sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Os Sem-Vergonha

 

A TALHE DE FOICE Por Machado da Graça
Continuam a passar os dias, as semanas e os meses mas os sem-vergonha, envolvidos na ilegalidade dos duplos pagamentos, proibidos pela Lei da Probidade, continuam a comer, calados.
Silêncio esse que faz um estrondoso eco com o da Procuradoria Geral da República que, depois de afirmar, com clareza, que a lei se aplica a toda a gente, no país, não deu qualquer passo no sentido de tirar as necessárias consequências práticas dessa afirmação.
Em cada fase se vão inventando novas desculpas para que os chorudos vencimentos continuem a cair no fundo dos bolsos. A última foi a necessidade da tomada de posse da comissão que vai gerir a questão. Pois ela já tomou posse, de resto com um elemento igualmente em posição ilegal, e nada aconteceu até agora.
Alguém me disse que os sem-vergonha estão a obedecer a instruções dadas pelo seu partido, o Partido Frelimo.
O que, para mim, não tem qualquer mérito, como justificação.
Mas vamos partir do princípio que isto, que me foi dito, é verdade.
Em questões de ética ninguém é obrigado a obedecer a instruções de nenhum partido para continuar a cometer uma flagrante ilegalidade. É a consciência de cada um que deve ditar as suas decisões.
Ressaltadas as enormes diferenças, na gravidade dos crimes cometidos, a atitude é a mesma dos criminosos nazis que, em Nuremberga, afirmaram, todos, terem feito o que fizeram por ordens do seu partido. O que não impediu que uma série deles passasse por desagradáveis momentos no extremo de uma corda...
Se um determinado partido dá instruções para ir contra a lei, esse partido está, ele próprio, a ir contra a lei. Está, ele próprio, a colocar-se na posição de uma entidade criminosa.
Se algum dia, por um qualquer milagre, a Procuradoria Geral da República decidir tomar medidas concretas sobre esta questão, seria bom que verificasse se estas instruções existiram, de facto, para colocar quem representa esse partido também no banco dos réus.
Costuma-se dizer que quem cala, consente.
Pois creio que, quem não consente que este tipo de coisas continue a acontecer neste nosso país, não se deve calar.
Porque, se não o fizermos, mais dia, menos dia, somos engolidos por um regime, do tipo fascista, que já para cá avança, a passo rápido.
Há que lhe barrar o caminho.
SAVANA – 22.02.2013

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