BURUNDI / REBELDES ANUNCIAM FORÇA PARA DERRUBAR GOVERNO
25-12-2015
Nairobi, 25 Dez (AIM) Os rebeldes burundeses anunciaram quarta-feira a formação de um movimento designado por Forças Republicanas do Burundi, cujo nome em francês é Les Forces Républicaines du Burundi (FOREBU) e que tem por objectivo derrubar o presidente incumbente, Pierre Nkurunziza.
O movimento surge numa fase de crescente pressão regional sobre o governo burundês para aceitar a presença de um contigente de manutenção da paz da União Africana (UA), que as autoridades de Bujumbura consideram de uma 'força invasora'.
A UA anunciou na semana passada o envio de um contingente constituído por 5.000 homens para travar a escalada de violência que faz despertar o receio da eclosão de uma nova guerra civil naquele país da África Central.
A aceitação da força de manutenção da paz da UA é um dos principais pontos da agenda das conversações de paz que terão lugar no dia 28 do mês corrente no Uganda, disseram diplomatas regionais.
Os rebeldes formaram uma força 'para proteger a população' e defender o Acordo de Arusha, que pôs termo a guerra civil que teve lugar no período compreendido entre 1993 e 2006, mas que eles dizem ter sido violado por Nkurunziza ao decidir concorrer, e ser eleito, para um terceiro mandato nas presidenciais de Julho último, e que foram sabotadas pela oposição.
Edward Nshimirimana, antigo coronel do exército burundês, em entrevista telefónica a agência noticiosa AFP, disse que 'o nosso objectivo (FOREBU) é expulsar Nkurunziza à força para restaurar o Acordo de Arusha e a democracia'.
Nkurunziza, que é um antigo rebelde, acredita ter apoio divino para governar o Burundi.
RUANDA DISTANCIA-SE DOS REBELDES BURUNDESES
Um golpe de estado fracassado ocorrido em Maio do corrente ano foi esmagado, volvidos dois dias, e culminou com a fuga da maioria dos soldados e agentes da polícia envolvidos.
Nas manifestações ocorridas nos meses que se seguiram foram mortas centenas de pessoas. Os protestos acabaram por se transformar em conflitos armados frequentes. Os tiroteios passaram a fazer parte do quotidiano na capital, e agora estão se espalhando por todo o país.
A formação da FOREBU traz um outro significado para o governo de Bujumbura, que até agora se recusava a falar em rebelião, atribuindo os ataques a grupos de 'criminosos armados'.
O Burundi mergulhou numa guerra civil, em 1993, ao longo de linhas étnicas entre a maioria hútu e a minoria tutsi, cujo saldo foi a morte de pelo menos 300.000 pessoas até ao fim do conflito em 2006.
O presidente ugandês Yoweri Museveni vai acolher as conversações na próxima semana, disse a AFP o ministro ugandês da defesa, Crispus Kiyonga.
Estas conversações também deverão contar com a presença da coligação da oposição burundesa CNARED.
Contudo, o governo burundes recusa-se até agora a manter conversações com CNARED, rotulando-a de uma 'organização terrorista' e acusando-a de estar por trás dos ataques às forças de segurança do país.
Enquanto isso, o presidente ruandês, Paul Kagame, adverte que a violência no vizinho Burundi tem o 'potencial de se espalhar' para seu país. Contudo, Kagame descarta a possibilidade de enviar tropas para se juntarem ao contingente de manutenção da paz da UA para o Burundi.
Kagame também rejeitou as alegações proferidas por membros do governo de Bujumbura que acusam o Ruanda de recrutar e armar refugiados burundeses como combatentes rebeldes.
'Nunca vi a mínima prova disso, disse Kagame, que considera as acusações de infantis.
(AIM)
AFP/SG
(AIM)
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