Amosse Macamo
Parlamento Juvenil: “Gato escondido com rabo de fora”
Se ainda havia alguma dúvida, o “debate” transmitido pela Gungu TV na semana passada deixou as coisas bem claras: o Parlamento Juvenil mostra cada vez mais que, debaixo da fachada de organização cívica, opera uma verdadeira máquina política. O pretenso activismo cívico toma cada vez mais abertamente tons de activismo político-partidário. Há várias organizações activistas, mas genuinamente cívicas, que são agressivas e críti...cas na sua postura, no seu discurso e nas suas acções. Vêm-me à mente a LDH e o CIP, entre outras. Mas as suas agendas são claras e inequívocas: mudar leis, políticas, comportamentos e atitudes. Nelas, não há ambições disfarçadas. Não há gato escondido com o corpo todo de fora. São o que são. Abertamente. Honestamente. Corajosamente.
Já a agenda do PJ é encoberta, mas nem por isso obscura. Ela não visa promover determinadas políticas públicas e determinadas leis, combater certos comportamentos ou posturas da administração pública ou defender os interesses da chamada “camada juvenil”, como o adjectivo no seu nome pode, erroneamente, dar a entender. Nem sequer é mesmo servir de plataforma para dar voz às diferentes correntes da população juvenil, como o seu pretenso carácter “parlamentar” quer deixar transparecer. O seu único alvo chama-se Frelimo. O seu único objectivo é tirar este partido do poder. Não são as políticas deste partido ou do seu governo que o incomodam. Não são os comportamentos dos agentes do Estado que o aborrece. Não são as leis em vigor que o atormenta. Nem sequer é a atual liderança do Estado que lhe tira o sono. É a própria Frelimo. No seu todo e no poder.
Não há nada de errado em não se gostar da Frelimo e querer tirá-la do poder. A liberdade de opinião e de acção política estão consagradas na Constituição. O que é feio, desonesto mesmo, é esconder-se por detrás do véu cívico, feita donzela púdica, para realizar o que é, para todos os efeitos, uma agenda político-partidária. Se querem fazer política partidária, que o façam abertamente. Sem subterfúgios. Sem artifícios. Sem artimanhas. Sobretudo, porque a máscara já não vos cabe na cara. Aliás, a máscara só enganou os distraídos e ingénuos, pois são bem conhecidas as entranhas de que foi parido. Aliás, aquele velho aforismo aplica-se perfeitamente: se anda como, fala como, cheira como, é!
Uma pergunta não cala neste momento: porque razão o PJ não abre logo o jogo e regista-se como partido político? Por ser cobarde e oportunista é a resposta mais evidente. Está ciente de que no dia que se transformasse em partido político, secavam os fundos dos doadores que o fazem correr e barafustar. E saco vazio não fica em pé, nem barriga vazia toca vuvuzela. Também não deve ter escapado ao PJ o destino que a “iniciativa cívica” do Raul Domingos teve quando se transformou em PDD. Por outro lado, o escrutínio da comunicação social e do público em relação aos partidos políticos é muito mais afiado. Como “sociedade civil”, o PJ fica mais protegido, de novo feito donzela virgem, pois afinal “é um de nós e não mais um deles”.
Não devem ser alheios ao “entusiasmo” que o PJ demonstra os “Benjamins” que a comunidade doadora, ingenuamente, ou se calhar até não, vai despejando no saco para o manter em pé, cheio e barulhento. Não estamos a falar de dezenas de dólares, nem de centenas de dólares, nem de alguns milhares de dólares. Estamos a falar de várias, muitas centenas de milhar de dólares. De uma fonte apenas, a soma das centenas de milhar pronuncia-se milhão. Não, não é coragem que os faz correr. Não, não é convicção que os faz gritar. É o som da máquina registadora: ka-tchim, ka-tchim!
Só não está claro se os tais financiadores acreditam realmente que estão a apoiar uma “brava e destemida iniciativa cívica” ou se, no fundo, sabem muito bem que estão a financiar, através dos núcleos distritais de jovens, das palestras, da suposta educação cívica, dos alegados debates, o desenvolvimento dissimulado dum movimento político-partidário. Se para o PJ o “manto” de sociedade civil é conveniente, não menos conveniente será para os seus financiadores que ele continue com esse disfarce para poderem alegar que mais não fazem se não apoiar uma nobre iniciativa cívica juvenil visando combater a marginalização da juventude e promover a sua inclusão.
O que também não fica claro é se alguns históricos da FRELIMO que entram na linha dos debates promovidos pelo PJ entendem ou não a sua motivação e fim últimos: remover a FRELIMO do Poder.
O que é irónico no meio disto tudo é que grande parte deste financiamento ao PJ faz-se ao abrigo da cooperação entre Estados. Assim, temos o governo dum Estado parceiro desta cooperação a financiar o combate ao partido no poder e ao governo de outro Estado parceiro da mesma cooperação. Mas mais irónico ainda é que para o governo doador poder financiar o PJ ao abrigo dessa cooperação tem que ter o aval do governo moçambicano. Portanto, no fundo o PJ não faz mais do que ingratamente morder a mão que lhe permite comer.
