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Canal de Opinião
Xenofobia ou arma de arremesso útil? (#canalmoz)
Antes, alguém inventou uma reforma agrária com fins eleitoralistas.
Beira (Canalmoz) – Que ninguém corra a atribuir ao autor mais uma teoria de conspiração. Quando Jacob Zuma aparece a repudiar as manifestações xenófobas dos seus compatriotas, muitos adiantam-se a dizer que ele fê-lo tarde, ou jamais tratou do assunto de maneira responsável e proactiva. Quando se repetem actos de xenofobia, se assassina cruelmente cidadãos africanos, se saqueia os seus negócios e se incendeia casas em diferentes lugares da África do Sul, e o Governo sul-africano se mantém impávido e sereno, têm razão os que dizem que dentro do Governo há pessoas que apoiam a violência contra imigrantes africanos na África do Sul.
A xenofobia, acto atroz e injustificado, desenvolve-se num país que tem parte significa dos seus mais importantes dirigentes entre os emigrantes de ontem. O ANC, partido de apoio ao Governo da RSA, era um partido banido na RSA do “apartheid”. Os seus dirigentes viviam e eram bem acomodados por Governos de países vizinhos. São os cidadãos desses países vizinhos que hoje são chacinados e brutalmente violentados.
Mbeki e Zuma viveram em Moçambique e, que se saiba, tinham um tratamento solidário e nobre.
A opção pela via da violência por parte de segmentos da população sul-africana tem razões que importa conhecer. A violência bárbara a que se assiste na televisão é obra concreta de gente concreta seguindo uma determinada agenda elaborada por alguém. Não se trata de uma erupção de violência instantânea e virulenta por acaso. Houve uma preparação prévia e uma execução seguindo um determinado plano. Um rei alimentado pelo erário público não acorda proferindo proclamações xenófobas só porque não gosta de imigrantes africanos.
Há que descobrir motivações para se entender o grande plano geral traçado algures.
Se não há uma veemente resposta na SADC é por razões obviamente políticas.
Irritar a superpotência regional pode ter consequências políticas sérias que nenhum dos “fracos países afectados” quer ver caírem sobre si.
Aquando da compulsiva reforma agrária do Zimbabwe, a terra foi a moeda de troca para se vencer as eleições e se manter o poder em Harare.
Em Moçambique, agita-se a bandeira da “Unidade Nacional” e o espectro de uma oposição política saudosista e vendida aos ex-colonos para galvanizar votantes. No Zimbabwe, continua uma pobre defesa de um regime que se transformou em brutal e violento para com a oposição. Recentemente e com fins políticos comemorativos da sua Independência, houve a desfaçatez muito pouco diplomática de enviar para Moçambique uma ministra que compara Morgan Tsvangirai a Afonso Dlahkama e afirma que os dois se comparam ao quererem o regresso dos colonizadores. Este é um incidente diplomático que passou “despercebido” ao Governo de Maputo e aparece com destaque numa edição do “Diário de Moçambique”.
Quando houve invasões e ocupação de “farmas” de farmeiros brancos no Zimbabwe, as autoridades não foram capazes de encontrar e punir os invasores e ocupantes com base nas leis existentes. Tudo obedeceu a comandos pré-definidos, e a violência foi até ensinada previamente por um partido interessado em manter-se no poder por qualquer meio. Os vizinhos do Zimbabwe, os seus partidos governamentais “não mexeram uma palha”, porque era o interesse comum que estava em jogo.
Agora que rebentou mais uma vez a xenofobia na África do Sul, ninguém aparece na região com uma posição concertada e firme, por razões obviamente políticas.
O frágil Governo de Moçambique saído de eleições inconclusivas, abertamente contestadas pela oposição, não possui vontade própria para manifestar-se conforme as circunstâncias o exigem.
As ténues declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros e, posteriormente, do PR Filipe Jacinto Nyusi, descrevem na essência a postura de Maputo. A escravidão de Maputo. As amarras de Maputo. Quando não há posição coerente por parte das autoridades de um Governo soberano, está-se em face de uma mascarada de Governo. É triste e politicamente grave que um Governo não consiga defender os seus concidadãos. Afinal essa é a tarefa primordial de um Governo.
Ataques xenófobos precisam de ser tratados pelo que são, e é da responsabilidade do Governo de FJN investigar, acusar, exigir indemnizações previstas na lei internacional sobre o ocorrido com moçambicanos na África do Sul.
