O homem que se vê na imagem já não existe aqui. Ele teve morte macaca (a 20 de Outubro de 2011), depois de quarenta e dois (42) anos à frente dos destinos do povo líbio, entre 1969 e 2011, lá no Norte d'África.
Em vida, este homem foi excessivamente adulado por muitos e odiado por poucos. Agora morto, assiste-se a um frenesi para o "inglorificar". Diz-se—quase, se não totalmente, em frenesi—que ele morreu de morte macaca «por culpa própria».
Sem querer negar que este homem, mortal, cometeu erros, tenho cá comigo as seguintes perguntas:
1. Por que será que se faz muito esforço—apoiado até por académicos, paradoxalmente—para MINIMIZAR a hipótese de que ele (o homem na imagem) foi vítima de uma conspiração internacional de bradar os céus, em razão de pensar diferente?
2. Afinal, neste mundo humano há ou não há liberdade de pensamento e de expressão?
3. Há ou não há, neste mundo, respeito pelos direitos fundamentais do Homem?
Uma leitura atenta e isenta dos factos disponíveis sobre a líbia revela que o homem que se vê na imagem cometeu erros sim, mas a morte macaca que teve foi tanto por ele ter ousado exercitar em pleno as liberdades de pensamento e de expressão e menos por causa dos seus erros. Aliás, o MAIOR erro cometido por este homem, hoje "inglorificado" freneticamente, foi ousar exercitar em pleno os direitos fundamentais do Homem. Quiçá ele seja um mártir da luta pelo exercício pleno dos direitos fundamentais do Homem, especialmente do direito à liberdade de pensamento e de expressão. O frenesi em provar o contrário disto só expõe o cúmulo da nossa hipocrisia.
Comments
Zeferino Fanequiço Ha lideres que infelizmente nao percebem a natureza humana. Eh preciso perceber o conceito de livre arbitrio. Nao somos robots. O lider libio pensava que nao podia haver vontade genuina do povo libio fora dos parametros por ele concebidos. Mais cedo ou mais tarde as tiranias desmoronam-se.
Gizela Wenda Wenda E hoje os que lhe mataram xoram de arrependimento
Vitorino David Caro Zeferino Fanequiço, os tais parametros por ele definidos, protegiam o povo Libio da tirania ocidental. O mais pobre na Libia vivia melhor e tinha patrimonio 100 vezes mais do que um considerado folgado aqui no nosso Pais. Tirano? Talvez foi assim ou é assim considerado, pelo facto de ter demonstrado e aberto a vista da África que há lugar para a Europa indemnizar a África! Que ganhou a Libia com isso? A morte de milhares no Mediterraneo a procurando fugir o caos criado após a morte do homem na figura? Quiseram fazer o mesmo com Mugabe quando reclamou ds implementacao do acordo de Lacanster House sobre as terras!
Ivan Maússe Bravo, caro Julião João Cumbane. Congratulo-o pelo texto. Falou e disse. Alinho-me ao seu fio de pensamento. E, ainda falando da liberdade de expressão, é de destacar a obra deste senhor na foto com o título "O livro verde". Nessa obra, Kadhafi faz um ataque aos regimes políticos de cunho capitalista. E julgo que com a mesma, o ex-presidente líbio criou muitos nimigos dos países da tal dita "Nato".
Zeferino Fanequiço Interessante perspectiva Vitorino. Se me colocares num hotel de 5 estrelas, com tudo pago mas onde nao posso decidir nada sobre a minha vida, sentir-me-ia aprisionado. Preferiria rumar para a minha palhota e para a minha liberdade. Nao so de pao vive o Homem. Vive na Libia. Sei do que estou a falar.
Ivan Maússe Paea rematar, dizer que é preciso que tenhamos muito cuidado com esses tipos do Ocidente. Que isso sirva de lição para o nosso contexto doméstico. Aquelas forças políticas que se degladeiam entre si e que, provavelmente, recebam apoio internacional destes tipos, devem tomar muito cuidado. Mais não disse, kanimambo, amigo Julião João Cumbane. Oportuna e pontual reflexão.
Vitorino David Mesmo quando a Europa atacou dizia saber do que falava e do que fazia. Hoje, admite ter havido falha. Que liberdade deu aos Libios a de afogarem ou a de serem afogados quando querem usufruir dessa liberdade para entrarem na Europa?
Zeferino Fanequiço Na Libia de Lider Vitalicio este debate nosso dava direito a cadeia, sem julgamento, nem recurso.
Jaime Bambo Nenhuma forma de OPRESSÃO , incluindo a que prover CONFORTO MATERIAL , substitui a LIBERDADE. Nem mesmo uma LIBERDADE na total MISÉRIA.
Julião João Cumbane «Nao somos robots. O lider libio pensava que nao podia haver vontade genuina do povo libio fora dos parametros por ele concebidos.» GRANDA PRESUNÇÃO!
