral da cláusula sobre o ouro.
O imperialismo tirou lições da derrota do regime rodesiano.
A África do Sul assume directamente a responsabilidade da agressão, reorganiza o banditismo armado como instrumento principal e alarga o carácter internacional da conspiração contra o Estado moçambicano.
A transferência do comando do banditismo armado para a África do Sul foi acompanhada por um recrudescimento das suas acções criminosas e também por actos de agressão levados a cabo por forças regulares sul-africanas.
O regime sul-africano verificou porém que a agressão, mesmo utilizando o banditismo armado, era incapaz de vencer o nosso amor à independência, o nosso espírito revolucionário.
O regime do “apartheid” compreendeu que, através da agressão, era impossível submeter o nosso Estado e destruir a opção económica e social que fizemos.
Enfrentando uma aguda crise interna e um crescente isolamento internacional, Pretoria assinou com o Estado moçambicano o Acordo de Nkomati. Nele compromete-se a cessar e desmantelar a operação dos bandidos armados e a respeitar as normas internacionais de coexistência entre Estados.
Não cessou, no entanto, o apoio aos bandos armados por parte de forças na África do Sul e noutros países. A conspiração internacional imperialista, utilizando o banditismo como instrumento de desestabilização, continua a manter o nosso país sob a agressão económica e o terrorismo.
Este facto, somado aos efeitos das calamidades naturais que temos enfrentado nos últimos anos, constitui a causa principal dos graves problemas económicos que vivemos. Eles traduzem-se pela escassez generalizada de bens essenciais, pela diminuição da produção em grande número de sectores de actividade, pelo declínio das exportações e do rendimento dos serviços e pelo consequente agravamento das condições de vida do povo.
A agressão imperialista, sob as suas formas diversas, enfraqueceu a nossa economia, forçou a interrupção do processo de reconstrução e de desenvolvimento que iniciamos com êxito após a independência, obriga-nos ainda à fome e à miséria.
Mas não atingiu o seu objectivo essencial. Não destruiu as conquistas da nossa Revolução, não destruiu o poder popular e o nosso Estado de operários e camponeses, não separou o povo do seu Partido e do seu Estado, não abalou a nossa determinação de defender e preservar a Pátria Socialista moçambicana.
Em síntese, a agressão contra Moçambique não derrotou o Governo da Frelimo, não conseguiu fazer participar os bandidos armados no Governo da Frelimo. Queriam que partilhássemos o Governo com os colonos, com estrangeiros. A agressão contra o nosso país não abalou os princípios fundamentais da Revolução Socialista em Moçambique, não conseguiu estimular o tribalismo, o regionalismo, o racismo.
A acção do inimigo não abalou a unidade nacional. Pelo contrário, a unidade nacional reforçou-se.
As largas massas populares reconhecem no nosso Estado e nas transformações que operamos na sociedade a expressão dos seus interesses e aspirações. Reconhecem no nosso Partido a força dirigente que assegura a sua realização.
Começamos a nossa vida independente num país saqueado pelo colonialismo e destruído pela guerra colonial. Nestes dez anos, tivemos que enfrentar a guerra e agressão movidas pelo imperialismo e os seus agentes. Sofremos os efeitos devastadores das calamidades naturais. Apesar disso, a nossa sociedade transformou-se profundamente no sentido das aspirações populares.
Somos um país soberano e independente, em que o poder exprime a vontade do povo.
Liquidamos na nossa sociedade a discriminação. No nosso país todos os cidadãos são iguais perante a lei, todos têm os mesmos direitos e deveres, independentemente da raça, da tribo, da região de origem, da crença religiosa.
Edificamos a democracia. A todos os níveis, da aldeia comunal ao órgão supremo do Estado o nosso povo exerce o poder, através das Assembleias do Povo.
Os trabalhadores, as mulheres, os jovens, os intelectuais, os artistas, associam-se livremente e exprimem os seus interesses nas Organizações Democráticas de Massas e nas Associações sócio-profissionais e culturais.
Realizamos enormes esforços para levar o desenvolvimento a novas zonas do país. Onde não havia indústrias instalamos fábricas. Estamos a construir barragens e sistemas de irrigação que vão gerar riqueza e melhorar a vida de milhares e milhares de moçambicanos. Instalamos centenas de quilómetros de linhas de transporte de energia eléctrica.
Em todas as províncias existem importantes projectos de desenvolvimento. Em todos os distritos dinamiza-se a utilização dos recursos locais para melhorar a vida do povo. Em todo o país criamos novas escolas e postos sanitários.
Duplicamos o número de alunos no ensino primário. Cresceu quatro vezes o número de alunos do ensino secundário. Mais de metade dos nossos professores graduados são moçambicanos.
Os cuidados de saúde são praticamente gratuitos. Alargamos a rede sanitária, foram vacinados milhões de cidadãos, foi erradicada a varíola.
Desenvolvemos a formação de técnicos. Hoje, os moçambicanos são professores, médicos, agrónomos, veterinários, engenheiros, juristas, economistas, pilotos de avião, oficiais de marinha, topógrafos, operários especializados.
Hoje, são moçambicanos que dirigem as empresas, a construção de barragens, os hospitais, as escolas, os portos e caminhos-de-ferro, as instituições em todos os sectores de actividade.
Na nossa sociedade, o homem é o factor principal, sujeito e destinatário de todo o processo de desenvolvimento económico, social e cultural. A nossa sociedade rejeita todas as formas de dominação, de opressão e de exploração. A nossa sociedade interiorizou a luta permanente pela igualdade, pela justiça social, pela materialização dos direitos fundamentais do homem.
As conquistas que alcançamos são irreversíveis. O nosso povo está unido e determinado na sai defesa, porque elas são já parte da sua personalidade, constituem valores novos, profundamente vincados, da sociedade socialista que estamos a edificar.
Com a independência, afirmamo-nos na comunidade das nações, como um país africano, não-alinhado e socialista.
A nossa política externa visa a paz, a amizade entre os povos, a cooperação entre os Estados.
