Juízes do Supremo assinam ata sem ver Chávez
O juramento de tomada de posse de Hugo
Chávez foi assinada pelos membros do Supremo Tribunal da Venezuela sem que
nenhum deles tenha estado com presidente eleito do país no quarto onde está
internado no Hospital Militar de Caracas.
A notícia é avançada pelo jornal espanhol ABC, citando um antigo juiz que mantém contacto com alguns
colegas e que pediu para permanecer no anonimato.
A mesma fonte acrescentou que o documento foi elaborado pela presidente do
Supremo Tribunal, Luisa Estrella Morales, que a assinou e enviou depois aos
outros 31 membros deste órgão. Todos, segundo o jornal espanhol, são de
ideologia chavista, depois de em dezembro os seis não-chavistas terem deixado o
cargo por motivos de saúde ou por não serem reconduzidos no cargo e terem sido
substituídos por suplentes, próximos do Governo, e sem eleições para novos
magistrados.
O ABC avança ainda que a ata está pronta para ser entregue ao vice-presidente
venezuelano, Nicolás Maduro, para depois ser assinada por Hugo Chávez e tornada
pública no momento oportuno caso o estado de saúde do político piore.
A informação de que os juízes não viram Hugo Chávez e não testemunharam
diretamente se o presidente eleito da Venezuela está em condições físicas e
psíquicas para assumir o cargo para que foi eleito em outubro aumenta as dúvidas
sobre a constitucionalidade de todo o processo.
Ontem um grupo de advogados fez chegar ao Supremo Tribunal um pedido
"urgente" de tomada de posse de Chávez. O constitucionalista venezuelano José
Vicente Haro defendeu que a cerimónia deve ser pública e que é necessária uma
certificação médica que prove que é capaz de exercer a presidência por mais seis
anos.
A assinatura da ata de juramento sem Chávez é, segundo o ABC, uma prova de
que o Governo não espera que o líder recupere. Chávez regressou na segunda-feira
a Caracas, após tratamentos em Havana ao cancro de que padece, e apenas um grupo
muito restrito de pessoas o podem visitar no hospital (a família, o
vice-presidente e o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello).
Nem mesmo o presidente da Bolívia, Evo Morales, pôde ver Chávez na
quarta-feira durante uma escala em Caracas a caminho de Nova Iorque, feita de
propósito para visitar o político.
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