Se estrategicamente é salutar gozar relações de boa vizinhança com todos os vizinhos, isso jamais poderá acontecer a expensas da dignidade e direitos humanos dos cidadãos de Moçambique.
Um passado relativamente recente de relações íntimas e politicamente alinhadas está mostrando que todos estávamos enganados. Há uma negação residual muito forte da coabitação genuinamente pacífica e benéfica na região. Existem quadrantes políticos dispostos a esgrimirem falsos argumentos desde que os seus interesses políticos e económicos saiam assegurados e acautelados.
As declarações de apoio tácito a partir das capitais regionais são acções diplomáticas visando colorir relações que no seu essencial não evoluíram e nem acompanham com objectividade os novos tempos e correlações de forças actuais.
Um país e Governo com responsabilidades políticas inalienáveis como a África do Sul não podem fugir ao assunto em mão. Há uma crise grave de valores humanos e políticos que importa investigar e responsabilizar.
Quem matou inocentes deve ser identificado e chamado à barra dos tribunais. Justificar que foi um discurso do rei zulu que atiçou as chamas da xenofobia é demasiado simplista para ser verdade.
Se Edward Zuma, filho de Jacob Zuma, presidente sul-africano, aparece na comunicação social defendendo o rei zulu, isso também não encerra o caso.
Uma equipa de trabalho constituída por ministros é uma decisão acertada na busca de respostas, mas há que accionar outro tipo de mecanismos, conhecida que é a história de tomada de decisões judiciais politicamente influenciadas na África do Sul. Quando a Polícia está investigando no caminho certo, já foi visto serem removidos agentes e serem extintos órgãos policiais. O ANC, de movimento de libertação, tornou-se numa força conservadora disposta a resistir com todos os seus meios a qualquer possibilidade de se ver no lugar de oposição política na África do Sul.
Uma sociedade com índices muito altos de analfabetismo e com altas doses de demagogia política é campo fértil para ensaios políticos de utilidade duvidosa.
O “Black Economic Empowerment”, BEE, EEN, “Empoderamento” Económico Negro, deve ser visto como factor importante e de relevo nesta história de xenofobia.
O Governo sul-africano teve mais do que tempo para intervir, prevenir e proteger as vítimas. Não é algo que tenha acontecido de surpresa ou pela primeira vez. Ninguém no Governo sul-africano desconhecia que havia algo em preparação, e quando um rei anuncia em público a sua posição contra os imigrantes, tudo se torna mais claro quanto à génese do fenómeno.
Há políticos que preferem gerir uma situação “a posteriori”, para não perderem posições políticas devido a actos como os de xenofobia. Num passado recente, viu-se no Zimbabwe uma autêntica batalha pela terra sendo dirigida por um sector afecto ao partido ZANU de Robert Mugabe. Agora reconhecem que houve falhanços graves na implementação dos planos de reforma agrária. Os terrenos apetecíveis mudaram de mãos, os melhores para os mais altos dignitários da ZANU, e um dos resultados directos do processo foi o descalabro da economia daquele país. De celeiro africano, hoje é importador de produtos agrícolas. Migração, inflação galopante, ruína dos serviços de saúde bem como das infra-estruturas públicas.
Nenhuma destes artifícios estratégicos trará ganhos que justifiquem as carnificinas na região.
Os movimentos de libertação no seu conjunto enfrentam uma crise existencial, um esgotamento estratégico e uma paralisia geracional.
Quem ontem se bateu com bravura pelo seu povo, hoje é um travão a mudanças necessárias e urgentes.
Erradicar procedimentos corruptores e corruptos, fechar as linhas aos esquemas ilícitos de enriquecimento rápido, travar os que querem beneficiar do “procurement” de armas tanto no Zimbabwe, como na África do Sul e Moçambique será de vital importância para a democratização destes países e o sucesso da SADC.
Quem quiser ver “é só subir ao monte”, os que beneficiam da sua situação grave, bárbara e desumana são os políticos que estão no poder. Para estes, fechar os olhos e fingir que nada sabem nem vêem constitui uma forma de se manterem no poder. (Noé Nhantumbo)
Edson Ivan Tomas Cassimo Governo de maputo!
Depois dizem que n querem divisão do pais
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Eddy Marchal Sochangana Thokoza muzaia.
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Victoria Machava helelele!
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