Desenvolvemos as nossas relações com os países africanos. Participamos activamente na Organização de Unidade Africana, defendendo e promovendo os ideais e objectivos da sua Carta.
Como país da Linha da Frente, como país que conheceu dolorosamente a opressão colonial e sabe o valor da solidariedade dos povos, apoiamos a luta de libertação do Povo zimbabweano, apoiamos a luta justa do Povo sul-africano dirigida pelo ANC e do Povo namíbio dirigida pela SWAPO.
Desenvolvemos activamente relações de cooperação com todos os países livres da nossa zona, no quadro da SADCC.
Com base na experiência comum da luta contra o colonialismo português, mantemos relações amplas e privilegiadas com Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe.
Estabelecemos e reforçamos os laços de amizade e cooperação com os países socialistas, com os movimentos de libertação nacional e as forças progressistas de todo o mundo, aliados naturais na luta pela paz, pela independência, pelo progresso e pela justiça.
O nosso país é membro activo do Movimento dos países Não-Alinhados e faz parte da larga frente mundial anti-imperialista. Somos solidários com a luta dos povos pela consolidação da liberdade, pela independência económica e pelo desenvolvimento.
Promovemos relações de cooperação com todos os países, independentemente do seu sistema político, na base do respeito pela soberania, da não ingerência e da reciprocidade de benefícios. Participamos activamente na Organização das Nações Unidas e nas suas instituições.
Praticamos consequentemente uma política de promoção da paz, de coexistência entre Estados com regimes políticos e sociais diferentes, de atenuação das tensões e de solução negociada dos conflitos.
Neste quadro, firmamos com a República da África do Sul um Acordo de Não-Agressão e Boa Vizinhança, que constitui instrumento para refrear os círculos belicistas sul-africanos e impedir a eclosão dum conflito generalizado na nossa zona.
Moçambicanos, Moçambicanas,
Alegria com que celebramos o décimo aniversário da nossa independência não diminui a consciência que todos devemos ter de que vivemos um momento difícil da nossa História.
Vivemos uma situação de guerra, um momento em que todo o povo é chamado a defender a Pátria. Vivemos um período de graves problemas económicos, que se reflectem hoje na nossa vida e que terão repercussões que vão prolongar no tempo a nossa situação de subdesenvolvimento.
No momento presente, o instrumento principal da conspiração internacional contra o nosso país, o gatilho que acciona para disparar contra nós, são os bandidos armados.
Desde o início, os alvos que o inimigo indicou aos bandidos armados são evidentes: o povo, a vida económica, as conquistas populares.
O banditismo armado assassina, tortura e mutila cidadãos civis, homens, mulheres, velhos e crianças, queima as suas casas e rouba os seus bens. O alvo é o povo.
O banditismo armado destrói machambas, lojas, pontes, meios de transporte, depósitos de combustível, interrompe o tráfego rodoviário e ferroviário. O alvo é a vida económica, é impedir que vençamos a fome, a nudez e a miséria.
O banditismo armado destrói escolas, hospitais, procura principalmente para os assassinar professores, enfermeiros, juízes populares, deputados, membros do Partido e das Organizações Democráticas de Massas. O alvo são as conquistas populares, é impedir a extensão da educação e da saúde a todos os cidadãos, é destruir as estruturas democráticas de base, as formas de organização do povo, os alicerces do nosso poder.
O objectivo destas acções criminosas tem sido, desde o início, espalhar o terror, lançar o nosso país na anarquia e no caos, retirar o verdadeiro conteúdo da nossa independência.
Os bandidos armados não têm base social, não defendem interesses próprios, não representam quaisquer forças ou sectores da sociedade moçambicana.
Os bandidos armados são criminosos comuns, assassinos contratados para matar, para destruir, para violar, para massacrar. São os cães de guerra, treinados para morder a mão que os alimentou, para cortar o seio donde beberam o primeiro leite, para verter o sangue do irmão.
Com eles, o único diálogo é o das armas.
Quando fundamos a Frente de Libertação de Moçambique, tínhamos como ideais a independência e, através dela, a paz, a justiça e a prosperidade para o povo.
Durante 10 anos, tivemos de fazer a guerra para conquistarmos a liberdade. Mas os inimigos da nossa independência, os inimigos do Povo moçambicano procuram impedir que possamos colher em paz os frutos da liberdade tão duramente conquistada.
É assim que ainda não conhecemos a paz pela qual sempre lutamos. Duas décadas após o início da luta contra o colonialismo, temos ainda de enfrentar a realidade da guerra e da destruição.
As nossas aspirações e ideais permanecem os mesmos. São aspirações e ideais justos e legítimos, que partilhamos com todos os povos.
O inimigo procura minar a vontade e a determinação que sempre caracterizaram o Povo moçambicano na busca da liberdade, da paz, do progresso e da justiça.
Foi esta determinação de um povo unido em torno da Frelimo e com objectivos justos que nos permitiu conquistar a independência e encetar a construção da nossa Pátria livre. Do Rovuma ao Maputo, com a mesma unidade e determinação, enfrentamos hoje as forças que pretendem destruir a nossa independência e recolonizar o nosso País.
O inimigo impõe-nos ainda a guerra. A Pátria chama todos os seus filhos ao combate intransigentes pela sua defesa, pela preservação dos valores que nos definem como moçambicanos.
Para abrirmos os caminhos do futuro que desejamos, para que o nosso país possa ser a terra próspera que alimenta todos os seus filhos, para que possamos edificar a felicidade e o bem-estar, para legarmos às gerações futuras o Moçambique que os nossos heróis sonharam e pelo qual deram a vida, é necessário varrermos do nosso país os assassinos do povo, liquidarmos implacavelmente o terrorismo e o crime.
Esta é a nossa tarefa principal. Este deve ser o nosso objectivo fundamental, aquele que deve concentrar toda a nossa determinação, todas as nossas forças, toda a nossa experiência, toda a nossa inteligência.
Cada uma das nossas aspirações tem como condição essencial conquistarmos a paz e a estabilidade. Só com elas podemos libertar a energia criadora do povo, as imensas potencialidades do país.
