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sábado, 6 de fevereiro de 2016
Hillary e Sanders sobem o tom e fazem o debate mais quente até agora
"Ela representa o 'establishment'. Eu, os cidadãos comuns", declarou Sanders. "Quem trabalhou comigo e com Sanders acaba preferindo me apoiar", disse Hillary Clinton
Os dois pré-candidatos à indicação do Partido Democrata para as eleições presidenciais dos Estados Unidos, Hillary Clinton e Bernie Sanders, se enfrentaram nesta quinta-feira no debate mais acalorado até o momento da campanha, a cinco dias das eleições primárias em New Hampshire. O debate, que aconteceu na Universidade de New Hampshire, na cidade de Durhan, foi a primeira vez em que a ex-secretária de Estado e o senador socialista por Vermont debateram téte-à-téte, após a desistência do até então terceiro candidato em disputa, Martin O'Malley, na segunda-feira depois do caucus de Iowa.
A tensão que ficou evidente entre as duas campanhas após o empate técnico em Iowa fez com que o debate de fosse o mais dinâmico até o momento, no qual os dois pré-candidatos trocaram acusações e expuseram às claras suas diferenças ideológicas e programáticas. "Quero construir sobre a base do progresso que já alcançamos. Acredito na universidade acessível, mas não na universidade gratuita. Os números não nos levam para o quê propõe o senador Sanders, e os especialistas coincidem em afirmar que suas propostas não são factíveis", disse Hillary logo no início do debate.
A ex-secretária de Estado defendeu a reforma da saúde promovida pelo presidente Barack Obama, algo que já "é real" frente à proposta de Sanders de saúde gratuita e universal, que, nas palavras da pré-candidata, seria o mesmo que "recomeçar do zero com algo que não se sabe se funcionará". Sanders respondeu à ex-secretária de Estado assegurando que se nega "a crer que os Estados Unidos" não podem ter uma saúde pública como a de outros países desenvolvidos, onde se gasta "muito menos por cabeça" que no sistema americano.
Hillary também criticou as "insinuações" de Sanders, em referência às suas conferências em eventos de grandes bancos de Wall Street, pelas quais recebeu centenas de milhares de dólares. "Já chega. Se tem algo a dizer, então diga. Não acho que seja possível encontrar na política atual alguém que tenha recebido mais ataques por parte das grandes fortunas do que eu", se queixou a pré-candidata, que assegurou que "as pessoas de Wall Street" estão tentando derrubá-la nesta campanha. Mesmo assim, e apesar do pedido dos moderadores, a também ex-senadora por Nova York evitou se comprometer a publicar as transcrições de todas as suas palestras contratadas por empresas de Wall Street.
Tensão - Um dos momentos mais tensos da noite foi quando o senador socialista afirmou que sua rival representa o poder estabelecido e ele os cidadãos comuns. "Hillary Clinton tem o apoio de quase todo o 'establishment'. Ela representa o 'establishment', e eu represento os cidadãos americanos comuns", declarou Sanders. "Quem trabalhou comigo e com Sanders acaba preferindo me apoiar porque sabe que eu posso conseguir as coisas", rebateu a ex-primeira-dama, que recriminou o senador por ser "o único" que caracteriza ela, "uma mulher que está tentando chegar à Casa Branca", como parte do 'establishment'.
Caucus nada mais é do que uma convenção partidária. Os eleitores registrados pelos partidos em uma seção eleitoral se reúnem em um local determinado e os representantes de cada pré-candidato fazem um breve discurso, expondo seus pontos de vista. Nos caucus republicanos, o passo seguinte é a votação, que pode ser feita até com pedaços de papel. Os votos são contados e o porcentual de cada candidato equivale ao número de delegados da zona eleitoral que ele ganha.
Já os caucus democratas são um pouco mais complexos: após os discursos, os eleitores se dividem em grupos. Grupos pequenos demais são obrigados a se desfazer e seus integrantes a escolher outra opção. Em seguida, baseado no número de membros de cada grupo de apoio, define-se quantos delegados da zona eleitoral vão para cada candidato.
Os caucus são realizados em treze Estados e três territórios (Ilhas Samoa, Ilhas Mariana do Norte e Ilhas Virgens). Nos demais, os candidatos são escolhidos por meio de primárias. Por exigirem debates de ideias e exposição de argumentos dos apoiadores dos pré-candidatos, os caucus são considerados processos eletivos mais qualificados que as primárias.
Primárias
As primárias funcionam como uma eleição convencional. Os eleitores utilizam cédulas para votar e podem inclusive escrever o nome de seu candidato preferido se ele não estiver na lista. Os votos são contados para definir o vencedor, mas a divisão dos delegados é feita de forma diferente pelos partidos Democrata e Republicano. No primeiro caso, o sistema é proporcional: se um candidato recebeu 20% dos votos, por exemplo, fica com 20% dos delegados da seção eleitoral.
Já nas primárias republicanas, o vencedor leva todos os delegados da seção. Além disso, o tipo de primária pode variar a depender do Estado. Elas podem ser abertas (o eleitor escolhe a primária em que votar) ou fechadas (o eleitor só pode votar na primária do partido em que se registrou antes). As primárias ocorrem em 37 Estados e no território de Porto Rico; e a maioria adota o sistema fechado.
Esses processos preliminares já definem o candidato?
Os caucus e as primárias são a fase mais importante da definição dos candidatos, mas eles só são formalmente indicados nas convenções nacionais, realizadas após todas as prévias. É na convenção nacional que os delegados acumulados nos caucus e primárias elegem o representante do partido para concorrer à Presidência. Na prática, as convenções são grandes eventos de aclamação dos candidatos, pois elas acontecem quanto todos já sabem os resultados dos caucus e primárias e também já sabem quem será o indicado.
Definidos os candidatos, como é o processo de eleição do presidente?
O presidente dos EUA não é eleito diretamente pelo voto popular, mas por um colégio eleitoral. O país todo contabiliza 538 colégios eleitorais, divididos entre os Estados tendo como base sua população e seu número de deputados federais. Quanto mais populoso for o Estado, mais deputados e mais colégios eleitorais ele tem; e consequentemente, mais peso possui na eleição. Dos 50 estados americanos, 48 adotam o sistema do "vencedor leva tudo" no colégio eleitoral. Esse método pode levar a situações como a da eleição de 2000, quando George W. Bush derrotou Al Gore mesmo tendo menos votos na soma do país todo. Bush venceu porque foi o mais votado na Flórida e levou os 29 votos do colégio eleitoral do Estado.
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