sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O POVO VAI REAGIR PARA REPOR A JUSTIÇA

Estas foram palavras pronunciadas pelo secretáriogeral da RENAMO Manuel Zeca Bissopo, em Conferência de Imprensa realizada na manhã desta quinta-feira, 17 de Setembro, nas instalações da Sede Nacional do partido. A seguir, deixamos a transcrição integral do momento:

Convocamos esta conferência de imprensa para dar a conhecer a todo o povo moçambicano, aos estrangeiros residentes em Moçambique, bem como aos parceiros de cooperação o posicionamento da RENAMO face ao atentado protagonizado a mando do Governo da Frelimo, no dia 12 de Setembro de 2015, no distrito de Vanduzi, que visava assassinar Sua Excia Afonso Macacho Marceta Dhlakama, Presidente da RENAMO e candidato mais votado nas eleições de 15 de Outubro de 2014. A RENAMO repudia e condena veementemente o atentado protagonizado às 19 horas do referido dia, pelas Forças de Defesa e Segurança na zona de Chibata, a 2Km do cruzamento de Vanduzi, na Província de Manica. Apuramos que o Comandante do Exército, General Mussa, que se deslocara a Chimoio para participar no dia 12.09.2015 na cerimónia de encerramento do curso básico de treinamento de recrutas, planificou, organizou e mandou executar o plano de assassinato do Presidente da RENAMO cumprindo orientações superiores que levava de Maputo. Para o efeito, um grupo de Polícias da República de Moçambique juntou-se a 20 militares alinhados pelo General Mussa. Os 20 militares pertencentes as Forças Armadas de Defesa de Moçambique todos provenientes do lado das FPLM (braço armado do Partido Frelimo que combatia contra a RENAMO durante a Luta pela Democracia), foram comandados pelo Capitão de Artilharia de anti-aérea, Francisco Semo Conde, pertencente ao Batalhão de Chimoio, coadjuvado pelo Sargento Felizardo da especialidade de artilharia anti-aérea, bem como Sargento Ngonhamo do Reconhecimento. Os três oficiais envolveram-se igualmente no combate travado aquando da emboscada e somente eles regressaram ao Quartel com vida, dado que 12 dos restantes militares foram abatidos pelos comandos da RENAMO afectos a protecção da Comitiva Presidencial, tendo outros 5 contraído ferimentos. A confirmação da participação da PRM no atentado contra a vida do Presidente da RENAMO também foi dada pelo Deputado Saimone Muhambi Macuiana e pelo Membro da Assembleia Provincial de Manica e Delegado Político Distrital da RENAMO em Macossa, Ferrão Bongisse, que durante a emboscada estavam na Comitiva Presidencial. Dados os disparos, em busca de protecção, ambos refugiaram-se no Posto de Controlo do Cruzamento de Vanduzi onde foram recebidos por dois agentes da polícia de trânsito em serviço, sendo um homem e uma mulher e dois agentes das Alfandegas ambos do sexo masculino. No entanto, os agentes da Polícia de Transito procuraram saber o que se passava e eles explicaram que saindo do trabalho parlamentar de fiscalização, juntaram-se a Comitiva do Presidente Dhlakama e caíram numa emboscada tendo abandonado (dados os disparos) no local as suas viaturas com as portas abertas. Estranhamente, enquanto apresentavam esta preocupação aos agentes acima referidos, que estudavam como socorrer ao Deputado e Membro da Assembleia Provincial de Manica, eis que aparece um homem armado com uma AK47, mas a paisana, carregando cartucheiras no peito que ao se aproximar dos agentes que falavam com o Deputado, precipitou-se em esclarecer que era um agente da PRM, e exibiu o seu crachá. O homem que transpirava e se declarou muito cansado disse que tinha imobilizado três viaturas naquela emboscada e pedia um sítio para descansar. E de facto três carros da Comitiva do Presidente Dhlakama foram imobilizados. Os agentes em referência, embaraçados porque aquele agente estava a falar muito, enquanto ali estavam membros da RENAMO, saíram dali com o agente e nunca mais voltaram. Duas horas de tempo depois, o Deputado Macuiana e o Membro