A independência que festejamos há dez anos nasceu da coragem, da determinação, do sangue, do suor e dos sacrifícios do nosso povo e dos seus melhores filhos. Nasceu dos calos das nossas mãos, dos pés gretados nas longas caminhadas, das costas vergadas ao peso da mochila.
Somos os herdeiros desse património sem preço que é a independência e a liberdade. É um património que o nosso povo está determinado a manter inviolável, sejam quais forem os sacrifícios necessários, sejam quais forem os inimigos que o tentem assaltar. A nossa geração tem ainda de aceitar sacrifícios, tem ainda que enfrentar a guerra, tem ainda que defrontar a fome e a miséria.
Mas somos a primeira geração de moçambicanos livres. A geração que se bateu pela independência, que viveu o seu nascimento, que escreveu as primeiras páginas da história do nosso país soberano.
Somos a geração que constrói os alicerces do futuro, o amanhã certo e radioso. O nosso orgulho é o de sermos criadores da unidade nacional, do Estado unitário, da sociedade de igualdade.
Somos a geração que sabe fazer sua a luta dos outros povos.
As crianças que agora nascem viverão melhor do que os nossos avós, os nossos pais e nós próprios. É para elas, para os nossos filhos, que lutamos e trabalhamos.
Queremos que cresçam livres, sob a bandeira do nosso país independente, cidadãos de uma Pátria soberana.
Queremos que tenham escolas, onde se forme a consciência patriótica e revolucionária e construa o conhecimento.
Queremos que tenham parques e campos de jogos, museus e bibliotecas, laboratórios e institutos de investigação técnica e científica, cinemas e teatros, onde possam desenvolver todas as suas faculdades físicas e intelectuais.
Queremos que em todos os sectores da vida social, económica e cultural haja instituições e empresas onde possam contribuir para a sociedade na medida das suas capacidades.
Queremos que não conheçam a fome, a nudez e a guerra, que não enfrentem a miséria e o desemprego, que possam, pelo seu próprio trabalho e inteligência, fazer na sua terra, e nela receber, a casa, o pão, a roupa, o medicamento, o livro.
Queremos que vivam numa sociedade em que a única medida do homem seja a dignidade, o seu trabalho, a sua dedicação ao Povo e à Pátria.
É este o futuro que queremos e vamos construir em Moçambique. Foi este o ideal que motivou os heróis que tombaram na luta, é este o significado profundo da independência que proclamamos há dez anos, é este o cimento que nos une e forma os alicerces da nossa determinação.
Moçambicanos, Moçambicanas,
No limiar desta nova década da nossa Nação, saudamos o Povo moçambicano, povo heróico e trabalhador, generoso e determinado, povo de homens, mulheres e jovens que souberam enraizar no solo pátrio a árvore da liberdade e erguer bem alto o estandarte da independência e do progresso.
Com emoção e respeito, recordamos o sacrifício daqueles que, em nomes dos ideais sagrados da Pátria e da Independência, deram as suas vidas, entregaram a sua juventude e as suas esperanças, para que a terra moçambicana permaneça livre e soberana.
Às Forças Armadas de Moçambique, FPLM, construtores do Partido, do Estado e da Unidade Nacional, saudamos com orgulho e exaltação. Uma Pátria que tais filhos gerou pode estar segura de que os princípios e os valores que a edificaram serão para sempre salvaguardados.
Hoje, como no passado, de armas na mão, os nossos soldados continuam a gesta heróica do 25 de Setembro. Glória eterna às Forças Armadas de Moçambique, FPLM!
Saudamos todos os elementos das Forças de Defesa e Segurança que velam, vinte e quatro horas por dia, pela protecção das nossas vidas e bens, pela manutenção da ordem, pela tranquilidade social.
Queremos calorosamente saudar, em nome da Direcção do Partido e do Estado, todos os moçambicanos, todos os cidadãos, todos os patriotas que, nas condições difíceis que hoje vivemos, realizam com zelo, e tantas vezes com heroísmo, as tarefas que o Povo lhes confiou:
• os camponeses, trabalhadores, combatentes, que com a enxada e a arma, sob a ameaça constante do banditismo, produzem para o povo e constroem uma vida nova e melhor;
• os operários agrícolas, industriais e da construção que, apesar das dificuldades, mantêm um alto grau de organização e disciplina, defendendo abnegadamente as suas unidades de produção;
• os camionistas, ferroviários, motoristas de machimbombo, pilotos, marinheiros, todos os trabalhadores dos transportes, cujo heroísmo e determinação permitem manter em funcionamento as vias de comunicação, artérias vitais do nosso país;
• os professores, os médicos, os enfermeiros, todos os que nas frentes da Educação e da Saúde, lutando contra enormes carências e tantas vezes com o risco da própria vida, tornam possível que ao nosso povo chegue a luz do conhecimento e o alivio dos cuidados médicos;
• os que no comercio asseguram o abastecimento do povo, e em especial os que com zelo e coragem, garantem a comercialização agrária, cuja acção é decisiva para o desenvolvimento da economia nacional;
• os técnicos, os especialistas, os directores de empresa que, muitas vezes sob a ameaça do inimigo, asseguram o funcionamento dos sectores porque são responsáveis;
• os intelectuais e artistas patriotas, que têm sabido transformar a luta heróica do nosso Povo em canções, em danças, em literatura, em poesia, em teatro, em cinema, em fotografia, em quadros e esculturas que nos dão a verdadeira dimensão cultural do nosso combate e nos mobilizam para novas batalhas;
• os deputados, os funcionários administrativos que garantem, mesmo nas condições mais adversas, o funcionamento regular das estruturas do nosso Estado, o exercício do nosso poder;
• os quadros e membros do Partido e das Organizações Democráticas de Massas – alvos prioritários do inimigo – cuja total dedicação à causa do Povo mantém vivas e actuantes as nossas estruturas políticas e tem promovido o continuo crescimento, numérico e qualitativo, do nosso Partido em todo o país.
