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Agora está na moda ir ao fundo do baú da história recuperar discursos de Machel e apresentá-los como “aulas de sapiência “ e a solução para os problemas que enfrentamos.
O mais recente episódio destes esforços surrealistas tem a ver com o comportamento da polícia. Citam-se palavras desfasadas da realidade (de ontem e hoje) proferidas por Machel a pretender dizer com alguma nostalgia que, no tempo de Machel não era assim e que, se voltarmos à tal era seremos bem tratados pela polícia.
Portanto, os cidadãos deixarão de ser arrumados sob bancos de carros celulares da PRM como se fossem carga, os agentes da lei e da ordem deixarão de empunhar bastões para agredir com malvadez as pessoas à vista das câmaras de televisão e deixarão de disparar mortalmente cidadãos.
Galiza Matos Jr., jovem deputado da bancada da Frelimo, aplaude com um "bravo!", normal em touradas. Lopo Vasconcelos sugere que se divulgue o discurso de Machel. Outros comparam as palavras do antigo ditador a uma aula de sapiência. Todos, no entanto esquecem-se, ignoram – ou fazem por ignorar – que o comportamento da polícia de hoje segue uma tradição e pratica antiga. Uma tradição que remonta ao período da luta armada pela conquista da independência.
A tortura conhecida vulgarmente por "CORDAS" (veja a imagem) era uma prática comum durante a guerra da independência. Era praticada nas bases da Frelimo pelos chefes e membros do departamento de segurança. Uma prática que continuou depois da independência.
As Testemunhas de Jeová, entre outras vítimas da repressão machelista, foram submetidas a esse tipo de tortura. Muitos ficaram com os membros superiores inutilizados e houve causos de amputação. O campo de reeducação de Naisseko no Niassa é prova viva dessa tenebrosa tortura e aí as cordas eram previamente embebidas em sal.
NOTEM Senhores, esta prática vem documentada em relatórios da Amnistia Internacional publicados durante a presidência de Machel. Como essa, houve outras práticas igualmente violentas e cruéis.
Que fique claro, os abusos que hoje testemunhamos a serem praticados pela PRM foram herdados da Frelimo, como frente de libertação, e que continuaram e continuam com a Frelimo como partido. A solução não reside no regresso de Machel ou das práticas machelistas.
A solução está na criação de um Estado de Direito, mas isto é incompatível com uma Frelimo que se julga no direito de reter o poder eternamente.
A Frelimo enfrenta uma crise de valores. Esgotaram os símbolos que poderiam apresentar ao país como exemplo a seguir e por isso olham para a solução das crises que criam não no respeito pelos direitos elementares de cada cidadão enquanto pessoa humana, mas no recurso a Samora Machel transformada em figura mítica (Por alguns) que só falta beatificar, como se de Madre Teresa se tratasse. Já não têm para onde se virar.
Já agora… nesses baús podem recuperar os discursos ou aulas de sapiência em que Machel dizia que a) os residentes de Nacala eram burros porque não sabiam o valor da carne de porco? B) que chamava de pigmeus aos zambezianos, traidores aos macuas e branquinhos de casa aos bitongas? C) a aulas de sapiência na beira em 1977, em que ele fala de “cavalo-marinho com o povo” e depois corrige-se 'com, com, com o inimigo'. E acrescenta que foi assim que fizemos com os reaccionários aqui na Beira. Desapareceram das escolas alguns”?
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