da AP de Manica conseguiram uma boleia e rumaram para Chimoio. Em Manica, não havia naquela ocasião do ataque outro oficial hierarquicamente superior ao General Mussa que depois de frustrada a tentativa de assassinato do Presidente da RENAMO seguiu viagem para o Posto de Comando Operacional localizado no Distrito de Gorongosa, em Sofala. Este, fora acompanhado para Gorongosa pelo Comandante de Batalhão de Chimoio, Coronel Agostinho Micheque Matusse e outro agente da Brigada de Tete, Coronel Boavida André Meque. A RENAMO acredita que o General Mussa, natural de Nampula em frente da operação que visava matar o Líder da RENAMO tenha recebido ordens directas do Senhor Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da Frelimo e seu superior hierárquico. Acreditamos que o Ministro da Defesa e o Chefe do Estado Maior General sejam coniventes nessa tentativa de assassinato do nosso Presidente. Quem mais poderia dar a voz de comando, autorizando ao assassinato do Presidente Dhlakama para além do próprio auto intitulado Comandante em Chefe das FADM? Uma vez que as autoridades têm estado a desmentir a autoria do atentado, exigimos que haja uma investigação séria, imparcial e que haja responsabilização do Chefe de Estado Maior General, Sr. Graça Chongo, bem como do Comandante do Exército General Mussa, pois os militares fazem uso abusivo de armas ligeiras e pesadas como RPG7, vulgo Bazucas supostamente sem autorização superior, o que se afigura terrorismo de Estado. Com todos estes factos arrolados, fica confirmado que o Governo da Frelimo por sentir-se despido de apoio da maioria do povo moçambicano, da sociedade civil moçambicana, bem como dos parceiros que os criticam pela má gestão da coisa pública e por não ter argumentos políticos para debater as diferenças existentes, pauta pelo assassinato do seu maior adversário político. Ao mandar atacar a comitiva do Presidente do Partido RENAMO e da maioria do povo moçambicano, General Afonso Macacho Marceta Dhlakama com objectivo de assassiná-lo a Frelimo revela estar desesperada e disposta a matar com o fito de continuar a escravizar as populações que apoiam a RENAMO e o seu Presidente. Perante estas barbaridades que violam os princípios do Estado Democrático consagrados na Constituição da República de Moçambique, a RENAMO vem hoje dizer que vai reagir. O povo vai vingarse para acabar de uma vez para sempre com a escravatura imposta pelo governo da Frelimo. Uma vez que não é de hoje que a Frelimo promove atentados contra a RENAMO e depois nega responsabilidades; Aconteceu em Agosto de 2004, quando Joaquim Alberto Chissano mandou atacar os guardas da RENAMO na Vila de Inhaminga; aconteceu em 8 de Marco de 2012, quando Armando Emílio Guebuza mandou atacar a delegação política da RENAMO na Cidade de Nampula, ocupando-a até hoje; aconteceu a 21 de Outubro de 2013, quando Guebuza então Presidente da República mandou atacar Sandjunjira, residência de Sua Excia Presidente Dhlakama, acto antecedido de envenenamento da principal fonte de abastecimento da água que também era consumida pelo Presidente Dhlakama;Recorde-se que na altura Filipe Jacinto Nyusi, era Ministro da Defesa, precipitou-se ao local para confirmar os estragos protagonizados pelos seus subordinados; aconteceu agora como acima r e l a t a m o s . Numa altura em que Filipe Nyusi responde como Presidente da República, fruto dos votos roubados a RENAMO e a Afonso Dhlakama. Quero reafirmar categoricamente em nome da máquina Administrativa da RENAMO que iremos reagir, pois não se pode tolerar este tipo de terrorismo de Estado. A RENAMO vai usar tudo o que estiver ao seu alcance para se vingar desta tentativa directa para assassinar a pessoa mais querida pelos moçambicanos e que dedicou a sua vida para devolver a dignidade ao povo moçambicano. O povo vai reagir para repor a justiça. Isto não e uma declaração de guerra, mas que fique claro que iremos reagir política e sabiamente. 

