Fundo Monetário Internacional considera falta de confiança de doadores como risco para o crescimento da economia nacional
O Fundo Monetário Internacional (FMI) está optimista em relação ao bom desempenho da maior parte dos indicadores da economia moçambicana este ano, e até projecta um crescimento superior à previsão inicial, que é de 4.5%. Apesar do optimismo, justificado, sobretudo, pelo aumento da produção e exportação de carvão (cujo peso na economia é de cerca de 6%), o FMI manifestou preocupação relativamente a alguns fenómenos, entre eles a dificuldade do Governo recuperar a confiança dos parceiros que apoiam o Orçamento do Estado (que suspenderam o apoio em Abril do ano passado por causa das dívidas que não tinham sido declaradas pelo Governo).
Durante a apresentação das Perspectivas Económicas Regionais para África Subsaariana e Moçambique, esta terça-feira, em Maputo, e perante economistas, empresários, académicos, diplomatas e demais individualidades, o representante do FMI em Moçambique, Ari Aisen, apontou outras ameaças ao crescimento, com destaque para o aumento do endividamento interno do Estado (uma das alternativas de recurso com a suspensão da ajuda externa), o que também pode afectar a estabilidade da banca, além dos riscos externos.
Inflação e taxas de câmbio estáveis
A par do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB – valor da riqueza produzida no país), a previsão do FMI é de que o nível geral de preços caia, aliviando o elevado custo de vida que se verificou ao longo dos últimos dois anos. Sem avançar números (lembrando que o Banco Central prevê uma inflação média abaixo de 15% este ano contra cerca de 20% em 2016), o FMI avança que um dos determinantes da queda da inflação (nível geral de preços) é a apreciação cambial que o metical experimenta nos últimos meses depois de uma acentuada queda (um dólar chegou a roçar a casa dos 80 meticais e hoje está um pouco abaixo dos 50 meticais). Também foi determinante o aumento das taxas de juro de referência do Banco de Moçambique, apesar de ter baixado o financiamento à economia.
Governo e Banco Central foram fundamentais na estabilização
Ainda de acordo com o FMI, as medidas tomadas pelo Governo perante a deterioração dos principais indicadores macroeconómicos acabaram por surtir efeitos positivos. O exemplo é a adopção do aperto da política fiscal (forte mobilização para a captação de impostos internamente através de medicas contra a fuga ao fisco e maior fiscalização dos contribuintes). Aliado ao ajustamento monetário pelo Banco de Moçambique, esta medida permitiu a redução da amplitude do défice do Orçamento do Estado.
O Fundo Monetário Internacional prevê crescimento económico superior a 4.5% este ano, empurrado pelo aumento da produção do carvão. Durante a apresentação das Perspectivas Económicas para África Subsahariana e Moçambique, esta terça-feira em Maputo, o FMI também projectou a melhoria da estabilidade de preços e das taxas de câmbio do metical em relação ao dólar, mas avisou que a estabilidade será ameaçada pela dificuldade de recuperar a confiança dos doadores, aumento do endividamento interno, entre outros factores.
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