Nesta saudação, incluímos os cidadãos estrangeiros, os trabalhadores internacionalistas que, longe das suas Pátrias, prestam um contributo valioso para o desenvolvimento e progresso da República Popular de Moçambique. Saudamos igualmente, a comunidade internacional, que sempre tem sabido, em especial nos momentos difíceis, prestar ao nosso país o seu apoio solidário.
Moçambicanos, Moçambicanas,
Celebramos hoje dez anos gloriosos da nossa História.
As gerações vindouras saberão reconhecer o que eles representam de tenacidade e sacrifício, de heroísmo e abnegação.
Nestes dez anos, erigimos nesta zona do nosso Continente uma nova civilização, com elevados valores morais e culturais.
Implantamos os alicerces de uma nova sociedade e construímos um país prestigiado no Mundo.
São relações históricas, de que todos os moçambicanos se orgulham.
Na alvorada de uma nova década da vida do nosso país independente, redobremos os nossos esforços, fortaleçamos a nossa unidade, renovemos em uníssono o juramento sagrado de defender a Pátria, de preservar a liberdade, de construir o futuro de felicidade e paz, de justiça e fraternidade para todos os moçambicanos.
Com coragem e determinação, guiados pelo Partido Frelimo, inspirados pelo exemplo sublime dos nossos heróis, celebremos a certeza da vitória.
A LUTA CONTINUA!
A REVOLUÇÃO VENCERÁ!
O SOCIALISMO TRIUNFARÁ!
PARABÉNS, POVO MOÇAMBICANO.
Às zero hora do dia 25 de Junho de 1975, o Comité Central da Frelimo proclamou solenemente, em nome de todo o Povo moçambicano, a independência total e completa de Moçambique. Nasceu a Pátria independente que se constituiu em República Popular de Moçambique. Uma longa e dolorosa época de opressão e de humilhação, mas também de resistência e luta para sucessivas gerações de moçambicanos, chegou ao fim nesse dia, o dia maior da nossa História.
Durante séculos, o nosso Povo fora objecto da mais desenfreada exploração dos seus recursos e do seu trabalho. Pela violência, pela força das armas, o ocupante estrangeiro garantira a drenagem permanente das nossas riquezas para outras terras, outros continentes. Com os seus exércitos, com o poder destruidor dos seus canhões, com as suas leis, o colonialismo procurou bloquear a nossa História e distorceu em seu exclusivo benefício o nosso processo de desenvolvimento.
Procurou fazer crescer em nós a obediência cega passiva, a submissão, a convicção de que éramos apenas aquilo que o colonialismo quisesse que fossemos. Lançara e fizera crescer em nós as sementes da divisão, dos ódios tribais, do racismo e do regionalismo. Procurou convencer-nos de que não tínhamos direito a ter uma Pátria, nem terra, nem futuro.
O orgulho insubmisso dos grandes chefes do nosso Povo, a sua coragem de pegar em armas mesmo na certeza da morte, a negação que os nossos heróis opuseram a todas as tentativas de corrupção, de aliciamento, a resistência quotidiana à exploração e à opressão coloniais, foram a principal resposta que o colonialismo encontrou no nosso País.
Esta oposição secular afirmou-se também na preservação da nossa cultura como instrumento de luta, tornou-se cultura ela própria. Contra todas as tentativas de despersonalização, de desenraizamento, contra a passividade imposta, os nossos antepassados, os nossos avós e os nossos pais souberam opor e transmitir a vitalidade imorredoira dos valores ancestrais. Souberam ensinar o amor pela justiça e pela liberdade, a certeza de que era possível destruir a ocupação estrangeira e retomar o destino nas nossas próprias mãos.
A fundação da Frente de Libertação de Moçambique, há precisamente 23 anos, materializou na unidade e na força das convicções comuns estas certezas seculares do nosso Povo. A luta armada de libertação nacional, forma suprema da nossa cultura e da nossa determinação nacional, respondeu a todas as ofensas, a todas as humilhações, a todos os massacres e assassínios de que fomos vítimas e deu expressão, no avanço impetuoso do povo em armas, às certezas dos nossos heróis. A vitória sobre o opressor e ocupante estrangeiro permitiu lançar as bases de um novo poder, o poder de todo o Povo moçambicano unido do Rovuma ao Maputo, e proclamar a República Popular de Moçambique, em 25 de Junho de 1975.
Nesse dia, há dez anos, saudamos pela primeira vez desfraldada a bandeira nacional, bandeira da vitória sobre o colonialismo português, bandeira das nossas certezas no futuro, bandeira de um povo heróico. Éramos finalmente senhores de nós próprios na terra libertada pelas nossas armas.
Nesse dia, há dez anos, foram materializados os desejos e aspirações dos nossos heróis, de todas as gerações de moçambicanos, de todo o Povo. Por isso tinham lutado e morrido os seus melhores filhos.
Nesse dia, há dez anos, compreendemos em toda a sua dimensão a grandeza imensa do país e do povo, o orgulho de moçambicanos livres, independentes e soberanos. E juramos, com uma só voz, com um só sentimento, entre lágrimas de emoção e de alegria, a determinação inabalável de defendermos a Pátria, e em todas as situações, com a muralha dos nossos peitos e com as mãos nuas se necessário for.
A História da primeira década da nossa independência, a história destes dez anos é a História da luta do Povo moçambicano para o cumprimento desse juramento sagrado.
Moçambicanos, Moçambicanas,
Há dez anos, atingimos o objectivo central da luta armada de libertação nacional: a Independência.
Mas, como havíamos afirmado no processo da luta, para nós a independência não se tratava de um processo de substituição: não queríamos apenas substituir uma bandeira por outra, um governador por outro, nem mudar a cor da pele do explorador. Não queríamos substituir a injustiça europeia por uma injustiça africana, a injustiça do colonialismo português, por uma injustiça moçambicana.
Para nós, a independência era o acesso do nosso País à comunidade das nações soberanas. Era o inicio dum processo de vastas transformações, em todos os planos da sociedade, com o objectivo de edificar o poder popular, de assegurar que os frutos da independência pertencessem de facto ao povo que por ela lutou e se sacrificou.