NÃO BAIXAREMOS OS BRAÇOS A pressão política que a RENAMO vem fazendo à Frelimo nos últimos tempos e a recente submissão de uma nova proposta sobre os procedimentos da escolha dos governadores provinciais, colocam a Frelimo em nervos a ponto de estar a procura de soluções radicais para ver se empurra a RENAMO à uma guerra e deste modo inviabilizar o projecto. O atentado do final da semana passada na província de Manica contra o Presidente da RENAMO, Afonso Dhlakama, veio mais uma vez demonstrar a fraqueza da Frelimo que quando perde no debate político e de ideias, recorre a agressão física, no caso eliminação, dos seus principais adversários. Tal como disse o Presidente Afonso Dhlakama no discurso que proferiu na última segunda-feira na Universidade Católica de Moçambique na cidade da Beira, a Frelimo que se sente ameaçada pelo peso político do Presidente Dhlakama, está empenhada em eliminar fisicamente ou empurrar para o mato o dirigente da RENAMO a pretexto de que ele é uma ameaça ao Estado de Direito Democrático. Na verdade, tanto Afonso Dhlakama como a RENAMO nunca foram ameaças ao Estado de Direito Democrático, pelo contrário, construtores e defensores do mesmo Estado. Constituem sim uma ameaça ao castelo de hegemonia da Frelimo que começa a ruir que nem um castelo de areia. Uma Frelimo dirigida por espertalhões do tipo Damião José caracterizada por debilidade psíquica para jogos democráticos que caracterizam um Estado de Direito Democrático é que pode estar ameaçada. A Frelimo continua a acreditar na equação de eliminar os adversários políticos, no caso particular a Afonso Dhlakama, achando estar a resolver o principal seu obstáculo. Tal como por diversas vezes sobreviveu em muitos atentados em diferentes fases da luta contínua pela democracia, tanto o presidente Dhlakama como a RENAMO sobreviverão na sua luta apesar destas investidas da Frelimo. Os falsos argumentos que a Frelimo procura para tentar se afastar da responsabilidade de tentativa de assassinato à Afonso Dhlakama, revela sim a malandragem de gente sem escrúpulos e com falta de cultura democrática e de tolerância de partido que tem a responsabilidade de Estado. Apesar de falsamente andarem a pregar o sermão da paz, a Frelimo e Filipe Nyusi, o mesmo que em 2013 atentou contra a vida do Presidente Dhlakama a quem prometeu “coçar a sarna” continuam a não se mostrarem disponíveis a dar os passos necessários para a prática efectiva de políticas de Paz, que implicaria uma partilha democrática de Poder. O presidente da RENAMO disse e muito bem que eles enaltecem a Democracia nas suas palavras, mas, pelos seus actos, tornam irrelevante essa mesma Democracia, quando não respeitam os seus pressupostos e recorrem a soluções conveniência para matar a RENAMO. Não é nem será Democracia apenas realizar eleições ciclicamente, sem transparência, onde os resultados são manipulados milimetricamente para que um determinado partido «vença» e conquiste os lugares de efectivo poder, mantendo os instrumentos de gestão e de segurança do Estado, incluindo os judiciais, sob o controlo dos seus militantes e dirigentes. A mensagem ficou clara a partir da Beira de que não baixaremos os braços, que “não deixaremos de lutar”! O povo moçambicano, homens e mulheres de boa vontade, amantes da paz, liberdade e democracia podem continuar a contar com a energia, com a determinação e com a coragem do Presidente Dhlakama e da RENAMO, até que chegue o dia em que Moçambique deixará de viver sob a capa de um regime de multipartidarismo parlamentar quando na verdade vive-se num Estado de partido único. A RENAMO não deixará de responder às perseguições a que tem sido vítima.

“A PONTE TREMEU, EU SOBREVIVI E AQUI ESTOU, PRONTO UMA VEZ MAIS PARA O DIÁLOGO”

Palavras do Presidente Afonso Dhlakama por ocasião do 20º aniversário da criação da Universidade Católica de Moçambique, proferidas a 14 de Setembro de 2015 na cidade da Beira. Transcrevemos integralmente o discurso. 

Sua Excelência Magnífico Reitor da Universidade Católica de Moçambique. Distintos Membros do Corpo Docente e Discentes Distintos Titulares e Representantes de Órgãos de Autoridades Administrativas, Académicas e Religiosas, Senhores Membros da Comunicação Social, Prezados Convidados, Minhas irmãs e Meus Irmãos, Excelências, Estamos hoje aqui para celebrar 20 anos de vida de uma instituição que tem contribuído, e deve continuar a contribuir, para a reconciliação nacional e para o desenvolvimento da sociedade em Moçambique. A Universidade Católica promove valores civilizacionais e pratica a disseminação de conhecimentos científicos que são indispensáveis, uns e outros, à consolidação de uma cultura de Paz e Democracia em Moçambique. Não haverá Paz que não se funde em valores democráticos enraizados nos cidadãos e nas instituições do Estado. Nem haverá verdadeira Democracia sem a promoção concreta dos princípios fundadores da Declaração Universal dos Direitos do Homem, consagrados no seu Artigo Primeiro: «Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.» Porque estamos numa instituição de inspiração cristã, e porque a Paz é um bem a que os Moçambicanos aspiram mas que tem estado permanentemente em risco, permitam-me recordar um pensamento do «legislador, doutor e mestre supremo» de toda a Igreja Católica Romana, o Papa Francisco: «A paz é um bem que supera qualquer barreira, porque é um bem de toda a humanidade.»Nada mais verdadeiro, não é?

