Não existe seriedade no seio da oposição - afirma Francisco Campira

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Francisco Campira

O PRESIDENTE do Partido de Ampliação Social (PASOMO), Francisco Campira, considera que os partidos políticos da oposição em Moçambique não são sérios e que a maioria dos quais foi criada não para conquistar o poder, mas sim para satisfazer as necessidades de sobrevivência dos seus líderes.

Maputo, Sexta-Feira, 15 de Fevereiro de 2013:: Notícias

Francisco Campira disse estar preocupado com a situação da oposição em Moçambique, no que diz respeito ao seu desempenho político. Segundo afirmou, com a assinatura dos acordos de paz de Roma, a maioria dos partidos políticos da oposição no país surgiu mais motivada pelos fundos do Estado e da comunidade internacional para resolver preocupações pessoais dos seus dirigentes do que propriamente para servir os interesses do povo moçambicano.

“A sociedade civil, a comunicação social e a comunidade internacional sempre dizem que os partidos políticos da oposição só aparecem nos períodos eleitorais, sobretudo nas legislativas, à caça de fundos”, disse.

O presidente do PASOMO, que é secretário executivo do bloco da Oposição de Mãos Dadas, revelou que os partidos políticos da oposição (entenda-se extra-parlamentares) sobrevivem de golpes contra golpes, de fofocas, intrigas e má-fé. Não trabalham, vivem na ociosidade à espera de campanhas eleitorais para se beneficiarem de fundos, o que para ele é uma burla.

“Muitos partidos da oposição não têm programas alternativos de governação. São poucos os partidos que nasceram genuinamente de si próprios. Mais de 80 por cento deles surgiram de golpes dentro de si. Tentou-se criar vários blocos como o Fórum Extra-Parlamentar (FEP), o Centro de Promoção da Democracia Multipartidária (CPDM), para discutir ideias, mas não se conseguiu responder aos desafios que se colocavam. O CPDM recebia dinheiro dos holandeses, mas os partidos levavam-no para fins pessoais”, disse.

Aquele dirigente político indicou que há no país partidos políticos que se desviaram dos seus objectivos de oposição e passaram a ser “departamentos políticos da Frelimo”. Acrescentou que no âmbito de união para um objectivo comum, surgiu a coligação Renamo-União Eleitoral.

“Muitos partidos que estiveram nesta coligação beneficiaram de fundos do Estado, porque estavam no Parlamento. Mas hoje não têm sede própria, não têm sequer endereço electrónico, nem computador. Em suma, não têm base social”, criticou.

Segundo afirmou, depois destas tentativas todas de união, avançou-se para a formação do bloco da Oposição de Mãos Dadas, fundado por si e por Augusto Mateus, chefe do gabinete do líder da Renamo.

A ideia era juntar toda a oposição numa única frente. “Contactei 40 partidos para que fizessem parte do bloco. Aderiram à iniciativa cerca de 30 partidos, mas no dia do lançamento do bloco a Renamo traiu-nos, furtando-se ao acto. Isso foi a 17 de Agosto de 2012”, disse.

Depois de muita concertação, o bloco foi lançado naquele dia e foi criado o respectivo secretariado. Francisco Campira disse que quando o bloco da Oposição de Mãos Dadas começou a empoderar-se, alguns líderes de partidos políticos tentaram encetar um golpe ao secretariado executivo para eles próprios assumirem as suas rédeas.

“Hoje, o número de membros reduziu-se para nove”, disse.

Com efeito, e conforme constatou a nossa reportagem a partir dum documento exibido por Francisco Campira, dez partidos políticos que pertenceram ao bloco solicitaram a sua retirada, dentre os quais o PRD, de Maneca Daniel, o CDU, de António Palange, e o PEMO, de Alberto Ismail, estes que já foram parlamentares.

“Muitos partidos dizem que têm membros, mas nunca se pronunciaram sobre assuntos de interesse nacional, não aparecem na comunicação social sequer. Estão no mutismo, à espera de fundos do Estado nas eleições legislativas. Houve uma proposta de pagamento de quota no bloco da Oposição de Mãos Dadas de 250 meticais por mês, mas muitos deles não conseguiam pagar”, disse.

Francisco Campira foi mais longe ao afirmar que alguns líderes de partidos da oposição não conhecem a Constituição da República, muito menos a Lei Eleitoral.

“Que alternativa pretendem ser? Passamos a vida a lançar culpas ao Governo pelo nosso fracasso, pela nossa desunião, finalizou.