Zeferino Fanequiço, será que tu ainda não te deste conta de que a tua forma de pensar e agir foi formata pelas teorias ocidentais sobre sociedade? Como é que NÃO és um «robot»?! Um líbio pensou num modelo de sociedade diferente do convencional, sugeriu esse modelo ao seu povo e este povo aceitou. Então começaram a implementar esse modelo e começaram a obter bons resultados. A fome, a miséria, a doença, a ignorância e todos os outros males começavam a ser debelados. O modelo estava mesmo a produzir bons resultados, sem que isso signifique que não tivesse defeitos… Ai o mundo inteiro começou a prestar atenção à Líbia. Eis que então começaram a surgir questionamentos do tipo "quem aquele senhor pensa que é, para nos tirar uma quota do mercado que já dominamos faz muito tempo?" "Já não basta termos a Rússia, China, Cuba e os califados do Médio Oriente a nos fazerem frente?" "Vamos deixar aquele tipo líbio demonstrar que uma sociedade pode ser próspera de outra forma diferente do nosso modelo de sociedade?" "E depois o que será do nosso império?". Estas, e mais questões assim, denunciam o incómodo sentido por membros de uma sociedade egoísta, que não quer ver outras sociedades escolherem LIVREMENTE os seus próprios desígnios. Porquê é que não nos sentimos motivados a analisar o assunto líbio sem frenesi? Porque estamos condicionados a emular modelos ocidentais de sociedade! É por isso que aceitamos passivamente que se conspire contra quem tentar fazer uma coisa diferente. E esta passividade impede-nos de compreender o verdadeiro significado de LIBERDADE. A nossa IGNORÂNCIA sobre o verdadeiro significado de liberdade é aproveitada pelas potências para COLONIZAR todo o mundo, até intelectualmente. Então onde está a propalada liberdade de pensamento e de expressão? Quem é que, realmente, pensa diferente do desejo do colonizador? O que acontece com quem ousar pensar diferente? Quem foi que disse que o melhor modelo de sociedade é o norte-americano ou oeste-europeu? Por que temos que passar a vida inteira a emular o pensamento das sociedades colonizadoras de outras sociedades? Irrita muito que até os académicos não compreendam que a prática da liberdade de pensamento EXIGE que nos temos que propor e experimentar constantemente novos modelos de sociedade, se for para a humanidade ir para algum lugar em termos de progresso. Cansa ver gente que DEVIA fazer pesquisa original para propor NOVOS caminhos de vida para a humanidade a emular práticas de perpetuam o colonialismo ocidental absoluto. Vamos lá praticar a liberdade GENUÍNA (se é que existe) de pensamento e de expressão, e parar de EXIGIR que todo o mundo veja as coisas com os nossos olhos! Dito isto, espero que o Elisio Macamo não venha para aqui dizer: «não perca o teu tempo, Zeferino!». Cá estamos! ...
Ivan Maússe O problema dos debates cibernéticos entre académicos moçambicanos, é terminar em ofensas!
Julião João Cumbane Quem ofendeu a quem, Ivan?!...
Zeferino Fanequiço Aplausos JJ. Tal como um Juiz emites o teu veredicto dogmatico e assunto encerrado. Nada de pontos de vista diferentes do do juiz. Sabes que a intolerancia eh das principais causa de conflitos no mundo? Intriga-me esse ataque ao Ocidente, quando eh de la que recebemos boa parte do financiamento para as 'grandes realizacoes' da patria amada. Tens muito que pregar meu caro, pois repara que ate alguns dirigentes mandam os seus para estudar no Ocidente e nao na Coreia do Norte, por exemplo. Os africanos (da africa ocidental, Eritreia etc), depois da humilhacao da colonizacao correm toda a sorte de riscos para a Europa. Por que sera? Porque que os sirios querem entrar para a Europa e nao vao para a Arabia Saudita, Dubai, Irao, China? Bem se fosse teu aluno claro que estava chumbado. Mas nao porque nao porque nao percebesse a materia. Seria por gazetar as tuas aulas!
Julião João Cumbane Portanto, Zeferino Fanequiço, quando os ocidentais disserem «não está certo», nós temos «desculpa! fazer como mesmo? ah!». É isso, Zé?
Zeferino Fanequiço Acredito na nossa soberania. E na clarividencia dos nossos visionarios dirigentes.
Elisio Macamo eu estou tão formatado e mentalmente colonizado que até penso que "perder tempo" é um conceito ocidental de tal maneira que entraria em contradição comigo próprio aconselhando o zef a não perder tempo quando eu próprio faço isso.
Julião João Cumbane (Risos) Podes não me levar a sério, Elisio. Mas não fujamos da verdade: estamos colonizados até intelectualmente. As tais liberdades de pensamento e de expressão têm que ser exercitadas ao jeito do colonizador. Se fizermos diferente, levamos porrada. Ou não é assim?!
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