Então, porque deixar que interesses particulares ou sectários, fundamentalismos religiosos ou ideológicos, ou apenas o inefável, mas criminoso apego ao Poder de um homem ou de um grupo de homens levem nações inteiras para o pântano da guerra e da violência? Sabemos como é fácil entrar nesse pântano, mas não sabemos nunca como e quando vamos sair dele! A nossa pátria tem uma história marcada pelo desencontro dos interesses privados com o interesse público. A Paz é um bem para todos nós. Mas alguns entre nós não se mostram disponíveis a dar os passos necessários para a prática efectiva de políticas de Paz, já que tal implicaria uma partilha democrática de Poder. Enaltecem a Democracia nas suas palavras, mas, pelos seus actos, tornam irrelevante essa mesma Democracia. Regresso uma vez mais às palavras do Papa Francisco: «Apenas os que dialogam podem construir pontes e vínculos.» Em Moçambique, ao longo de mais de duas décadas, mais portanto do que os 20 anos da Universidade Católica de Moçambique que aqui celebramos — construímos pontes através do diálogo entre irmãos que se enfrentaram pelas armas. Mas infelizmente não criámos os vínculos que garantem a Paz e a convivência democrática entre irmãos. Este diálogo tem sido como o encontro estéril da semente com uma terra seca. Bem podemos esperar que a semente concretize a sua vocação de planta, de flor, de fruto. Se não lhe dermos a água e as chuvas não vierem, nada acontecerá... As pontes que construímos precisam de gente que as atravesse com vontade efectiva, sincera e empenhada de estabelecer vínculos duradouros para o entendimento entre os irmãos. Foi também para aqui convidado o meu irmão Joaquim Chissano, que estreitei nos braços em 1992, com o sonho de estar sólida e segura a ponte que construíramos para a paz, depois de um período longo e difícil de diálogo. Mas tantos anos depois, digo a todos... eis que ainda há dois dias, uma vez mais, me tentaram matar. A ponte tremeu, eu sobrevivi e aqui estou, pronto uma vez mais para o diálogo. Mas é necessário mais do que palavras. São precisos actos. É preciso que, no Estado, se pratique a alternância e a partilha de Poder que são os filhos naturais da Democracia. Também no caso de Moçambique, como em qualquer outro Estado de Direito do Mundo, só assim se criarão os vínculos de que nos falou o Papa Francisco, os compromissos e os mecanismos de consolidação da Paz! Neste processo, o papel da Universidade é fundamental. A Universidade não é apenas um sistema escolar, com professores e alunos. A Universidade é um centro vital de renovação e vivificação de valores e conhecimentos. No processo de pacificação, democratização e desenvolvimento da sociedade, a Universidade desempenha um papel essencial. Moçambique além de um grande país... é um país grande! Temos muito território e populações muito espalhadas por esse território. Infelizmente, esta diversidade étnica e territorial é o cenário de graves desequilíbrios sociais, bem evidenciados no mapa das infraestruturas educativas. Até à criação da UCM, o ensino superior estava concentrado na capital. Graças às novas condições criadas pelo Acordo Geral de Paz de 1992, a Universidade Católica de Moçambique pode instalar-se no Centro e Norte de Moçambique, de alguma forma começando a dar substância a um dos objectivos da nossa luta: dar aos jovens moçambicanos oportunidades iguais de acesso ao ensino superior, independentemente da sua origem étnica ou geográfica. Hoje, existem mais de 50 instituições de ensino superior (públicas e privadas) em Moçambique. Mas grande parte delas continua inacessível aos filhos do povo. Os custos associados à frequência de um curso superior são inacessíveis para a esmagadora maioria das famílias moçambicanas. Há que enaltecer o esforço da UCM em facilitar a vida a muitos estudantes, pois abre as suas portas para que estudem independentemente das suas posses. Mas ainda é uma gota no oceano, diante das necessidades em quadros do nosso país e face às justas aspirações da nossa juventude. Seria para mim motivo de muita alegria que a Universidade Católica de Moçambique abrisse mais faculdades, novos pólos desconcentrados e continuasse a sua expansão territorial. Moçambique precisa de uma nova geração de quadros qualificados, quer no sector público quer no sector privado. Esta é a exigência fundadora de uma nova ecologia social, económica e política. Terão de ser jovens formados com rigor e competência, num quadro