Friday, April 3, 2015

Os primeiros tendões da paz

Os primeiros tendões da paz moçambicana
A Segunda Guerra Mundial foi o resultado de uma paz mal feita no final da Primeira. A Itália, mesmo tendo juntado o seu destino aos dos Aliados, depois de uma vitória comum que lhe custou seiscentos mil mortos, quatrocentos mil desaparecidos e um milhão de feridos, quando se discutia a paz à volta da mesa, só recebeu as migalhas de um rico espólio colonial. E a Alemanha, derrotada, viu suas possessões africanas a serem entregues a outras potências e a cair num colapso, quando era um país de grandeza material. Quando os preparativos para a Segunda Guerra davam mostras as mentes magoadas já estavam dispostas a receber o inevitável. Entre o fim da Primeira Guerra Mundial (1918) e o início da Segunda Guerra Mundial (1939) passaram 21 anos, o mesmo período que nos separa do Acordo Geral de Paz (1992) a estas escaramuças de 2013. Um certo dia, Prof. Dr. Elísio Macamo escreveu que a Renamo não perdeu a guerra, mas pode ter perdido a Paz. Estas pequenas comparações de contraste servem para ilustrar o ambiente sombrio por que estamos a passar e confirmar a tese de que a História se repete.
Aquando do tratado de Roma, em 1992, havia grandes esperanças e uma certeza absoluta de que a guerra tinha acabado e de que o país se tornara estável numa verdadeira e genuína reconciliação. Não vejo, nem sinto essa mesma confiança, nem sequer as mesmas esperanças, no turbulento país de hoje. É por ter a certeza de que ainda temos o nosso destino nas mãos, nas nossas próprias mãos, e que temos o poder de salvaguardar o futuro, que senti o dever de falar agora, quando a ocasião e a oportunidade se apresentaram. Vou dizer o que tenho dito, repetidamente! Não acredito que a Renamo deseje a guerra. O que ela deseja são os frutos da paz e a expansão ilimitada da sua influência. Mas o que aqui devemos considerar, enquanto ainda há tempo, é a prevenção permanente da guerra e o estabelecimento, o mais rapidamente possível, de condições de liberdade e democracia. As dificuldades e os perigos de hoje não serão eliminados se ficarmos à espera para ver o que acontece, nem praticando uma política de apaziguamento. É tempo de o Governo agir na busca de um interlocutor válido, na capaz de encetar condições de diálogo com a ala militar. Mas o mais importante é localizar o próprio Dhlakama, enquanto há tempo. Não se pode esperar que ele reapareça através dos meios de comunicação estrangeiros, o que poderá lançar desespero a todos nós e reanimar o espírito de vingança dos seus homens. O que é necessário é um acordo com a Renamo militarizada, e quanto mais for adiado, mais difícil será de o obter e maiores se tornarão os perigos que nos ameaçam. Pelas mortes de civis e militares, de Abril a esta parte, já não é válida a velha doutrina de que os atacantes irão gastar suas munições e render-se-ão ou seja, o exército tudo fará para devolver a paz aos moçambicanos. Vivemos um problema político e como tal deve ser resolvido por vias políticas e nunca por vias militares.


