PAPO FURADO
Está a ser desenvolvida uma tese que defende que Moçambique não está em guerra. Ela diz que actualmente estamos a viver uma situação de instabilidade social, resultante da falta de cultura democrática da Renamo, do seu líder e dos seus apoiantes. De acordo com esta tese, se estivermos em guerra o Estado (Chefe de Estado) irá declarar a situação ao seu povo e a comunidade internacional. PAPO FURADO! Não conheço o alcance desta tese, mas eu não concordo com ela. Eu e outros, talvez, 99,99% de moçambicanos. Soa a truque de avestruz.
Nós nunca confundiríamos uma instabilidade social com guerra. a experiencia nos ensinou a distinguirmos uma coisa da outra. A instabilidade social existe há mais de 20 anos: corrupção, nepotismo, engomadores, acidentes de viação, HIV, malária, sequestros, cheias, secas, EMATUM, intolerância política/social/racial/regional/etnica, promossas falsas, subida do pão/açucar/arroz/dólar, desemprego, etecetera. E isso não é provocado pela Renamo, pelo seu líder e pelos seus apoiantes. E nunca chamamos isso de guerra.
O que está a acontecer agora é guerra, SIM! Mesmo que o Governo/Estado NÃO reconheça, mas isso é uma guerra. E seria guerra em qualquer parte do mundo. A declaração do estado de guerra pelo Governo/Estado é apenas um reconhecimento da situação usando seus critérios. Ou seja, para que o Governo/Estado reconheça é preciso que se esteja em guera primeiro. Isto é, a guerra não começa no dia em que ela é reconhecida... para ser reconhecida é preciso que ela exista antes. Exemplo: Nós não ficamos doentes a partir do momento que o médico nos diz. O que o médico nos diz é apenas a confirmação do nosso estado de saúde. Ou seja, temos que estar doentes primeiro para o médico confirmar, usando os seus critérios e conhecimentos.
A guerra é um facto... é uma realidade. E contra isso não há argumentos. Sem entrar em filosofias desnecessárias diria que uma coisa é o facto (a realidade) e outra, bem diferente, é a sua veracidade.
Dizer que não estamos em guerra é simplesmente um papo furado... e seus propagadores são furadores de papo.
Supostas discussões semânticas
Em Moçambique há guerra, dizem alguns. Não, não há guerra, dizem outros. Há guerra, pois! Como é que você explica os milhares de refugiados no Malawi? Como é que você explica as colunas militares? Não, isso não é guerra. Isso é terrorismo promovido por esses falsos combatentes pela democracia. Falsos combatentes pela democracia? Se não fosse a Renamo você estaria ainda sujeito à arbitrariedade desses comunistas da Frelimo! Você não teria liberdade de circulação, não podia praticar nenhuma religião, estaria aí a fazer trabalho voluntário obrigatório. E depois? Melhor isso do que ser instrumentalizado pelo regime do Apartheid para matar, mutilar e destruir. O quê? Foi o exército desses comunistas da Frelimo que andou a matar e atribuiu isso à Renamo. A Renamo combateu pela democracia. Ah sim, e porque é que tem o mesmo líder há milhares de anos? Porque não faz congresso, não elege os seus órgãos? Que democracia é essa? Há democracia interna na Renamo, há sim senhor! Se a Frelimo não abocanhasse todos os recursos do Estado sobraria algum para viabilizar os outros partidos. Esse é que é o problema, é por isso que exigimos a paridade. Partidos? Em Moçambique só existe um partido, o glorioso. Os outros são grupos de esfomeados que só querem pão. Ai é, e os lambe-botas da Frelimo querem o quê? Esses que furaram os cofres do Estado para montar a EMATUM são o quê? Patriotas? São patriotas sim, eles não venderam a sua alma a interesses externos. Toda esta história de fraude, não-fraude é artimanha para meter a mão nos recursos. Mas você está a dizer o quê? Quem é que explora este país com a ajuda dos estrangeiros? Não é a vossa Frelixo? G-quarentismo só. Você pensa que esses aí em cima vão comer consigo? E você pensa que o Ríder vai comer consigo todo aquele dinheiro que ele recebe do erário público? Público? Esse é nosso dinheiro, nós pagamos impostos. O Estado não é do Nyusi e sua Frelixo! Mas então porque é que vocês destroem o país se pagam impostos e tudo isto é vosso? Quem é que destrói? Nós não! São vocês, vocês é que estão a destruir este país, é por vossa culpa que o povo não tem emprego, habitação nem alimentação. Mas como é que o povo pode ter essas coisas se vos falta patriotismo? Vocês é que não têm patriotismo, nós queremos o bem-estar do povo. Nós também. Vocês também uma ova. Mostrem-nos lá que querem o bem-estar do povo! O que é já que fizeram por este país fora da destruição? Vai passear longe, você, você pensa que só ter título académico é suficiente para ter razão? Ter razão, quem disse isso? Eu? E o que é que títulos académicos têm a ver com isto? Isso é inveja. Inveja? Você é que está com inveja, você não sabe nada, seu burro. O povo quer a paz, só! Então dá ao povo a paz que ele quer, não custa nada. Ah, afinal estamos em guerra? Não foi você que disse que não estamos em guerra? Eu? Banditismo é guerra? Banditismo é roubar o dinheiro do povo. Porque é que uma ponte mil vezes mais longa do que a da Catembe custa quinhentas vezes menos para construir? Fizeram o quê com esse dinheiro? Foram comprar armas para matar o povo? Vão usar essas armas no Sul para matar aqueles que vos apoiam em 98% e não deixam a oposição fazer o seu trabalho? Porque é que está a misturar assuntos? Que culpa tenho eu da falta de organização no vosso partido? Ah, agora já somos partido? Claro que não. É uma maneira de falar. Vai passear longe, você. O que é que eu digo a minha avô quando me perguntar porque não pode circular à vontade pelo país? Como é que não posso dizer que há guerra? Terrorismo, esse homem da parte incerta é caso para o TPI. Guebuza também! Suca, você!
Retiro tudo o que disse: há uma alegada guerra num país incerto chamado Moçambique. Uma alegada guerra supostamente contra a razão.
Sem comentários:
Enviar um comentário