Foto: AP/Lefteris Pitarakis
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Anteriormente o Hamas e Israel tinham atingido um acordo para um cessar-fogo prolongado e essa trégua ainda se mantém. Significará isso que este conflito armado já chegou ao fim? O analista político palestino Atef Abu Saif tem dúvidas:
“Os muitos anos de experiência de negociações com Israel demonstrou que Tel Aviv é muito hábil em contornar e esquivar-se às obrigações. Por isso a trégua na Faixa de Gaza deve ser considerada apenas temporária até vermos passos reais por parte das autoridades israelenses. Isso seria o levantamento do bloqueio, a abertura dos postos de passagem fronteiriços, o início do funcionamento do porto marítimo e do aeroporto, a libertação dos prisioneiros palestinos e muitas outras coisas. Mas por enquanto Tel Aviv está apenas protelando.”
Por seu lado, o ativista de direitos humanos israelense Israel Shamir tende a considerar o regime de cessar-fogo como duradouro:
“A população israelense está cansada do conflito. Não se trata tanto das vítimas, cujo número não é comparável ao das palestinas, evidentemente, quanto da permanente atmosfera de guerra. Sirenes, foguetes, evacuações – para a população civil tudo isso representa uma grande tensão. Por isso existem fundamentos para pensar que o governo israelense está interessado na manutenção de uma trégua duradoura, apresentando isso como uma vitória sua.
“Quanto aos resultados do conflito, podemos referir uma fortíssima radicalização da opinião pública israelense. Muitos agora defendem a eliminação da Faixa de Gaza da face da Terra. Nesse contexto, na cúpula israelense se está formando uma fortíssima oposição de direita ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Podíamos questionar se se poderia ser ainda mais de direita do que ele. No entanto, neste momento o chefe do gabinete de ministros é visto quase como uma figura liberal. Em perspetiva, isso não trará nada de bom.
“Entretanto os palestinos, segundo os meus dados, não ficaram perdendo. Algumas fontes informam da existência de um anexo secreto ao acordo de cessar-fogo em que Israel promete levantar o bloqueio, abrir os postos de fronteira e retirar suas tropas. Há um fato simples que fala a favor da existência desse anexo secreto: Netanyahu tentou esconder de seus ministros o texto do acordo com os palestinos. Contudo, graças aos esforços do ministro das Relações Exteriores Avigdor Lieberman, os membros do gabinete acabaram por lhe ter tido acesso. Isso provocou um grande escândalo no governo.”
Segundo escreve o jornal israelense Haaretz, citando a mídia jordana, dias antes da conclusão do acordo de cessar-fogo Mahmoud Abbas e Benjamin Netanyahu tinham realizado uma reunião secreta em Amã. A publicação não apresenta os pormenores desse encontro.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_08_29/palestina-e-israel-terao-estabelecido-acordo-secreto-2674/