PCP: "Carta à troika é "falta de respeito pelos portugueses"
O secretário-geral do Partido Comunista
Português (PCP), Jerónimo de Sousa, classificou hoje a carta que o
primeiro-ministro português escreveu à "troika" como "uma falta de respeito
pelos portugueses", no encontro do partido, na Covilhã.
O líder dos comunistas portugueses falava no encerramento da IX Assembleia
Distrital de Castelo Branco do PCP, realizada no auditório municipal da
Covilhã.
Jerónimo de Sousa criticou o líder do Governo por não informar, "em primeiro
lugar, o povo e o país" sobre o conteúdo de uma carta que, na quarta-feira,
endereçou às entidades responsáveis pela ajuda financeira externa a
Portugal.
"Este Governo não só revela falta de coragem", mas também "falta de brio
patriótico" e "falta de respeito pelos portugueses e pelas suas instituições",
referiu.
Para o dirigente comunista, o Governo considera assim que são "dispensáveis
de consulta e opinião" instituições "como a Assembleia da República".
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou em carta à "troika", a que
a Lusa teve acesso, que a criação de uma tabela salarial única e a convergência
da lei laboral e dos sistemas de pensões público e privado são opções para
compensar a inconstitucionalidade de normas orçamentais.
"Cartas só com a 'troika', explicações só à 'troika' estrangeira",
sublinhou.
Apesar de não conhecer o documento, Jerónimo de Sousa classificou as medidas
já abordadas pelo primeiro-ministro como "mais um golpe" nos salários e pensões
da administração pública.
Acusou ainda o Governo de fazer uma "dramática encenação à volta da decisão
do Tribunal Constitucional", aproveitando para a apresentar como "causa de todos
os problemas e males futuros".
Para o líder do PCP trata-se de uma "manipulação" da opinião pública, uma vez
que, "só num ano", o Governo foi responsável por um desvio orçamental "três
vezes" superior ao valor das normas consideradas inconstitucionais, segundo
destacou.
O dirigente partidário comparou ainda a dívida portuguesa a "uma galinha dos
ovos de ouro" para os credores internacionais que, ao concederem mais sete anos
para Portugal pagar, estão "apenas" a alargar o laço, para evitar "que a vítima
sufoque".
Os ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo) e dos Estados-membros da
União Europeia (Ecofin) apoiaram, na sexta-feira, em Dublin, o alargamento em
sete anos do prazo para Portugal e a Irlanda pagarem os empréstimos europeus
concedidos ao abrigo dos programas de ajustamento.
Na Covilhã, Jerónimo de Sousa voltou hoje a pedir a demissão do Governo e
apontou o aumento de impostos ao setor financeiro e aos grandes grupos
económicos como soluções para a crise das contas públicas, em vez de cortes nas
funções sociais do Estado.
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