de valores sólidos sem cedências no plano da defesa e promoção do Estado de Direito, da Democracia e da Igualdade. Competências técnicas e científicas devem acompanhar as competências sociais e emocionais que levem Moçambique para um novo patamar de Desenvolvimento e de Cidadania. Precisamos de juristas que produzam leis correctas, adaptadas à nossa realidade e estruturantes de um regime democrático de relações sociais e económicas equilibradas. Precisamos de juízes e magistrados judiciais competentes no conhecimento das leis, mas também independentes de interesses particulares, libertos de pressões ou sujeições partidárias. Precisamos de médicos e enfermeiros cujo saber não seja apenas a técnica do diagnóstico ou da cura, mas também um humanismo que os capacite para interagir de forma preventiva e pedagógica com as populações carenciadas. Precisamos de economistas que saibam fazer contas e projectar cenários, mas que não sejam escravos do dinheiro ou dos senhores do dinheiro, qualquer que seja a cor da sua pele ou a sua doutrina financeira. Precisamos de professores dedicados, apaixonados pela missão de ensinar, sensíveis às condições de vida das crianças e dos jovens para cuja promoção social estão a contribuir. Precisamos de militares e de agentes policiais exímios no manejo das armas e no domínio de estratégia e táctica, tanto quanto na protecção e segurança das populações, com um bom conhecimento das leis da República, educados no respeito pelos princípios dos Direitos Humanos, dos preceitos da Constituição e do primado da Lei sobre a força bruta. Precisamos de engenheiros civis e agrários, químicos e informáticos, que dominem o estado da arte das suas áreas de conhecimento, mas que não percam nunca de vista que os esforços de modernização não podem ser actos isolados e dispersos. Só um plano concertado e sustentado de desenvolvimento, com uma estratégia bem desenhada, num quadro de redistribuição das nossas riquezas, nos levará a recuperar do atraso global que nos amarra à pobreza. Não falo de outros profissionais que a Universidade também forma, para não abusar do tempo que generosamente me deram para expor as minhas ideias. Direi apenas que, mais do que técnicos e profissionais, deve a Universidade formar Homens e Mulheres, cidadãos plenamente conscientes dos seus direitos e dos seus deveres, súbditos de uma Nação Democrática que espera que eles sejam a força transformadora rumo a um futuro melhor para o povo Moçambicano. Excelências, Com a abertura das suas portas a jovens carenciados, a Universidade Católica de Moçambique contribui para que esses jovens possam, terminado o curso superior, trabalhar para a ascensão social das suas famílias, das suas comunidades e do país em geral. São eles que chamarão a atenção dos agentes do Estado para as injustiças e para as más práticas, levandoos a mudanças na sua forma de actuar. Haverá mais cidadãos, competentes e bem formados, exigindo uma boa governação e uma democracia verdadeira. Se esta Universidade Católica é fruto da Paz que começámos a construir em Moçambique com o Acordo Geral de Paz de 1992, esse acordo também é fruto do esforço de intermediação da Igreja Católica, que graças a esse acordo passou a ver respeitadas em todo o território nacional a sua missão e existência. É lamentável que aqueles que comprometeram a sua palavra em Roma, e mais recentemente no Maputo, com promessas de respeito pelas regras da Democracia, apenas levem esse compromisso até ao limite da partilha e alternância no Poder. Não é Democracia realizar eleições ciclicamente, sem transparência, onde os resultados são manipulados milimetricamente para que um determinado partido «vença» e conquiste os lugares de efectivo poder, mantendo os instrumentos de gestão e de segurança do Estado, incluindo os judiciais, sob o controlo dos militantes e dirigentes desse partido. Sob a capa de um regime de multipartidarismo parlamentar, vivemos num Estado de partido único. Não é uma originalidade de Moçambique, como infelizmente todos sabemos, sobretudo em África. Mas assume aqui contornos especialmente perversos, porque as eleições são ganhas manipulando os processos, através da instrumentalização de um aparelho de Estado que se confunde com o aparelho partidário da Frelimo, perante a passividade frustrante dos observadores internacionais. Observadores que constatam e denunciam as irregularidades, mas no final sancionam os resultados! Minhas irmãs e meus