"A tripla dimensão da verdade: a tua, a minha e a verdadeira".
"Se souber que não sabe então, saberá". Amadou Hampâté Bâ, historiador maliano, 1901-1991.
SOBRE OS PRODUTOS RECUSADOS em Kaphiridzanja
O que aconteceu ontem em Kaphiridzanja, Zóbue, Tete foi a manipulação da verdade. E qual é a verdade? A verdade foi que o MDM quis aproveitar a tragédia, a morte de quase uma centena de pessoas para fazer as relações públicas políticas. E conseguiu. Como? Indo entregar os bens a uma comunidade sofrida mas claramente politizada através das suas lideranças tradicionais, acompanhado pela Televisão. E conseguiu o que queria, de uma ou de outra maneira. Se as autoridades tivessem recebido, a TV iria anunciar que o MDM foi o único partido que esteve desde as primeiras horas, desde o enterro até a prestação de alimentos. Se não tivesse conseguido entregar, como aliás foi o caso, então, conseguiu mobilizar a revolta da opinião pública que achou uma aberração e senilidade total o facto de as lideranças não terem aceite a oferta.
Ora, olhemos o reverso da moeda. O MDM é dos poucos partidos políticos organizados e que tem insistido no fortalecimento das instituições e na legalidade. O trabalho que faz tanto na AR como fora dela é disto testemunha. Mas o exemplo de ontem não corrobora com a bandeira que o MDM agita. Fortalecer as instituições significa confiar nelas, responsabiliza-las e fazer o seguimento. Para tal, temos o INGC como entidade responsável pela gestão de emergências no país. Tinha ser a ela que os produtos deveriam ser entregues, mesmo se o próprio MDM quisesse entrega-los pessoalmente.
Deixe-me a esta altura fazer um reparo geral. Tem sido entre nós comum a emergência de movimentos espontâneos de solidariedade, sempre que situações adversas se abatem contra nós. Ma o problema surge na desorganização ou mesmo na preferência destes em distribuir directamente estes tipo de apoio. Isto é mau e deve ser desencorajado. Os movimentos da solidariedade devem sempre trabalhar junto das autoridades para qualquer tipo de intervenção directa. Isto permite que o estado garanta a segurança dos cidadãos. O Estado é a única entidade autorizada para lidar directamente com os seus cidadãos pois recai sobre eles a obrigação legal de os proteger. Quando a sociedade civil, nacional ou internacional trabalha com as entidades estatais na provisão da ajuda humanitária, garante-se que ela chegue aos seus destinatários de forma segura e responsável. Isso o MDM, a OJM, o CNJ e qualquer outro bom samaritano deveria saber. Fazer de outra forma é querer tirar proveito da desgraça alheia. É condenável, principalmente quando são entidades de cunho político como partidos políticos.
Devo fazer ainda um segundo reparo. As autoridades do Estado falharam quando permitiram que a OJM fosse entregar directamente os víveres aos enfermos e aos enlutados. Todas as entidades devem agir em conformidade com a lei. Podem mobilizar apoios, angariar fundos mas o acto de entrega final deverá acontecer com a anuência do Estado. A não ser que seja aos seus membros, exclusivamente.
Acontece assim na América, no Bangladesh ou mesmo na Eritreia.
As autoridades de Kaphiridzanja agiram de acordo com a lei mas pecaram por terem agido assim apenas à um partido e não aos primeiros grupos (OJM) que se fizeram ao local. Ao assim agirem, confirmaram o preconceito que paira nas cabeças de muitos, segundo o qual aquele acto foi politicamente motivado. O MDM por seu turno deveria logo nas primeiras horas ter buscado a anuência e engajamento das autoridades locais e eventualmente fazer-se acompanhar delas para o acto honroso que estavam prestes a realizar. Eles sabem disso e fazem isso quando querem reunir, marchar, festejar ou mesmo visitar os locais. O sentido de urgência não é incompatível com a observância das normas.
Se quisermos construir um país melhor devemos evitar fazer mesmas coisas erradas com conhecimento de causa. Devemos aproveitar a ocasião para demonstrar a mudança que queremos como sociedade.
É preciso vigiar a mente o tempo todo, aplicando contínua-lembrança, vigilância e CONSCIENCIOSIDADE; e devemos tentar abandonar qualquer mau hábito que tenhamos se quisermos ver a mudança que queremos ser como sociedade.
Para o jornalista Carlitos Cadangue, ficamos por saber para onde levaram aqueles mais de mil quilos de produtos. Se de volta a sede do MDM, se ao hospital ou ao INGC. A reportagem ficou pelo meio. E é deste tipo de atenção selectiva que nos desinforma.
Veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=yho0ge9RjPU
"Se souber que não sabe então, saberá". Amadou Hampâté Bâ, historiador maliano, 1901-1991.
SOBRE OS PRODUTOS RECUSADOS em Kaphiridzanja
O que aconteceu ontem em Kaphiridzanja, Zóbue, Tete foi a manipulação da verdade. E qual é a verdade? A verdade foi que o MDM quis aproveitar a tragédia, a morte de quase uma centena de pessoas para fazer as relações públicas políticas. E conseguiu. Como? Indo entregar os bens a uma comunidade sofrida mas claramente politizada através das suas lideranças tradicionais, acompanhado pela Televisão. E conseguiu o que queria, de uma ou de outra maneira. Se as autoridades tivessem recebido, a TV iria anunciar que o MDM foi o único partido que esteve desde as primeiras horas, desde o enterro até a prestação de alimentos. Se não tivesse conseguido entregar, como aliás foi o caso, então, conseguiu mobilizar a revolta da opinião pública que achou uma aberração e senilidade total o facto de as lideranças não terem aceite a oferta.
Ora, olhemos o reverso da moeda. O MDM é dos poucos partidos políticos organizados e que tem insistido no fortalecimento das instituições e na legalidade. O trabalho que faz tanto na AR como fora dela é disto testemunha. Mas o exemplo de ontem não corrobora com a bandeira que o MDM agita. Fortalecer as instituições significa confiar nelas, responsabiliza-las e fazer o seguimento. Para tal, temos o INGC como entidade responsável pela gestão de emergências no país. Tinha ser a ela que os produtos deveriam ser entregues, mesmo se o próprio MDM quisesse entrega-los pessoalmente.
Deixe-me a esta altura fazer um reparo geral. Tem sido entre nós comum a emergência de movimentos espontâneos de solidariedade, sempre que situações adversas se abatem contra nós. Ma o problema surge na desorganização ou mesmo na preferência destes em distribuir directamente estes tipo de apoio. Isto é mau e deve ser desencorajado. Os movimentos da solidariedade devem sempre trabalhar junto das autoridades para qualquer tipo de intervenção directa. Isto permite que o estado garanta a segurança dos cidadãos. O Estado é a única entidade autorizada para lidar directamente com os seus cidadãos pois recai sobre eles a obrigação legal de os proteger. Quando a sociedade civil, nacional ou internacional trabalha com as entidades estatais na provisão da ajuda humanitária, garante-se que ela chegue aos seus destinatários de forma segura e responsável. Isso o MDM, a OJM, o CNJ e qualquer outro bom samaritano deveria saber. Fazer de outra forma é querer tirar proveito da desgraça alheia. É condenável, principalmente quando são entidades de cunho político como partidos políticos.
Devo fazer ainda um segundo reparo. As autoridades do Estado falharam quando permitiram que a OJM fosse entregar directamente os víveres aos enfermos e aos enlutados. Todas as entidades devem agir em conformidade com a lei. Podem mobilizar apoios, angariar fundos mas o acto de entrega final deverá acontecer com a anuência do Estado. A não ser que seja aos seus membros, exclusivamente.
Acontece assim na América, no Bangladesh ou mesmo na Eritreia.
As autoridades de Kaphiridzanja agiram de acordo com a lei mas pecaram por terem agido assim apenas à um partido e não aos primeiros grupos (OJM) que se fizeram ao local. Ao assim agirem, confirmaram o preconceito que paira nas cabeças de muitos, segundo o qual aquele acto foi politicamente motivado. O MDM por seu turno deveria logo nas primeiras horas ter buscado a anuência e engajamento das autoridades locais e eventualmente fazer-se acompanhar delas para o acto honroso que estavam prestes a realizar. Eles sabem disso e fazem isso quando querem reunir, marchar, festejar ou mesmo visitar os locais. O sentido de urgência não é incompatível com a observância das normas.
Se quisermos construir um país melhor devemos evitar fazer mesmas coisas erradas com conhecimento de causa. Devemos aproveitar a ocasião para demonstrar a mudança que queremos como sociedade.
É preciso vigiar a mente o tempo todo, aplicando contínua-lembrança, vigilância e CONSCIENCIOSIDADE; e devemos tentar abandonar qualquer mau hábito que tenhamos se quisermos ver a mudança que queremos ser como sociedade.
Para o jornalista Carlitos Cadangue, ficamos por saber para onde levaram aqueles mais de mil quilos de produtos. Se de volta a sede do MDM, se ao hospital ou ao INGC. A reportagem ficou pelo meio. E é deste tipo de atenção selectiva que nos desinforma.
Veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=yho0ge9RjPU
Sem comentários:
Enviar um comentário