País em colapso (3)
Há dias atrás era somente uma previsão que o país entrasse em colapso a qualquer momento. Agora, mais do que uma previsão, é uma certeza. O país está em colapso e isso me foi garantido por alguns amigos entendidos em economia e por algumas fontes minhas junto do Banco de Moçambique.
Uma fonte fidedigna confidenciou-me que o governador do Banco de Moçambique (Ernesto Gove) e os seus administradores têm feito um esforço para que o dólar não atinja os 70 ou 80 meticais. Efectivamente, nos finais de Novembro último o dólar era vendido a 60 meticais e o rand a quatro meticais.
Os gestores do banco emissor fizeram de tudo para que o metical ganhasse alguma robustez. É por isso que o dólar, em Dezembro, caiu dos 60 para 52 meticais e o rand dos 4.1 para 3.20 meticais, mas foi só um paliativo apenas para adiar o problema.
Depois disso, o dólar voltou a subir drasticamente em Janeiro. E os bancos comerciais, em Janeiro, não tinham dólar para vender. O câmbio médio nos bancos era de 48/50 meticais, mas era só para “inglês ver” porque na verdade não havia dólar para vender.
Agora estamos em Fevereiro, o dólar nos bancos é vendido a 54 meticais e o rand a 3.4. No mercado negro o dólar está a 57/58 meticais e a qualquer momento poderá chegar a 60 meticais.
Angola
Angola era dos poucos países africanos que o dólar mais circulava. Recordo-me que alguns anos atrás, quando ainda me encontrava na Universidade da Vida (cadeia), um amigo confidenciou-me que Angola era dos melhores países para negócios, pois ganhava-se lucros exorbitantes sendo que quem se empenhasse nos negócios tornava-se próspero com alguma rapidez.
Hoje já não é mais a mesma Angola. A classe média está a deixar de existir. Apenas existem duas classes, os extremamente ricos e os extremamente pobres. Esse tal amigo disse-me que existe em Angola uma famosa praça com o nome de Roque Santeiro, onde antes era fácil encontrar jovens com 3 a 4 milhões de dólares em pastas “James Bond” para comprar e vender mercadorias.
A realidade angolana é hoje diferente. De um país que mais circulava dinheiro em África, tornou-se um descalabro. Vi há dias num programa televisivo que a própria Presidência angolana não tem salários já há três meses, mas a filha do Presidente angolano, Isabel dos Santos, vai fazendo investimentos bilionários aqui na Europa.
Em diversas lojas angolanas apenas há poucas prateleiras preenchidas. Falta quase tudo como se não bastasse as queixas dos cidadãos que dizem que a cada dia tudo está a subir. O título de que Luanda é a capital mais cara do mundo, hoje ganha redobrado valor com a crise do petróleo e as dificuldades na importação de vários produtos por falta de divisas.
Há dias, em conversa com um amigo que tem uma loja em Maputo, disse-me que fez num desses dias como receita do dia, 800 meticais (63 dólares). Quando quis saber os porquês, ele disse-me que há dois meses que não importava nenhuma mercadoria. Disse ainda que o mesmo telemóvel que vendeu a 800 meticais, há algum tempo custava-lhe na origem 640 meticais (16 dólares). Hoje, na origem, custa o mesmo valor em dólares, mas em meticais já são 960 meticais.
O stock que ainda tem é antigo e na eventualidade de fazer uma nova importação, terá que vender, em Moçambique, por 1.300 o mesmo telefone que antes vendia a 800 meticais e com fortes probabilidades de não conseguir compradores.
O cimento, cebola, tomate, arroz, óleo de cozinha, ovos, etc. , estes produtos vão subindo de preço desenfreadamente a cada dia. Todas as fábricas moçambicanas produzem com matéria prima importada. E com o dólar a subir remete ao medo a todos os cidadãos. E há ainda o problema da tensão política que impede as pessoas de viajarem à outras províncias. Será que Ernesto Gove e a sua equipa irão conseguir reverter a situação?
Quando Barack Obama chegou à Presidência americana encontrou um país com problemas de ameaças terroristas e quase à falência devido a recessão económica, herança do seu antecessor George W. Bush. Obama arregaçou as magas e recolocou o país nos carris. A moeda americana, o dólar, fortaleceu-se e mais do que nunca se tornou um país economicamente estável.
Pessoas há que vão culpar o Presidente Nyusi, embora ele não tenha nenhuma culpa. Nyusi por mais que se faça rodear de entendidos em economia, o país está a colapsar. Talvez haja uma fórmula mágica para resolver os problemas económicos do país e eu, Nini Satar, faço votos para que Filipe Nyusi encontre uma solução o mais rápido possível porque ao que tudo indica, nós o povo, iremos comprar o pão levando uma mala cheia de dinheiro.
Nini Satar
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