irmãos, Como já referi, fui alvo há dois dias de um atentado testemunhado pela imprensa, perpetrado por agentes policiais com a farda de uma força de segurança do Estado. Num Estado de Direito, seria suposto que esses agentes velassem pela minha segurança enquanto simples cidadão. Sabendo quem sou e o lugar que ocupo no sistema político moçambicano, seria suposto que essa protecção fosse reforçada, como acontece em qualquer regime democrático. Mas em Moçambique não é assim. Quando vemos aproximar-se um agente das forças de segurança, não esperamos protecção. A grande maioria sente-se ameaçada. Esses agentes, pagos pelos impostos do Povo Moçambicano estão ao serviço de quem? Não estão ao serviço do Estado de Direito, porque também eu, enquanto líder, sou parte desse Estado que é suposto servirem. Eu não represento uma ameaça para o Estado de Direito. Mas represento uma ameaça para a Frelimo. É fácil concluir que aqueles agentes agiram em obediência a instruções da Frelimo. Não são agentes de um Estado de Direito. São agentes da Frelimo, são agentes do Estado da Frelimo, o Estado de partido único que foi instalado pela Frelimo e é mantido por força da constante violação das regras mais elementares da vivência e convivência democrática! Lamento que estas reflexões venham ensombrar o discurso que eu vinha aqui fazer, e que era sobretudo um discurso de esperança, inspirado no grande exemplo de Cidadania que nos foi dado neste últimos 20 anos pela Universidade Católica de Moçambique. Mas não é iludindo os problemas que os resolvemos. Se uma Universidade é um foco de luz que ilumina os caminhos que trilhamos, sobretudo quando as trevas teimam em persistir para lá da hora da prometida alvorada, peço à UCM que continue o seu trabalho, que expanda os seus horizontes e leve o ensino superior a mais cidades e cidadãos deste nosso martirizado país. Até que o ciclo natural da vida se cumpra em Moçambique, sem violência nem sobressaltos. As sementes serão árvores e as árvores darão frutos. Os moçambicanos viverão em Paz e escolherão livremente quem os governe, ora de um partido, ora de um outro. As crianças irão à escola a far-se-ão homens e mulheres, cidadãos e cidadãs de corpo inteiro, no uso de todos os seus direitos, conscientes de todos os seus deveres para com a sua Pátria e o seu Povo. Todos circularemos em segurança, nas ruas e nas estradas, sem medo de emboscadas. E teremos um Estado que nos assegura Saúde, Educação, Justiça, trabalho digno, igualdade de oportunidades para todos. Eu sei que não é para amanhã. Mas é o nosso amanhã. O amanhã de Moçambique e dos Moçambicanos. Saibam que não baixaremos os braços, que não deixaremos de lutar! Contem com a nossa energia, com a nossa determinação e com a nossa coragem, até esse dia chegar!

“EU EXIGE INVESTIGAÇÃO CÉLERE E COMPLETA DO ATENTADO CONTRA PRESIDENTE DHLAKAMA”

A Delegação da União Europeia emitiu uma declaração protestando o atentado contra a vida do Presidente da RENAMO Afonso Dhlakama. De acordo com os Chefes de Missão dos países da União Europeia acreditados em Moçambique, “o ataque à caravana de viaturas do líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, ocorrido no fim da tarde de Sábado, na província de Manica prejudica os esforços para alcançar a paz e a estabilidade em Moçambique.” É sua opinião que “o agravamento de tensões e da violência afecta não só a população e o desenvolvimento do país como tem também impacto no comércio e investimento em Moçambique.” O grupo composto pelos Chefes de Missão dos países da União Europeia acreditados em Moçambique, são peremptórios que “o povo de Moçambique merece ser informado com total clareza sobre o ocorrido. Por isso, é importante que seja levada a cabo uma investigação célere e completa do incidente.” Encorajam a RENAMO e a Frelimo à contenção e a encontrarem neste momento vias para a criação de um clima de confiança. Fazem um apelo à paz sugerindo: “As divergências de natureza política devem ser abordadas por meios pacíficos. O diálogo construtivo entre os partidos políticos constitui o único caminho a seguir.” No seu comunicado a EU reafirma a importância do respeito pelos princípios fundamentais do Estado de Direito democrático e de governação inclusiva na procura de soluções duradoiras para as diferenças políticas. E terminam manifestando sua disponibilidade no seguinte: “A União Europeia reafirma o seu apoio à paz, estabilidade e prosperidade do povo moçambicano.”

