26.02.2016 • 15h47
Activista defende que demora no julgamento do processo serve para desviar a atenção da comunidade internacional.
Por REDE ANGOLA.
Luaty Beirão[ DR ]
O activista Luaty Beirão, um dos arguidos no processo dos 15+2 em julgamento desde Novembro do ano passado, denunciou que alguns activistas foram vítimas de tortura no Hospital Prisão de São Paulo, com o aval do antigo sub-director daquela unidade penitenciária, conhecido por Aldivino que, segundo o rapper, é supostamente sobrinho do ministro do Interior, Ângelo da Veiga Tavares.
Durante a entrevista que concedeu ao Novo Jornal, Luaty Beirão revelou que o alto responsável dos serviços prisionais teria dado ordens a um agente do Destacamento Especial – Tropa de choque (DESP) que utilizasse arma para disparar contra o Benedito Jeremias que se encontrava imobilizado por causa dos disparos de pulso eléctrico de uma arma não letal conhecida por taser. O acto não se consumou porque o efectivo dos serviços penitenciários não acatou as orientações do seu superior e que foi posteriormente punido por ter desobedecido as ordens.
“A dada altura, estava o Benedito Jeremias já exausto depois de choques de tasers, algemado, de joelho no chão, esse rapaz de nome Aldivino e coincidentemente sobrinho do ministro do Interior deu ordem ordem expressa a um dos elementos da DESP para apontar a sua arma e disparar caso Benedito se movesse. Assinalável foi a reacção do efectivo dos Serviços Prisionais que não só recusou a cumprir essa ordem, como abandonou a arma, alegando que ‘não foi para isso que recebeu formação’. Levou uma semana de punição, mas conquistou o nosso respeito”, contou o jovem.
Quanto ao teor dos debates que realizavam no bairro Vila Alice, que resultou na acusação de crimes de actos preparatórios de rebelião e atentado contra o presidente contra os 17 activistas, o também rapper convida as pessoas a lerem o livro de Gene Sharp, Da Ditadura à Democracia, e a obra do também co-réu Domingos da Cruz, Ferramentas para destruir um ditador e evitar uma nova ditadura, todas disponíveis em download gratuito, para perceberem o que os activistas discutiam nos seus encontros.
“Portanto, quem quiser ter uma ideia do conteúdo dos nossos debates tem tudo à distância de um clique. Não temos agendas ocultas”, disse Luaty.
O activista considera o julgamento político e é de opinião que as constantes suspensões das audiências são uma forma que a parte acusadora achou para desviar as atenções da sociedade civil e da comunidade internacional para que quando forem condenados não haja muitas vozes a protestarem.
Esta situação, segundo o activista, leva a crer “que vão mesmo ser condenados”, afirmou Luaty Beirão argumentando que a sentença foi aplicada quando o presidente José Eduardo dos Santos comparou o caso dos activistas com o 27 de Maio de 1977.
“A minha previsão no entanto, é que irão condenar-nos. A condenação começou muito cedo pela boca de José Eduardo, que não esteve com meias medidas ao comparar o que “estaríamos a preparar” com o 27 de Maio, processo no qual presidiu a comissão de inquérito sem nunca ter apresentado uma conclusão inequívoca do que se tratou”, disse.
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