terça-feira, 1 de dezembro de 2015

EUA adotam na Síria estratégia parecida com a usada no Vietnã

Helicópteros americanos no sul do Vietnã em março de 1965


© AP Photo/ Horst Faas
MUNDO
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Após várias semanas, o Pentágono finalmente admitiu que os "conselheiros" americanos na Síria estarão envolvidos em operações militares, mas os EUA continuam reticentes ao divulgar detalhes de sua estratégia na região.

A escassez de informações pode ser intencional — uma tática que já foi usada por Washington no passado, na época do maior erro militar do país no Século XX.
Com seus planos de combater o Daesh — também conhecido como Estado Islâmico — despedaçados, o governo Obama anunciou planos de enviar à Síria até 50 "conselheiros" das Forças Especiais americanas. A medida, segundo o presidente, não significava uma mudança radical nos planos dos EUA de manter soldados fora da Síria. Afinal, o governo dizia, os "conselheiros" não estariam envolvidos em operações de combate.
Nesta terça-feira, porém, o secretário de Defesa, Ashton Carter, falou diante do Comitê de Serviços Armados da Câmara dos EUA e deu a entender o contrário.
"Esses integrantes de operações especiais ao longo do tempo conduzirão operações, libertarão reféns, compilarão inteligência e capturarão líderes do Estado Islâmico", disse Carter. "Essa força estará em posição de conduzir operações unilaterais na Síria", completou o secretário.
Na segunda-feira, um oficial anônimo dentro do Departamento de Defesa também afirmou ao Defense News que o uso dessas Forças Especiais significa uma "quebra de lacre". Se houver sucesso, o Pentágono pode enviar ainda mais soldados à Síria, um país no qual os EUA não estão oficialmente em guerra.
Em novembro, o presidente Obama disse à ABC News que o Daesh estava contido. A declaração foi dada dias antes de o grupo terrorista executar uma série de atentados em Paris, no dia 13.
Os fatos, quando analisados em conjunto, parecem sugerir que o governo Obama pode estar planejando uma ofensiva muito maior e mais agressiva do que vem sugerindo. Tanto o senador John McCain quanto a senadora Lindsey Graham já pediram o envio de até 20 mil soldados para combater o Daesh.
Os detalhes, até agora, são poucos. O Departamento de Defesa não confirmou se as Forças Especiais já foram utilizadas nem informou um número específico de soldados que podem ser enviados ao Iraque e à Síria. Contudo, se precedentes são alguma indicação, a ambiguidade americana pode ser intencional por parte do Pentágono.
A mesma estratégia foi usada nos dias que antecederam a Guerra do Vietnã. O então presidente, Dwight D. Eisenhower, primeiro enviou 900 conselheiros ao Vietnã. O número aumentou para 16 mil durante o governo Kennedy, dois anos antes de a guerra começar oficialmente.
Essa escalada não tão gradual deu início a uma guerra que deixou cerca de 800 mil mortos — inclusive 60 mil soldados americanos.



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