OPINIÃO “NWA MPFUNDLHANE DO ESCRITÓRIO QUE USAM THAYI”

Certamente que todos na vida já ouviram uma história do Nwampfundlhane (coelho) e da tartaruga, existem várias histórias que narram as artimanhas do nwampfundlhane para sobreviver na selva, afinal o coelho é o animal que simboliza a esperteza e as artimanhas em várias obras mas a história destes nwampfundlhas que eu vou contar certamente alguém vai se identificar com ela, por uma vez já ter estado em situação igual ao ponto de ser a nossa grande personagem o coelho, ou porque já viu um dos mpfundlhas fazer algo que seja digno de merecer esse nome. Na literatura Brasileira Chico Buarque chamaria estes tipos de malandros, e no passado em Moçambique chamaríamos eles de Xiconhocas do sistema mas eu os chamo de Mpfundlhas do escritório que usam thayi (coelhos do escritório que usam gravata.) Estes coelhos são os senhores doutores, senhores directores, senhor governador, camarada presidente, senhor chefe do departamento, as secretárias, os recepcionistas, os senhores ministros, os senhores Professores doutores e um conjunto deles que até exigem salamalequices para serem cumprimentados na selva dos coelhos. Os senhores nwampfundlhana chegam nos escritórios as 10 horas, logo em seguida já encomendam um café e as 12 saem para almoçar e voltam as 14 horas, não produzem, ficam nos computadores a jogar cartas, no facebook, a ver filmes e a pensar em mais uma forma de oprimir o povo. E quando dá a hora desejada abandonam os escritórios e logo de seguida vão correndo para um bar ou pastelaria repartir o mussuruco (dinheiro) do orçamento diário. Quando lhes cai a máscara da vergonha inventam regulamentos absurdos que humilham e oprimem o povo como os que já vi em vários cantos da selva como é o caso do “aviso indumentária” inventada pela nwampfudlhane camarada secretária permanente proibindo entrar com calções na selva dos coelhos, proibindo o uso de chinelos, blusas, calças jeans, camisetes, sapatilhas saias curtas, proibindo o uso de óculos na sua jurisdição. Fomentam exclusão nos serviços públicos, privados escolas universidades em nome da aparência, afinal para eles a vida é só um conjunto de aparências que constroem diariamente para distrair os menos espertos da selva, estes escondem sua ignorância atrás dos fatos, das gravatas, dos vincos afiados das camisas, dos grandes cortes de cabelo e de óculos. Lutam em mostrar que para merecer respeito deve se vestir bem e vestir bem para os coelhos é tornar-se cabrito com uma corda no pescoço e uma calça capaz de cortar tomate com vinco. Estes sim são os senhores chefes, senhores directores não pensam roubam dinheiro das tartarugas para comprar indumentária, usam transporte de graça, mal conseguem elaborar um raciocínio lógico estes sim são os senhores ministros da selva dos coelhos. Justificam o que não tem (conhecimento) com as roupas. Esquecem que o que eles fazem com as roupas, conquistar respeito pelas aparências, as tartarugas conquistam com conhecimento. Enquanto os coelhos desenham estratégias de oprimir as tartarugas que põem chinelos, machos com tranças, mulheres de saias curtas elas estão preocupadas em produzir conhecimento. Em quanto eles ficam nos escritórios nos ares condicionados as tartarugas estão nas bibliotecas condicionando a sua mente. Os nwampfundlanas a que me refiro têm fobia ao “my love” têm fobia ao caloroso cheiro do sovaco do chapa. Os filhos vão a escola usando carros do Estado e inclusivamente têm direito a motorista. Eles não fazem compras porque o camarada das finanças e da logística vão dar um jeito no rancho do nwampfundlhane. Não se preocupam com a oscilação do combustível afinal há sempre uma senha de cortesia no DAF (Departamento das finanças). O mais gritante dos nwampfundlhanes é nem se quer pararem para pensar em que sociedade estamos agora. Aliás eles não pensam, respondem a estímulos da aparência, nem se quer lhes ocorre que aquela pobre tartaruga que foi excluída de ter um tratamento no hospital por calções, pode perder a vida ainda atrás de juntar um valor para ter uma calça de modo que possa ser atendido em um hospital. Estes coelhos têm um grande número de seguidores, afinal basta lembrar da linguagem popular “diz me com quem andas e eu saberei quem és” instalou-se na função pública um espírito de nwampfundlhisse (coelhice) agudo. Já não se trabalha, fica-se na internet ou confinados na copa a espera de ver o camarada director a sair do gabinete para abandonarem os postos de trabalho e cada um fazer do edifício uma cidade de coelhos. Estes são os senhores doutores que não sabem escrever, não sabem ler mas sabem engomar e pôr um bom vinco na calça e um bom perfume para enganar os desatentos. 


Comments

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Caro irmao e compatriota Muzai,
Quando se vive num pais como Mocambique e muito dificil para as pessoas saberem a verdade quando elas nao verificam os acontecimentos e tentam saber algo. Como e que se pode saber a verdade enquanto os mestres da Academia de Mentiras instituida por Sergio Vieira, Oscar Monteiro, Jorge Rebelo, um individuo que se tinha enlouquecido na Tanzania por passar noites e noites sem dormir a ler, estudar e decorar os escritos do Lenine; pelo taciturno e agora velhaco Marcelino dos Santos que mesmo na sua idade avancadissima ainda gostas das quatorzinhas, filhas de pessoas que ele chama pretos ordinarios, e que em principio ele devia tratar como as suas netas ou bisnetas ou trisnetas ou mesmo como as suas quadrisnetas.
