ZECA MPAREA CALIATE MAGUAIA, GENERAL CHINGÒNDO UM DOS SOBREVIVENTES DA TEIA FRELIMISTA
Compatriotas amigos, meus ex camaradas.
Eu, Zeca Caliate Maguaia, natural de Milange, Província da Zambézia, ex combatente das Forças Populares de Libertação de Moçambique, chamo a vossa atenção para o facto de estarmos a atravessar no momento uma das maiores senão única, oportunidades para alterar o curso da História do nosso País e LIBERTAR-LO de uma vez por todas do jugo impróprio para os Moçambicanos, imposto pelos governantes da Frelimo.
Em resumo, desde os primeiros tempos em que aderimos à Frelimo, em 1963, como milícia popular, para depois no ano seguinte nos primeiros grupos de guerrilheiros enviados para a Província da Zambézia com a finalidade de aí iniciar a Luta Armada, que aconteceu finalmente na noite de 24 para 25 de Setembro de 1964 sob o comando de António Silva e Joaquim Mpindula, tivemos maus sucedimentos e muitas vezes cometimentos de muito valor.
Na Tanzânia de Julius Nyerere, onde todos nós fomos treinados, instruídos e mentalizados para a guerra contra a ocupação Colonial, desde Bagamoyo a Kongwa passando por Dar es Salaam ( Oyster Bay ), etc. Tive camaradas que comigo resistiram a todos os tratos, maus, menos maus e até bons, nomeio entre outros Mazuze, Nhampulé, Langa e quantos mais que comigo fizeram das tripas coração, porque estavam determinados a cumprir a missão Patriótica de Libertar Moçambique. Entre todos esse, apenas um foi excepção, pelas queixas contra tudo a que era obrigado, ou porque a marmita não era suficiente nos exercícios violentos ou porque todos os dias tinha que se levantar às 5.00 da manhã ainda de noite. Quem é que tinha de ser esta figura!!?? Nem mais nem menos o camarada Armando Emílio Guebuza, que desde sempre deu mostras de não ser talhado para grandes feitos Bélicos, mas sim , para viver nos bastidores da intriga e na influência de ideias na mente dos superiores. Foi por isso que o queixoso Guebuza, acabou, pela mão do Dr. Eduardo Mondlane, por ir para Dar es Salaam como seu secretário privado a pedido de Sansão Muthemba.
O meu destino, foi entretanto aquele que todos os meus camaradas já bem conhecem pois passei desde segurança do Presidente, depois guerrilheiro activo e mais tarde comandante na Província de Tete. Este vosso devotado camarada portou-se dedicadamente à causa que nos motivava passando depois por vários desgostos, como ver desaparecer os camaradas Filipe Magaia, Uria Simango, perder a minha companheira já com uma filha nos braços, até aos fatídicos tempos em que me dei conta, que os meus feitos não tinham nunca sido valorizados, mas pelo contrário, por motivos de invejas e despeito, tinha passado a ser o alvo a abater.
Muitos comandantes e idealistas da Liberdade, foram abatidos entretanto pois os tempos tinham passado velozes e nesse período que pareceu tão rápido, foi lento no entanto para dar lugar a outras figuras sinistras, que dominaram completamente o seio e os propósitos essenciais que tinham os iniciadores da Frente de Libertação desde o seu início.
O primeiro motivo que alertou os meus sentidos, para futuros atentados possíveis, foi o assassinato de Jaime Rivas Sigaúque, em Lusaka, capital da Zâmbia. Daí a Magaia, Simango e até ao Presidente Eduardo Mondlane foi um ápice. Calaram-se os velhos Idealistas, mas surgiram os seus executores em grande potencial, alicerçados nas ideias Marxistas Leninistas por um lado e Mauistas por outro, onde a verdade e os novos intuitos políticos, só seriam alcançados através da eliminação sumária.
