A 24 de Junho de 1953 nascia a escritora e jornalista, Fátima Langa, no distrito de Manjacaze, na província de Gaza. Na celebração do seu 64º aniversário, amigos e familiares esperavam, como de costume, reunir-se para celebrar. Porém, quis o destino que este, também, fosse o dia da sua partida.
Quando o relógio marcava 15 horas, no último sábado (24), avozinha – como era carinhosamente tratada pelos seus netos – sentiu-se mal e foi levada de imediato ao hospital. Porque não se tratava de algo grave, foi medicada e retornou a casa.
No aconchego do lar e as vésperas de apagar as velas do seu aniversário natalício, sentiu-se mal novamente. De regresso ao hospital recebeu todos os tratamentos médicos possíveis, mas o esforço foi em vão. Fátima Langa não resistiu e deu o seu último suspiro.
Segundo o irmão, Alberto Simão, a escritora estava doente já há algum tempo, mas a situação estava controlada e por isso a sua morte foi uma surpresa.
Para os amigos, que a tinham como irmã, o momento é de muita dor e choque. Com os olhos cheios de lágrimas, recordam-se dos momentos partilhados e lamentam a sua partida.
Cientes da sua importância no mundo da literatura, dizem que as crianças não perderam apenas uma contadora de estórias, mas uma avó. “Eu espero que sua alma continue a escrever. As crianças ficaram sozinhas, pois era única que se preocupava em escrever para elas”, disse emocionada a amiga de longa data, Natividade Bule.
Fátima Langa é descrita pelos seus ente-queridos como uma mulher de garra e batalhadora. Um exemplo disso, é que até aos seis anos só falava o cichopi, sua língua materna, tendo aprendido a língua portuguesa mais tarde quando ingressou no ensino primário na Vila de Manjacaze. Por ser uma mãe dedicada, a sua formação superior, em Jornalismo, foi adiada até a altura em que viu os seus filhos formarem-se.
Durante uma entrevista ao programa Mais Mulher da STV, exibido no ano passado, revelou que desde a tenra idade cultivou o hábito de contar estórias à volta da fogueira, na sua língua materna. Contudo, não pensava em publicar. A escritora Lília Momplé foi quem a incentivou a publicar os contos que escrevia e guardava para contar as suas crianças. Ao aceitar o desafio, entregou-se totalmente ao mundo literário.
Em vida, a escritora e jornalista, escreveu vários livros – em português e na sua língua materna – para a pequenada, dentre eles destacam-se: “A Gazela, o Carneiro e O Coelho”, “O galo e o coelho”, “Nhembeti” e “Ndinema vai à escola”.
O seu percurso literário é fortemente influenciado pelas vivências da sua infância passada maioritariamente na terra natal.
Por ser das poucas autoras que se dedicava a literatura infantil, o seu nome é uma referência obrigatória ao se falar da modalidade.
Fátima Langa era a irmã mais velha de 10 irmãos, deixa dois filhos e dezenas de netos – que na sua maioria ganhou contando estórias.
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