Se ainda havia alguma dúvida, o “debate” transmitido pela Gungu TV na semana passada deixou as coisas bem claras: o Parlamento Juvenil mostra cada vez mais que, debaixo da fachada de organização cívica, opera uma verdadeira máquina política. O pretenso activismo cívico toma cada vez mais abertamente tons de activismo político-partidário. Há várias organizações activistas, mas genuinamente cívicas, que são agressivas e críti...cas na sua postura, no seu discurso e nas suas acções. Vêm-me à mente a LDH e o CIP, entre outras. Mas as suas agendas são claras e inequívocas: mudar leis, políticas, comportamentos e atitudes. Nelas, não há ambições disfarçadas. Não há gato escondido com o corpo todo de fora. São o que são. Abertamente. Honestamente. Corajosamente.
Já a agenda do PJ é encoberta, mas nem por isso obscura. Ela não visa promover determinadas políticas públicas e determinadas leis, combater certos comportamentos ou posturas da administração pública ou defender os interesses da chamada “camada juvenil”, como o adjectivo no seu nome pode, erroneamente, dar a entender. Nem sequer é mesmo servir de plataforma para dar voz às diferentes correntes da população juvenil, como o seu pretenso carácter “parlamentar” quer deixar transparecer. O seu único alvo chama-se Frelimo. O seu único objectivo é tirar este partido do poder. Não são as políticas deste partido ou do seu governo que o incomodam. Não são os comportamentos dos agentes do Estado que o aborrece. Não são as leis em vigor que o atormenta. Nem sequer é a atual liderança do Estado que lhe tira o sono. É a própria Frelimo. No seu todo e no poder.
Não há nada de errado em não se gostar da Frelimo e querer tirá-la do poder. A liberdade de opinião e de acção política estão consagradas na Constituição. O que é feio, desonesto mesmo, é esconder-se por detrás do véu cívico, feita donzela púdica, para realizar o que é, para todos os efeitos, uma agenda político-partidária. Se querem fazer política partidária, que o façam abertamente. Sem subterfúgios. Sem artifícios. Sem artimanhas. Sobretudo, porque a máscara já não vos cabe na cara. Aliás, a máscara só enganou os distraídos e ingénuos, pois são bem conhecidas as entranhas de que foi parido. Aliás, aquele velho aforismo aplica-se perfeitamente: se anda como, fala como, cheira como, é!
Uma pergunta não cala neste momento: porque razão o PJ não abre logo o jogo e regista-se como partido político? Por ser cobarde e oportunista é a resposta mais evidente. Está ciente de que no dia que se transformasse em partido político, secavam os fundos dos doadores que o fazem correr e barafustar. E saco vazio não fica em pé, nem barriga vazia toca vuvuzela. Também não deve ter escapado ao PJ o destino que a “iniciativa cívica” do Raul Domingos teve quando se transformou em PDD. Por outro lado, o escrutínio da comunicação social e do público em relação aos partidos políticos é muito mais afiado. Como “sociedade civil”, o PJ fica mais protegido, de novo feito donzela virgem, pois afinal “é um de nós e não mais um deles”.
Não devem ser alheios ao “entusiasmo” que o PJ demonstra os “Benjamins” que a comunidade doadora, ingenuamente, ou se calhar até não, vai despejando no saco para o manter em pé, cheio e barulhento. Não estamos a falar de dezenas de dólares, nem de centenas de dólares, nem de alguns milhares de dólares. Estamos a falar de várias, muitas centenas de milhar de dólares. De uma fonte apenas, a soma das centenas de milhar pronuncia-se milhão. Não, não é coragem que os faz correr. Não, não é convicção que os faz gritar. É o som da máquina registadora: ka-tchim, ka-tchim!
Só não está claro se os tais financiadores acreditam realmente que estão a apoiar uma “brava e destemida iniciativa cívica” ou se, no fundo, sabem muito bem que estão a financiar, através dos núcleos distritais de jovens, das palestras, da suposta educação cívica, dos alegados debates, o desenvolvimento dissimulado dum movimento político-partidário. Se para o PJ o “manto” de sociedade civil é conveniente, não menos conveniente será para os seus financiadores que ele continue com esse disfarce para poderem alegar que mais não fazem se não apoiar uma nobre iniciativa cívica juvenil visando combater a marginalização da juventude e promover a sua inclusão.
O que também não fica claro é se alguns históricos da FRELIMO que entram na linha dos debates promovidos pelo PJ entendem ou não a sua motivação e fim últimos: remover a FRELIMO do Poder.
O que é irónico no meio disto tudo é que grande parte deste financiamento ao PJ faz-se ao abrigo da cooperação entre Estados. Assim, temos o governo dum Estado parceiro desta cooperação a financiar o combate ao partido no poder e ao governo de outro Estado parceiro da mesma cooperação. Mas mais irónico ainda é que para o governo doador poder financiar o PJ ao abrigo dessa cooperação tem que ter o aval do governo moçambicano. Portanto, no fundo o PJ não faz mais do que ingratamente morder a mão que lhe permite comer.
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