AO QUE PARECE, O BOM SENSO PREVALECEU
AO QUE PARECE, O BOM SENSO PREVALECEU: ARMANDO GUEBUZA E AFONSO DHLAKAMA VÃO SE ENCONTRAR E DIALOGAR NA BUSCA DA PAZ.
Escrevo-vos a partir da Cidade da Beira onde encontro-me, desde a semana passada e onde a expectativa quanto a um acordo entre o governo e a RENAMO sobre o diferendo que os opõe é muito grande. Os munícipes, familiares e amigos com quem falei estão todos muito ansiosos para que o encontro entre Armando Guebuza e Afonso Dhlakama se realize o mais breve possível e o bom senso entre ambos impere. É um facto que a maior parte das pessoas com quem dialoguei concordam com as reivindicações da RENAMO mas também é verdade que todos são a favor da paz e que, portanto, encorajam todos os esforços tendentes a reconciliar as partes desavindas de modo a trazer a paz de volta.
O sinal de abertura ao diálogo por parte de Armando Guebuza e a forma receptiva com que Afonso Dhlakama acolheu a ideia de se encontrarem é um sinal que merece o apreço de todo o cidadão comprometido com o futuro deste país. É verdade que não importa onde o encontro se realize, desde que seja no território nacional, mas, para o bem da imparcialidade, julgo que não deveria ser nem em Maputo e muito menos em Gorongosa.
Quanto a questão prévia apresentada pelo governo referente ao desarmamento da RENAMO como pré condição para a continuação do diálogo, creio ser uma questão que não procede e, à semelhança do gesto feito pela RENAMO num passado recente, em que abriu mão das suas questões prévias, deveria também, o governo, tomar a decisão de descartar-se desta questão prévia que em nada abona para a continuação dos encontros e para um desfecho satisfatório do diferendo prevalecente.
A ter de existir alguma pré condição ou questão prévia por parte do governo, esta deveria incidir sobre a cessação imediata do recurso a violência que, ao que tudo indica, está neste momento suspensa dado ao facto de nos últimos dias não terem ocorridos mais ataques na região de Muxúngue.
Outro sinal de encorajamento para um desfecho satisfatório deste diferendo foi a decisão da Comissão Permanente da Assembleia da República de convocar uma sessão extraordinária com início no dia 1 de Agosto. Embora não tenha ficado explícito que esta sessão extraordinária esteja relacionada com as negociações em curso, no entanto tudo indica que seja para legalizar os consensos e entendimentos que forem alcançados por ambas as partes. Pois, como é do conhecimento público, os entendimentos referentes ao dossier eleitoral e outros que envolvam revisões pontuais de alguns dispositivos legais devem ser tomados necessariamente pelo plenário da Assembleia da República. Portanto, bem aja a Comissão Permanente da Assembleia da República por ter decidido agendar esta sessão extraordinária. Todavia, na minha opinião, há que haver muita seriedade de ambas as partes da contenda para não frustrar a expectativa dos cidadãos que com muita fé e esperança aguardam por um desfecho final que traga de volta a paz e a estabilidade do nosso país. É importante que todos estes esforços demonstrem no final o quanto estavam errados todos aqueles que ainda vêm com alguma suspeição e reservas os actuais encontros e sinais de aproximação das duas partes. Cabe portanto, exigir-se muita seriedade e um espírito patriótico a todos os intervenientes e uma responsabilidade acrescida ao Presidente da República que, em última instância, tem a obrigação constitucional de assegurar que a paz e a estabilidade seja efectiva e duradoura no nosso país.
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