Samora Machel, Alberto Chissano, Armando Guebuza, Sérgio Vieira, Chipande, Pachinuapae Mabote, passaram a ser os donos da Guerra, os futuros senhores, até hoje, do destino de todos os Moçambicanos. Para o bem?? Para o mal ?? para o que convinha!!?? . Após 41 anos passados, continuamos a viver sob as mesmas directivas, na incerteza do futuro, onde os governantes controlam as finanças e os investimentos do País, enquanto o povo continua a arrastar-se na miséria, na falta de sanidade pública, nos meios da saúde, na educação e no emprego. Enquanto isto, assistimos ao saque do potencial de Moçambique, da sua natureza, dos seus valores geológicos ( recursos naturais ) por companhias estrangeiras. Enquanto muitos se enchem de riquezas, o povo Moçambicano continua impávido e maltrapilho.
Moçambique, segue com políticas erradas, não há nenhum investimento hoje, que entre no País, sem passar pelos senhores do PODER, sejam eles do ramo cívil ou do ramo Militar principalmente.
Os Galões, são sempre os mesmos e as medalhas de bom comportamento vão só para os obedientes das indecências constantes.
Camaradas, antigos combatentes, muitos de vocês ao serviço das Forças Armadas, eu, Zeca Caliate , General Chingóndo, faço-vos um apelo baseado na responsabilidade que vocês devem ter para e como defesa dos interesses da Nação e do povo Moçambicano. Não se obriguem só ao dever Bélico e defesa das cúpulas Governativas. Analisem bem todos os vossos modos de procedimento para com o Poder instituído na Pátria Moçambicana, sejam os guardas convictos do bem estar Popular e por isso uma espada acutilante apontada na defesa contra a injustiça em todos os níveis da sociedade Moçambicana.
Permito-me propôr e dar-vos alguns conselhos que acho úteis:
1º Defendam os inocentes e os indefesos
2º Estejam preparados em qualquer hora ou momento, para se necessário saber movimentar uma Revolta Político- Militar, como aconteceu em Portugal em 1974, como tem acontecido na Guiné Bissau, estejam sempre atentos. Nessa eventual situação prendam os maus governantes mas poupem os bons que têm contribuído com verdadeira justiça no cumprimento das leis.
3º Deêm de seguida oportunidade aos dirigentes da oposição de expôr as suas ideias e comungar das suas melhores ideias para engrandecer o entendimento entre todos. Preparem sempre com o máximo cuidado as eleições para que hajam oportunidades solidárias entre todos os partidos e não vantagens desonestas, para uns ou outros. Protejam os constitucionalistas de consciência apurada, pois são eles os fomentadores das constituições para qualquer País, onde transpire a verdade e a obrigatoriedade para com os cidadãos. Saber distinguir os Políticos Presos dos outros baseados na criminalidade e libertem sempre os mal julgados.
4º As forças Armadas devem ter especial atenção na protecção das Fronteiras com todos os Países limítrofes, em exemplo do que se faz na Tanzânia, que tem sempre contingentes alerta para os problemas Internacionais. Moçambique tem uma posição muito vulnerável no ponto de vista estratégico e não pode permitir, invasões descontroladas. Dar condições aos Moçambicanos no exílio para que possam regressar à sua Pátria sem temor e em Paz.
5º Na eventualidade de não se poder governar o País no modo actual então só uma solução virada à formação de estados Federados com Governação própria pode ser viável.
`` Assim acabam-se com as discussões infrutíferas sem nenhum resultado como as que ocasionalmente têm sucedido no Centro de Conferências Joaquim Chissano`` entre José Pacheco da Frelimo e Macuiane da Renamo.
A BEM DE MOÇAMBIQUE E DA DIGNIDADE DO POVO MOÇAMBICANO
Zeca Caliate, General Chingòndo um dos sobreviventes da teia do mal Frelimo!
Europa, 20 de Setembro de 2015
(Recebido por email)
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