A natureza popular da independência manifestou-se, desde logo, nas conquistas que realizamos e que começaram a transformar profundamente a sociedade moçambicana.
A recuperação da terra, as nacionalizações e as profundas transformações operadas na justiça, na educação, na saúde, na habitação, a abolição do comércio de cadáveres, tiveram como alcance fundamental liquidar a discriminação, colocar os sectores mais importantes da vida social ao serviço do povo.
Iniciamos a edificação de um Estado de tipo novo, de um Estado que exerce o poder do povo trabalhador e defende os seus interesses e aspirações em todos os sectores da sociedade.
Os primeiros a reagir contras estas conquistas, que assinalavam a natureza popular da nossa independência, foram elementos da burguesia colonial, que permaneciam no nosso País.
A sua acção principal, foi a sabotagem económica, que assumiu formas diversas desde a destruição física e o desvio de bens de produção, à promoção da fuga de técnicos, ao abandono de empresas.
A sua intenção era a de provocar a paralisação total da economia, criar uma situação de anarquia e caos e apresentá-la como prova de que nós, moçambicanos, éramos incompetentes e incapazes de governar o País.
Para assegurar o funcionamento das muitas empresas sabotadas e abandonadas, o Estado teve de intervir. Este processo, lançou sobre o Estado a responsabilidade de gerir uma multiplicidade de médias e pequenas empresas, desde fábricas a lojas espalhadas por todo o País. Tivemos então de centralizar a gestão da maior parte da actividade industrial, comercial e de serviços.
Conseguimos travar a sabotagem económica interna e assegurar o funcionamento do essencial dessas actividades. Neutralizamos as manobras da burguesia colonial.
Perdido o seu principal agente inimigo, o imperialismo passou a recorrer às reformas externas de agressão ao nosso país.
No quadro global da actuação imperialista contra os países que procuram ser independentes e construir a independência económica, também nós fomos alvo do boicote e vítima da deterioração dos termos de troca, e das altas taxas de juro.
Paralelamente, o inimigo lançou contra nós a agressão armada.
Numa primeira fase, a agressão armada ao nosso País teve como centro operacional directo o regime racista da Rodésia do Sul.
Além de desencadear ataques realizados pelas suas forças regulares, o regime rodesiano iniciou a infiltração de assassinos e sabotadores contra Moçambique.
A Rodésia racista conluiou-se com elementos da burguesia colonial que fugiram de Moçambique e que pretendiam recuperar as suas posições e os seus privilégios, recrutou mercenários, arregimentou membros das forças especiais do exército colonial português, traidores e criminosos comuns moçambicanos.
Dirigidos pelo exército rodesiano e treinados para a acção terrorista, para a destruição e para a sabotagem, estes assassinos e marginais foram organizados em grupos de bandidos armados com o objectivo de actuarem no interior do nosso país.
Desde o início, a acção destes bandidos armados revelou a sua natureza criminosa e os objectivos visados pelo imperialismo. O que não fora conseguido pela sabotagem económica interna, procurava-se atingir pelo banditismo, pela desestabilização e pelo terror.
Apesar deste novo tipo de agressão armada, sem precedentes em África, e das primeiras grandes calamidades naturais, o nosso país conseguiu reorganizar-se e iniciar, neste período, o processo de recuperação económica.
No momento da independência do Zimbabwe revitalizávamos a economia e atingíamos as mais altas taxas de crescimento desde a independência. O Estado chamou a uma maior participação na vida nacional os sectores familiar e privado, para deixar de assumir tarefas que não se enquadram na sua vocação.
Vencemos a guerra que nos foi movida pelo regime rodesiano. Quando este caiu, com a vitória do Povo do Zimbabwe, o imperialismo transferiu para a África do Sul a organização e o comando operacional dos bandidos armados.
Já no fim da década de 70, a África do Sul se tinha envolvido abertamente ao lado do regime ilegal rodesiano. Era relevante a sua participação nomeadamente no apoio logístico e no treino militar. Eram sul-africanos os aviões “Mirage” que reprimiam o Povo zimbabweano e agrediam Moçambique.
É neste período que as nossas Forças de Defesa e Segurança capturam os primeiros espiões, sabotadores e assassinos moçambicanos treinados em campos sul-africanos.
O regime de Pretória desempenhava já um papel fundamental na agressão económica ao nosso País, através do boicote, da redução do tráfego de mercadorias pelos portos moçambicanos, da diminuição do número de mineiros que trabalhavam na África do Sul e da denúncia unilateral da cláusula sobre o ouro.
O imperialismo tirou lições da derrota do regime rodesiano.
A África do Sul assume directamente a responsabilidade da agressão, reorganiza o banditismo armado como instrumento principal e alarga o carácter internacional da conspiração contra o Estado moçambicano.
A transferência do comando do banditismo armado para a África do Sul foi acompanhada por um recrudescimento das suas acções criminosas e também por actos de agressão levados a cabo por forças regulares sul-africanas.
O regime sul-africano verificou porém que a agressão, mesmo utilizando o banditismo armado, era incapaz de vencer o nosso amor à independência, o nosso espírito revolucionário.
O regime do “apartheid” compreendeu que, através da agressão, era impossível submeter o nosso Estado e destruir a opção económica e social que fizemos.
Enfrentando uma aguda crise interna e um crescente isolamento internacional, Pretoria assinou com o Estado moçambicano o Acordo de Nkomati. Nele compromete-se a cessar e desmantelar a operação dos bandidos armados e a respeitar as normas internacionais de coexistência entre Estados.
Não cessou, no entanto, o apoio aos bandos armados por parte de forças na África do Sul e noutros países. A conspiração internacional imperialista, utilizando o banditismo como instrumento de desestabilização, continua a manter o nosso país sob a agressão económica e o terrorismo.