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  • Oreste de Sousa Sim senhor palavras super sabias e bem expressadas. Ai esta a ciclicidez da història
  • Pedro Maunde Realmente a demonstração da musculatória do arsenal military do governo de Moçambique através de perseguições dos homens armados da Renamo só servirá para atiçar o teor das hostilidade e sofrimento do povo. Contrariamente ao que aconteceu em Angola, minha percepção é de que o Governo ao agir militarmente contra a Renamo ao invéz de apostar na revitalização do diálogo estaria a criar condições para um novo period da história de Moçambique caracterizado por Guerra civil e golpes de Estado cujo seu efeito multiplicador se manifestaria nalguns países da África Austral
  • Raúl Salomão Jamisse Muito bem mr Eusébio, agora começou a ver o País real da forma como os Moçambicanos gostam e avante com mais ideias construtivas...
  • José Francisco Narciso Mas que eles aceitem a entregar as armas, para evitar que surja outra vez outro Exército paralelo, sempre que não de acordo em algo esses os da Renamo. Eu estando de acordo com todo escrito aqui, mas sigo pensando que o Dhlakama vai seguir sendo o primeiro problema para a Paz no nosso país. Eliminado Dhlakama o resto vai ser fácil, porque eu creio que os retenidos nas matas, na sua maioria estão contra sua vontade a base de ameaças ou de desinformação!
  • Raúl Salomão Jamisse Caro José a tua ideia é certa mas não justa neste momento pois, o que importa aqui é a paz e não se alcançará a paz eliminando este e aquele...a RENAMO pode sim ser desmilitarizada sem violência desde que hajam garantias da sua inclusão no contexto sócio-político do País
  • Pedro Maunde historicamente não me parece assim José Francisco. Tudo deve ser feito para que através do diálogo os diferendos sejam esclarecidos, resolvidos baseados num tom de justice e reconciliação para o bem da maioria. tanto a Frelimo como a Renamo devem aceitar que ambos cometem errros e que podem mudra para o melhor
  • Pedro Maunde Caro Eusébio A. P. Gwembe, a forma histórica que usou para trazer a análise situacional de Moçambique contemporâneo me fez acreditar que a imparcialidade dos acadêmicos para a sugestão de opções de qualquer ordem é fundamental para o bem estar e construção do progresso de qualquer nação. infelizmente, em Moçambique acadêmicos são tantos que de academic nada conseguem transparecer quando estamos perante situações até mesmo de menor grau de solução. Parabens e procure sempre ser coerente e imparcial nas suas opiniões
  • Eusébio A. P. Gwembe José Francisco Narciso, eu acredito que é possível desarmar a Renamo, tal como diz Raúl Salomão Jamisse, sem recorrer à violência. Veja que enquanto uns vêm em Afonso Macacho Marceta Dhlakama a maior ameaça à paz, outros tantos acham ser o actual PR para, segundo dizem, perpetuar-se no poder, algo que ele, repetidamente, tem negado. Portanto, já estamos em presença de dois grupos distintos, cada um empurrando a parte quente para o outro. Dhlakama tem que ser tido como parceiro da paz e não como um inimigo a abater. Só assim estaremos em condições de convivermos pacificamente.
  • Raúl Salomão Jamisse Mr Safari Gagnaux há uma coisa que deve ser bem entendida, há uma máxima Latina que diz "dure lex sine lex" isto é, a lei é dura mas é a lei e com isso quero dizer que a tua posição é correcta mas pode pecar por querer um tratamento tão urgente que até banalize as leis que temos.
  • Chinhacuza Joaquim Desta vez Eusebio escreveu bem ate os seus comentarios dao a paz a alma e a moral
  • Raúl Salomão Jamisse Mr Safari Gagnaux há uma coisa que deve ser bem entendida, há uma máxima Latina que diz "dure lex sine lex" isto é, a lei é dura mas é a lei e com isso quero dizer que a tua posição é correcta mas pode pecar por querer um tratamento tão urgente que até banalize as leis que temos, ora Vejamos hoje fala-se de proporcionalidade porque existe uma lei que a acomoda e para mudar isso é preciso calma e procedimentos
  • Alvaro Guimaraes Parabens caro Eusebio gwembe;
  • Willy Piassa Parabéns pelo artigo, caro Eusébio. Muitos erradamente pensam que o governo do MPLA de JES resolveu o problema da guerra em Angola eliminando o Jonas Savimbi. Angola agora vive o saudosismo dos discursos e ensinamentos de Savimbi e se os grandes desafios sociais que enfermam a sociedade hoje nao forem resolvidos, não será de estranhar se voltarmos à estaca zero. A inclusão é o melhor remédio. Deve-se valorizar a oposição como compatriotas que também têm ideias sobre o rumo que o país deve tomar. Nós em Angola estamos a pagar pelos nossos erros, não sigam os maus exemplos!

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