Função pública agitada
Jorge Khalau alega que as ameaças partem de “agitadores”
Há também indícios de movimentos reivindicativos a formarem-se em diversos sectores do funcionalismo público
Maputo (Canalmoz) – A PRM (Polícia da República de Moçamnbique) ameaça entrar em greve geral, a partir do próximo dia 01 de Abril, se até lá as suas reivindicações já expressas em carta entregue a diversos órgãos de soberania, não forem resolvidas. Os polícias, sobretudo os dos escalões mais baixos reivindicam aumentos salariais, o pagamento de subsídios de risco e melhoria das suas condições de trabalho.
De acordo com cartas enviadas aos órgãos de comunicação social em Maputo os agentes dos escalões subalternos, cujos salários base estão em pouco mais de 3500 Meticais, aproximadamente 120 dólares mensais, exigem aumentos para um mínimo de oito mil meticais/mês.
Enquanto a ameaça persiste, o comandante-geral, Jorge Khalau, disse à Voz da América que “na Policia não pode haver greve, por lei”.
Khalau, veio mo último fim-de semana a público desmentir a greve e denunciar alegados agitadores no seu da corporação, acusando-os de querem criar desestabilização, noticiou a Voz da América.
“Na polícia não há greve, por Lei. Não acredito que haverá greve e digo mesmo que não haverá greve” garantiu Khalau, citado pela VOA.
O Comandante-Geral da PRM disse ainda que conhece indivíduos que estão na corporação “e pretendem criar confusões para desmotivar”.
Mas Khalau acabou por desvendar que está a levar as ameaças bem a sério: “Nós não estamos parados. Estamos agora à mesa a trabalhar para rever o salário dos polícias, portanto, esses outros tem outras intenções”.
Uma das questões levantadas como estando na origem da anunciada greve dos policias é a falta de promoções no seio da corporação. Segundo a carta a que a reportagem da Voz da América em Maputo teve acesso – tal como, aliás outros órgãos de comunicação social – há mais de dois anos que não há promoções no seio da polícia, exceptuando em escalões de alta hierarquia.
Khalau desmente e diz que este é um falso argumento, refere a emissora oficial americana.
“Nós estamos a promover e ainda neste momento estamos a preparar promoções para este ano. O que posso assegurar é que queremos trabalho. Não vamos promover agentes corruptos, que andam a extorquir os cidadãos, nem agentes incompetentes, nem que tenham 35 anos na corporação”, concluiu Khalau na sua reacção ao anúncio da greve, de acordo com a VOA.
Desde a greve dos médicos registada em Janeiro último, o espectro de greve está a motivar outros sectores da Função Pública, nomeadamente enfermeiros, professores, polícias, etc. Há sinais de que de uma forma geral os funcionários públicos andam descontentes por os seus salários e regalias não estarem a ser ajustados à medida do agravamento do custo de vida, ao mesmo tempo que se sabe dos avultados salários e dispendiosas regalias das mais altas esferas do governo e instituições públicas.
Há indicações claras, de que no seio dos enfermeiros há movimento no sentido de se ir para uma greve caso o governo não reveja as suas condições salariais e respectivas regalias. Apesar da direcção da associação da classe já ter vindo a público dizer que a situação está sob controlo em manifesta reverência ao governo os enfermeiros querem os salários revistos e as suas condições de vida melhoradas.
No seio dos professores também já há movimento para forçar o governo a melhorar as suas condicções de vida e rever os seus soldos, mas ainda não há sinais de formalização das reivindicações.
As regalias dos membros do governo no activo ou mesmo até dos que continuam a receber como se estivessem no activo, bem como dos funcionários das mais altas instâncias de instituições e empresas públicas, oneram o Estado de tal forma avultada que ao nível do funcionalismo público já não se aceita de ânimo leve que o governo alegue falta de recursos que o impeça de rever os salários e regalias dos níveis mais baixos do aparelho de Estado.
O governo corre o risco de ter de enfrentar uma greve geral com a evolução do movimento reivindicativo na função pública, caso não consiga resolver atempadamente as preocupações de várias grupos profissionais da função pública que estão paulatinamente a organizar-se. (Fernando Veloso, com VOA)
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