Este facto, somado aos efeitos das calamidades naturais que temos enfrentado nos últimos anos, constitui a causa principal dos graves problemas económicos que vivemos. Eles traduzem-se pela escassez generalizada de bens essenciais, pela diminuição da produção em grande número de sectores de actividade, pelo declínio das exportações e do rendimento dos serviços e pelo consequente agravamento das condições de vida do povo.
A agressão imperialista, sob as suas formas diversas, enfraqueceu a nossa economia, forçou a interrupção do processo de reconstrução e de desenvolvimento que iniciamos com êxito após a independência, obriga-nos ainda à fome e à miséria.
Mas não atingiu o seu objectivo essencial. Não destruiu as conquistas da nossa Revolução, não destruiu o poder popular e o nosso Estado de operários e camponeses, não separou o povo do seu Partido e do seu Estado, não abalou a nossa determinação de defender e preservar a Pátria Socialista moçambicana.
Em síntese, a agressão contra Moçambique não derrotou o Governo da Frelimo, não conseguiu fazer participar os bandidos armados no Governo da Frelimo. Queriam que partilhássemos o Governo com os colonos, com estrangeiros. A agressão contra o nosso país não abalou os princípios fundamentais da Revolução Socialista em Moçambique, não conseguiu estimular o tribalismo, o regionalismo, o racismo.
A acção do inimigo não abalou a unidade nacional. Pelo contrário, a unidade nacional reforçou-se.
As largas massas populares reconhecem no nosso Estado e nas transformações que operamos na sociedade a expressão dos seus interesses e aspirações. Reconhecem no nosso Partido a força dirigente que assegura a sua realização.
Começamos a nossa vida independente num país saqueado pelo colonialismo e destruído pela guerra colonial. Nestes dez anos, tivemos que enfrentar a guerra e agressão movidas pelo imperialismo e os seus agentes. Sofremos os efeitos devastadores das calamidades naturais. Apesar disso, a nossa sociedade transformou-se profundamente no sentido das aspirações populares.
Somos um país soberano e independente, em que o poder exprime a vontade do povo.
Liquidamos na nossa sociedade a discriminação. No nosso país todos os cidadãos são iguais perante a lei, todos têm os mesmos direitos e deveres, independentemente da raça, da tribo, da região de origem, da crença religiosa.
Edificamos a democracia. A todos os níveis, da aldeia comunal ao órgão supremo do Estado o nosso povo exerce o poder, através das Assembleias do Povo.
Os trabalhadores, as mulheres, os jovens, os intelectuais, os artistas, associam-se livremente e exprimem os seus interesses nas Organizações Democráticas de Massas e nas Associações sócio-profissionais e culturais.
Realizamos enormes esforços para levar o desenvolvimento a novas zonas do país. Onde não havia indústrias instalamos fábricas. Estamos a construir barragens e sistemas de irrigação que vão gerar riqueza e melhorar a vida de milhares e milhares de moçambicanos. Instalamos centenas de quilómetros de linhas de transporte de energia eléctrica.
Em todas as províncias existem importantes projectos de desenvolvimento. Em todos os distritos dinamiza-se a utilização dos recursos locais para melhorar a vida do povo. Em todo o país criamos novas escolas e postos sanitários.
Duplicamos o número de alunos no ensino primário. Cresceu quatro vezes o número de alunos do ensino secundário. Mais de metade dos nossos professores graduados são moçambicanos.
Os cuidados de saúde são praticamente gratuitos. Alargamos a rede sanitária, foram vacinados milhões de cidadãos, foi erradicada a varíola.
Desenvolvemos a formação de técnicos. Hoje, os moçambicanos são professores, médicos, agrónomos, veterinários, engenheiros, juristas, economistas, pilotos de avião, oficiais de marinha, topógrafos, operários especializados.
Hoje, são moçambicanos que dirigem as empresas, a construção de barragens, os hospitais, as escolas, os portos e caminhos-de-ferro, as instituições em todos os sectores de actividade.
Na nossa sociedade, o homem é o factor principal, sujeito e destinatário de todo o processo de desenvolvimento económico, social e cultural. A nossa sociedade rejeita todas as formas de dominação, de opressão e de exploração. A nossa sociedade interiorizou a luta permanente pela igualdade, pela justiça social, pela materialização dos direitos fundamentais do homem.
As conquistas que alcançamos são irreversíveis. O nosso povo está unido e determinado na sai defesa, porque elas são já parte da sua personalidade, constituem valores novos, profundamente vincados, da sociedade socialista que estamos a edificar.
Com a independência, afirmamo-nos na comunidade das nações, como um país africano, não-alinhado e socialista.
A nossa política externa visa a paz, a amizade entre os povos, a cooperação entre os Estados.
Desenvolvemos as nossas relações com os países africanos. Participamos activamente na Organização de Unidade Africana, defendendo e promovendo os ideais e objectivos da sua Carta.
Como país da Linha da Frente, como país que conheceu dolorosamente a opressão colonial e sabe o valor da solidariedade dos povos, apoiamos a luta de libertação do Povo zimbabweano, apoiamos a luta justa do Povo sul-africano dirigida pelo ANC e do Povo namíbio dirigida pela SWAPO.
Desenvolvemos activamente relações de cooperação com todos os países livres da nossa zona, no quadro da SADCC.
Com base na experiência comum da luta contra o colonialismo português, mantemos relações amplas e privilegiadas com Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe.
Estabelecemos e reforçamos os laços de amizade e cooperação com os países socialistas, com os movimentos de libertação nacional e as forças progressistas de todo o mundo, aliados naturais na luta pela paz, pela independência, pelo progresso e pela justiça.
O nosso país é membro activo do Movimento dos países Não-Alinhados e faz parte da larga frente mundial anti-imperialista. Somos solidários com a luta dos povos pela consolidação da liberdade, pela independência económica e pelo desenvolvimento.
Promovemos relações de cooperação com todos os países, independentemente do seu sistema político, na base do respeito pela soberania, da não ingerência e da reciprocidade de benefícios. Participamos activamente na Organização das Nações Unidas e nas suas instituições.
Praticamos consequentemente uma política de promoção da paz, de coexistência entre Estados com regimes políticos e sociais diferentes, de atenuação das tensões e de solução negociada dos conflitos.
