DONALD TRUMP
O analista político luso-descendente Ruy Teixeira acredita que uma vitória de Donald Trump na próxima eleição presidencial dos EUA "ainda é possível, mas muito improvável."
O analista político Ruy Teixeira, luso-descendente, acredita que uma vitória de Donald Trump na próxima eleição presidencial dos EUA “ainda é possível, mas muito improvável.”
Isso não quer dizer que as pessoas não devam estar preocupadas. Imagina que é um jogo de ruleta russa em que tens 10 por cento de probabilidade de morrer. A probabilidade é baixa, mas deves estar preocupado à mesma”, disse à agência Lusa.
Filho de um português de Vale de Cambra, Aveiro, Ruy Teixeira é autor de seis livros e centenas de artigos sobre o papel da demografia no sistema-eleitoral norte-americano. O académico diz que “a maior questão neste momento é perceber até que ponto as recentes revelações de que o FBI continua a investigar os emails de Clinton terão um impacto no resultado.”
A notícia, anunciada pelo chefe do FBI na semana passada, foi classificada pelos meios de comunicação social como “a surpresa de outubro”, a noticia de grande impacto que normalmente surge semanas antes das eleições.
Historicamente, estas surpresas têm um impacto nos resultados entre um e dois por cento. Clinton tem uma vantagem bem superior a isso e a maioria dos eleitores já decidiu se considera os emails importantes ou não, por isso não acredito que altere o resultado final”, defende.
O especialista acredita, no entanto, que pode baixar a participação dos democratas e que isso prejudica, sobretudo, os candidatos em corridas locais, tornando mais difícil para os Democratas conquistarem o controlo da Câmara dos Representantes e do Senado. “Ainda acredito que o partido Democrata vai reconquistar o Senado, mas se antes era muito difícil reconquistarem a Câmara dos Representantes agora é quase impossível”, diz.
Teixeira acredita que Donald Trump apenas tem um caminho para a presidência: “Uma vez que não consegue expandir a sua coligação de eleitores, sobretudo brancos sem estudos universitários, teria de aumentar a participação dos seus eleitores para níveis recorde.”
Isso pode acontecer, porque a sua participação destes eleitores é tradicionalmente baixa e há espaço para crescer, mas é muito pouco provável que acontece à escala de que estamos a falar”, diz.
Com este cenário, de vitória de Hillary Clinton, Ruy Teixeira adivinha uma profunda transformação no partido Republicano. “Não sei o que vai acontecer a estes eleitores de Trump. Não acho que sejam facilmente absorvíveis pelo partido no final. Quando perderem, vão culpar não apenas os democratas, mas também a liderança do seu próprio partido. Vai começar uma Guerra civil dentro do partido e não sei como é que vai terminar”, concluiu o académico.
O especialista é um dos coautores do livro “The Emerging Democratic Majority”, em que defende que os democratas estão destinados a ser uma maioria devido à evolução demográfica do país e que foi selecionado pela “The Economist” como um dos livros do ano em 2002.
Os democratas, com a sua coligação de jovens, negros, mulheres solteiras, profissionais e eleitores laicos, mantêm uma vantagem clara em eleições nacionais, sobretudo em alguns estados chave que determinam o vencedor”, explica.
O principal argumento de Teixeira é que, entre 1976 e 2012, a percentagem de eleitores brancos no país desceu de 89 por cento para 74 por cento. Em 2016, o especialista garante que esse valor vai descer ainda mais dois pontos percentuais.
Ruy Teixeira trabalha na “The Century Foundation” e no “Center for American Progress”, dois importantes grupos de em que nascem muitas das políticas do partido do Presidente Barack Obama.