Patenteamento é visto como mais uma jogada política de Nyusi
Por Ilódio Bata
O Presidente da República,
Filipe Jacinto Nyusi,
promoveu, na manhã
desta quarta-feira, Elias
Macacho Marceta Dhlakama, da
patente de coronel, para brigadeiro
das Forças Armadas de Defesa
de Moçambique (FADM). Elias
Dhlakama é irmão do líder da Renamo,
Afonso Macacho Marceta
Dhlakama.
Esta é a segunda vez, neste ano,
que o irmão de Afonso Dhlakama
é promovido a cargos de relevo no
seio das Forças Armadas de Defesa
de Moçambique.
Em Fevereiro passado, recorde-se,
com a patente de coronel, Elias
Dhlakama foi indicado e empossado
para liderar o comando dos
reservistas, substituindo na altura o
anterior titular, o brigadeiro Messias
Niposso.
A nomeação para o cargo de comandante
de reservistas aconteceu
tempo depois de Elias Dhlakama
ter defendido, com sucesso, a sua
tese de mestrado numa das instituições
de ensino superior no país.
O irmão de Afonso Dhlakama
nunca comentou publicamente a
actual situação de tensão política e
militar, em que um dos principais
protagonistas é o seu irmão. Aliás,
os dois irmãos estiveram em lados
opostos no recente conflito militar
entre o braço armado da Renamo
e as forças governamentais, que
apenas terminou a 05 de Setembro,
com a assinatura de um Acordo de
Cessação das Hostilidades entre
Afonso Dhlakama e o ex-Presidente
Armando Guebuza, pondo fim a
17 meses de confrontações.
Recorde-se que num pronunciamento
feito por Afonso Dhlakama,
em Setembro de 2011, e publicado
pelo WAMPHULA FAX, o líder
da Renamo afirmou ter persuadido
ao seu irmão, Elias Dhlakama, então
coronel das Forças Armadas, a
abandonar o exército governamental
que considera “partidário e discriminatório”.
Dhlakama chegou
mesmo a afirmar que o seu irmão
está a ser alvo de humilhação na
Academia Militar “Marechal Samora
Machel” em Nampula, alegadamente por não estar a desempenhar
funções adequadas à sua
qualificação académica e técnico
profissional. Porém, os conselhos
de Dhlakama nunca foram acatados
pelo coronel Elias, que afirmou,
na altura, estar a cumprir uma
missão patriótica. Mas em alguns
sectores olha-se para a promoção
do irmão de Dhlakama como uma
jogada política de Nyusi e Frelimo,
visando aliciar mais quadros da Renamo
e isolar politicamente o líder
do maior partido da oposição.
A cerimónia de patenteamento de
Elias Dhlakama e outros oficiais
superiores das FADM teve lugar,
na manhã desta quarta-feira, nas
instalações do Palácio da Ponta
Vermelha, capital moçambicana.
Outros patenteados
O Presidente da República patenteou
um total de seis quadros das
forças armadas, nomeadamente,
o contra almirante Joaquim Rivas
Mangrasse; o brigadeiro Cândido
José Tirano; António Augusto
Maurice, Eugénio Augusto Roque
e ainda o Comodoro Eugénio Dias
Muatuca.
No acto de patenteamento, Filipe
Nyusi, comandante em chefe das
Forças de Defesa e Segurança recordou
aos oficiais promovidos que
a sua missão é assegurar a defesa da
pátria e da soberania nacional, não
deixando qualquer espaço para perturbação
da ordem.
“Devem ser, igualmente, um factor
dissuasor contra quaisquer iniciativas
obscuras de indivíduos ou
grupos que procuram criar pânico e
medo no seio das populações através
de ameaças de guerra”, frisou
Nyusi.
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