“Com certeza aceitaremos os resultados. Foi por isso que andamos lutando por uma lei credível, para permitir que as eleições sejam transparentes”, cita a Angop as palavras de Dhlakama, que acrescentou que o seu partido “seria o primeiro a reconhecer a derrota” caso percam as eleições.
E isso, é bastante possível. Segundo uma pesquisa de opinião pública realizada pela Universidade “A Politécnica”, cujos resultados foram divulgados pela mídia moçambicana, Dhlakama e o seu partido são os candidatos menos populares em centros urbanos. Ultrapassam-no Filipe Nyussi, do já tradicional Frelimo, e Daviz Simango, do Movimento Democrático de Moçambique. Observa-se uma tendência interessante: se Nyussi gira, geralmente, em torno dos 50% e mais das intenções de voto, Simango não alcança a metade.
Porém, agora, com o cessar-fogo, a situação pode mudar a favor de Dhlakama e da Renamo. Eles optaram por apresentar a sua face boa, abandonando o conflito armado para garantir um clima se não pacífico, pelo menos moderado.
Aliás, segundo a edição MMO Notícias, tanto a Renamo como a Frelimo concordam que o acordo “marca uma nova era” na história política do país. Porém, o partido opositor cessou o fogo, mas não a polêmica, instando Armando Guebuza a não usar o exército contra civis e adversários políticos.
Também, a Renamo insiste que a declaração conjunta do cessar-fogo deve passar pela Assembleia da República para ter força jurídica de um acordo reconhecido.
Criando autoestima dos moçambicanos
No entanto, o jornal moçambicano A Verdade divulgou a íntegra do discurso do presidente, Armando Guebuza, pronunciado no parlamento no dia 22 de agosto. Nele, o mandatário terminante examina o desempenho do seu mandato em relação a dez desafios. São eles: “elevação da autoestima do moçambicano”, “consolidação da Unidade Nacional, da Paz e da Reconciliação Nacional”, “formação do capital humano”, “luta contra a fome e a doença”, “promoção do bem-estar da juventude”, “combate aos obstáculos ao nosso desenvolvimento”, “construção e reabilitação das infraestruturas sociais e econômicas”, “viabilização do distrito como polo de desenvolvimento”, “reforço dos determinantes do Estado de Direito Democrático em Moçambique” e “reforço da cooperação internacional”.
Chama a atenção, aqui, o primeiro ponto desta agenda do passado, a autoestima. Segundo o presidente, um dos principais êxitos nesta área é constituído pelo retorno da retórica popular de “Pátria Amada”, “Pérola do Índico” e “Pátria de Heróis”, expressões que ele próprio usa neste mesmo discurso. Outro avanço é a criação da marca “Made in Mozambique”. Trata-se do auge do patriotismo cultural e econômico, herança talvez do pós-colonialismo.
E terminando essa parte do seu discurso, ele frisa: “Em muitos cantos e encantos dessa Pérola do Índico, muitos compatriotas de cidadãos anônimos, com visão ofuscada pelo espírito de mão-estendida e pelo hábito de culpar terceiros pela sua situação, tornaram-se empreendedores, com autoestima, determinação e clareza de que vão e estão vencendo a sua pobreza e criando o seu bem-estar e a melhorar as condições de vida de outros moçambicanos”. Tomara que assim seja.
Quanto à infraestrutura, surgiu nesta semana uma boa notícia: que a partir da quarta-feira (27), fica desativada a escolta obrigatória das Forças de Defesa e Segurança que acompanhava a coluna de viaturas em um troço da Estrada N1. O trecho compreendido entre o posto administrativo de Muxúnguè e a Vila Franca do Save já tem circulação livre, informa a Folha de Maputo. Porém, unidades das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) ainda estarão presentes para monitorar a situação em vários locais.
Já a cooperação internacional, indispensável para fazer um país “polo de desenvolvimento”, parece que ganhou também com a declaração do cessar-fogo. Durante uma audiência com Armando Guebuza, o vice-ministro para o Desenvolvimento Econômico da Itália, Carlo Calenda, disse que o país europeu pretende abrir um centro de negócios e alargar parcerias com o país africano, porém isso, na esperança da estabilidade política e na continuação da política da paz interna.
Também, um acordo internacional entre Moçambique e Portugal foi assinado nesta quinta-feira durante a visita de uma delegação lusa à Feira Internacional de Maputo (FACIM). O documento, assinado pelo secretário de Estado da Alimentação português, Nuno Vieira e Pinto, trata de levantamento de barreiras à exportação de produtos moçambicanos para Portugal e de apoio nas áreas fitossanitária e veterinária, informa Maputo Digital.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_08_28/Acordo-de-cessar-fogo-pode-aumentar-chances-da-Renamo-na-corrida-eleitoral-em-Mocambique-9931/
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