Depois de nos termos sabido que ele e cabo verdeano ou mesmo madagascarino infiltrado na Frelimo, vem agora uma outra informacao de que ele e da origem goesa -- informacao esta que jura pela alma da sua mae como o grande lider da Renamo, bandido armado-mor e Generalissimo Afonso Dhlakama, que depois de ter sido falhado por bazucadas e metralhadoradas dos TERRORISTAS DA FRELIMO apressou-se para encontros com o carecudo e barbudo terrorista que nao estilisa mais a sua barba a Lenine como o fazia no passado quando a doidice do marxismo-leninismo lhe corria no seu corpo e na sua alma de nome Joaquim Chissano, homem que, apesar de tudo que me horrorisa, e chara da minha malograda mae que se chamava Joaquina. Triste que o antigo turra tenha o nome na sua versao masculina da minha maezinha que era uma santa mulher e que nunca jamais a ninguem fez o mal durante a sua vida.
Sera que o barbudo-carecudo exprimiu a sua tristeza, a sua dor e a sua magoa, se que e capaz de se sentir como um ser humano, ao seu irmao Afonso Dhlakama pelo ataque que a sua Frelimo lancou contra ele? o bandido armado-mor em vez de ir se encontrar com os seus homens e generais para lhes assegurar e galvanisar que ele esta firme na luta pela democracia a sua maneira, ele correu para a esta tal reuniao da Beira para ter encontros com o Chissano que lhe disse para dialogar com o Filipe Nyusi que ate hoje, a esta hora, como se sabe, ainda nao lhe exprimiu a sua preocupacao pelo atentado terrorista contra ele, o bandido armado-mor portanto -- o que cabalmente parece provar que o atentado terrorista partiu do chefe da Frelimo ou com o consentimento deste, sea ideia nao saiu dele.
Como de costume com os ex-BAs, como e o seu habito lendario, calam-se, nao dizem algo, quando os antigos terroristas inventam algo de mau sabor contra eles como esta coisa de sequestro a mando do Dhlakama, terminando a invencao, no fim e ao cabo, por se tornar numa falsa verdade. Dhlakama pode ser voluvel, inconstante e tudo mais, mas vejo mal como e que ele pode se meter em comportamentos que poderao o qualificar de terrorista. Ele nunca foi, nunca e e nunca jamais sera terrorista, uma qualidade que e tipicamente o monopolio da Frelimo incarnada na pessoa do Sergio Vieira, um dos mais qualificados no mundo inteiro em actos de raptos e sequestros.
Os antigos terroristas estao a inventar esta estoria de sequestro a mando do Dhlakama para amortecelem o crime que eles cometeram contra o Dhlakama e o seu pessoal em deambulacao e fazer com que as pessoas se esquecam do crime, uma manobra que e favoricida pelo comportamento senil e inconstante e um pouco imbecil do Generalissimo da Renamo.
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Quem fala a verdade n esta terra de heróis?
Hoje cedo era um facto de que o administrador de Tambara fora sequestrado pela RENAMO
Agora a Frelimo diz houve uma tentativa de sequestro do Administrador e do Chefe das operações do comando distrital.
Quando se espalha muito barulho, e porque existe sempre algo no fundo desse barulho, como diz o povo nunca a fumo sem fogo, algures alguém engendrou algo e nos servem meias verdade.
Depois aparecemos nós a dizer também nossas verdades e somos renomados terroristas ou algo parecido, eu me canso com estas asneiras.
Alguém conhece a verdade do que aconteceu nos possa dizer?
Abraços moçambicanos
Não se esquecem este país não é da FRELIMO nem da RENAMO merecem ser tratados com mais respeito.
Bom fim-de-semana para aqueles que apesar da desgraça ainda curtem os bons fins-de-semana, regra geral gente4 da FRELIMO, mas mantenham a respiração em suspense pois não sabeis que a segunda-feira os traz, esse terror o que nos povo vivemos, agora certamente não sabem quem será a próxima vitima.
De qualquer das maneira estamos atentos.
Aquele que cala consente, o fala esta consciente e não deposita o seu pensar nas mãos dos outros, e que outros meu povo.
Khanga Hanha Muzai

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