Neste quadro, firmamos com a República da África do Sul um Acordo de Não-Agressão e Boa Vizinhança, que constitui instrumento para refrear os círculos belicistas sul-africanos e impedir a eclosão dum conflito generalizado na nossa zona.
Moçambicanos, Moçambicanas,
Alegria com que celebramos o décimo aniversário da nossa independência não diminui a consciência que todos devemos ter de que vivemos um momento difícil da nossa História.
Vivemos uma situação de guerra, um momento em que todo o povo é chamado a defender a Pátria. Vivemos um período de graves problemas económicos, que se reflectem hoje na nossa vida e que terão repercussões que vão prolongar no tempo a nossa situação de subdesenvolvimento.
No momento presente, o instrumento principal da conspiração internacional contra o nosso país, o gatilho que acciona para disparar contra nós, são os bandidos armados.
Desde o início, os alvos que o inimigo indicou aos bandidos armados são evidentes: o povo, a vida económica, as conquistas populares.
O banditismo armado assassina, tortura e mutila cidadãos civis, homens, mulheres, velhos e crianças, queima as suas casas e rouba os seus bens. O alvo é o povo.
O banditismo armado destrói machambas, lojas, pontes, meios de transporte, depósitos de combustível, interrompe o tráfego rodoviário e ferroviário. O alvo é a vida económica, é impedir que vençamos a fome, a nudez e a miséria.
O banditismo armado destrói escolas, hospitais, procura principalmente para os assassinar professores, enfermeiros, juízes populares, deputados, membros do Partido e das Organizações Democráticas de Massas. O alvo são as conquistas populares, é impedir a extensão da educação e da saúde a todos os cidadãos, é destruir as estruturas democráticas de base, as formas de organização do povo, os alicerces do nosso poder.
O objectivo destas acções criminosas tem sido, desde o início, espalhar o terror, lançar o nosso país na anarquia e no caos, retirar o verdadeiro conteúdo da nossa independência.
Os bandidos armados não têm base social, não defendem interesses próprios, não representam quaisquer forças ou sectores da sociedade moçambicana.
Os bandidos armados são criminosos comuns, assassinos contratados para matar, para destruir, para violar, para massacrar. São os cães de guerra, treinados para morder a mão que os alimentou, para cortar o seio donde beberam o primeiro leite, para verter o sangue do irmão.
Com eles, o único diálogo é o das armas.
Quando fundamos a Frente de Libertação de Moçambique, tínhamos como ideais a independência e, através dela, a paz, a justiça e a prosperidade para o povo.
Durante 10 anos, tivemos de fazer a guerra para conquistarmos a liberdade. Mas os inimigos da nossa independência, os inimigos do Povo moçambicano procuram impedir que possamos colher em paz os frutos da liberdade tão duramente conquistada.
É assim que ainda não conhecemos a paz pela qual sempre lutamos. Duas décadas após o início da luta contra o colonialismo, temos ainda de enfrentar a realidade da guerra e da destruição.
As nossas aspirações e ideais permanecem os mesmos. São aspirações e ideais justos e legítimos, que partilhamos com todos os povos.
O inimigo procura minar a vontade e a determinação que sempre caracterizaram o Povo moçambicano na busca da liberdade, da paz, do progresso e da justiça.
Foi esta determinação de um povo unido em torno da Frelimo e com objectivos justos que nos permitiu conquistar a independência e encetar a construção da nossa Pátria livre. Do Rovuma ao Maputo, com a mesma unidade e determinação, enfrentamos hoje as forças que pretendem destruir a nossa independência e recolonizar o nosso País.
O inimigo impõe-nos ainda a guerra. A Pátria chama todos os seus filhos ao combate intransigentes pela sua defesa, pela preservação dos valores que nos definem como moçambicanos.
Para abrirmos os caminhos do futuro que desejamos, para que o nosso país possa ser a terra próspera que alimenta todos os seus filhos, para que possamos edificar a felicidade e o bem-estar, para legarmos às gerações futuras o Moçambique que os nossos heróis sonharam e pelo qual deram a vida, é necessário varrermos do nosso país os assassinos do povo, liquidarmos implacavelmente o terrorismo e o crime.
Esta é a nossa tarefa principal. Este deve ser o nosso objectivo fundamental, aquele que deve concentrar toda a nossa determinação, todas as nossas forças, toda a nossa experiência, toda a nossa inteligência.
Cada uma das nossas aspirações tem como condição essencial conquistarmos a paz e a estabilidade. Só com elas podemos libertar a energia criadora do povo, as imensas potencialidades do país.
A independência que festejamos há dez anos nasceu da coragem, da determinação, do sangue, do suor e dos sacrifícios do nosso povo e dos seus melhores filhos. Nasceu dos calos das nossas mãos, dos pés gretados nas longas caminhadas, das costas vergadas ao peso da mochila.
Somos os herdeiros desse património sem preço que é a independência e a liberdade. É um património que o nosso povo está determinado a manter inviolável, sejam quais forem os sacrifícios necessários, sejam quais forem os inimigos que o tentem assaltar. A nossa geração tem ainda de aceitar sacrifícios, tem ainda que enfrentar a guerra, tem ainda que defrontar a fome e a miséria.
Mas somos a primeira geração de moçambicanos livres. A geração que se bateu pela independência, que viveu o seu nascimento, que escreveu as primeiras páginas da história do nosso país soberano.
Somos a geração que constrói os alicerces do futuro, o amanhã certo e radioso. O nosso orgulho é o de sermos criadores da unidade nacional, do Estado unitário, da sociedade de igualdade.
Somos a geração que sabe fazer sua a luta dos outros povos.
As crianças que agora nascem viverão melhor do que os nossos avós, os nossos pais e nós próprios. É para elas, para os nossos filhos, que lutamos e trabalhamos.
Queremos que cresçam livres, sob a bandeira do nosso país independente, cidadãos de uma Pátria soberana.
Queremos que tenham escolas, onde se forme a consciência patriótica e revolucionária e construa o conhecimento.
Queremos que tenham parques e campos de jogos, museus e bibliotecas, laboratórios e institutos de investigação técnica e científica, cinemas e teatros, onde possam desenvolver todas as suas faculdades físicas e intelectuais.
Queremos que em todos os sectores da vida social, económica e cultural haja instituições e empresas onde possam contribuir para a sociedade na medida das suas capacidades.
Queremos que não conheçam a fome, a nudez e a guerra, que não enfrentem a miséria e o desemprego, que possam, pelo seu próprio trabalho e inteligência, fazer na sua terra, e nela receber, a casa, o pão, a roupa, o medicamento, o livro.
Queremos que vivam numa sociedade em que a única medida do homem seja a dignidade, o seu trabalho, a sua dedicação ao Povo e à Pátria.
É este o futuro que queremos e vamos construir em Moçambique. Foi este o ideal que motivou os heróis que tombaram na luta, é este o significado profundo da independência que proclamamos há dez anos, é este o cimento que nos une e forma os alicerces da nossa determinação.
Moçambicanos, Moçambicanas,
No limiar desta nova década da nossa Nação, saudamos o Povo moçambicano, povo heróico e trabalhador, generoso e determinado, povo de homens, mulheres e jovens que souberam enraizar no solo pátrio a árvore da liberdade e erguer bem alto o estandarte da independência e do progresso.
Com emoção e respeito, recordamos o sacrifício daqueles que, em nomes dos ideais sagrados da Pátria e da Independência, deram as suas vidas, entregaram a sua juventude e as suas esperanças, para que a terra moçambicana permaneça livre e soberana.
Às Forças Armadas de Moçambique, FPLM, construtores do Partido, do Estado e da Unidade Nacional, saudamos com orgulho e exaltação. Uma Pátria que tais filhos gerou pode estar segura de que os princípios e os valores que a edificaram serão para sempre salvaguardados.
Hoje, como no passado, de armas na mão, os nossos soldados continuam a gesta heróica do 25 de Setembro. Glória eterna às Forças Armadas de Moçambique, FPLM!
Saudamos todos os elementos das Forças de Defesa e Segurança que velam, vinte e quatro horas por dia, pela protecção das nossas vidas e bens, pela manutenção da ordem, pela tranquilidade social.
Queremos calorosamente saudar, em nome da Direcção do Partido e do Estado, todos os moçambicanos, todos os cidadãos, todos os patriotas que, nas condições difíceis que hoje vivemos, realizam com zelo, e tantas vezes com heroísmo, as tarefas que o Povo lhes confiou:
• os camponeses, trabalhadores, combatentes, que com a enxada e a arma, sob a ameaça constante do banditismo, produzem para o povo e constroem uma vida nova e melhor;
• os operários agrícolas, industriais e da construção que, apesar das dificuldades, mantêm um alto grau de organização e disciplina, defendendo abnegadamente as suas unidades de produção;
• os camionistas, ferroviários, motoristas de machimbombo, pilotos, marinheiros, todos os trabalhadores dos transportes, cujo heroísmo e determinação permitem manter em funcionamento as vias de comunicação, artérias vitais do nosso país;
• os professores, os médicos, os enfermeiros, todos os que nas frentes da Educação e da Saúde, lutando contra enormes carências e tantas vezes com o risco da própria vida, tornam possível que ao nosso povo chegue a luz do conhecimento e o alivio dos cuidados médicos;
• os que no comercio asseguram o abastecimento do povo, e em especial os que com zelo e coragem, garantem a comercialização agrária, cuja acção é decisiva para o desenvolvimento da economia nacional;
• os técnicos, os especialistas, os directores de empresa que, muitas vezes sob a ameaça do inimigo, asseguram o funcionamento dos sectores porque são responsáveis;
• os intelectuais e artistas patriotas, que têm sabido transformar a luta heróica do nosso Povo em canções, em danças, em literatura, em poesia, em teatro, em cinema, em fotografia, em quadros e esculturas que nos dão a verdadeira dimensão cultural do nosso combate e nos mobilizam para novas batalhas;
• os deputados, os funcionários administrativos que garantem, mesmo nas condições mais adversas, o funcionamento regular das estruturas do nosso Estado, o exercício do nosso poder;
• os quadros e membros do Partido e das Organizações Democráticas de Massas – alvos prioritários do inimigo – cuja total dedicação à causa do Povo mantém vivas e actuantes as nossas estruturas políticas e tem promovido o continuo crescimento, numérico e qualitativo, do nosso Partido em todo o país.
Nesta saudação, incluímos os cidadãos estrangeiros, os trabalhadores internacionalistas que, longe das suas Pátrias, prestam um contributo valioso para o desenvolvimento e progresso da República Popular de Moçambique. Saudamos igualmente, a comunidade internacional, que sempre tem sabido, em especial nos momentos difíceis, prestar ao nosso país o seu apoio solidário.
Moçambicanos, Moçambicanas,
Celebramos hoje dez anos gloriosos da nossa História.
As gerações vindouras saberão reconhecer o que eles representam de tenacidade e sacrifício, de heroísmo e abnegação.
Nestes dez anos, erigimos nesta zona do nosso Continente uma nova civilização, com elevados valores morais e culturais.
Implantamos os alicerces de uma nova sociedade e construímos um país prestigiado no Mundo.
São relações históricas, de que todos os moçambicanos se orgulham.
Na alvorada de uma nova década da vida do nosso país independente, redobremos os nossos esforços, fortaleçamos a nossa unidade, renovemos em uníssono o juramento sagrado de defender a Pátria, de preservar a liberdade, de construir o futuro de felicidade e paz, de justiça e fraternidade para todos os moçambicanos.
Com coragem e determinação, guiados pelo Partido Frelimo, inspirados pelo exemplo sublime dos nossos heróis, celebremos a certeza da vitória.
A LUTA CONTINUA!
A REVOLUÇÃO VENCERÁ!
O SOCIALISMO TRIUNFARÁ!
PARABÉNS, POVO MOÇAMBICANO.
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